A DERIVA DA CLASSE MÉDIA NA PAULISTA E O VAZIO CONSERVADOR
A PASSEATA DOS ALTOS SERVIÇAIS DO EMPRESARIADO CORRUPTOR
São Paulo, 19/04/2015 (Revisado em 17-03-2024)
Histórico da Recessão Mundial, Privatização versus Estatização da Economia, A Manipulação da Classe Média Alta pela Extrema-Direita e pelos Mercenários da Mídia.
Pergunta-se:
Por Américo G Parada Fº - contador - Coordenador do COSIFE
1) - Como um país tão pobre em recursos naturais como Cuba consegue cuidar bem de seu Povo, mesmo sendo impedido de ser ajudado por outros países?
2 ) - Como um país tão rico em recursos naturais como o Brasil não consegue cuidar de seu Povo de modo que a miséria graça até nas capitais estaduais e no Distrito Federal?
3) - Qual seria o grande segredo de Cuba?
Resposta: Cuba não tem a Elite Oligárquica e oposicionista ao bem-estar do Povo que nós temos aqui no Brasil.
1. A PASSEATA DOS ALTOS SERVIÇAIS DO EMPRESARIADO CORRUPTOR
Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE
1.1. O PAPELÃO DA EXTREMA-DIREITA E DOS MERCENÁRIOS DA MÍDIA
O movimento contra o governo federal encabeçado pelos partidos políticos oposicionistas (direitistas, neoliberais, anarquistas e extremistas) e pelos jornalões elitistas é sobremaneira de um simplismo exagerado que despreza os elementos mais complexos do que realmente está acontecendo no mundo inteiro.
Portanto, torna-se necessário explicar para os adeptos, partidários ou correligionários da extrema-direita o que realmente está acontecendo no Brasil e no Mundo.
Veja a seguir o que os neoliberais não dizem aos seus ferrenhos, obstinados ou persistentes seguidores, apesar dos reveses ou infortúnios sofridos nas quatro últimas campanhas eleitorais dos seus presidenciáveis.
1.2. O MERCADISMO NEOLIBERAL E AS PRIVATIZAÇÕES IMPATRIÓTICAS
Os neoliberais (direitistas) são os irredutíveis defensores do Mercadismo Anárquico que pode ser definido como a doutrina ultraliberal segundo a qual o Estado deve abster-se de qualquer atividade econômica, conforme consta da nossa falsa Constituição Cidadã de 1988, em seu artigo 173, salvo nas condições especiais mencionadas no referido artigo.(Dicionário Aulete - UOL)
A doutrina do Mercadismo defende ainda a tese de que a privatização do patrimônio público deve ser total e urgente, mesmo com perdas não somente para o país (em relação ao estrangeiro) como também para toda sua população nativa. (Dicionário Aulete - UOL)
O Mercadismo é contrário ao Estatismo ou à estatização da economia, tão necessária quando o empresariado opta pela bagunça generalizada, também conhecida como desobediência civil.
1.3. O GOLPE DE ESTADO POR MEIO DA DESOBEDIÊNCIA CIVIL
A Desobediência Civil é aquela patrocinada por descontentes com determinado governo que teima em combater os desobedientes. Exemplos:
1) - A desobediência civil pode transformar determinada Lei em "Letra Morta". É o caso da Lei 7.913/1989 (Lei dos Crimes contra Investidores) que nunca foi levada em conta pelos dirigentes da CVM - Comissão de Valores Mobiliárias, embora o texto legal mencione que as providências necessárias ao seu cumprimento devam ser adotadas por aquela autarquia federal.
2) - Para derrubar um governo, tal como aconteceu com Salvador Allende, do Chile, os empresários do transporte de cargas e de passageiros resolveram fazer uma greve geral, que resultou num Golpe de Estado da extrema-direita, que colocou no governo o ditador Augusto Pinochet.
3) - Outra alternativa seria a de convencer a todos os adversários do governo a não pagarem impostos, o que vêm fazendo no Brasil, desde 1989, os empresários que blindaram seus bens patrimoniais, direitos e valores em paraísos fiscais com a anuência dos dirigentes do Banco Central que regulamentaram o anárquico Mercado de Câmbio de Taxas Flutuantes extinto em 2005.
