Ano XXV - 28 de março de 2024

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A FRAGILIDADE DO DÓLAR COMO PADRÃO MONETÁRIO


A FRAGILIDADE DO DÓLAR COMO PADRÃO MONETÁRIO

INVESTIMENTOS: RISCO BRASIL X RISCO USA - NOS PAÍSES RICOS O RISCO É MAIOR

São Paulo, 30/01/2010 (Revisado em 21/03/2024)

Referências: Crise Econômica e Financeira Mundial, Risco Sistêmico - Falências Encadeadas, Fragilidade do Dólar e do FMI - Fundo Monetário Internacional, Balanço de Pagamentos - As Contas Nacionais e os Déficits Externos, Orçamento Público (Déficit Interno), Dívida Pública e Privada, Interna e Externa. Feudalismo: Os Estados Unidos como emissor e controlador do Padrão Monetário - Dólar versus Bônus Perpétuos ou Notas de Capital  (Seigniorage = Senhoriagem) Bancarrota do Senhorio Monetário (Senhor Feudal). Falência ou Insolvência = A Falta de Liquidez dos Países Desenvolvidos. Os Gastos Públicos e o Aumento de Tributos Corporativos (dos Empresários). Internacionalização do Capital nos Paraísos Fiscais - As Ilhas do Inconfessável. A vida com o Dólar Fraco.

  1. INFORMAÇÕES PRELIMINARES
  2. OS CRÔNICOS DÉFICITS DOS ESTADOS UNIDOS E A CHEGADA DO EURO
  3. OS ESTADOS UNIDOS COMO SENHOR FEUDAL DO MUNDO INTEIRO
  4. AS VANTAGENS DE SER O SENHORIO MONETÁRIO INTERNACIONAL
  5. UM PAÍS RICO QUE NÃO TEM COMO PAGAR SUA DÍVIDA
  6. AS PROVIDÊNCIAS BRASILEIRAS PARA EVITAR A PERDA DE SUAS RESERVAS MONETÁRIAS
  7. USANDO OS DÓLARES EM LASTRO EM INVESTIMENTOS NO EXTERIOR
  8. A ECONOMIA DE GASTOS PÚBLICOS USADA NO DESENVOLVIMENTO NACIONAL
  9. O BRASIL COMO GLOBAL PLAYER, COMPRANDO BENS E DIREITOS NO EXTERIOR
  10. MAS, A DESGRAÇA ESTAVA PARA ACONTECER
  11. EXEMPLOS SUGERIDOS PELOS ARTICULISTAS DO TEXTO ORIGINAL
  12. COMO MANTER O ALTO PADRÃO DE VIDA DE SEU POVO MEDIANTE EMPRÉSTIMOS EXTERNOS?
  13. CONCLUSÃO

Coletânea por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

1. INFORMAÇÕES PRELIMINARES

Com base em informações contidas em texto sem data, provavelmente escrito no ano de 2005 quando o Governo BUSH passou a ter como Secretária de Estado Condoleezza Rice, descreve-se o Cenário Econômico Mundial daquela época com definições e conceitos atribuídos a Robert Mundell (Prêmio Nobel de Economia em 1999) sobre a chegada do Euro em razão da fraqueza do Dólar. O texto em que o citado economista foi mencionado foi publicado pelo site SNC - Soliday News Center - Notícias da Suíça (cuja página não mais existe no seu antigo endereço na internet), tendo como autor Miguel Otero, traduzido para o português de Portugal por Arlete F. Kaufmann, aqui comentado e adaptado ao português falado no Brasil por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.

Veja o texto intitulado "A Vida com o Dólar Fraco" publicado em 2007
 O vídeo publicado pelo GLOBO RURAL em 07/03/2010,
não mais está disponível no site GLOBO.COM, intitulava-se
PRODUTORES TROCAM DÓLAR POR REAL, EM GOIÁS.

2. OS CRÔNICOS DÉFICITS DOS ESTADOS UNIDOS E A CHEGADA DO EURO

Por Miguel Otero e Arlete Kaufmann, com adições efetuadas por Américo G Parada Fº - Coordenador do COSIFE especialmente com a descrição de atos e fatos ocorridos no Brasil. O texto em itálico é dos mencionados autores.

