A MÁSCARA DAS ESTATÍSTICAS
OS NÚMEROS MÁGICOS E A FARSA DAS PREVISÕES
São Paulo, 19/03/2007 (Revisado em 13-03-2024)
fraudes e desfalques, contabilidade criativa ou fraudulenta, manipulação de balanços e das demais demonstrações contábeis (financeiras), má administração e má aplicação de incentivos fiscais e de empréstimos e investimentos governamentais, sonegação fiscal, Ações das Estatais nas Bolsas de Valores (ante e depois da privatização). PAC - Programa de Aceleração do Crescimento do PIB Brasileiro
Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE
Se algum candidato ao bacharelato fizer um estudo sobre o novo segmento operacional da reciclagem do lixo inorgânico, começando pelos catadores (agentes de saneamento ambiental), passando pelos empresários intermediários que compram esses materiais e terminando pelos que o industrializam, verá que houve sensível crescimento econômico nessa nova atividade. Nos meios de comunicação chegam a dizer que o Brasil é um dos líderes mundiais na reciclagem de lixo.
Para se chegar a essa conclusão de que houve grande desenvolvimento econômico nessa área seria necessária a comparação dos resultados de uma eventual pesquisa atual com uma outra anterior.
Para exemplificar, vamos supor que anos atrás foram ouvidos 10 catadores, 10 intermediários e 10 industriais do lixo reciclável (materiais recicláveis).
Resultado da Primeira Pesquisa
Provavelmente o resultado obtido seria que naquela época da primeira pesquisa efetuada o aproveitamento dos recicláveis era restrito a poucos materiais. Talvez por essa razão a quantidade obtida diariamente não permitisse que os catadores tivessem condições financeiras para comer frango em suas refeições. Mas, poderia ser observado que os intermediários comiam meio frango por dia e os industriais comiam um frango por dia, num total de 15 frangos para 30 pessoas envolvidas na pesquisa. Assim sendo, em média, cada um dos indivíduos daquela população comia meio frango por dia. Estes seriam os resultados apontados pela estatística efetuada.
Resultado da Segunda Pesquisa
Considerando que os empresários produtores de frangos passaram a dizer na televisão que houve um aumento de 100% no consumo de frangos, numa nova pesquisa provavelmente será apurado que aquela mesma amostra populacional está comendo em média um frango por dia.
Como resultado, possivelmente os 30 frangos agora são consumidos diariamente da seguinte forma: os industriais passaram a comer dois frangos por dia, os intermediários da compra de materiais recicláveis estão comendo um frango por dia e os catadores de lixo continuam não comendo frangos, porque o rendimento obtido com a venda do lixo reciclável continua não lhes permitindo comer frangos.
E na década de 1970 o cantor e compositor Benito de Paula em sua música "Trapézio" já previa a existência da "fila para venda do lixo", quando dizia: "que coisa horrorosa".
Analisando-se e comparando-se os Resultados das Duas Pesquisas
Embora o crescimento do consumo de frangos tenha sido de 100%, na realidade poucos foram os benefícios concretos obtidos pelos miseráveis (entre eles os catadores de lixo reciclável), que continuam morando embaixo das pontes, em terrenos baldios, em casas, lojas e prédios invadidos ou em favelas.
Por sua vez, os intermediários na compra do lixo reciclável continuam a viver entre os mais importantes consumidores da classe média e os industriais da reciclagem estão ficando cada vez mais ricos.
Em suma isto significa, apesar do sensível aumento da produção e do consumo, que continua a concentração da renda nos bolsos dos já suficientemente ricos, com ligeira melhoria da classe média.
A Realidade Brasileira
O explicado no exemplo hipotético acima é mais ou menos o que está acontecendo na realidade brasileira e também em alguns países conhecidos como "tigres asiáticos", em que a renda per capita é várias vezes superior a do Brasil. Entretanto, os miseráveis de lá são bem mais miseráveis que os daqui.
Por que o Brasil é um dos líderes mundiais na reciclagem de lixo?