1.4. O RISCO SISTÊMICO DE FALÊNCIAS ENCADEADAS
É certo que estamos sendo vítimas do chamado "Risco Sistêmico" que vem evoluindo desde a década de 1990, a partir de quando os investidores norte-americanos tornaram-se vítimas das falências das grandes empresas de capital aberto que captaram muito dinheiro no mercado de capitais. Os principais investidores eram os trabalhadores e os fundos de pensão.
Como o dinheiro captado foi usado pelo empresariado em coisas supérfluas (mordomias dos executivos e de seus patrões), depois das falências das empresas quase nada sobrou para pagamento aos iludidos investidores, que também foram transformados em falidos.
Como resultado dessa megalomania empresarial, grande parte dos fundos de pensão estaduais norte-americanos ficou insolvente. Isto é, os fundos de pensão perderam significativa parcela dos recursos financeiros que seriam usados para pagamento das aposentadorias e pensões. Isto significa que o dinheiro que saiu dos bolsos dos trabalhadores foi empregado nos bens supérfluos dos magnatas blindados em paraísos fiscais.
Em razão da falência das grandes empresas norte-americanas, muitos dos seus fornecedores também fecharam suas portas. Assim aconteceu o chamado de risco sistêmico. Ou seja, a falência de algumas empresas importantes quebrou toda a cadeia de empresas que lhes forneciam insumos. Desse modo foi quebrada toda a estrutura produtiva dos ianques que era responsável por grande parcela das exportações daquele país símbolo do capitalismo bandido implantado pelos titãs dos negócios à custa de práticas condenáveis.
1.5. A APLICAÇÃO DA FAMOSA TEORIA DA CONSPIRAÇÃO
Esse mencionado Risco Sistêmico também pode acontecer no Brasil se, por exemplo, o juiz do que se convencionou chamar de Operação Lava-Jato decretar a paralisação das empreiteiras de obras públicas que provocaram os atos de corrupção na Petrobras.
Se for decretada a interrupção das atividades operacionais das empreiteiras envolvidas, tanto a Petrobras como as demais obras públicas licitadas abocanhadas por tais empresas ficarão paralisadas por tempo indeterminado. Esse dissimulado tipo de Golpe de Estado pode durar uns dez anos. Este é o tempo de tramitação dos processos no nosso arcaico Poder Judiciário.
Esta também seria uma das formas de Desobediência Civil que pode ser aplicada por um juiz a pedido dos partidos políticos oposicionistas. Esse mencionado tipo de Golpe de Estado também poderia resultar na eleição maciça de oposicionistas nas próximas eleições. Assim, conforme foi prometido por Armínio Fraga (que seria Ministro da Fazenda, se Aécio Neves fosse eleito), a nova onda de privatizações colocaria o Brasil novamente na situação de colônia, agora sob o jugo de magnatas europeus, norte-americanos e de outros países que estão dissimuladamente estabelecidos em paraísos fiscais.
Então, para o Brasil e para o Povo brasileiro o melhor seria a Estatização dessas empresas corruptoras ou a decretação de intervenção governamental nas mesmas, tal como aquela feita pelo Banco Central para apuração de irregularidades cometidas no sistema financeiro pela empresa sob intervenção, que foi chamada de Administração Temporária pelo Decreto-Lei 2.321/1987 expedido no Governo Sarney que não queria ver o Brasil estrategicamente paralisado pelos banqueiros internacionais.
1.6. OS NABABESCOS GASTOS DO EMPRESARIADO CORRUPTOR
O problema causado pelo empresariado corruptor gerou uma enorme economia informal que afetou o mundo inteiro porque a falta do dinheiro perdido, que foi aplicado naqueles símbolos de riqueza não destinados à produção, também afetou os países porque estes deixaram de arrecadar os impostos incidentes sobre os lucros empresariais e sobre os produtos que em condições normais seriam vendidos aos consumidores finais.
De outro lado, também deixaram de consumir os trabalhadores que perderam suas respectivas poupanças aplicadas no mercado de capitais e que perderam seus salários em razão do desemprego provocado pelo fechamento das empresas.