Muito se falou nos últimos tempos nos meios de comunicação [mídia] sobre a notória desvalorização do dólar, mas não foram explicadas as razões desta queda. Em 2005 a moeda americana estava tão baixa porque assim interessava à Reserva Federal dos Estados Unidos (FED - Banco Central Norte-Americano) para [desestimular importações e assim] paliar os déficits que tem seu país [desde a década de 1970], mas a principal causa do declive do dólar se encontrava na chegada do EURO, no que o economista Robert Mundell qualificou como o maior ataque a hegemonia monetária dos Estados Unidos nos últimos trinta anos [até 2005, ou seja, desde meados a década de 1970].

Aquela não era a primeira vez que o dólar sofria depreciação. Desvalorizações similares aconteceram aproximadamente uma vez em cada década: 1971-1973, 1978-1979, 1985-1987 e 1994-1995. Mas naquelas ocasiões, o bilhete verde [a nota promissória verde - o dólar como título de crédito] não tinha rival. Aos inversores [investidores] não restava outro remédio que o de esperar tempos melhores, algo que mudou radicalmente com a chegada da união monetária europeia.

Para entender como é possível que os Estados Unidos seja o país mais poderoso do mundo e ao mesmo tempo o maior devedor, com uma dívida externa superior aos 7 mil bilhões (trilhões) de dólares [segundo o site Index Mundi em 2006, aumentada para 12 trilhões em 2008, naquela época aproximadamente igual ao PIB norte-americano, aumentada para valor bem superior ao PIB em 2018] e um déficit comercial e público rondando os 500 bilhões de dólares por ano, faz-se necessário explicar o conceito de senhorio monetário (seigniorage) internacional do dólar [tendo os Estados Unidos como emissor e controlador do padrão monetário internacional].

3. OS ESTADOS UNIDOS COMO SENHOR FEUDAL DO MUNDO INTEIRO

"Seigniorage" (senhoriagem) é o lucro resultante da diferença entre o custo físico do dinheiro (produção gráfica, impressão, distribuição e substituição do dinheiro velho ou danificado) e o seu valor de face (valor nominal).

Segundo o Dicionário Aurélio, durante o regime feudal a senhoriagem era o tributo pago ao senhorio (senhor feudal) e no regime monárquico a senhoriagem era o direito pago ao rei pela cunhagem de moedas.

De modo semelhante ao que acontecia nas antigas monarquias e nos feudos, desde a instituição do FMI - Fundo Monetário Internacional os Estados Unidos são os distribuidores da moeda internacional por excelência, tanto como meio de troca, de reserva e de contrato, e esta faculdade lhes oferece um "privilégio exorbitante", como disse um dia Charles de Gaulle.

Imprimir um bilhete [uma nota promissória] de um dólar custa aos Estados Unidos 3 centavos de dólar, mas com esta nota, com valor nominal de um dólar, aquele país pode comprar produtos por valor real de outro dólar.

Isto significa que, ao importar para seu consumo interno, os Estados Unidos conseguem bens em valor 33 vezes maior que o custo inicial do dólar, porque desde o início da década de 1970 o dólar deixou de ter lastro em ouro ou em reservas internacionais.

Diante desse fato, podemos dizer que o dólar tornou-se o único papel moeda sem lastro no mundo.

Como explica o [esquerdista] Guglielmo Carchedi, do ponto de vista estritamente econômico, aos Estados Unidos não interessa exportar. Sem as exportações, muitas empresas norte-americanas iriam a bancarrota [falência], mas a apropriação do valor [em bens importados] para o país seria imensa. Com esse papel-moeda sem lastro, além de bens de consumo, os Estados Unidos conseguem comprar empresas e muitos outros bens patrimoniais no exterior.

Diante do exposto torna-se importante salientar que o papel-moeda denominado DÓLAR pode ser considerado um título de crédito que não paga juros e não tem data de vencimento para seu resgate ou liquidação. E, por isso poderia ser denominado ou equiparado a um Bônus Perpétuo, que é negociável, paga juros, mas não é resgatável como as ações de uma companhia, salvo por liquidação (interrupção das atividades operacionais) do emissor.

Então, o resultado do investidor nesse título de crédito sem lastro [lucro ou prejuízo] dependerá exclusivamente de cotação do dólar no mercado cambial. Isto é, a moeda norte-americana tornou-se um Título da Dívida Externa daquele país emissor, cujos credores são as pessoas e empresas que a detenham e os países que a tenham como reserva monetária.