Porque o aproveitamento da mão de obra barata dos miseráveis brasileiros torna a reciclagem a viável. O mesmo não acontece nos países desenvolvidos porque lá a mão de obra é muito cara (o salário médio pago chega a ser dez vezes maior que o dos brasileiros). Por isto a reciclagem torna-se viável aqui no Brasil e inviável lá nos países desenvolvidos.
PESQUISANDO NA INTERNET SOBRE O PIB BRASILEIRO
O site Último Segundo em texto datado de 28/02/2007, com dados obtidos na BBC Brasil, explica que o nosso Produto Interno Bruto (PIB) em dólares na realidade cresceu 20% no ano de 2006, embora todos digam que a expansão da economia brasileira seja de apenas 2,9%, conforme divulgou o IBGE. O mesmo se lê em Notícias UOL.
Os dois mencionados sites afirmam ainda que Jim O'Neill, economista-chefe do banco Goldman Sachs de Londres, reforçou que o salto "inacreditável" de 20% do PIB brasileiro em dólares se deve à valorização do real frente à moeda norte-americana (supervalorização que também aconteceu durante os 8 anos do governo FHC).
Mais adiante os citados sites continuam afirmando que, de US$ 796 bilhões em 2005, o PIB brasileiro atingiu US$ 956 bilhões em 2006, abrindo a distância que separa o Brasil de outros países emergentes, como o México e a Coreia do Sul, que estão ficando para trás.
Sobre a supervalorização do Real em relação ao Dólar, ocorrida desde a implantação da nova denominação monetária brasileira, veja o texto sobre Balanço de Pagamentos.
Em 15/03/2007 com base em notícias veiculadas pela Agência Reuters, o mesmo site Último Segundo menciona que o PIB da Argentina cresceu 8,5% em 2006, o que também foi veiculado pelo Jornal Folha de São Paulo em 16/03/2007.
Segundo dados do site do IBGE - Países, o PIB da Argentina em 2004 era de US$ 153 bilhões. Por sua vez, a Revista Veja menciona que em 2000 a Argentina tinha um PIB de US$ 360 bilhões e a Folha de São Paulo em 16/03/2007 afirmava que, apesar das elevadas taxas de crescimento dos últimos anos, em 2006 o PIB argentino chegou (somente) a US$ 330 bilhões.
Observe atentamente os números obtidos e verá que desde o ano 2000 até agora a Argentina nada cresceu. Apenas está tentando atingir o volume de PIB que tinha em 2000. Portanto, todos aqueles segmentos que na Argentina geraram o PIB de 2006 já existiam em 2000.
Isto significa que nada ou pouco foi construído de novo na Argentina. Apenas aquele país está envidando esforços para que os segmentos paralisados pela sua recessão sejam reativados, voltando a produzir. É o mesmo vem tentado fazer no Brasil o presidente Lula a partir de 2003. Vejamos.
RETROSPECTIVA DA ECONOMIA BRASILEIRA DESDE O GOVERNO FHC
Quando FHC assumiu o governo em 1995 o Brasil era a 8ª potência mundial em PIB. No entanto, por ter usado durante seu governo a mesma política econômica impingida à Argentina pelo FMI, quando Lula assumiu o governo em 2003, o Brasil tinha regredido à condição de 15ª potência em PIB.
É importante explicar que o fato de o Brasil ter caído para a 15ª posição no cenário mundial no final do Governo FHC não significa que o PIB brasileiro tenha regredido como o da Argentina. Apenas significa que o PIB dos demais países, além de terem crescido em percentual maior que o verificado no Brasil, os seus montantes de PIB em dólares se tornaram maiores que o nosso.
Outros países tiveram taxas de crescimento bem maiores que a verificada Brasil, porém, o PIB brasileiro continuou se expandindo em relação ao deles. Um dos exemplos dessa ocorrência está na própria Argentina que ainda não conseguiu realmente crescer. Outro exemplo dessa comparação será mostrado mais adiante.
Até o final de 2006 o Brasil já havia recuperado várias posições no cenário internacional e em 2006 a economia brasileira cresceu em percentual pouco menor que a norte-americana e ligeiramente maior que a japonesa, a inglesa e a alemã, que estão entre as oito mais importantes economias mundiais. Claro que comparados com a Argentina, o "vexame" daqueles países seria maior que o nosso. Afinal, são considerados países desenvolvidos e a Argentina não.