Como o tal Risco Sistêmico sempre resulta em falências encadeadas, obviamente provocou a recessão vivida pelo mundo todo justamente porque muita coisa foi transformada em gasto inútil. Os investimentos feitos pelos magnatas em edifícios monumentais, por exemplo, ficaram ou ficarão em breve espaço de tempo sem as verbas necessárias à manutenção dos mesmos, provocando a paulatina deterioração desses imóveis de altíssimo custo operacional.
O exemplo típico da existência de uma grave recessão é o mostrado por Detroit, nos Estados Unidos, que se transformou numa "Cidade Fantasma" porque os industriais dos automóveis ali instalados foram vítimas da predatória concorrência das fábricas instaladas em paraísos industriais asiáticos em que é livre a exploração dos trabalhadores em regime de semiescravidão.
1.7. A INTENÇÃO DOS PROGRAMAS DE AUSTERIDADE DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS
Como solução para seus graves problemas, os governantes dos países da União Europeia resolveram levar a cabo programas de austeridade engendrados pelos monetaristas em que somente o Povo paga o custo do descalabro empresarial, nesse rol incluindo-se os banqueiros.
Assim fazendo, os governantes inimigos do Povo pretendem diminuir o salário médio pago aos trabalhadores para que as indústrias voltem a produzir em seus respectivos territórios.
Em vez de provocarem o aumento dos salários nos demais paises, aumentando o IDH das populações menos favorecidas, os governantes dos países colonizadores preferiram optar pela redução dos salários de seus respectivos trabalhadores que também passarão para o regime de semiescravidão. Desse jeito, tais governantes optaram pelo aumento da miséria, que também assolará a Europa e os Estados Unidos, entre outros países direta ou indiretamente dependentes dos mencionados.
Como esses programas de austeridade diminuíram os salários e as aposentadorias dos trabalhadores, que são os principais consumidores, esse ato já resultou em menor consumo, menor arrecadação tributária, grande índice de desemprego e tudo mais que possa provocar a Recessão.
Por sua vez, os ricaços ficaram livres desses programas de austeridade, mas, se continuarem com a megalomaníaca gastança, logo se transformarão em novos pobres, pois não mais conseguirão arcar com os custos de manutenção dos seus exorbitantes sinais exteriores de riqueza.
1.8. O RESULTADO DO DESCALABRO EMPRESARIAL NOS PAÍSES DESENVOLVIDOS
Desse descalabro empresarial e governamental praticado nos paises desenvolvidos resultou a estagnação econômica da qual o Brasil passou a ser vítima porque exportava matérias-primas para aqueles países agora falidos.
Para evitar a nossa estagnação, durante o Governo Lula foram criados incentivos ao Povão por meio do financiamento do consumo de bens de uso doméstico, com base na premissa de que os nossos consumidores seriam capazes de comprar toda aquela matéria-prima exportada se aqui ela fosse industrializada.
Diante dessa heresia econômica feita por Lula, condenada pelos arcaicos monetaristas, ao contrário do esperado pelos sábios consultores de outrora, quase chegamos ao pleno emprego, mesmo com grande parte do empresariado industrial recusando-se a produzir para o consumo popular.
Em contrapartida à retração industrial artificialmente provocada pela nossa elite empresarial, o pequeno crescimento brasileiro ficou por conta de outros setores empresariais como o de serviços, do agronegócio, da construção civil (incluindo o programa "minha casa, minha vida") e dos investimentos governamentais em infraestrutura, saúde, educação e saneamento básico.
No passado não muito distante (antes de 2003) a enorme população brasileira era quase proibida de consumir pelos nossos governantes elitistas. O desemprego gerado para evitar o consumo popular na década de 1990, incentivou a criação de uma enorme economia informal que resultou num verdadeiro incentivo à criminalidade. Dessa forma, houve enorme crescimento das favelas principalmente na década perdida de 1990.
Segundo os governantes elitistas e seus economistas de plantão, o consumo popular causa inflação. Entretanto, ao contrário do que diziam os tais consultores econômicos elitistas, o que realmente causa a inflação é a falta de produção daquilo que o Povo quer ou precisa comprar para uma sobrevivência digna. Obviamente o Povo também precisa de salários dignos, que o empresariado elitista se recusa a pagar.
Considerando que as nossas principais exportações são de matérias-primas (desde os tempos do Brasil Colônia criando empregos no exterior), era preciso instalar as fábricas aqui para substituição das importações.
