Ano XXV - 18 de abril de 2024

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MORTE AOS FISCAIS DO TRABALHO


MORTE AOS FISCAIS DO TRABALHO

ACUSADO DE ASSASSINATO É CONDECORADO POR FALSOS REPRESENTANTES DO POVO

São Paulo, 06/12/2008 (Revisado em 21-03-2024)

Combate ao Trabalho Escravo, Fim dos Direitos Trabalhistas, Queremos os Ricos no Governo, Impunidade, Morosidade da Justiça, Falsos Representantes do Povo no Poder Legislativo, Abuso do Poder Econômico, o Perigoso Cargo ou a Perigosa Função dos Auditores Fiscais do Trabalho.

  1. Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho - Moção de repúdio
  2. PREFEITO DE UNAÍ DECLARA INOCÊNCIA EM CRIME CONTRA FISCAIS DO TRABALHO
  3. VÍDEO SOBRE O JULGAMENTO DOS ENVOLVIDOS NA CHACINA DE UNAÍ
  4. ANTÉRIO MÂNICA FOI CONDENADO A 100 ANOS PELA CHACINA DE UNAÍ
  5. Uma vida de impunidade: 18 anos da chacina de Unaí

Veja ainda os seguintes textos correlacionados:

  1. Reforma Trabalhista - Caminhando para o Trabalho Escravo
  2. Mentiras Mais Contadas sobre o Trabalho Escravo
  3. A Terceirização da Produção e o Trabalho Escravo
  4. Desmatamento e Trabalho Escravo em Tailândia
  5. O Fim dos Direitos Trabalhistas
  6. Queremos os Ricos no Governo
  7. Os Empresários e a Reforma Trabalhista
  8. A Atuação das Multinacionais Mineradoras
  9. Direitos Humanos & Trabalho Escravo

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE


Ato Público: Chacina de Unaí - A chaga da impunidade

1. Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho

O texto a seguir foi escrito pelos dirigentes do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho e extraído do site do SINAL - Sindicato dos Funcionários do Banco Central em 06/12/2008

Florianópolis, 28 de novembro de 2008

MOÇÃO DE REPÚDIO

Os Auditores Fiscais do Trabalho reunidos no 26º Encontro Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho - ENAFIT, em Florianópolis, Santa Catarina, apresentam MOÇÃO DE REPÚDIO contra ato da Assembleia Legislativa de Minas Gerais que conferiu a Antério Mânica [Prefeito de Unaí - PSDB-MG - reeleito em 2008] a comenda Medalha da Ordem do Mérito Legislativo no dia 24 de novembro, em Belo Horizonte.

O texto originalmente publicado pelo site da Assembleia Legislativa de Minas Gerais lá não mais se encontra. Leia o texto alternativo: Prefeito de Unaí declara inocência em crime contra fiscais do trabalho,  publicado pelo site JUSBRASIL, extraído do site AL-MG em 05/12/2008.

Este homem é acusado de ser mandante do crime de Unaí, um bárbaro assassinato que ficou conhecido como a Chacina de Unaí, que tirou a vida dos Auditores Fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, e do motorista Ailton Pereira de Oliveira, no dia 28 de janeiro de 2004, quando estavam em serviço na zona rural do município.

O SINAIT, em nome da categoria dos Auditores Fiscais do Trabalho, profundamente indignada, entende que não há motivo para homenagear este homem, sobre quem pesam graves acusações criminais. O ato mancha o nome da instituição mineira, Casa [Assembleia Legislativa de Minas Gerais] que representa o povo e se sustenta pelos recursos de cidadãos de bem.

Hoje completam-se quatro anos e 10 meses do crime que foi o pior episódio acontecido na história da Administração Pública no Brasil e cujos acusados permanecem impunes. É inaceitável que os réus ainda não tenham sido submetidos a julgamento, beneficiados por um rito complexo e moroso, repleto de brechas que adiam indefinidamente a conclusão do caso, com o desfecho que todos esperamos, que é a punição exemplar dos culpados.

Enquanto o tempo passa, familiares, Auditores Fiscais do Trabalho e sociedade presenciam episódios constrangedores como este, que afrontam a categoria e o próprio Estado, que foi diretamente atingido no caso. Diante disso, mais uma vez, o SINAIT é instado a se manifestar publicamente e a repudiar um ato que envergonha a comunidade.