Segundo a Revista Veja, conceituado economista estrangeiro por ela entrevistado declarou que, se o Brasil crescer 3,5% ao ano, dentro de 20 anos, será a 6ª potência mundial em PIB e entre essas seis potências não estarão outros países da América Latina, onde estão os países apregoados pelos locutores das emissoras de televisão como exemplos a serem seguidos pelo governo brasileiro. O Brasil conseguiu chegar à 6ª posição em 2011, contrariando as expectativas ou as apostas especulativas do "expert" entrevistado pela Revista Veja.
Na mesma citada página do site “Notícias UOL” ainda é possível ler:
Desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ..., o país [o Brasil] dobrou o tamanho de sua economia em dólares, e se mantém à frente de Índia e Rússia, que, junto com a China e o Brasil, formam o chamado grupo dos BRIC.
Por ser o Brasil, entre estes, o país que menos cresce, o governo brasileiro está sob pressão para elevar o ritmo do crescimento econômico do país.
Mas a taxa de crescimento perseguida, de 5% ao ano, não é consenso entre os analistas, que preferem apostar em cerca de 3,5% nos próximos dois anos.
Depois a África do Sul, outro dos países com grandes reservas minerais, foi adicionada ao grupo de países (BRIC) que passou a denominar-se como BRICS. O "S" adicionado refere-se à "South Africa" (África do Sul).
NOVAMENTE A MÁSCARA DAS ESTATÍSTICAS E A FARSA DAS PREVISÕES
De fato esses índices previstos pelos consultores econômicos são meras APOSTAS porque são previsões discutíveis e especulativas, em nada concretas, portanto, não confiáveis.
Comentário semelhante a este aqui anotado pelo coordenado do COSIFE foi proferido pelo chefe de redação do Jornal da TV Gazeta, em 17/03/2007, quando inquirido pela âncora do programa sobre a confiabilidade dessas previsões.
Afinal, de "ANALISTA" e louco, todos nós temos um pouco.
Ainda nos referidos meios de comunicação lia-se:
O Goldman Sachs estima que o crescimento brasileiro nesta década - entre 2000 e 2010 - será em média 3,1%, que Jim O’Neill avalia como "um bom resultado".
"O Brasil não precisa crescer tanto quanto os outros, à diferença do que muita gente estranhamente crê", afirma o economista-chefe. "O Brasil se encontra em um estágio mais avançado."
Se mantiver o crescimento a uma média de 3,5% ao ano, o país ainda se manteria entre os BRIC no horizonte dos próximos 30 anos.
Juntas, as economias dos BRIC superariam as dos sete países mais ricos do mundo em 2050. O Brasil estaria na 5ª ou 6ª posição, de acordo com as pesquisas [estimativas, previsões, apostas] do Goldman Sachs.
Contrariando Goldman Sachs o crescimento do Brasil em 2010 foi de 10%.
A SOMA DO PIB DOS PAÍSES ÁRABES VERSUS O DO BRASIL
Como dado interessante pode ser citado que a soma do PIB em dólares de todos os países árabes em 2006 era de apenas cerca de 10% maior que o do Brasil. E todos sabem que os árabes são os maiores exportadores de petróleo com 90% da produção mundial.
Brasil Versus Índia
De outro lado, a Índia, que já teve PIB superior ao do Brasil, agora tem PIB um pouco inferior ao nosso.
Mas, de forma absolutamente negativa, a Índia possui um institucionalizado (agora não oficial) sistema discriminatório e preconceituoso de divisão da população em castas, tão repugnante como o antigo apartheid sul-africano (discriminação entre pretos e brancos).
Esse enraizado apartheid indiano impede os menos favorecidos procurarem novos rumos em sua vida. Os indianos, por exemplo, não podem mudar de profissão. Se o bisavô de determinado indivíduo foi "catador de excrementos humanos" (esta é uma das profissões existentes na Índia), o seu avô também foi, ele é, os seus filhos são, assim como serão os seus netos e bisnetos e assim sucessivamente.
