Ano XXVI - 21 de novembro de 2024

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A CRISE DE INSOLVÊNCIA DOS PAÍSES EUROPEUS



A CRISE DE INSOLVÊNCIA DOS PAÍSES EUROPEUS

EXCESSO DE IMPORTAÇÕES E ESCASSEZ DE EXPORTAÇÕES

São Paulo, 07/05/2010 (Revisado em 13-03-2024)

Crise Financeira Mundial iniciada pela Bancarrota ou Falência dos Estados Unidos da América, Os Problemas Causados pela Sociedade Civil, pelos Neoliberais e pela Autorregulação dos Mercados, Países Desenvolvidos versus Países Fornecedores de Matérias-Primas, Reservas Minerais Estratégicas, O Muito Elevado IDH - Índice de Desenvolvimento Humano Não Significa Ser País Rico. Os Trabalhadores e as Empresas Terceirizadas, Terceirização da Mão de obra - semiescravidão, Reforma Trabalhista - Segregação Social, Discriminação e Preconceito. As Empresas OFFSHORE e o Balanço de Pagamentos dos Paraísos Fiscais. Conversão da Dívida Externa.

  1. DADOS DA CRISE EUROPEIA
  2. O GRANDE PROBLEMA DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS (“RICOS”)
  3. O TERCEIRO MUNDO É RICO EM MATÉRIAS-PRIMAS
  4. O GRANDE PROBLEMA DOS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS (“POBRES”)
  5. A SINA DOS PAÍSES PERIFÉRICOS
  6. POR QUE OS PAÍSES RICOS EM MATÉRIAS-PRIMAS NÃO CRESCEM?
  7. REFORMA TRABALHISTA - CAMINHANDO PARA O TRABALHO ESCRAVO
  8. O MUITO ELEVADO IDH ESTÁ LIGADO À ENORME DÍVIDA EXTERNA
  9. O ELEVADO PIB E O GIGANTISMO TERRITORIAL E POPULACIONAL
  10. A MÁSCARA DAS ESTATÍSTICAS
  11. A VERDADEIRA DÍVIDA NORTE-AMERICANA
  12. A CLANDESTINIDADE DAS EMPRESAS DE PARAÍSOS FISCAIS
  13. ENTÃO: QUAIS SÃO OS PAÍSES REALMENTE RICOS?
  14. A REALIDADE BRASILEIRA QUANTO AO IDH
  15. A GERAÇÃO PERDIDA - A SÍNDROME DO PRIMEIRO EMPREGO
  16. CONCLUSÃO

Veja também:

Por Américo G Parada Fº - Contador  - Coordenador do COSIFE

1. DADOS DA CRISE EUROPEIA

Segundo dados de 2008 publicados pelo sítio eletrônico do INDEX MUNDI com base em informações da ONU - Organização das Nações Unidas, embora existam algumas controvérsias nas publicações, podemos observar e comparar os números relativos ao PIB - Produto Interno Bruto, Dívida Externa e Reservas Monetárias dos Países do Mundo com o respectivo IDH - Índice de Desenvolvimento Humano publicado pelo sítio eletrônico Wikipédia também tendo como fonte a ONU. Então, com base nesses números podemos estabelecer quais são as dificuldades básicas enfrentadas pelos 38 países com mais alto índice de desenvolvimento humano.

O detalhe interessante é que parte dos países com “muito elevado” IDH é territorialmente pequeno e insignificante no cenário econômico mundial. Entretanto, em contraposição ao seu muito alto IDH, podemos observar ainda que os países considerados como mais importantes são os que estão à beira da bancarrota ou dentro dela.

Outro detalhe interessante observa-se em vários países em que suas populações desfrutam do Muito alto IDH. Os governantes de muitos desses países adotam políticas econômicas socialistas.

Com dados de 2008 (ano-base 2007), que ainda não mostram os efeitos provocados pela Crise Mundial de 2008 que afetou mais violentamente os países com o "muito elevado" IDH, o Brasil estava em 10º lugar no cenário mundial em PIB - Produto Interno Bruto. Em Reservas Monetárias o Brasil era o 7º colocado.

Embora os economistas ortodoxos digam que o PIB espelha a riqueza dos países, na realidade expressa o resultado das relações de produção e consumo, não levando em conta se cada um dos países tem as riquezas naturais necessárias à produção e ao consumo interno.