Mas, como o nosso empresariado elitista não quer produzir para o consumo do nosso Povão, as nossas importações de produtos populares aumentaram em contrapartida com a diminuição das nossas exportações. Disso resultou o chamado Défice em Conta Corrente que vem corroendo as Reservas Monetárias conseguidas durante o Governo Lula.
1.9. NOVAMENTE A TEORIA DA CONSPIRAÇÃO
Se não tivesse ocorrido o fatal colapso dos países desenvolvidos, provocado pelos especuladores e pelos profissionais dos mercados financeiros e de capitais que chegou ao seu auge em 2008, os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) já estariam comandando o mundo econômico, tal com fizeram, os árabes na década de 1970, quando foi extinto o Padrão Ouro para o Dólar. Então, aconteceram as guerras imperialistas que resultaram em gastos bem maiores aos que seriam necessários aos pagamentos efetuados para aquisição do petróleo árabe.
Para evitar essa lógica inversão de posições (o Terceiro Mundo comandando os destinos do Primeiro Mundo), os governantes dos países desenvolvidos (para não ficarem ainda mais endividados) resolveram provocar a Recessão Mundial, por mero preconceito.
Para evitar essa recessão, bastaria que tais paises desenvolvidos cedessem aos povos dos países colonizados o mesmo IDH - Índice de Desenvolvimento Humano existente em seus territórios.
Então, pergunta-se: Quem vai ganhar com essa recessão artificialmente criada?
Na prática ninguém vai ganhar. Com a recessão o mundo só tem a perder, inclusive os magnatas escondidos em paraísos fiscais que assim estão provocando o encolhimento de seus lucros.
1.10. O MÁXIMO CONTROLE ESTATAL SOBRE A ECONOMIA NORTE-AMERICANA
Qual foi a solução impingida por Franklin Roosevelt diante da recessão causada pela Crise de 1929, provocada pelos especuladores e pelos profissionais de Wall Street - Centro Financeiro Estadunidense?
Considerando que os grandes culpados da recessão vivida pelos ianques depois da Crise de 1929 foi causada pelo grande empresariado, pelos especuladores e pelos profissionais do mercado de capitais, Franklin Roosevelt resolveu estatizar a economia norte-americana por meio de Agências Reguladoras, deixando continuar na categoria de empresas privadas somente aquelas subjacentes, que estão por baixo. Ou seja, somente o pequeno e médio empresariado continuou com suas empresas privadas.
Em razão desse ato, que foi transformando os Estados Unidos em potencia mundial em substituição aos países europeus, Franklin Roosevelt (ex-governador de Nova Iorque - de 1929 a 1932) foi reeleito como presidente da república três vezes (governou de 1933 a 1945).
"A grande maioria dos historiadores acadêmicos afirma que Franklin Delano Roosevelt recuperou os Estados Unidos após a crise de 1929 (dando condições melhores de trabalho aos americanos, alcançando metas militares e industriais, levando energia elétrica e modernidade às regiões mais pobres do país), traçando o destino dos estadunidenses". (Wikipedia).
Qualquer semelhança com Lula e Dilma é mera coincidência.
Portanto, para resolver os problemas existentes no Brasil, a estatização da nossa economia torna-se ainda mais fácil que nos Estados Unidos. Para o Brasil basta que se coloque nas autarquias tidas como Agências Reguladores os dirigentes alinhados com as decisões emanadas do Poder Executivo, sob a fiscalização dos Poderes Legislativo e Judiciário e vice-versa.
É claro que estes dois últimos poderes da República também devem ser fiscalizados pelos Conselhos Populares, conforme o pretendido pela presidenta Dilma Russeff.
Veja explicações complementares em O Estado Empreendedor e a Falta de Iniciativa Privada.
Veja também o texto a seguir, que se prende ao simplismo dos partidos oposicionistas para convencer os seus adeptos mais fervorosos. O texto está com anotações complementares do coordenador deste COSIFE
2. A DERIVA DA CLASSE MÉDIA NA PAULISTA E O VAZIO CONSERVADOR
Quem teria algo a propor para reerguer a autoestima da sociedade brasileira e superar o atoleiro do arrocho fiscal? A direita certamente que não.
