Ano XXVI - 21 de novembro de 2024

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REVIRAVOLTA NA GLOBALIZAÇÃO DOS MERCADOS



REVIRAVOLTA NA GLOBALIZAÇÃO DOS MERCADOS

A CHINA ESTÁ PREOCUPADA COM A FRAGILIDADE DO DÓLAR COMO PADRÃO MONETÁRIO

São Paulo, 02/10/2010 (revisado em 11/10/2010)

Crise Mundial, A Derrocada Financeira Norte-Americana, A Insolvência dos Países da União Europeia, Troca de Locomotiva, Fracasso da Globalização Neoliberal, Fragilidade do Dólar como Padrão Monetário, O Dólar Furado, As Teorias Anarquistas dos Neoliberais, Ataque Especulativo, Gastos Públicos, Risco Brasil, Reservas Minerais, Commodities, Produção Agrícola e Pecuária, Agronegócios, Exportações x Importações, Balanço de Pagamentos, Reservas Monetárias, Emergentes como Locomotivas do Crescimento Mundial, Países Desenvolvidos x Países em Desenvolvimento.

TEXTOS:


Países emergentes serão locomotiva do crescimento mundial

Por Patrícia Campos Mello, estadao.com.br. Publicado em 2/10/2010 por ESTADÃO/MSN

Os países em desenvolvimento serão o motor do crescimento global por um bom tempo, e não serão atropelados por uma provável alta dos juros globais ou mudança nos preços das commodities. Para Otaviano Canuto, vice-presidente de Redução de Pobreza e Política Econômica do Banco Mundial, houve uma "troca de locomotiva" na economia mundial que é sustentável no longo prazo, graças ao papel das reformas em países como o Brasil, à maior integração sul-sul e ao apetite da China por commodities.

NOTA do COSIFe: Sobre a "troca de locomotiva", veja o texto intitulado O Fracasso da Globalização Neoliberal.

"A redução e durabilidade dos menores prêmios dos emergentes compensará uma eventual elevação de juros internacionais", diz Canuto, que acaba de lançar o livro O dia depois de amanhã - um manual para o futuro da política econômica no mundo em desenvolvimento.

"Além disso, os preços das commodities não vão voltar a patamares baixos, porque a mudança do perfil de crescimento econômico mundial para os emergentes implica uma demanda forte vinda de países onde o padrão de consumo e de PIB é muito mais intensivo no uso de commodities, como a China", diz Canuto, que foi secretário de Assuntos Internacionais no Ministério da Fazenda. Abaixo, trechos da entrevista ao Estado:

NOTA do COSIFe: Veja o texto sobre o Risco Brasil x Risco União Europeia

O sr. fala em uma "troca de locomotivas", em que os países emergentes assumem a dianteira do crescimento global por um bom tempo. Mas essa nossa fase boa é sustentável, resistirá a uma elevação nos juros internacionais ou queda nos preços das commodities?

Os países emergentes com boa política fiscal, inflação ajustada e câmbio que permitiu criar reservas, tiveram queda no prêmio de risco antes da crise. O prêmio não subiu muito durante a crise e continuou caindo depois - isso contrabalança a pressão de alta de juros vinda dos países centrais. A redução e durabilidade dos menores prêmios vai compensar uma eventual elevação de juros internacionais. Além disso, se esses países mantiverem a saúde fiscal, podem sobreviver mais facilmente a um solavanco de juros lá fora. As commodities não vão voltar aos preços baixos de 1990, por causa da mudança do perfil de crescimento econômico mundial para os emergentes, que implica uma demanda mais forte vinda de países onde o padrão de consumo e de PIB é muito mais intensivo no uso de commodities, como a China.

NOTA do COSIFe: Veja o texto sobre o Risco Brasil x Risco EUA publicado em 20/02/2005.

A China vai continuar crescendo e demandando commodities?

Sim, mas o fenômeno de sustentação de crescimento vai além da China e da Índia. Mesmo quando China e Índia são retiradas dos dados, os emergentes como um todo ainda apresentam crescimento bom, excluindo Europa Oriental e parte da América Latina, como Venezuela.

NOTA do COSIFe: Veja o texto sobre o O Risco Brasil publicado em 06/03/2003.

O déficit em conta corrente do Brasil está aumentando rapidamente. Isso é preocupante?

Se o déficit em conta corrente continuar subindo de forma explosiva, em algum momento será necessário ajuste. No patamar atual, não é um grande problema, diante da capacidade do País de absorver investimentos diretos. Mas, lá adiante, certamente teremos de fazer ajuste. No entanto, esse ajuste não precisa ser apenas por meio do câmbio. Se houver racionalização no gasto público, com foco maior na qualidade do gasto público, pode-se aumentar a poupança pública e compensar parcialmente a tendência de déficit em conta corrente, que hoje se deve à expansão extraordinária da demanda doméstica.