Para obter outras informações complementares, veja o texto intitulado Os Estados Unidos e a Conversão da sua Dívida.

4. AS VANTAGENS DE SER O SENHORIO MONETÁRIO INTERNACIONAL

De todas as formas, as vantagens do senhorio monetário internacional não se limita ao campo comercial. O maior benefício dos Estados Unidos está na forma de pagamento de sua dívida externa.

Ao ser o dólar a moeda internacional, o mercado dos bônus do tesouro com maior volume de emissão e com maior liquidez no mundo está em Wall Street [em Nova Iorque, que é o principal centro financeiro ianque].

Isto quer dizer, por um lado, que o país denominado Estados Unidos é o único no mundo que tem o direito de pagar sua dívida em sua própria moeda (por isso ao FED interessa que o dólar esteja baixo = desvalorizado).

Na verdade, a dívida externa norte-americana nunca é paga e nunca será paga porque é automaticamente renovada. Os títulos e a moeda representativos da dívida são sempre substituídos por outros, numa espécie de eterna moratória.

Assim, as autoridades monetárias norte-americanas podem decidir por sua própria conta qual será o percentual dos juros da dívida que desejam pagar, o qual tem sido historicamente baixo, rondando os 2% ao ano.

Resumindo então, o senhorio internacional [senhor feudal emissor e controlador] do dólar faz com que o povo estadunidense seja o maior consumidor no mundo [razão do seu elevado padrão de vida], como demonstra a balança comercial de seu país, enquanto o país é o mais endividado, com uma dívida privada que atualmente [em 2005] representava 110% da renda familiar norte-americana, ou seja, cada americano devia em média 20.000 dólares aos credores.

No final de 2008 a dívida norte-americana subiu para 40 mil dólares por indivíduo, proporcionalmente, muitas vezes superior à dívida brasileira que muitos consideravam como catastrófica.

Mas, no final de 2010, o Brasil não tinha DÍVIDA LÍQUIDA (porque era nula), que é o resultado da expressão algébrica entre a Dívida Total diminuída das Reservas Monetárias. Quando as Reservas Monetárias são superiores às Dívidas, na prática não há Dívida.

Assim, comparando-se o Risco Brasil com o Risco USA, o investimento no Brasil era menos arriscado [e ainda é] porque o Brasil tem o que exportar enquanto que os "States" não têm preços competitivos para exportar e o seu consumo interno sempre foi superior à sua capacidade de produzir. Por isso, suas importações são sempre superiores às exportações.

5. UM PAÍS RICO QUE NÃO TEM COMO PAGAR SUA DÍVIDA

Então, diante do exposto, o leitor se perguntaria, tal como questionou o autor do texto original.

Como isto é possível? Como pode estar os Estados Unidos tão endividados? Ou melhor: Quem oferece tanto dinheiro aos estadunidenses? Por quê?

As respostas para essas questões são encontradas nos dois claros exemplos citados pelo autor mais adiante.

Os maiores credores dos Estados Unidos naquele momento [em 2005] eram os bancos centrais [os países ou os governos] do leste asiático, principalmente Japão e China, como também a Coréia do Sul.

Os investidores europeus não ficavam atrás e diversos países em desenvolvimento, como o Brasil, tornaram-se credores a partir de 2005 mediante o acúmulo de elevadas reservas monetárias em dólares oriundas das suas exportações.

A estes países, que são os principais exportadores do mundo, interessa que o dólar esteja alto e que as suas respectivas moedas estejam desvalorizadas para que possam exportar mais. Por isto, os bancos centrais asiáticos contavam com cerca de 1,6 trilhões de dólares em reservas em 2005, dando liquidez à nota verde [Nota de Crédito Comercial denominada Dólar], que sem essa manipulação de seu preço no mercado financeiro internacional desabaria totalmente [perderia o seu poder liberatório].

Se essa desastrosa desvalorização do dólar acontecer, os países credores perderão suas reservas monetárias, porque o dólar se tornaria um TÍTULO PODRE que ninguém mais compraria, tal como aconteceu com os marcos alemãs.

Veja o texto intitulado Risco Brasil X Risco USA.