A Índia é um país em que na maioria das províncias as necessidades fecais da maior parte da população são feitas ao relento por falta de banheiros (falta de saneamento básico), conforme foi possível ver em cenas explícitas mostradas em reportagem da TV Record.
As estatísticas brasileiras nos mostram que quase a metade dos brasileiros residem em localidade sem saneamento básico. Na Índia essa condição deve chegar a 90% da população.
A quantidade de miseráveis na Índia é mais de três vezes a população total do Brasil (são mais de 600 milhões de extemos miseráveis, numa população total de 1,1 bilhão).
Isto significa que o PIB da Índia, aproximadamente igual ao do Brasil, deve ser rateado por mais um bilhão de indianos, enquanto que o PIB do Brasil pouco superior ao da Índia deve ser rateado por menos de 200 milhões de brasileiros (um sexto da população indiana).
Por tais motivos o economista-chefe do Goldman Sachs disse que "o Brasil se encontra em um estágio mais avançado".
Os problemas estruturais e conjunturais indianos e chineses são muito maiores que os brasileiros.
Embora a população mais pobre seja vilmente explorada e desprezada no Brasil, essa exploração e esse desprezo são muito maiores na China e na Índia.
Veja alguns textos antigos sobre O Desastre Cambial Brasileiro em que se destaca o texto intitulado O Desastre do Trem Financeiro Brasileiro escrito por Jeffrey Sachs.
MANIPULAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA PELOS MERCENÁRIOS DA MÍDIA
Mas, alguns manipuladores da opinião pública brasileira na televisão ficam querendo jogar o povo contra o governo, dizendo que o Brasil cresceu em percentual inferior ao de vários países sul-americanos e principalmente não cresceu como a Argentina, o que não é verdade.
Como foi demonstrado neste texto, desde o ano 2000 a Argentina ainda não cresceu. Apenas está tentando chegar ao mesmo nível de PIB que tinha anos atrás. Está tentando reativar os setores da economia que foram paralisados pela recessão e pelo desemprego, o que também aconteceu no Brasil até o final de 2002, não em tão grande escala como na Argentina, que decretou a moratória da dívida externa (calote) e ainda não conseguiu sequer iniciar o pagamento aos credores.
Comparações entre a Evolução do PIB Brasileiro e o Argentino
Vejamos um exemplo numérico.
Considerando que o PIB em dólares do Brasil era em 2006 de US$ 956 bilhões, se em 2007 o PIB brasileiro tivesse um aumento em dólares de 3,5%, cresceria pouco mais de US$ 30 bilhões.
Considerando-se que o PIB da Argentina era de US$ 330 bilhões, se o PIB argentino crescesse em dólares a uma taxa inferior a 10%, estaria se distanciando do Brasil.
Ou seja, a Argentina mesmo com uma taxa de crescimento maior estaria ficando mais atrás em relação ao Brasil, tal como no mesmo período estava acontecendo com o México e com a Coreia do Sul em relação ao Brasil. Isto também poderá acontecer com outros países considerados desenvolvidos e que já não têm as mesmas condições de continuarem a crescer mediante significativas taxas.
É o que está acontecendo com algumas das tradicionais potências europeias, razão pela qual em 2011 o Brasil tinha ficado à frente de quase todas elas.
As Vantagens do BRICS em Relação aos Demais Países
Por isso os analistas do Goldman Sachs dizem que o Brasil poderá estar como a 5ª ou 6ª potência em PIB por volta do ano de 2050.
Veja o porquê no texto intitulado Os Países e Suas Reservas Estratégicas.
Os BRICS são os países com as maiores reservas minerais, logo estarão entre as maiores potências mundiais porque serão os dominadores do mercado mundial de matérias primas, assim como os árabes eram os dominadores do mercado mundial de petróleo.
O Brasil também poderá ser o maior produtor mundial de alimentos dada as suas melhores condições climáticas e ausência de grandes intempéries e cataclismos, além de ter maiores extensões de terras cultiváveis.
AS CRÍTICAS DOS CAPITALISTAS EXCLUDENTES
Ainda no texto do site “Notícias UOL” é possível ler algumas críticas ao governo Lula:
A agência de classificação de risco Fitch Ratings levantou dúvidas sobre a capacidade do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ... de dar fôlego à economia.