NOTA do COSIFe: Veja o texto intitulado Queremos a Redução dos Gastos Públicos

O sr. fala em seu livro que se concentrar na exportação de commodities - e o Brasil vem passando por uma nítida primarização da pauta - não é necessariamente ruim. Por quê?

Não existe necessariamente uma "maldição dos recursos naturais". É possível ter desenvolvimento com base nos recursos naturais. Há experiências desastrosas, que justificam o nome maldição de recursos naturais. Mas há experiências exitosas, países que ao longo da história progrediram e a renda extraordinária dos recursos naturais permitiu uma acumulação de capital em outras áreas, e agora eles dependem menos de commodities. Malásia e Botswana são bons exemplos. Não é por acaso que Botswana tem classificação de risco de país avançado.

O que o Brasil deveria fazer para não cair na maldição das commodities?

Antes de tudo, é preciso dizer que os riscos da doença holandesa são reais, porque com uma descoberta como a do pré-sal há inevitavelmente uma valorização enorme da atividade econômica ligada a recursos naturais não renováveis. É mais importante que nunca uma gestão macroeconômica para evitar que essa renda criada por meio dos recursos minerais exauríveis se transforme em fonte de superexpansão de demanda. Aí entra a importância de políticas fiscais que capturem esses recursos.

Fundos anticíclicos, semelhantes ao do Chile?

Exatamente. Há muitos exemplos, fundos anticíclicos e de longo prazo, que usam a receita extraordinária para criação de outros ativos, para investir em tecnologia, educação da população. Como os recursos são exauríveis, o grande risco é ter a exploração e, lá adiante, o país voltar ser pobre porque acabam os recursos.

Quais países escaparam da maldição das commodities fazendo isso, além do Chile?

A Malásia, que fez grande descoberta de cobre, tem um bom programa disso. Países que hoje são avançados, como Noruega, Austrália, Canadá, em um determinado momento se defrontaram com esse risco de uma maldição. A criação de um fundo também serve para atenuar outro problema dos recursos naturais, a volatilidade, porque implementa uma política sistemática de acumular nos momentos de prosperidade e usar nos momentos de baixa de preço.

NOTA do COSIFe: Veja o texto intitulado Os Países e suas Reservas Minerais Estratégicas

O Fundo Soberano do Brasil poderia fazer isso?

Ele pode muito bem evoluir para isso. No Brasil, o grande risco é cair num estado de complacência por conta da riqueza fácil do recurso mineral. Pensar: ficamos ricos e agora é só relaxar. É preciso usar essa grande oportunidade para construir os ativos, Pode ser uma bênção e não uma maldição. É preciso estabelecer politicas que induzam agentes econômicos a investir, buscar eficiência.

NOTA do COSIFe: Veja o texto intitulado Os Impasses Econômicos Brasileiros de 06/01/2005.

Por muito tempo, a estratégia do governo de priorizar a integração sul-sul foi criticada como sendo negligência dos Estados Unidos. Mas o sr. diz no livro que esse foi um dos grandes motivos para os emergentes se transformarem em motor do crescimento e que isso vai continuar, porque a economia dos EUA e de outros países avançados vai continuar lenta...

Esse é um fenômeno que nós temos chamado de "Crescimento impulsionado por exportação versão 2.0". Não se trata mais de países emergentes como a China crescendo somente à custa de exportações para nações como os Estados Unidos. Desde o ano 2000 o comércio sul-sul já vem crescendo mais rápido que o norte-sul, e não é apenas o Brasil vendendo minério de ferro para a China...

NOTA do COSIFe: Veja o texto intitulado A Ajuda do Brasil aos Países Pobres pode Chegar a US$ 4 Bilhões

E como é que nós vamos conseguir ultrapassar essa tendência de fornecer commodities para a China, quando vamos conseguir vender industrializados? Porque nós estamos perdendo espaço para a China na exportação de manufaturados para a América Latina, nosso grande mercado.

Essa também é uma das respostas ao risco de doença holandesa. Precisamos tratar de melhorar nossa competitividade pelo lado de custos, insumos, serviços. E precisamos "fugir para frente", porque essa concorrência de manufaturados de baixo custo, intensivos em mão de obra não especializada na Ásia, é algo que ainda tem um fôlego enorme lá. A Alemanha, por exemplo, está se dando bem porque tem nichos de alta qualidade manufatureira, que vende bem pra China. O que está salvando a Alemanha não são os Estados Unidos. É o mercado asiático, que compra máquinas deles. Precisamos nos focar em produtos de maior tecnologia e serviços com maior conteúdo tecnológico.