Cópia desta Moção será enviada ao presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, à Comissão de Direitos Humanos da Casa e a todos os deputados estaduais, especialmente ao deputado Inácio Franco [PV-MG, ex-PFL-MG], que indicou o senhor Antério Mânica para receber a comenda, exigindo o devido desagravo aos Familiares e à categoria dos Auditores Fiscais do Trabalho.

2. PREFEITO DE UNAÍ DECLARA INOCÊNCIA EM CRIME CONTRA FISCAIS DO TRABALHO

Extraído de: Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais pelo site JUSBRASIL em 05/12/2008. Copiado do JusBrasil em 27/09/2012 porque o texto foi retirado dos demais sites em que originalmente era encontrado.

O prefeito reeleito de Unaí, Antério Mânica, acusado de envolvimento na morte de quatro funcionários do Ministério do Trabalho e Emprego em janeiro de 2004, afirmou sua inocência e pediu urgência no julgamento. Ele participou da audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta sexta-feira (5/12/08), solicitada pelo deputado Durval Ângelo (PT).

O deputado esclareceu que recebeu telefonema de Mânica pedindo para comparecer à comissão para prestar esclarecimentos sobre o processo, alegando nunca ter tido oportunidade de se defender publicamente. Durval Ângelo afirmou que a comissão tem por princípio ouvir todos os que queiram se manifestar. O deputado acrescentou que a audiência foi motivada pela polêmica que envolveu a condecoração do prefeito com a Medalha da Ordem do Mérito Legislativo, concedida pela ALMG, que gerou protestos de autoridades já agraciadas e de entidades ligadas à defesa dos direitos humanos.

O acusado disse estar sendo vítima de várias "inverdades" desde que o crime ocorreu. Ele afirmou nunca ter sido indiciado pela Polícia Federal ou pela Polícia Civil, mesmo tendo sido ouvidas 89 pessoas, inclusive ele. Antério Mânica disse que solicitou cópias de matérias recentes veiculadas pela TV Band Minas, em que ele teria sido caluniado, mas não obteve resposta positiva da emissora.

Ele também reclamou ter sido tratado como "assassino" e "mandante do crime" pelo deputado Durval Ângelo. Segundo Mânica, o parlamentar teria dito em entrevista ao jornal O Tempo que ele estaria usando medidas protelatórias para o seu julgamento. "Eu não fui julgado. Todos os países do mundo respeitam o princípio da presunção da inocência", disse.

Advogado afirma que prefeito é vítima

Antério Mânica selecionou alguns documentos do processo para comprovar que teria entrado com três pedidos de julgamento imediato da ação penal. Ele afirmou que a concessão da Medalha do Mérito Legislativo significa o reconhecimento por uma administração séria e que ela pertence a toda a população de Unaí. O prefeito usou os últimos minutos de sua fala para reforçar sua inocência: "Quero dizer em alto e bom som: sou inocente, sou inocente, sou inocente e quero o julgamento já!", repetiu.

Na fase de debates, o engenheiro agrônomo Dazio Vilela Chaves defendeu o prefeito de Unaí, dizendo que ele é muito querido na cidade. Ele argumentou que ninguém sabia que os fiscais estariam na cidade naquele dia e que os réus confessos não citaram Mânica como mandante dos crimes. Ele defendeu a tese de que os assassinatos foram praticados por assaltantes de inseticidas que, quando viram a caminhonete, quiseram levá-la. O advogado de Mânica, José Lindomar Coelho, acredita que ele está sendo vítima de um julgamento precoce por ser prefeito. "É preciso condenar os culpados e absolver os inocentes", acrescentou.

Para deputado, "acusado usa sofismas"

O deputado Durval Ângelo reafirmou suas declarações à imprensa e disse que o acusado estava usando de sofismas. Ele explicou que Mânica ganhou foro privilegiado com sua eleição para prefeito de Unaí, o que exigiu o desmembramento do processo para que ele seja julgado em outra instância. Entre os demais acusados, estão réus confessos que, portanto, devem ser julgados primeiro. "Os réus confessos são julgados primeiro para não enfraquecer a tese. Não se pode quebrar a unidade do processo", explicou o parlamentar.

Diante da fala de Antério Mânica, o deputado João Leite (PSDB) declarou seu apoio ao pedido do deputado Durval Ângelo de cassação da medalha concedida ao prefeito. "Pelo desprezo que ele demonstra pela Assembléia, acho que ele não merece mesmo a medalha", disse. Ao final da reunião foi aprovado requerimento dos deputados Durval Ângelo, João Leite e Antônio Júlio (PMDB) em que solicitam ao presidente da ALMG que sejam tomadas providências no sentido de reunir os membros do Conselho da Medalha do Mérito Legislativo para deliberarem sobre a cassação da medalha concedida ao prefeito de Unaí.