6. AS PROVIDÊNCIAS BRASILEIRAS PARA EVITAR A PERDA DE SUAS RESERVAS MONETÁRIAS

Da mesma forma como têm feito outros países para evitar a desvalorização do dólar e a consequente perda de suas respectivas reservas monetárias, algum tempo antes de deflagrada a Crise Mundial provocada pelos Estados Unidos, o governo brasileiro alterou o RMCCI - Manual Alternativo sobre Câmbio e Capitais Internacionais instituído em 2005, permitindo que os nossos exportadores deixassem seus dólares depositados ou investidos no exterior.

Assim fazendo, o governo popular brasileiro diminuiu a pressão de venda dos dólares que acarretaria a redução de seu valor no mercado cambial brasileiro. Se a cotação do dólar diminuísse, automaticamente incentivaria as importações de supérfluos pelas classes sociais mais ricas e desestimularia as exportações brasileiras, gerando o DESEMPREGO e a INADIMPLÊNCIA, tal como aconteceu durante o Governo FHC e também durante o (des)Governo Temer, que foi o CABEÇÃO responsável pela deposição da presidenta Dilma Russeff.

Neste ponto trona-se obrigatório salientar que os gestores da política econômica e monetária do Governo FHC tinham como política anti-inflacionária a manutenção do preço baixo do dólar. Assim foi feito porque naquela época os citados gestores já sabiam que os empresários brasileiros fixavam os preços de venda de seus produtos no mercado interno com base na cotação do dólar. Portanto, quanto mais alta fosse a disparada do preço do dólar, maior seria a inflação.

Então, torna-se importante destacar que durante o Governo Lula as exportações foram incrementadas exatamente em razão da disparada do preço do dólar acontecida no final do Governo FHC.

Veja mais informações em Balanço de Pagamentos.

7. USANDO OS DÓLARES EM LASTRO EM INVESTIMENTOS NO EXTERIOR

O alto preço do dólar, que segundo ex-presidente do Banco Central, Armindo Fraga, poderia ter fechado o ano de 2002 com preço bem maior e com infração perto dos 50% ao ano,  além de ter provocado o aumento das nossas exportações, possibilitou a redução do desemprego, possibilitando também o aumento do padrão de vida do nosso povo, ainda que de forma pouco satisfatória, tanto na opinião dos esquerdistas como na opinião dos adversários políticos do governo.

Foi quando os gestores de nossa política cambial a partir de 2003 perceberam que a maior oferta dos dólares pelos exportadores no mercado cambial brasileiro (interno) obrigaria o governo a comprar grandes quantidades daquele papel moeda sem lastro para evitar a sua brusca desvalorização, visto que em contraposição haveria a valorização do REAL.

De outro lado, essa compra significaria colocar mais moeda brasileira (o REAL) em circulação. Segundo a teoria econômica, esse rápido aumento do meio circulante causaria o retorno da inflação interna que estaria sendo exportada dos Estados Unidos para cá.

Essa nova forma de pensar e agir dos economistas progressistas brasileiros, principalmente a partir de 2006, surtiu efeito positivo, visto que o consumo interno aumentou, houve a diminuição do desemprego e houve o aumento da produção. E, nos quatro primeiros anos do Governo Dilma Russeff chegamos ao pleno emprego.

Por sua vez, o grande aumento da produção brasileira evitou o retorno da inflação, ao contrário do esperado pelos economistas ortodoxos, em razão da maior oferta de produtos para venda, aguçando, assim, a competitividade entre os empresários produtores.

Mesmo com a maior competitividade, os controladores das empresas produtoras ficaram satisfeitos porque houve aumento de seus lucros com o consequente aumento da arrecadação tributária sem que houvesse uma verdadeira elevação da carga tributária mediante o aumento de impostos, taxas e contribuições.

Também ao contrário do esperado pelos adversários do governo socialista, a CPMF (imposto sobre as movimentações financeiras ou "imposto do cheque") foi extinta por aqueles adversários. E, vários outros impostos pelo próprio governo popular foram reduzidos como o IPI e o ICMS para que o Povo pagasse menos por suas compras.

Assim, com a extinção da CPMF e forçando a redução de tributos, mais uma vez, os inconsequentes adversários do governo, sem querer, contribuíram para a maior estabilidade econômica (o que se tornou prova da incompetência deles).