NOTA do COSIFe: Veja os textos intitulados Mito ou Verdade: China Será a Maior Potência e Custo Brasil - Direitos dos Trabalhadores

Em relação ao chamado 'decoupling', com os emergentes como motores do crescimento mundial, isso significa que não vamos mais pegar pneumonia quando os EUA e a Europa tiverem uma gripe?

Esse desacoplamento diz respeito à tendência de crescimento, mas não significa desacoplar ciclo, nas altas e baixas. Se houver o "duplo mergulho" nos Estados Unidos, é claro que o mundo em desenvolvimento vai sentir. Mas a média de crescimento é mais alta nos países em desenvolvimento, e vai continuar.

NOTA do COSIFe: Veja o texto sobre A Derrocada Financeira Norte-Americana

O sr. fala que o mundo em desenvolvimento é o novo motor de crescimento, mas o desequilíbrio global se mantém. A China, por exemplo, continua poupando demais e crescendo à custa de exportações, e não de seu mercado interno...

A China está evoluindo a direção de criar um mercado consumidor. Há controvérsia sobre isso, a guerra cambial, como diz o ministro Mantega (ministro da Fazenda, Guido Mantega). Mas a controvérsia diz respeito mais ao ritmo, à velocidade do ajustamento, da valorização do yuan. A direção é de maior importância da absorção doméstica na China em relação a mercados externos. Por isso é importante haver liberalização comercial também nos países emergentes.

NOTA do COSIFe: Veja o texto sobre o Balanço de Pagamentos - Contas Nacionais e Reservas Monetárias

O sr. deu aulas para a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. O que pode falar sobre a personalidade da candidata?

Dei aulas à Dilma antes de ela entrar no governo do Rio Grande do Sul. Ela fez duas disciplinas comigo, macroeconomia convencional e macroeconomia estrutural. Em 1997, 1998, o tema que a encantava era a geração de modelos econômicos tratando dos ataques especulativos. O debate na época era a sustentabilidade do sistema cambial fixo e semifixo. Ela tinha uma formação muito boa, contribuía muito, era aguda, muito crítica.

NOTA do COSIFe: Veja o texto intitulado Os Banqueiros e o Ataque Especulativo escrito em 1999. Veja também A Balança Comercial e a Dívida Externa escrito em 25/07/2002. Veja ainda outros textos sobre Ataque Especulativo


Grécia espera aumento de investimentos pela China

Por AE-DJ, estadao.com.br, 02/10/2010 - Publicado por ESTADÃO/MSN

O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, chegou à Grécia hoje e está sendo recebido pelo primeiro ministro grego, George Papandreou, como parte de uma visita na qual a Grécia espera estimular o investimento ao país. Wen está iniciando um período de visitas por países europeus e ainda hoje assinará, na Grécia, memorandos de cooperação com o país, para fortalecer os laços econômicos e políticos entre as duas nações, em setores como o naval, construção e tecnologia.

Embora não haja um acordo de destaque para ser fechado, empresas privadas devem assinar dezenas de acordos de cooperação nas mesmas áreas já citadas e também em logística e turismo. 'Esta visita é um ato de confiança na economia grega', disse o porta-voz, Giorgos Petal, ontem. 'Os acordos que serão assinados em comércio, desenvolvimento e turismo vão ajudar verdadeiramente nosso país, por ter um parceiro com tamanha influência, diante do ambiente difícil de hoje'.

O foco, no entanto, deve estar voltado para saber se Wen e Papandreou serão capazes de chegar a um acordo no qual a China comece a investir nos títulos públicos gregos. A Grécia precisa reduzir seus custos de financiamento para ser capaz de retornar ao mercado internacional de crédito no próximo ano, enquanto a China tem dito que quer diversificar as reservas internacionais e já comprou papéis da Espanha. As informações são da Dow Jones.

NOTA do COSIFe: Veja os seguintes textos:


ANÁLISE - FMI vai ensinar lições de emergentes a países ricos?

Por Emily Kaiser e Lesley Wroughton (Reportagem adicional de Walter Brandimarte) - Publicado por NOTÍCIAS-MSN em 10/10/2010.

WASHINGTON (Reuters) - Líderes financeiros de economias emergentes [na qualidade de diplomatas, representando os governantes de seus respectivos países] foram ao centro do poder ocidental neste fim de semana e deram conselhos às nações mais ricas do mundo.

Após três anos em uma crise financeira gerada nos Estados Unidos [pelos neoliberais], os países avançados estão percebendo que a China, o Brasil e outras economias de rápido crescimento têm algo a ensinar ao mundo rico sobre a sobrevivência em crises financeiras.