"O programa não aborda os grandes obstáculos estruturais para o crescimento, incluindo um ambiente medíocre para o investimento privado", avalia o relatório.
Dados compilados pela agência mostram que o Brasil investe mais que outros países emergentes para gerar a mesma medida de crescimento, porque a eficiência do investimento [brasileiro] é menor.
"Com financiamentos do BNDES e de outras instituições representando 40% do total de empréstimos no Brasil - algo sem paralelo em outros países semelhantes - os mercados financeiros [brasileiros] não conseguem funcionar propriamente e direcionar capital para os projetos mais lucrativos", diz a Fitch.
De fato no Brasil muitas das empresas estatais e privadas tiveram problemas principalmente administrativos e de desfalques, por isso não conseguiram o sucesso esperado. Isto é, os investimentos governamentais e os privados foram em parte desperdiçados ou desviados para outras finalidades pelos inescrupulosos empresários que os receberam ou pelos também inescrupulosos executivos incumbidos de administrá-los.
Foi o que também a aconteceu nos Países desenvolvidos, por isso chegaram à bancarrota que gerou a Crise Mundial de 2008.
Pois é, "o macaco nunca olha pra o seu próprio rabo".
COMBATENDO OS TRAMBIQUES DO EMPRESARIADO BRASILEIRO
Vejamos, então, o que o texto do UOL quis dizer quando menciona que "dados compilados pela agência [classificadora de riscos] mostram que o Brasil investe mais que outros países emergentes para gerar a mesma medida de crescimento, porque a eficiência do investimento [brasileiro] é menor".
Note que essa característica também resultou na última frase acima atribuída à Agência Fitch sobre os financiamentos concedidos pelo BNDES e por outras instituições governamentais.
O texto quis dizer que muitas das empresas estatais não tiveram resultados satisfatórios porque foram mal administradas por dirigentes apadrinhados nomeados por políticos, que usavam os executivos nomeados para desviar de recursos financeiros (mediante desfalques) para campanhas eleitorais de seus Partidos e de suas coligações.
O texto quis dizer ainda que os mais endinheirados empresários privados brasileiros receberam empréstimos com juros subsidiados pelo governo e receberam muitos incentivos fiscais.
Quis dizer ainda que, mesmo com esse pequeno custo financeiro e tributário, por mera deficiência cultural e por mera incompetência científica não conseguiram (ou por serem inescrupulosos não quiseram) aplicar o dinheiro recebido do governo no desenvolvimento das regiões em que estão os currais eleitorais dos políticos que os representam no Congresso Nacional.
As mencionadas regiões não se desenvolveram porque os agraciados com as benesses governamentais gastaram o dinheiro recebido de forma nababesca em proveito próprio e de sua casta social, deixando de lado os interesses nacionais e regionais, entre eles a melhoria das formas de subsistência das sofridas populações daquelas regiões agraciadas com os incentivos governamentais.
O texto quis dizer na verdade que:
Os empresários brasileiros agiram como os monarcas portugueses na época em que o Brasil era colônia. Naquela época a nobreza portuguesa só se preocupava em gastar as riquezas retiradas do solo brasileiro em ostentações e festanças sem pensar no desenvolvimento de Portugal. Como Portugal comprava tudo de novo produzido na Inglaterra, indiretamente colaborou financeiramente para a realização da Revolução Industrial inglesa. Com tantas riquezas à sua disposição, os monarcas portugueses deviam ter feito a Revolução Industrial em seu próprio país.
Justamente em razão dessa dupla má aplicação dos recursos governamentais, os bancos privados não emprestam aos empresários brasileiros porque estão sabendo dos generalizados casos de trambiques aplicados nos bancos estatais constituídos para fomentar o desenvolvimento nacional, regional e estadual.
Assim, para evitar o trambique dos empresários, o governo preferia investir em empresas estatais e os banqueiros privados preferiam investir em títulos públicos e também em ações das empresas estatais.
A partir de 2003 muitas das importantes obras necessárias ao desenvolvimento nacional brasileiro, principalmente as rodoviárias, passaram a ser feitas pelo Exército Brasileiro, que assim passou a fiscalizar a incompetência e a desonestidade do empresariado brasileiro.