Também foi reduzida a taxa de juros paga pelo governo brasileiro, diminuindo o gasto público que beneficiava exclusivamente os detentores do poder econômico.

8. A ECONOMIA DE GASTOS PÚBLICOS USADA NO DESENVOLVIMENTO NACIONAL

Esses valores economizados puderam, então, ser aplicados em outras atividades produtivas em benefício da população.

Com essa grande entrada de reservas monetárias oriundas das exportações, o Brasil pagou sua dívida sem a necessidade de renovação dos empréstimos externos e, contrariando a teoria econômica arcaica e totalmente ultrapassada da Cartilha do FMI, não houve inflação significativa.

Pelo contrário, a inflação média durante o governo Lula foi a metade da inflação média verificada durante o Governo FHC, conforme é possível observar em dados oficiais disponíveis.

9. O BRASIL COMO GLOBAL PLAYER, COMPRANDO BENS E DIREITOS NO EXTERIOR

Então, para que as nossas Reservas Monetárias SEM LASTRO não ficassem perdidas pela sua iminente desvalorização, foi preciso usá-las na importação de bens de produção que não podiam ser imediatamente produzidos no Brasil.

Também tornou-se  importante utilizar essas Reservas Monetárias para serem emprestadas a outros países como financiamento das exportações da produção industrial brasileira para outros países.

Investimentos foram efetuados em associação com empresas estrangeiras e com governantes de outros países para o Brasil, além de exportar parte da produção, gerando empregos aqui, também contribuía para geração de empregos em países mais necessitados como eram e ainda são os países africanos e da América Latina.

Para que essa função de Global Player fosse muito bem desempenhada, tal como fizeram os países desenvolvidos no passado, o Brasil precisava usar grande parcela de suas Reservas Monetárias para comprar de bens de produção e equipamentos que permitam o rápido aumento da pesquisa científica e tecnológica no Brasil.

Era preciso também que as matérias primas exportadas "in natura" passassem a ser industrializadas, manufaturadas ou beneficiadas no Brasil criando empregos em nosso território e deixando de criar postos de trabalho somente no exterior. Por isso, as empresas que operavam numa mesma área de produção industrial, como por exemplo para produção de frangos, uniram-se aos intentos do governo e criaram uma única marca para exportação.

Para isto, além da aliança BRICS, destruída durante o Governo Temer, ainda, o Brasil passou a explorar petróleo no exterior (no Golfo do México, principalmente) em associação com outras empresas que precisavam da tecnologia desenvolvida pela Petrobrás. Para ter refinarias próximas aos centros consumidores mais importantes, a Petrobrás começou a comprar refinarias no exterior que atualmente são lucrativas. A BOEING, por exemplo, precisava da tecnologia desenvolvida pela EMBRAER que a transformou na terceira maior produtora de aviões em todo o Mundo para pequenas e médias rotas.

Enfim, instituições internacionais, grandes empresas e outros governantes viam o Brasil como importante Global Playser, grande competidor internacional.

10. A DESGRAÇA ESTAVA PARA ACONTECER

Infelizmente todo aquele esforço para transformação do Brasil em Potência Econômica Mundial, foi rapidamente destruído depois que Michel Temer assumiu o Governo.

O que se verificou?

A partir do Governo Temer o nosso ministro das relações exteriores José Serra cortou relações diplomáticas com vários países considerados comunistas ou socialistas. E, por isso, as nossas empresas industriais ficaram sem contratos de exportação e assim foram obrigadas a demitir seus empregados, gerando uma grande massa de desempregados que ficaram inadimplentes, gerando o descompasso no sistema financeiro nacional brasileiro sentido e amargado principalmente a partir de 2016.

De importante exportador de petróleo e de seus derivados, inclusive na esfera da petroquímica, em pouco tempo o Brasil se tornou importador e todas as novas unidades em construção nessa área da produção nacional foram paralisadas. Diante disto, o índice de desemprego e de inadimplência aumentou estupidamente, causando um grande descompasso na Economia Nacional.

11. EXEMPLOS SUGERIDOS PELOS ARTICULISTAS DO TEXTO ORIGINAL

Vejamos, então, os exemplos sugeridos pelo articulista.