A presidente em exercício da Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho, Maria do Socorro Brandão, falou da indignação com o atraso do julgamento. Ela leu o relatório de uma visita realizada pelo auditor fiscal Nelson José da Silva, principal alvo dos crimes, em que constam diversas irregularidades nas fazendas de três irmãos de Antério Mânica. No entanto, ele se defendeu dizendo que não tem nada a ver com essas fazendas.

O representante do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, José Augusto de Paula Freitas, defendeu que o assassinato dos fiscais foi um crime cometido contra o Estado. Ele manifestou seu repúdio à atitude da Assembléia de conceder a medalha a Mânica, antes que fosse descartada a possibilidade de envolvimento dele com os crimes.

Na segunda parte da reunião, o prefeito de Unaí se retirou do Auditório para que fossem ouvidas pessoas ligadas às vítimas dos assassinatos. De acordo com Durval Ângelo, essa estratégia foi tomada para evitar o confronto ou a discussão inócua entre as partes.

Processo aguarda julgamento de recurso

O ex-delegado regional do Trabalho em Minas Gerais, Carlos Calazans, fez sua exposição a partir de dados da sentença de pronúncia de 1ª instância, expedida em 10 de dezembro de 2004, em que constam quatro mandantes e cinco executores dos crimes. Os acusados, além de Antério Mânica, são Erinaldo de Vasconcelos Silva, Rogério Alan Rocha Rios, Francisco Elder Pinheiro, José Alberto de Castro, Hugo Alves Pimenta, Norberto Mânica, William Gomes de Miranda e Humberto Ribeiro dos Santos.

Calazans explicou que o processo aguarda o julgamento de um recurso dos acusados para que possa ser encaminhado à Justiça Federal de Minas Gerais e então marcado o julgamento dos oito réus, excluído Antério Mânica. Calazans sugeriu a criação de uma comissão encabeçada pelo deputado Durval Ângelo para conversar com o presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) para pedir a agilidade no julgamento do recurso.

Calazans informou que, segundo os autos, os irmãos Antério e Norberto Mânica teriam contratado dois cerealistas para intermediar um crime. Os intermediários então contrataram os executores e o crime foi programado para o dia 27 de janeiro, mas foi adiado por causa de uma blitz. O alvo da ação seria o fiscal Nelson José da Silva. Os mandantes teriam combinado o pagamento de R$ 20 mil pelo crime. O valor foi aumentado para R$ 45 mil por causa da presença dos outros dois fiscais - João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves, além do motorista Ailton Pereira de Oliveira.

Na manhã do dia 28, eles interceptaram a caminhonete do Ministério do Trabalho, matando os três fiscais. O motorista, mesmo atingido, conseguiu dirigir por mais 7 km e chegou a ser socorrido com vida, mas morreu a caminho do Hospital de Base de Brasília.

Calazans, que chegou a devolver a medalha que recebeu da ALMG em 2005, disse que sua atitude não foi de desprezo ao Legislativo. "Essa medalha não é minha, é da luta contra o trabalho escravo", afirmou. O deputado Durval Ângelo anunciou que o presidente Alberto Pinto Coelho (PP) vai convocar uma reunião do Conselho da Medalha para decidir sobre a cassação da honraria concedida ao prefeito de Unaí.

A viúva de Nelson José da Silva, Elba Soares da Silva, falou da tristeza de saber que Mânica seria homenageado. Ela pediu o julgamento rápido para que as famílias possam descansar e manifestou seu apoio a uma emenda que tramita no Congresso para desapropriar fazendas onde há trabalho escravo ou plantio de drogas.

O assessor da Comissão Pastoral da Terra, frei Gilvander Luiz Moreira, e o padre Antônio Claret Fernandes, do Movimento dos Atingidos por Barragens, denunciaram as ameaças sofridas por pessoas que ajudam na organização dos trabalhadores rurais na região de Unaí, as situações análogas ao trabalho escravo que ainda ocorrem em Minas e outros crimes sociais e ambientais que vêm sendo cometidos por grandes empresas do Estado.