Portanto, os países pobres em matérias-primas como são os chamados de países desenvolvidos, apenas se utilização da exploração da mão de obra humana para transformação das matérias-primas importadas em produtos exportáveis, o que já não mais acontece em vários países europeus e nos Estados Unidos.

Muitos desses países têm sua dívida externa crescente justamente porque, em valores absolutos, suas exportações são menores que as suas importações. Este é o maior dos problemas enfrentados pelos USA - EEUU.

Quanto à Dívida Externa, o Brasil era menos endividado que todos os mais importantes países europeus. Isto é, o Brasil tinha menor dívida proporcionalmente ao seu PIB e também a menor dívida em números absolutos.

Em suma, os países europeus com melhor IDH que o brasileiro são considerados países desenvolvidos, entretanto, são também os que mais devem e os que têm as mais baixas reservas monetárias.

O Brasil, que está na categoria de país em desenvolvimento, era o 7º em reservas monetárias e chegou a ser o 5º em 2010. A China, que tem IDH inferior ao do Brasil, está em 1º lugar na lista de países com maiores reservas monetárias.

Diante desses fatos, poderíamos dizer que os números produzidos pelos economistas ortodoxos são meramente ilusórios ou ilusionistas (números mágicos), porque não espelham a verdadeira riqueza patrimonial das nações que são representadas por suas reservas naturais como são as grandes jazidas de minérios, a quantidade de terras cultiváveis, a extensão de áreas pesqueiras, a existência de rios para geração de energia, para irrigação de plantações, para navegação, para a pesca fluvial e lacustre, a existência de área para captação da energia solar e para geração de energia eólica.

Veja informações complementares em Os Países e Suas Reservas Estratégicas.

2. O GRANDE PROBLEMA DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS (“RICOS”)

Os países chamados de desenvolvidos (ou "ricos") geralmente não têm grandes reservas de matérias-primas e por isso dependem dos fornecimentos efetuados pelos países considerados subdesenvolvidos (ou "pobres"). Estes são países do chamado de Terceiro Mundo (o colonizado pelos europeus desde o século XV). Isto significa que, na qualidade de colônias, desde aquela época os países do terceiro mundo sustentam o muito elevado IDH dos europeus.

Diante dessa lógica invertida, podemos dizer que é considerado como rico e desenvolvido aquele país que NÃO possui matérias-primas. Em contraposição, é considerado país pobre aquele que geralmente tem abundante quantidade de matérias-primas para dar (ou vender a preço de custo, sem lucro). Assim acontece porque nestes mais de 500 anos o colonialismo político (agora transformado em neocolonialismo = colonialismo econômico) continua existindo.

Observa-se que aqueles países ditos ricos empobreceram (endividaram-se) porque as empresas agora chamadas de multinacionais ou transnacionais fugiram daqueles países hegemônicos e agora estão sediadas ou estabelecidas em paraísos fiscais cartoriais (que registram as chamadas de empresas offshore) e paraísos ficais industriais em que é permitida a exploração da mão de obra em regime de semi-escravidão.

Antes dessa fuga das multinacionais, aqueles países, por intermédio delas, além de levarem as nossas matérias-primas, exploravam e ainda exploram a nossa população em regime semiescravidão (com baixos salários) e levavam e inda levam para o exterior os lucros aqui obtidos, deixando para nós apenas os bens de produção sucatados (obsoletos).

Observe que a partir da fuga das multinacionais para paraísos fiscais, cuja rotina começou na década de 1970, acentuando-se na década de 1990, aqueles países desenvolvidos foram mergulhando numa quase irreversível bancarrota.

Veja o texto sobre a Integralização de Capital com Sucata Supervalorizada. Veja também os 10 Cartéis de Marcas e Patentes formados pelas Multinacionais, que poderia ser chamado de NOVA ORDEM MUNDIAL.

3. O TERCEIRO MUNDO É RICO EM MATÉRIAS-PRIMAS

Esse problema da falta de matérias-primas enfrentado pelos países europeus é histórico visto que motivou as explorações marítimas iniciadas por portugueses e espanhóis ainda no Século XV (no ano de 1492).