Uma empresa como a Sony vende seus produtos em dólares, a moeda internacional, mas estes dólares não vão parar no Japão... Logo, a maioria dos dólares recebidos pelas multinacionais asiáticas não fluem em seus países de origem, porque vai diretamente para o sistema bancário estadunidense para financiar a dívida externa daquele país.

O segundo exemplo da centralidade do dólar, como moeda internacional que outorga numerosos privilégios aos Estados Unidos, é a venda de petróleo. O petróleo é vendido no mundo inteiro em moeda americana, o que é outra grande vantagem, porque as autoridades estadunidenses não precisam comprar qualquer outra moeda ao câmbio do dia (valor de mercado) nem tem que acumular grande quantidade de reservas em moeda estrangeira, como é o caso dos outros bancos centrais. Mas, não é somente isto. O ciclo da venda de petróleo claramente beneficia os Estados Unidos: os países exportadores de produtos industrializados como o Japão, Alemanha ou França exportam para os Estados Unidos, o maior consumidor, que os paga em dólares que tem o custo de impressão e distribuição equivalente a 3 centavos de dólar. Esses dólares são usados depois pelos países exportadores para comprar petróleo dos países árabes da OPEP, que por sua vez investem os dólares na Wall Street para financiar a dívida externa dos Estados Unidos. Esse fluxo do dólar é conhecido como a reciclagem dos petrodólares.

Os dois exemplos aqui mencionados demonstram como foi construída a hegemonia financeira dos Estados Unidos, totalmente sem lastro em reservas monetárias ou ouro. O sistema econômico e financeiro mundial está inclinado de tal forma que os Estados Unidos podem consumir e gastar muito além de suas possibilidades de pagamento a custa do trabalho e da economia do restante do mundo. O sistema financeiro estabelecido em Wall Street funciona como um imenso imã que gera muitos investimentos, permitindo que os Estados Unidos se dêem ao luxo de desenvolver a sua agressiva política exterior de dominação militar, como é possível ler no Projeto New American Century, embora amargue pesado e crônico déficit corrente anual correspondente a 5% de seu PIB. Parece que esse marco vai mudar com a consolidação da moeda européia. O euro, tal como predizem muitos economistas, entre eles o destacado Fred C. Bergste, se converterá em um sério rival do dólar no rol internacional e disto deu-se conta prontamente Sadam Husein quando no ano 2000 começou a vender seu petróleo aos europeus em euros.

Não resta dúvida de que a união monetária européia é o maior ataque à hegemonia financeira dos Estados Unidos nos últimos trinta anos [até 2005]. A União Européia já é um gigante econômico com praticamente o mesmo PIB dos Estados Unidos, sendo, em consequência, um claro competidor financeiro. Quando o euro começou a circular na Europa, era vendido a 80 centavos de dólar. Atualmente uma unidade monetária do Euro só é possível comprar com bem mais de um dólar. Isto significa que houve grande desvalorização da moeda norte-americana.

A progressão da moeda européia foi formidável para os analistas. Seu uso não somente se limita aos 300 milhões de habitantes que formam a eurozona [população equivalente a dos Estados Unidos]: com a estrepitosa desvalorização do dólar, o euro já está ganhando terreno ao bilhete verde [nota verde] como primeira moeda estrangeira nos países do leste da Europa, na Rússia e parte da Ásia, e sua entrada no Oriente Médio não se fez esperar. Iraque já vendia seu petróleo em euros (quiçá por isto foi atacado), Irã está fazendo o mesmo agora (por isto é o chefe do mal) e a OPEP já assinalou a possibilidade de vender o petróleo na moeda da União Européia, seu maior sócio comercial.

O FED evidentemente sabe que, com a chegada do euro, o senhorio internacional do dólar [lucro com a distribuição do dólar como padrão monetário internacional] está em perigo.

12. COMO MANTER O ALTO PADRÃO DE VIDA DE SEU POVO MEDIANTE EMPRÉSTIMOS EXTERNOS?

A manutenção do alto padrão de vida de seu povo mediante a obtenção de empréstimos internacionais foi o caminho preferido pelos governantes de Dubai e da Islândia quando perceberam que dessa forma agiam os governantes norte-americanos.

Pediram dinheiro emprestado no exterior para importar bens de consumo quando deveriam investir o dinheiro obtido dos credores externos para implantação de unidades industriais e agropecuárias que produzissem para exportação e para o consumo interno em substituição às importações.