Deputados querem cassar medalha

Durante a reunião, foram aprovados outros seis requerimentos, todos do deputado Durval Ângelo (PT). Um deles pede que sejam encaminhadas à delegada titular da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida, Cristina Coeli, cópia das notas taquigráficas da reunião da comissão nesta sexta-feira (5), pouco antes, e da sentença que condenou José Carlos Carniato Júnior pelo assassinato de Roberta Regina Jeveri Silva, ocorrido em Sabará.

Outro requerimento pede que seja encaminhado ofício ao superintendente de Organização Penitenciária, solicitando providências para que José Carlos Carniato Júnior possa cumprir sua pena na Penitenciária Nelson Hungria.

Sobre o caso dos assassinatos de Unaí, foram aprovados outros cinco requerimentos: um deles solicita que seja encaminhada ao prefeito de Unaí cópia das notas taquigráficas e da gravação da TV Assembléia da reunião em que ele foi ouvido, para conhecimento e providências no que se refere aos fatos que o envolvem. A comissão também pediu que sejam encaminhadas cópias das notas taquigráficas da mesma reunião ao presidente da ALMG, aos membros do Conselho da Medalha do Mérito Legislativo e ao juiz da 9ª Vara Federal - Seção Judiciária de Minas Gerais.

Também foi solicitado o envio ao presidente do Tribunal Regional Federal, aos desembargadores federais da Segunda Seção, em que tramita a ação penal sobre o assassinato dos fiscais, e ao procurador da República com atuação nessa seção, de cópia das gravações e entrevistas concedidas pelo prefeito de Unaí após a realização da reunião da Comissão de Saúde realizada no dia 13 de março deste ano.

Deputados: Durval Ângelo (PT), presidente; João Leite (PSDB) e Antônio Júlio (PMDB).

3. VÍDEO SOBRE O JULGAMENTO DOS ENVOLVIDOS NA CHACINA DE UNAÍ

Veja a seguir os vídeos publicados no YOUTUBE sobre o desenrolar do caso chamado de "CHACINA DE UNAÍ" que resultou na Moção de Repúdio acima endereçada.

Pós Audiência Pública sobre Chacina de Unaí (MG) • 26/08/2013

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais,
deputado Durval Ângelo (PT), comenta o que foi discutido na
Audiência Pública realizada em 26/08/2013.

Senador Pedro Taques comenta o julgamento dos acusados da "Chacina de Unaí
02/09/2013

TV Senado - Plenário do Senado Federal (02/09/2013):
Senador Pedro Taques comenta julgamento dos acusados de terem matado
os Fiscais do Trabalho que descobriram a exploração de TRABALHO ESCRAVO,
no caso conhecido como "Chacina de Unaí"

4. ANTÉRIO MÂNICA FOI CONDENADO A 100 ANOS PELA CHACINA DE UNAÍ

O ex-prefeito de Unaí-MG, Antério Mantega, eleito pelo PSDB e depois condecorado pela Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, foi condenado a 100 anos de prisão porque no julgamento foi considerado como mandante do assassinato de Fiscais do Trabalho em 2004. A notícia foi publicada pelo site do Jornal Estado de Minas em 05/11/2015.

Mas, como sempre acontece com todo condenado, ele não será preso porque tem direito a recorrer em liberdade, contra a "injusta decisão judicial". Então, como o julgamento demorou mais de 10 anos para acontecer, provavelmente o novo julgamento acontecerá por volta de 2025 e depois ainda terá direito a recorrer ao Supremo tributação de justiça. Logo, se confirmada a condenação, só será preso lá por volta do ano de 2035.

A coluna do Augusto Nunes no site da Revista Veja publicou detalhes sobre todos os envolvidos na Chacina de Unaí - MG. Porém, em 28/05/2017 a referida página não foi encontrada, razão pela qual o endereçamento original foi substituído por outro (genérico) fornecido pelo GOOGLE.

5. Uma vida de impunidade: 18 anos da chacina de Unaí - MG

Há 18 anos [de 29/01/2022], a Auditoria Fiscal do Trabalho foi vítima do mais violento crime contra o Estado do brasileiro do qual se tem notícia. Três Auditores-Fiscais e um motorista a serviço do Ministério Trabalho foram brutalmente assassinados enquanto fiscalizam fazendas, que mantinham trabalhadores em condições análogas à escravidão, na cidade de Unaí, noroeste de Minas Gerais. Esse crime, que até hoje [de 29/01/2022] aguarda por um desfecho judicial, é relembrado neste mini documentário.







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