Mas, naquela época os aventureiros navegadores procuravam o caminho marítimo para a Ásia, em razão dos turcos otomanos terem tomado Constantinopla (atual Istambul na Turquia), em 1453, que era sede do Império Romano Oriental desde o ano de 330 e o principal centro comercial entre o ocidente e o oriente. A partir do ano 476 o Império Romano Oriental passou a ser conhecido como Império Bizantino.

Então, no Século XV os portugueses e espanhóis, com base em teses anteriores a de Nicolau Copérnico de que a terra era redonda, usaram a lógica de que navegando para oeste contornariam o globo terrestre e chegariam à Ásia. Não imaginavam que no caminho encontrariam outro continente habitado por povos que viviam nus em razão do imenso calor reinante na região tropical (entre os trópicos de Capricórnio [ao sul] e Câncer [ao norte]), com a linha imaginária do equador ao centro.

Assim, começou a história das descobertas de matérias-primas que a Europa precisava ter para fazer a sua revolução industrial, que oficialmente aconteceu mais de 200 anos depois de iniciados os descobrimentos marítimos.

Veja o texto sobre as rotas quinhentistas descobertas por Portugal, escrita por um historiador português, que no COSIFE foi intitulado como Os Países e suas Reservas (Minerais) Estratégicas.

4. O GRANDE PROBLEMA DOS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS (“POBRES”)

Diante do exposto, fica claro que havia e ainda há uma imensa inversão de valores em todo o mundo. O muitas vezes supérfluo tem grande valor comercial e o principal, o não supérfluo, que são as matérias-primas ("commodities"), tem pouco valor no mercado internacional.

Pelo menos tinham pouco valor comercial as "commodities". Mas, neste Século XXI, diante da maior escassez de matérias-primas nos países desenvolvidos, as commodities passaram a ter maior valor no comércio internacional, principalmente depois que o presidente da Venezuela Hugo Chávez assumiu a também presidência da OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Foi justamente a partir da ascensão de Chávez que o preço do petróleo passou para patamares lógicos, assim como, os preços das demais matérias-primas encontradas no chamado Terceiro Mundo.

Essa realidade automaticamente transformou os países ricos em países pobres, porque deveriam ser realmente ricos aqueles países que têm algo a exportar. Justamente por não terem o que exportar, os países desenvolvidos encontram-se endividados.

O grande endividamento dos países desenvolvidos, como já foi mencionado, aconteceu paulatinamente a partir da fuga das multinacionais para paraísos fiscais.

Entretanto, existia e ainda existe um outro importante fato que impede as exportações pelos países desenvolvidos. Além dos países ricos não terem grandes quantidades de produtos ou matérias-primas para exportar, o pouco que exportam não pode ser comprado pelos consumidores dos países periféricos, porque nos países do  Terceiro Mundo não existem consumidores em número suficiente e com nível salarial elevado que lhes possibilite a compra do produzido pelos desenvolvidos.

Aliás, a própria elite econômica desses países periféricos tenta impedir a qualquer custo que a parte empobrecida de sua população tenha condições de comprar tais produtos. Trata-se de mero preconceito e discriminação social ou racial ou de mera segregação social.

5. A SINA DOS PAÍSES PERIFÉRICOS

Outro detalhe importante sobre as matérias-primas: a China e a Índia, que ainda são consideradas como países subdesenvolvidos (porque a população tem IDH bem inferior ao do Brasil), também não possuem grandes reservas de matérias-primas, mas estão entre os mais importantes países em PIB, o que também acontece com alguns desenvolvidos como Estados Unidos, Japão e os países europeus.

Isto significa que a inversão de valores dos chineses e indianos é a mesma dos países desenvolvidos: A Índia e a China estão crescendo mais rapidamente que os demais países justamente porque não têm matérias-primas e porque permitem a exploração de seu povo em regime de semiescravidão, o que também acontece na África e na Oceania.

Então, presume-se que a sina dos países ricos em matérias-primas seja a de serem eternamente considerados pobres e subdesenvolvidos.

Pergunta-se: Qual seria o motivo de os países subdesenvolvidos não crescerem?