Portanto, não havendo investimento popular e havendo a prática da internacionalização do capital pelo empresariado brasileiro, não há quem confie e queira investir no Brasil.
Logo, para que haja desenvolvimento no Brasil é preciso a adoção de medidas para que o Estado seja a mola mestra da economia, como pretendem fazer com o PAC - Programa de Aceleração do Crescimento.
Foi exatamente isto que sempre aconteceu no passado por intermédio das empresas estatais porque (repetindo) os empresários privados brasileiros e estrangeiros não queriam investir no Brasil.
Com essa mesma mentalidade da oligarquia empresarial e política brasileira, alguns dirigentes de estatais preferiam gerar empregos no exterior, mediante a contratação de empresas estrangeiras para industrializar ou prestar serviços às empresas governamentais brasileiras, como acontecia com as plataformas da Petrobrás que eram fabricadas no exterior, quando podiam ser produzidas aqui.
A FALTA DE CREDIBILIDADE NO MERCADO DE CAPITAIS BRASILEIRO
O grande problema da falta de credibilidade do mercado de capitais brasileiro não está na concorrência dos órgãos e das empresas públicas ou estatais, mas sim na deslealdade dos empresariado, dos especuladores, dos agentes do mercado distribuidor de valores mobiliários e dos demais profissionais desse desonesto mercado de capitais. Os mencionados sempre procuram enganar os pequenos e médios investidores como tem sido mostrado em diversos textos deste site do COSIFE em que se discorre sobre as bolsas de valores e sobre os crimes praticados contra investidores.
É fácil verificar o quão grandiosa era a movimentação de dinheiro nos pregões das Bolsas de Valores quando ali eram negociadas as ações das estatais privatizadas (empresas de economia mista de capital aberto).
Depois da privatização, os novos acionistas controladores fecharam o capital das ex-empresas estatais. Com essa medida, o movimento das Bolsas de Valores no Brasil diminuiu e no início do Século XXI não chegava à metade do que se observava na época áurea em que as estatais eram as principais protagonistas do “milagre brasileiro” vivido nos anos do Regime Militar até o início da década de 1990.
Agora, principalmente depois que ficou patente a desenfreada especulação nas Bolsas de Valores mundiais que gerou a Crise Mundial de 2008, os profissionais do mercado de capitais choram a perda de suas "galinhas dos ovos de ouro" (as estatais) e alguns se maldizem por terem apoiado as privatizações.
Em razão da redução de seus ganhos depois das privatizações, muitas empresas do mercado distribuidor fecharam suas portas, assim como algumas Bolsas de Valores regionais.
Sobre esse fato, na Revista da Bovespa 100 de outubro/dezembro de 2006 podemos ler o seguinte texto:
O leitor da Revista Bovespa pôde acompanhar com um olhar privilegiado as iniciativas da Bolsa e das corretoras de valores para desenvolver a cultura do investimento em ações.
Em julho de 1996, começou a campanha pela Privatização Democrática.
A Bovespa liderou um movimento para que o Brasil seguisse os exemplos da Inglaterra e da Espanha e reservasse, nas privatizações, grandes lotes de ações para as pessoas físicas.
“Sem capitalismo popular [socialista], não se troca a conversa sobre o que é ruim, como a distribuição de renda, pelo que é bom, como participar dos ganhos das empresas”, dizia o editorial da edição número 34.
Infelizmente, o governo [FHC] optou pela venda das estatais aos grandes grupos econômicos e o Brasil perdeu a chance de alavancar o capitalismo bursátil de massas.
Observe que os editores da Revista da Bovespa se declararam contra a distribuição de renda e apenas são favoráveis a dividi-la com quem tenha capital.
Portanto, os articulista da Revista da Bovespa são favoráveis às discriminações sociais existentes na Índia e China, também do outrora existente apartheid da África do Sul e de seus vizinhos, como acontece na Namíbia, Botswana, Zimbabue (ex-Rodésia) com prolongamentos até os países mais superiores do cone sul africano como Angola, Moçambique, Congo (ex-Zaire) e Congo (ex-Congo Belga), todos eles ricos em reservas minerais exploradas em proveito de poucos extremamente ricos.