Por Saul Leblon - publicado por Carta Maior em 14/04/2015 00:00 - Copyleft
2.1. A FALTA DE TATO DOS OPOSICIONISTAS
A atabalhoada virulência com que o conservadorismo foi ao pote para matar, picar e salgar o quarto mandato progressista conquistado nas urnas brasileiras, começa a revelar a fragilidade inerente ao ímpeto de quem tem pouco mais a propor ao país do que uma panaceia vingativa.
Os oposicionistas (elitistas) querem banir o PT da política simplesmente porque está proporcionando melhores condições de sobrevivência ao Povão. Trata-se mero preconceito e segregação social.
O esvaziamento das manifestações é o sintoma dessa voçoroca [destruição provocada pela enxurrada avassaladora] que come o simplismo por dentro. A frustração de quem foi ludibriado pela promessa de redenção sumária do país pode arrastar cabeças e decepar reputações conservadoras.
2.2. O EXEMPLO DADO POR CRISTINA KIRCHNER
Há pouco mais de dois meses, Cristina Kirchner era um cadáver político na Argentina, que tem eleições presidenciais em outubro [de 2015]. A presidenta era acusada inclusive de tramar o assassinato de um juiz. Sem recuar, batendo de frente com a mídia conservadora e não cedendo ao mercadismo, ela virou o jogo.
Hoje Cristina tem 50% de aprovação; seu candidato Daniel Scioli, que lidera a corrida eleitoral, esteve no Brasil [na semana anterior 14/04/2015] para gravar o apoio de Lula à sua campanha.
Tucanos de alto coturno, como FHC, farejaram o perigo no ar e recomendam distância das ruas; outros tentam com sofreguidão ressuscitar uma bandeira que morreu na deriva do último domingo [12/04/2015]: a do impeachment [como forma de disfarçar um verdadeiro Golpe de Estado].
A mídia [mercenária] uiva, mas há um cheiro de fracasso na operação ‘tudo ou nada’ desencadeada nos últimos meses [pelos oposicionistas].
O governo e o PT saberão, como Cristina, virar o jogo?
Como se sabe, na falta de votos, o conservadorismo convocou a guilhotina.
O medo e o ressentimento da classe média foram insuflados, depois, promovidos a juiz.
O glorioso jornalismo isento [veiculado pela Internet] deixou a notícia momentaneamente de lado - como tem feito desde 2003 - para vestir o gorro ninja dos vingadores com a tocha na mão. Ou o microfone, o teclado, tanto faz no caso.
2.3. A ELITE BRASILEIRA VIVE NA PRAIA DE COSTAS PARA O BRASIL
Cevada no capim gordura do preconceito e da semi-informação, educada pela emissão conservadora a dar as costas ao país real e aos percalços do desenvolvimento na desordem neoliberal, a classe média [manipulada pelos oposicionistas] respondeu à convocação com a histeria dos programas de auditório.
A corrupção, como sempre, foi o bacalhau atirado [pelo organizador da palhaçada] para aguçar apetites vorazes. Não faltaram capatazes desembaraçados no ofício de tanger o surto à seringa do antipetismo.
Na segunda volta da comitiva neste domingo [12/04/2015], porém, a marca do ferro quente [no lombo dos bens semoventes = burros de carga] já não parecia bastante para garantir o alinhamento nos piquetes programados.
2.4. O FEITIÇO VIROU CONTRA O FEITICEIRO
Aqui e ali surgem manifestações generalistas que afrontam os cânones diuturnamente emitidos pelos donos do berrante [patrões e seus capatazes], a saber: a corrupção petista será sempre sistêmica; pontual, por natureza, é a conservadora.
Dissonâncias no script das delações da Lava Jato [o jato de água fria aplicado no PT respingou no PSDB], ademais de imprevistos como a Operação Zelotes, sem mencionar o trensalão tucano, levantam a poeira da indiferença [nos alinhados ao PSDB].
Quando o próprio higienismo exala podridão, quem garante a disciplina do tropel?
2.5. MAIS PERDIDOS QUE CEGOS EM TIROTEIO
Um terceiro domingão verde amarelo reveste-se da incógnita típica das criaturas que podem escapar ao criador. É hora de trocar o bacalhau e o jornalismo dos chacrinhas e chacretes por alguma coisa mais propositiva e rápida.