Embora pareça uma pergunta difícil de ser respondida, na realidade é questão de fácil resposta. Basta que se olhe para o que vinha acontecendo no Brasil desde os tempos em que era colônia de Portugal, país que atualmente se revela insignificante diante das potencialidades e do gigantismo do Brasil.

Antes da resposta é importante observar que estão entre os mais importantes países em PIB exatamente os países gigantes em território e população. Este fato será abordado mais adiante.

6. POR QUE OS PAÍSES RICOS EM MATÉRIAS-PRIMAS NÃO CRESCEM?

Não cressem por causa da mentalidade discriminadora (segregacionista) da elite empresarial e oligárquica que se autodenomina como “sociedade civil”.

Essa é a classe social ou o clã em que se encontram alinhados os mais ricos empresários, os políticos dos partidos de extrema-direita que no Congresso Nacional representam os interesses mesquinhos dessa classe dominante, seus consultores econômicos e jurídicos, os seus executivos e a elite cultural, artística, jornalística e de profissionais liberais sustentada pelos citados.

Isto é, estão alinhados na chamada "sociedade civil" aquelas pessoas que têm dinheiro suficiente para comprar tudo aquilo que possa ser importado, os quais preferem importar exatamente para que não sejam gerados empregos para as classes sociais consideradas inferiores (os suburbanos, como dizem os cariocas ou os da periferia, como dizem os paulistas).

Para que não sejam gerados os empregos, esses grandes empresários, incluindo os grandes agricultores e pecuaristas, preferem exportar matérias-primas (produtos não industrializados).

Por que só exportam matérias-primas?

Porque a industrialização dessas matérias-primas automaticamente criaria empregos para o povo e isto a "sociedade civil" verdadeiramente não quer.

Esse preconceituoso clã de endinheirados até se abstém do simples pensar na necessidade da geração de empregos para que seja evitada a criminalidade.

Os membros dessa alta sociedade ("high society") preferem conviver com a criminalidade, defendendo-se por intermédio da contratação de sistemas paramilitares de segurança privada, que os protegem do assédio dos pobres e miseráveis.

Mas, não é a falta de emprego que está acontecendo na Índia e na China.

7. REFORMA TRABALHISTA - CAMINHANDO PARA O TRABALHO ESCRAVO

Naqueles países (China, Índia e nos demais países asiáticos, africanos e da Oceania) a intenção dos grandes empresários é exatamente a da criação de empregos para aproveitarem a possibilidade de utilização da mão de obra quase escrava, porque aqueles países não possuem legislação rígida de proteção ao trabalhador, ao contrário do que existe no Brasil.

Diante dos constantes movimentos da "sociedade civil" brasileira em prol da Reforma Trabalhista no sentido de que haja a diminuição das “regalias” do nosso trabalhador, parece óbvio que os grandes empresários nacionais e estrangeiros somente passariam a gerar empregos no Brasil se fosse permitida a escravização do nosso povo.

Embora não seja permitida a exploração do trabalho escravo no Brasil, muitos a praticam diuturnamente.

Especialmente para combater a escravidão na área rural, o Ministério do Trabalho foi obrigado a implantar um sistema rígido de fiscalização para combate dessa prática muito comum desde os tempos “áureos” da extração da borracha nas seringueiras na Amazônia. O mesmo vem acontecendo nos garimpos, na exploração ilegal de madeira e em fazendas que exploram os trabalhadores conhecidos como “boias-frias”.

Sobre esse tema, veja o manifesto do Sindicato dos Fiscais do Trabalho sobre os crimes cometidos em Unaí - MG. Veja também o texto intitulado Desmatamento e Trabalho Escravo em Tailândia. /veja ainda o texto intitulado O Brasil e a Sua Elite Escravocrata - Brasil é Condenado por Tolerar a Escravidão em Suas Formas Modernas.

Como a legislação trabalhista não pode ser revogada, assim como não pode ser revogada a Lei Áurea, os extremistas de direita estão querendo fazer uma indireta Reforma Trabalhista em que todas as grandes empresas possam contratar trabalhadores terceirizados.

Então, para redução de custos operacionais, as empresas terceirizadas serão sempre pequenas e sem patrimônio próprio. Desse jeito, quando as empresas contratantes não mais quiserem os empregados, as terceirizadas controladas por testas de ferro ou laranjas entram em regime falimentar e os trabalhadores deixam de receber seus Direitos Sociais (Trabalhistas e Previdenciários).