Diante dessa má gestão da política econômica interna e externa dos citados países, inclusive nos Estados Unidos, aconteceu a bancarrota (insolvência) do povo ianque, exatamente porque seus governantes não pensaram em criar as condições necessárias à acumulação das reservas monetárias necessárias ao pagamento da dívida externa.

Diante das falências encadeadas (Risco Sistêmico) acontecidas nos Estados Unidos a partir de 2008 em razão da inconsequente especulação no mercado de capitais da Wall Street e no mercado imobiliário ianque que gerou a Crise Mundial, o povo estadunidense por fim se deu conta de que não pode seguir vivendo a custa dos demais países e que deve fazer como a maioria deles sempre fez sob a batuta do FMI.

Os Estados Unidos precisam e devem inverter o seu elevado déficit (interno) no Orçamento Público, mediante a redução ou eliminação de gastos supérfluos e o aumento dos tributos corporativos, devendo também inverter o seu déficit (externo) no Balanço de Pagamentos importando menos e exportando mais.

É óbvio que os principais países exportadores para os Estados Unidos, como a China principalmente, sofrerão com a redução das importações norte-americanas. Mas esses países exportadores felizmente, para eles, têm grande população que ainda não está acostumada a consumir por falta de salários dignos e justos. Ou seja, o que não mais for exportado para os Estados Unidos poderá ser consumido pelos habitantes dos países exportadores.

Historicamente, o país hegemônico, a partir de 2008 em franca decadência, sempre recorreu aos frutos do sistema econômico que impôs ao mundo por intermédio do FMI - Fundo Monetário Internacional.

Até os dirigentes russos e chineses se subordinaram ao abano das verdinhas fabricadas pelos ianques, exibidas em grande quantidade pelos lobistas internacionais. Mas chegou o momento em que os “rivais” de devedores tornaram-se credores dos Estados Unidos (antes eram importadores e agora são exportadores de bens de consumo).

Portanto, aos ianques não resta outro remédio que o de reformular suas estruturas. O FED crê que com o dólar baixo as exportações estadunidenses serão aumentadas e, assim, se equilibrará a balança comercial, no Balanço de Pagamentos.

E a Administração Bush indicou que seu plano de governo se concentraria em combater déficit público em cinco anos. Grandes palavras de Bush quando a economia americana começava a estancar-se (porque os impostos corporativos - cobrados das empresas - estavam muito baixos, a mínimos históricos), a inflação espreitava, os juros das dívidas tendiam a subir, a geração baby-boom dos [geração nascida nos] anos 60 chegava à sua idade de jubilação [de aposentadoria = de sair do mercado de trabalho], o conflito do Iraque não estava resolvido e a Condoleezza Rice afirmava que iam atacar ao Irã, entretanto atacaram o Afeganistão.

13. CONCLUSÃO

Os Estados Unidos e os demais países desenvolvidos estão com um problema econômico teoricamente sem solução a persistir o sistema capitalista neoliberal (sem controle governamental) que é totalmente contrário àquele preconizado por Keynes, que defendia a tese do rígido controle governamental sobre a economia.

Corroborando com essa ideologia de Keynes, em 2009 a Assembléia Geral da ONU concluiu ser a teoria ideal para aplicação principalmente sobre as entidades do sistema financeiro em todos os países. Mas, esse maior controle não será possível sem O Fim dos Paraísos Fiscais denominados como Ilhas do Inconfessável, onde é processada a internacionalização do capital com base na teoria anarquista de que "o capital não tem pátria".

Isto significa que nenhum país será realmente viável sem a existência do patriotismo (amor à pátria), sendo verdadeiramente patriota aquele que se preocupa em servir à Nação, deixando de lado os seus mesquinhos interesses particulares da simples acumulação de riqueza em detrimento de outrem, como por exemplo a exploração da direta ou indireta da escravidão dos menos favorecidos.

Um texto interessante foi publicado em 17/01/2010 pelo jornal Folha de São Paulo e pode ser lido no site da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Articulista mostra que Nos Países Ricos, o Risco Para os Investimentos Externos é Maior. Infelizmente o texto que serviu de base para o acima transcrito em caracteres itálicos e comentado, intitulado Os Déficits dos Estados Unidos e a Chegada do Euro, não mais se encontra em seu endereço original.







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