No entanto, os editores da Revista da Bovespa se declararam contra a privatização das estatais porque o fechamento do capital das empresas pelos seus novos controladores, tirou dos profissionais do mercado de capitais os seus rotineiros e altíssimos ganhos financeiros.
Embora tudo isso esteja escrito nas "entrelinhas", pelo menos eles foram honestos em revelar, o que já é um grande progresso. Talvez essas revelações nos levem a acreditar que a atuação dos profissionais do mercado de capitais agora esteja sendo mais justa e honesta com os pequenos e médios investidores.
Mas, não é o que nos têm mostrado as constantes negociações e negociatas especulativas realizadas nas Bolsas de Valores internacionais, principalmente realizadas pelos banqueiros e pelas empresas multinacionais. Essa desenfreada especulação, incluindo a do mercado imobiliário norte-americano, resultou na Crise Mundial de 2008 que provocou a bancarrota dos países desenvolvidos.
Conclusão: no Brasil nem os banqueiros e os investidores privados acreditam na capacidade e na honestidade do empresariado brasileiro e multinacional. Por isso preferem investir em Títulos Públicos e em ações das Empresas Estatais de economia mista para que o governo possa projetar as iniciativas e investir nos empreendimentos governamentais que possibilitem o pleno desenvolvimento nacional brasileiro.
Sobre os números mágicos ou fraudulentos, que não incentivam os investimentos nas empresas privadas, neste site do COSIFE vários textos podem ser lidos sobre as possibilidades de manipulação das Demonstrações Contábeis das empresas para iludir banqueiros, investidores, credores, fornecedores e órgãos governamentais.
Esses números fraudulentos, que eram obtidos mediante a Contabilidade Criativa, levaram muitas empresas (brasileiras e multinacionais) a fecharem suas portas, denegrindo os objetivos e a imagem da contabilidade, porque alguns contabilistas e algumas empresas de auditoria independente foram acusados de cumplicidade nas fraudes cometidas pelo empresariado e pelos seus inescrupulosos executivos. Para evitar esses problemas de má gestão executiva, os acionistas controladores das empresas passaram a falar e a implantar sistemas em Governança Corporativa e sistemas de controle controle interno administrados por Compliance Office (Serviço para dar conformidade a práticas administrativas e operacionais para assim evitar desmandos, fraudes, desfalques e outros riscos de modo geral - fiscais, tributários, financeiros, enfim, empresariais).
Para evitar a manipulação de resultados nos fundos de investimentos e nas carteiras de investimentos administradas (Asset Management) foram implantadas "barreiras" entre os gerenciadores de ativos, chamada de Chinese Wall, com a finalidade de combater as fraudes ou crimes praticados contra investidores.
A verdade é que os números mágicos existem em todos os segmentos brasileiros e também nos demais países.
Veja em Contabilidade Internacional as medidas tomadas no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa para evitar a proliferação indiscriminada desses números mágicos da contabilidade criativa ou fraudulenta, que tanto iludem os usuários das Demonstrações Contábeis, prejudicando principalmente os incautos investidores do mercado capitais.
A Revista da Bovespa número 100 supra mencionada também cita tais providências que foram tomadas para evitar que os pequenos e médios investidores sejam constantemente enganados. Mas, ainda existem muitos problemas a serem resolvidos como o de transferir para os acionistas minoritários a escolha e a nomeação dos membros do Conselho Fiscal e do Comitê de Auditoria.
Tanto nas empresas privadas como nas diversas esferas governamentais as previsões podem ser falhas ou faltas (manipuladas).
Na área governamental, os índices de inflação que eram utilizados para cálculo da correção monetária das Demonstrações Contábeis sempre foram manipulados para baixo, o que foi oficialmente reconhecido pela Lei 8.200/1990, que permitiu o recálculo da correção monetária das Demonstrações Contábeis mediante a aplicação de índices considerados mais verdadeiros ou reais.
É interessante observar o que têm falado alguns empresários e alguns representantes de segmentos empresariais em entrevistas pagas (merchandising) em emissoras de televisão. Muitos têm enaltecido o verdadeiro crescimento conseguido nos setores em que atuam.