8. O MUITO ELEVADO IDH ESTÁ LIGADO À ENORME DÍVIDA EXTERNA

Como já foi mencionado, é importante notar que significativa parte dos países que têm o “muito elevado” IDH está também entre os que têm  elevada Dívida Externa em relação ao seu PIB - Produto Interno Bruto. Na maior parte deles a Dívida é maior que o PIB.

Por que isto acontece?

Em primeiro lugar é preciso deixar claro que não se é contra o aumento do padrão de vida das populações. O que se quer mostrar é que a manutenção do “muito elevado” IDH pelos países do 1º mundo está acima da sua capacidade econômica e foi exatamente a manutenção desse padrão de vida, pelo qual não podem pagar, que os levou a ficarem endividados.

Em síntese, por falta de riquezas naturais (= falta de patrimônio nacional) grande parte desses países considerados ricos não tem condições econômicas favoráveis à manutenção desse elevado padrão de vida de seu povo.

Por quê?

Porque a maior parte dos produtos que proporcionam esse alto padrão de vida vem do exterior e porque esses países não têm exportações em valor suficiente para que possam efetuar o pagamento de suas importações.

Os Estados Unidos, na falta de produtos exportáveis, desde a segunda guerra mundial apenas emite papel moeda (o dólar) para pagamento de suas compras no exterior. Uma dia esse sistema vicioso haveria de quebrar, porque a dívida externa em meio circulante (papel moeda em circulação) seria bem superior ao PIB norte-americano.

Veja texto A Fragilidade do Dólar como Padrão Monetário.

É exatamente por essa razão que países como os PIGS (pejorativamente chamados de porcos, em inglês, pelos seus pares europeus) estão reformulando suas respectivas políticas econômicas. Os PIGS são: Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha (Spain em inglês).

A Grécia, por exemplo, anunciou, entre outras medidas, que serão aumentados os impostos e reduzidos os salários dos trabalhadores. Resta saber se o aumento de impostos será apenas para os empresários e para os entes mais ricos da população. Mas, se de fato fosse essa a intenção, não haveria a redução de salários do povo. Ou seja, como sempre a corda vai arrebentar do lado mais fraco e a sociedade civil grega, verdadeira causadora do desequilíbrio, vai ficar incólume (não será afetada).

Esse fato de não haver produção suficiente para exportação, como também está acontecendo com os PIGS, foi comentado especialmente no texto sobre a Islândia, onde há (ou havia) alto padrão de vida da população, sem que o país tenha o que exportar. Todos os produtos que mantêm esse alto padrão de vida do povo islandês são importados. E 80% do exportado pela Islândia é oriundo da pesca.

Esse mesmo problema está ocorrendo nos demais países com “muito elevado” IDH, embora alguns tenham o que exportar. Neste caso, é exatamente o alto padrão de vida que os impede de exportar = excesso de consumo interno.

Por quê?

Nesses países, para que seja possibilitado o alto padrão de vida, é necessário que os salários dos trabalhadores sejam muito elevados. Exatamente em razão dos altos salários de seu povo, o país não consegue exportar porque seus industrializados têm custo de produção muito elevado, não permitindo a competição em preços com os manufaturados em países em que a mão de obra é bem mais barata, como na China, na Índia e nos demais países asiáticos, excetuando-se o Japão.

É exatamente por esse motivo que a China, a Índia e outros países asiáticos se tornaram grandes exportadores. Os produtos por eles fabricados são baratos justamente porque os salários em seus respectivos territórios são muito baixos, bem inferiores aos pagos no Brasil, por exemplo.

É com idêntica finalidade que a “sociedade civil” brasileira vem tentando reduzir os direitos sociais do nosso povo mediante uma Reforma Trabalhista invertida. Ou seja, segundo a “sociedade civil” segregacionista (racista), a reforma trabalhista brasileira deve ser feita contra os trabalhadores (nunca em favor deles).

Mas, essa reforma da legislação trabalhista em prejuízo do povo os políticos dos países com “muito elevado” IDH não querem fazer. Não querem diminuir o padrão de vida de sua população porque isto resultaria num sensível aumento da criminalidade e das favelas (“comunidades”), como aconteceu no Brasil a partir do Golpe Militar de 1964.