Qual? Esse é o problema.
Além de condenar a corrupção, elogiar a água encanada e a eletricidade, o que mais o conservadorismo tem a oferecer à encruzilhada do desenvolvimento brasileiro nesse momento?
O direcionamento de tudo no extermínio petista, que descarta até a reforma política, revela-se agora um chão mole, perigosamente capaz de engolir a pressa conservadora.
Sejamos francos, discursos em homenagem "à ordem espontânea dos mercados", como o dos petizes do ultraliberalismo austríaco, que saltitam no alto do carro alegórico desse "Brasil Livre", empolgam alguém, além dos redatores da Veja?
A léguas de ser um remanso para o PT, a verdade é que o mar tampouco se mostra amigável ao repertório conservador.
2.6. OS NORTE-AMERICANOS PRECISAM DOS CUBANOS
Que outros latino-americanos estariam aptos a trabalhar nos Estados Unidos e a receber os turistas norte-americanos?
O aperto de mão entre os presidentes Raul Castro e Barack Obama na Cúpula das Américas, no último sábado [11/04/2015], por exemplo, aleijou uma perna decisiva de seu pé de apoio no mundo.
O gesto condensa um simbolismo suficiente para estalar os ossos dessa turma [elitista, preconceituosa, discriminadora, segregacionista e escravocrata].
Mesmo que a nossa Carta Magna de 1988 tenha demonstrado que não existe perigo no comunismo e no socialismo, a nossa minguada elite oligárquica ainda consegue convencer os seus seguidores nefelibatas (os fora da realidade que vivem nas nuvens) de que a pequenina Cuba é um perigo para o mundo.
Além dos charutos consumidos pelos mais ricos estrangeiros, Cuba tem ainda níquel e cobalto, os produtos derivados da cana-de-açúcar e o turismo em suas praias tropicais paradisíacas. Tem apenas o tamanho do nosso Estado de Santa Catarina e tem o segundo melhor IDH da América Latina. É por isso que os norte-americanos querem permissão para viajar à Cuba.
Entretanto, para desespero dos direitistas brasileiros, Cuba tem dezenas de milhares de profissionais de nível superior trabalhando em quase 90 países, levando para aqueles países a sua tecnologia aplicada ao bem-estar das populações, inclusive para o Brasil através do Programa Mais Médicos. Na falta de produtos exportáveis, Cuba optou por exportar tecnologia humanitária por meio dos seus médicos e dos seus educadores.
2.7. O FALSO PERIGO AGORA VEM DA VENEZUELA
Não importa que Washington acene a Cuba com uma mão e aponte a metralhadora para a Venezuela com a outra. O implícito reconhecimento de que o cerco fracassou em relação à ilha de Fidel - e que ela não se dobrou no essencial - desmoraliza a repetição da fórmula contra a Venezuela.
Não só.
2.8. O SONHO AMERICANO É UMA ILUSÃO
A subserviência histórica da elite latino-americana aos EUA também não encontra mais amparo na pujança de um way of life que justifique seu projeto de um alinhamento carnal com o império.
Sobre o American Dream que não está ao alcance de todos os norte-americanos e muito menos dos estrangeiros, veja o texto O Sonho Americano é uma Ilusão.
O que os EUA tem a oferecer hoje, além do jogral da eficiência dos mercados desregulados, que a crise de 2008 mastigou e arrota na forma de uma indigestão sistêmica que já se arrasta por sete anos?
O que, além da ALCA recauchutada? E cujo principal objetivo é injetar uma transfusão de demanda à combalida recuperação norte-americana, incapaz deslanchar para fora com o dólar forte, e para dentro, com a anemia de uma classe média cuja renda não cresce há 15 anos em termos reais.
2.9. A LUTA CONTRA A FOME NOS ESTADOS UNIDOS
Sugestivo dessa minguante é a campanha protagonizada agora pela atriz Gwyneth Paltrow.
Para divulgar a luta contra a fome nos EUA – o país tem 47,5 milhões de pessoas que ganham até 2 dólares por dia – ela topou a experiência de viver uma semana com um máximo de US$ 29.
Organizada pelo Banco de Alimentos de Nova Iorque, o desafio pretende denunciar o duplo corte no vale alimentação imposto pelo Congresso conservador, em 2013, que jogou mais famílias na insegurança alimentar.