O Fundo Monetário Internacional pode ser a sala de aula ideal, desde que a sua liderança da velha guarda da Europa e dos Estados Unidos coloque finalmente o ego de lado e concorde em dar aos dinâmicos mercados emergentes seu devido lugar.

Veja o texto intitulado O Fracasso da Globalização Neoliberal - Depois da Globalização os Países Ficaram Pobres.

"Há uma resistência entre muitos formuladores de políticas (ocidentais) em a aplicar as 'lições de mercados emergentes' para alguns dos desafios que seus países estão enfrentando", disse o ex-funcionário do FMI Mohamed El-Erian, o gestor de investimento da PIMCO, o maior fundo de títulos do mundo.

"O FMI está em posição privilegiada para ser um consultor de confiança."[desde que seja dirigido pelos representantes dos países emergentes]

Uma das questões que permeou as reuniões do fim de semana do FMI em Washington é o fato de os países [desenvolvidos] estarem perseguindo políticas nacionais, num esforço infrutífero para resolver problemas globais. Ainda não está claro se as nações [hegemônicas] estão prontas para agir para o bem global. [o que, aliás, nunca fizeram]

O encontro trouxe poucos avanços ou ideias para acelerar a recuperação mundial ou corrigir os desequilíbrios de longa data entre os exportadores [novos] ricos e países consumidores endividados [chamados de desenvolvidos].

Autoridades da área de Finanças concordaram em dar ao Fundo [FMI] maiores poderes para supervisionar suas economias, o que já foi tentado antes sem muito sucesso. [Ou seja, os países desenvolvidos queriam controlar as economias dos demais países, para que não crescessem, e por isso agora não querem deixar que os emergentes controlem o ritmo da economia global. Por incompetência dos governantes dos países desenvolvidos e em razão da inconsequente política econômica ditada pelos neoliberais anarquistas, os países ricos estão ficando pobres e os países pobres estão ficando ricos.]

Embora sem gerar ações concretas, as reuniões mostraram a crescente influência dos mercados [quis dizer: países] emergentes [novos ricos] , que estão prestes a ganhar uma fatia maior de poder no FMI.

A comissão do FMI foi presidida pelo ministro das Finanças egípcio, Youssef Boutros-Ghali, e sinais de uma perspectiva de países em desenvolvimento eram visíveis na declaração de encerramento da comissão.

O comunicado, que representa o consenso de todos os 187 Estados membros [países-membros] do FMI, disse que o Fundo precisa ser mais imparcial na análise de economias para garantir que as nações desenvolvidas não escapem de seu controle.

Em outra prova da crescente importância dos mercados [quis dizer: países] emergentes [novos ricos], os investidores compareceram em Washington para conhecer a visão e ter acesso a políticos da Ásia, África e América Latina, onde lucros generosos têm atraído um grande fluxo de investimentos de países ricos [que agora estão ficando pobres - endividados].

"A característica mais marcante desses encontros foi o setor privado, onde o comparecimento recorde reflete um frenesi de interesse em ações de mercados [empresas dos países] emergentes e títulos [públicos e privados]", disse Kenneth Rogoff, professor de Harvard e ex-economista chefe do FMI. "Nada que os políticos dissessem sobre o potencial de riscos parecia fazer qualquer diferença na disposição dos presentes."[Isto está acontecendo porque, hoje em dia, investir nos países desenvolvidos é mais arriscado que investir nos países emergentes. Os países desenvolvidos estão mergulhados em dívidas em razão de suas importações serem em valor bem maior que suas exportações, porque não possuem matérias-primas para exportar e os produtos por eles fabricados não conseguem competir no mercado internacional por serem extremamente caros, em razão dos altos salários.]

Veja o texto A Fragilidade do Dólar como Padrão Monetário - Investimentos: Nos Países Ricos o Risco é Maior.

O poder dos mercados emergentes provavelmente vai estar em pauta no próximo mês, quando o Grupo dos 20 líderes mundiais se reúne na Coreia do Sul. Um dos objetivos desta reunião, a primeira da cúpula do G20 a ser realizada em um país em desenvolvimento, será um acordo sobre a redistribuição do poder de voto no FMI para refletir melhor o crescimento das nações em crescimento na economia global.

Para o presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles, que participou do encontro em Washington [como representante do governo brasileiro], a voz dos emergentes tem que ganhar mais força.

"Não há dúvida de que uma maior influência de economias emergentes sobre o FMI é absolutamente necessária para dar ao Fundo para a legitimidade para fazer o seu trabalho", disse Meirelles no domingo [deixando clara a orientação que recebeu do governo brasileiro].







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