Porém, depois da generalizada quebra dos países europeus a partir de 2011, os governantes daquele continente resolveram que todos trabalhadores nativos devem ser tratados como os imigrantes asiáticos e africanos. Isto é, serão tratados com desprezo e menores salários. Assim acontecerá um violento incremento na criminalidade, tal como aconteceu no Brasil a partir de 1990.

Tal como no Brasil, o povo inicialmente partirá para a informalidade, para a livre iniciativa, para a autorregulação dos mercados. Sobre esse tema veja o texto denominado A Economia Informal e a Autorregulação dos Mercados.

9. O ELEVADO PIB E O GIGANTISMO TERRITORIAL E POPULACIONAL

Os países com maior dimensão territorial são os que têm maior população e são também os que têm maior PIB.

Por que isto ocorre?

Assim acontece porque no cálculo do PIB é levada em conta a massa salarial dos trabalhadores. Nos países chamados de desenvolvidos a massa salarial é maior que a dos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.

Nos países da Europa, nos Estados Unidos, no Japão, no Canadá e na Austrália a massa salarial está em torno de 50% do PIB (IDH “muito elevado”), enquanto nos países em desenvolvimento essa massa salarial está em torno de 30% do PIB (IDH “elevado”). É o que acontece no Brasil.

Por sua vez, na China e na Índia, onde o IDH é “médio”, a massa salarial é bem inferior a 30% do PIB.

Mesmo com essa massa salarial insignificante, a China e a Índia estão entre os principais países em PIB exatamente em razão da sua grande população. Enquanto os Estados Unidos tem pouco mais de 300 milhões de habitantes e o Brasil tem aproximadamente 200 milhões, a Índia tem mais de 1 bilhão e 100 milhões e a China tem mais de 1 bilhão e 300 milhões. Isto é, a população da China é mais de seis vezes a do Brasil e mais de quatro vezes a dos Estados Unidos.

Por terem essa gigantesca população, a Índia e China conseguem estar entre os maiores países em PIB. E chegariam facilmente às duas primeiras posições se os seus trabalhadores passassem a ganhar salário médio igual ao dos brasileiros, que é considerado baixo em relação ao pago nos países desenvolvidos.

Bastaria que os chineses e os indianos elevassem o seu IDH de “médio” para “elevado” (igual ao brasileiro) para se tornarem as maiores potências mundiais em PIB, embora não tenham a tecnologia tão avançada como a norte-americana e como a de alguns países europeus.

10. A MÁSCARA DAS ESTATÍSTICAS

No texto denominado A Máscara das Estatísticas foram comentados idênticos números ilusórios. E tal como está acontecendo neste texto, podemos observar que existem muitas distorções nessas classificações. Muitas arestas devem ser aparadas para que se possa fazer uma avaliação razoável. Isto é, o atual método de avaliação é muito ruim e por esse motivo precisa ser repensado.

O valor do PIB é obtido com base em dados que são ajustados mediante formulações inventadas pelos mestres da economia usando a estatística.

A própria Dívida Externa vez por outra sofre ajustes, como aconteceu com a Islândia depois da quebra de seu sistema financeiro meramente especulativo.

Segundo dados publicados pelo INDEX MUNDI, em 2008 a Islândia tinha dívida externa de 3 bilhões e PIB de 12 bilhões. No ano seguinte, a dívida passou para 5 vezes o valor do PIB (O PIB diminuiu e a Dívida aumentou).

Fato semelhante aconteceu com a Grécia principalmente depois da olimpíada de 2004. Em 2006 a dívida era de US$ 75 bilhões, em 2007 era de quase US$ 302 bilhões e em 2008 era superior a US$ 371 bilhões.

São alterações exorbitantes para um país cujo PIB em 2008 era de US$ 326 bilhões, um sexto do PIB brasileiro.

Obviamente algo estava errado, razão pela qual a dívida  subiu tão vertiginosamente de 75 para 302 bilhões de um ano para outro. Provavelmente muita coisa não estava contabilizada e talvez ainda não esteja.

11. A VERDADEIRA DÍVIDA NORTE-AMERICANA

Diante da Crise Mundial, provavelmente a dívida norte-americana também seja bem maior que a estampada em seu balanço de pagamentos.