Entretanto, para nossa surpresa e perplexidade, os dados fornecidos pelos analistas econômicos, sem explicações de como são obtidos esses dados, mostram que grande parte das declarações e afirmações dos dirigentes governamentais e empresariais foi mentirosa, porque, segundo os números mágicos dos consultores econômicos, o crescimento não foi tão significativo quanto os declarados pelos mencionados entrevistados.
Isto acontece porque, depois de utilizadas fórmulas e regras especiais da teoria econômica, do PIB são retirados determinados valores e os índices inflacionários.
Veja como o site FolhaOnline tentou explicar a forma de cálculo o valor do PIB - Produto Interno Bruto e do seu percentual de crescimento. Veja também no site FolhaOnline as alterações efetuadas no cálculo do PIB, adaptando-se às regras internacionais, que em 2006 transformou o Brasil em 10ª potência mundial em PIB, ganhando 5 posições em relação ao que era no final do governo FHC. Ou seja, o Brasil já estava conseguindo chegar próximo da posição que ocupava no cenário internacional antes de iniciado o governo de FHC. Em 2011 tornou-se a 6º potência mundial em PIB.
Os dados concretos do PIB só poderiam ser obtidos na contabilidade das entidades públicas e privadas, onde, obviamente não constam as atividades exercidas na economia informal, cujo montante é previsto (estimado) pelos analistas para ser adicionado ao PIB.
Todos sabem que no Brasil a economia informal é gigantesca. Por isso, as nossas autoridades fazendárias estão implantando sistemas eletrônicos de controle para combate à sonegação fiscal.
Veja em Contabilidade Digital as principais medidas que estão sendo tomadas para combate a informalidade e a sonegação fiscal. No site do COSIFE ainda podem ser encontrados perto de 70 textos sobre sonegação fiscal.
- Qual será a magia desses números que podem agradar a gregos e troianos?
- Qual será a magia desses números que podem ao mesmo tempo agradar aos políticos da situação e aos da oposição?
Com base nesses números, os políticos da situação podem enaltecer a sua atuação no governo e, com base nos mesmos números, interpretados sob outros aspectos, os políticos da oposição podem desmerecer a atuação do governante desafeto ao comparar o Brasil com outros países com economia quase insignificante.
É justamente para evitar esses erros de interpretação que as comparações devem ser feitas entre países ou grupos de países com o mesmo montante de PIB. Por isso devemos comparar o PIB do Brasil com o da Rússia, da China, da Índia e da África do Sul (BIRCS) ou com a soma do PIB de todos os países árabes, incluindo os demais participantes da OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo.
Nessa análise da economia global ainda devemos levar em consideração os problemas conjunturais e estruturas de cada um dos países (assim como são feitas as análises das diversas grandezas das empresas como as microempresas e as empresas de pequeno, médio e grandes porte, diferenciando-as das gigantescas que são conhecidas como multinacionais).
Atualmente, diante da falência econômica dos países desenvolvidos, são importantes para determinação da riqueza dos países os seus níveis das reservas minerais, a capacidade de geração de energia hidrelétrica, eólica e solar, de produção de combustíveis renováveis e de alimentos.
Com base nesses fatores, é óbvio que o Brasil é o país, entre todos os citados, que apresenta as melhores condições de crescimento econômico. Basta que seja bem administrado e que os dirigentes públicos não queiram permitir a exploração dos menos favorecidos em regime de semiescravidão.
No passado, praticamente nenhum dos governantes dos países considerados desenvolvidos optou pelo abandono de suas populações menos favorecidas. Ao contrário daqueles, grande parte dos governantes brasileiros nas esferas federal, estadual e municipal deixaram o povo abandonado à própria sorte, o que o levou à informalidade e à criminalidade impelidos pelo mero instinto de sobrevivência.
Aliás, faz muito tempo que os números mágicos de muitos analistas econômicos deixaram de ser confiáveis. E este fato veio à tona com a edição do livro escrito por um economista e catedrático da universidade francesa de Toulouse.
Veja mais informações no texto intitulado A Grande Farsa das Previsões, publicado em 1992.