Se somarmos as reservas monetárias de todos os países, exceto a dos Estados Unidos, encontraremos o valor da verdadeira dívida externa dos ianques, porque as reservas monetárias são convertidas em dólares norte-americanos por imposição do FMI - Fundo Monetário Internacional.

Para chegarmos a essa conclusão é utilizada a máxima do frade Luca Pacciolo de que o montante de cada débito deve corresponder a um ou a soma vários créditos, e vice-versa.

Logo, a soma das reservas monetárias em dólares dos países credores deve corresponder ao débito (à dívida) dos norte-americanos.

Esta é a máxima do velho método das partidas dobradas descrito pelo Frade Luca Pacciolo.

12. A CLANDESTINIDADE DAS EMPRESAS DE PARAÍSOS FISCAIS

Existe fato muito interessante a ser considerado.

A soma das dívidas externas dos países devedores (por volta dos US$ 60 trilhões) não tem correspondência com créditos (reservas monetárias) de outros países que seriam os credores. A soma dos créditos desses países credores estavam em 2008 por volta de apenas US$ 7 trilhões. Isto pode significar que a diferença de US$ 53 trilhões em créditos perambulam clandestinamente pelo mundo afora como sendo oriundos de paraísos fiscais.

Por que isto ocorre?

Porque os credores dos países devedores são pessoas (magnatas) proprietárias de empresas fantasmas (offshore) sediadas em paraísos fiscais.

Os valores não aparecem porque os paraísos fiscais não lançam em seus respectivos Balanços de Pagamentos os créditos dos proprietários das empresas offshore (empresas de além-mar ou além da praia). Em síntese, a empresa offshore é aquela que não pode operar no território do paraíso fiscal que acolheu (arquivou ou registrou) o seu ato constitutivo.

Pergunta-se: Por que os paraísos fiscais não registram (não contabilizam) as suas respectivas dívidas externas, que seriam os créditos dos proprietários das empresas offshore?

Porque as pessoas físicas e jurídicas detentoras do capital das empresas offshore geralmente obtiveram esse dinheiro na informalidade ou na criminalidade, mais precisamente na ilegalidade. Mediante o registro de empresas “fantasmas”, os paraísos fiscais escondem os verdadeiros nomes desses mencionados criminosos.

As empresas são consideradas como “fantasmas” porque na verdade não têm dono nem capital identificados. As operações das empresas offshore são controladas na informalidade em lugar incerto (sem qualquer registro no paraíso fiscal).

Veja as explicações de como era feita a lavagem do dinheiro obtido na informalidade no Brasil no texto que define os paraísos fiscais como "as ilhas do inconfessável".

Como exemplo dessa discrepância podemos citar que a maior parte dos credores externos do Brasil são paraísos fiscais. Os dados estão publicados no site do Banco Central do Brasil e podem ser obtidos através do texto denominado Balanço de Pagamentos.

Por sua vez, nos balanços de pagamentos dos paraísos fiscais credores, não consta o Brasil como devedor; não consta a nossa dívida, assim como também consta os valores remetidos por brasileiros que declararam ao Banco Central do Brasil terem investido em paraísos fiscais.

Então, se todos os países devedores cancelassem nos seus Balanços de Pagamentos os créditos e os débitos dos paraísos fiscais, grande parte da dívida externa de todos os países sumiria. Também sumiria o dinheiro que os brasileiros disseram ter investido em paraísos fiscais.

Veja os textos denominados:

13. ENTÃO: QUAIS SÃO OS PAÍSES REALMENTE RICOS?

Realmente ricos são aqueles países que não dependem das matérias-primas e dos produtos alimentícios adquiridos no exterior.

À bem da verdade e diante desses números estranhos podemos dizer que somente os países exportadores de matérias-primas e com elevadas reservas minerais poderiam ser considerados como países ricos, conforme foi descrito no texto intitulado Os Países e suas Reservas Estratégicas.

14. A REALIDADE BRASILEIRA QUANTO AO IDH

À bem da verdade, podemos dizer que a pequena parte da população brasileira inserida no clã da chamada “sociedade civil” tem IDH “muito elevado”.

Por sua vez, a população de nossos subúrbios ou das nossas periferias têm IDH “médio” ou “baixo”. Este último índice é semelhante ao dos mais subdesenvolvidos países africanos e asiáticos.

Devido a esse peso e contrapeso, o Brasil ficou na classe dos países com IDH “elevado”, que seria a média aritmética entre o “Muito Elevado” e o “Médio” ou "Baixo" IDH.

Isto também acontece com outros países, razão pela qual nenhum deles consegue o índice máximo que é igual a 1 (o índice varia de zero a 1).

Pelo mesmo motivo não existe país com índice zero. Só ocorreria o índice zero se fosse retirada do contexto a dita “sociedade civil” dos países com IDH “baixo”.

Porque o Brasil não está na categoria de IDH “muito elevado”?

O Brasil só não está na categoria de IDH “muito elevado” porque a maioria de sua população (80%) ainda é tratada com desdém pelos membros da “sociedade civil”. Para essa classe social elitista, grande parte da população brasileira não é gente, assim sendo, deve ser tratada como indigente.

Por esse motivo, a população de baixa renda, marginalizada no submundo da economia informal, não tem a menor oportunidade de melhoria econômico-social por falta de escolaridade, de saúde e de saneamento básico em sua “comunidade” (favela). E, sobretudo, não é dada a essa população segregada (discriminada) a oportunidade de conseguir emprego.

15. A GERAÇÃO PERDIDA - A SÍNDROME DO PRIMEIRO EMPREGO

No texto denominado A Geração Perdia - A Síndrome do Primeiro Emprego, escrito em 2003, foi explicado que no Brasil a falta de emprego está acontecendo principalmente naquela fatia populacional que tem alta escolaridade mas que não tem estirpe; não tem apadrinhamento ou quem a indique para que consiga o desejado cargo ou função que tem condições técnicas ou tecnológicas para desempenhar. Em razão da segregação social, esse tipo de trabalhador só encontra emprego mediante a sua participação em concursos públicos.

E, para evitar que esses empregos sejam gerados pelo governo, a dita “sociedade civil” prega o neoliberalismo e a privatização das empresas estatais e das tarefas atribuídas aos órgãos governamentais.

Veja o texto sobre a Terceirização ou Privatização da Fiscalização.

Depois das privatizações, as empresas agora privadas contratam somente aquelas pessoas, direta ou indiretamente, ligadas à classe social de seus executivos ou por indicação de pessoas influentes. Assim, as empresas privatizadas foram transformadas em cabide de emprego dos defensores das privatizações.

Depois das privatizações, os trabalhadores de menor escolaridade são contratados por intermédio de empresas terceirizadas para que seus patrões possam ficar com significativa parte de seus salários.

Essa terceirização da mão de obra mais barata também ocorre nos órgãos públicos. Além desses trabalhadores, nas repartições públicas muitos são contratados como estagiários, que depois de treinados não conseguem aprovação nos concursos públicos, o que significa tempo e dinheiro perdido pelo governo.

Obviamente, sensível parte dos proprietários dessas empresas terceirizadas é membro direto ou indireto dessa “sociedade civil” discriminadora.

Aliás, a terceirização da mão de obra poderia ser encarada como uma forma de semiescravidão dos trabalhadores. O Ministério do Trabalho precisa intensificar a fiscalização nas empresas que vivem à custa da terceirização (do fornecimento) da mão de obra.

Veja o texto sobre A Pesada Carga Tributária - Os Problemas Causados pela Sociedade Civil.

16. CONCLUSÃO

Do exposto podemos concluir que os habitantes dos países com “muito elevado” IDH estão vivendo à custa das dificuldades enfrentadas pelos habitantes dos países fornecedores de matérias-primas e daqueles outros países que fornecem mão de obra barata e quase escrava principalmente às indústrias multinacionais.

Isto significa que os habitantes dos países desenvolvidos vivem de forma nababesca à custa do sacrifício das populações dos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento em que os trabalhadores enfrentam sérios problemas de sobrevivência e de direitos humanos causados pela semiescravidão imposta aos serviçais de baixa renda que se “escondem” (moram, residem, “vivem”, sobrevivem) nos bairros pobres ou nas favelas (“comunidades”) das periferias ou dos subúrbios.







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