2.10. OS CUBANOS COMO GRANDE PERIGO PARA O BRASIL E PARA O MUNDO
Só um idiota teria coragem de dizer tal besteira.
Se é assim e se a meca recua agora diante de uma Cuba que estava programada para ruir junto com os irmãos Castro, o que sobra como referência de mundo ao conservadorismo verde e amarelo da Paulista?
Cuba era o coringa no qual se batia para acertar Lula, Dilma, Morales, Chávez/ Maduro, Cristina, Rafael, Mujica e outros.
Como disse Raul Castro na cúpula do Panamá, Cuba é um país pequeno e desprovido de recursos naturais. Entretanto, pôde construir uma cobertura universal de educação e saúde gratuita e de alta qualidade. Além disso, foi capaz de garantir amplo acesso ao esporte e à cultura, direito à vida e à segurança.
Contudo, "em que pesem as carências e dificuldades", agregou Raul Castro, "continuamos a compartilhar o que temos, e mantemos 65 mil cooperantes cubanos trabalhando em 89 países, sobretudo nas áreas da medicina e da educação..."
Se com recursos tão escassos, Cuba fez tudo isso, cabe pedir licença a Raul Castro para transferir a sua pergunta aos brasileiros que desejam compartilhar um verdadeiro país:
- O que não seria possível construir aqui [no Brasil] com uma frente ampla progressista capaz de negociar e ordenar o passo seguinte do desenvolvimento?
Raul foi ovacionado ao final de sua fala no encontro do Panamá.
Quem na atual encruzilhada brasileira teria algo desse gigantismo a propor à sociedade para reerguer sua autoestima e superar o atoleiro que oscila entre o arrocho fiscal e a deriva dos domingões conservadores na Paulista?
À prostração petista cabe lembrar: Cuba é pouco maior que Santa Catarina.
Seu mercado limita-se a 11,2 milhões de pessoas. As quatro letras de seu nome condensam, porém, um dicionário de experiências, de esperanças, de vitórias, de tropeços, de lições e de problemas no caminho da construção de uma sociedade mais justa e convergente.
2.11. A PRECONCEITUOSA CAMPANHA DE AÉCIO NEVES EM 2014
Os picos de desigualdade no capitalismo, e tudo o que isso significa em relação às formas de viver e de produzir em nosso tempo, reiteram a pertinência dessa teimosia que incomoda o conservadorismo, como ficou provado mais uma vez nas eleições presidenciais de 2014 .
Em um dos debates mais virulentos da campanha, o candidato conservador Aécio Neves trouxe a ilha [CUBA] para o palanque.
O tucano acusou o governo da candidata à reeleição, Dilma Rousseff, de cometer duas heresias do ponto de vista do cerco histórico à audácia caribenha.
A primeira, o financiamento de US$ 802 milhões para a construção de um porto estratégico de um milhão de conteiners na costa cubana de Mariel, a 200 quilômetros da Flórida. Obra capaz de transformar Cuba em uma intersecção relevante no comércio entre as Américas, denunciada por Aécio como ‘cumplicidade do BNDES com o castrismo’.
A outra, a parceria na área da saúde, que trouxe mais de 11 mil médicos cubanos ao país, onde asseguram assistência a 50 milhões de pessoas. Estigmatizado como um sistema de ‘escravidão de mão de obra cubana’, o ‘Mais Médicos’ teve a oposição canina de muitos que agora defendem o projeto de terceirização e desmonte dos direitos trabalhistas no Brasil...
O reatamento diplomático entre Havana e Washington adiciona ar fresco à impressionante resistência daquilo que se imaginava mais frágil do que tem se mostrado.
É um sinal significativo. Porém é mais que um sinal.
Agrega um punhado de arguições à transição de ciclo econômico em marcha na América Latina e, portanto, no Brasil nesse momento.
A terceirização do futuro como obra do arrocho, por exemplo, é a melhor escolha?
2.12. O QUE NOS FOI ENSINADO PELOS CUBANOS
Não se discute a necessidade de ajustes macroeconômicos em meio a uma transição difícil da economia mundial.
Mas é inescapável a atualidade da lição embutida na travessia cubana que afrontou o fatalismo economicista com as armas hoje subestimadas por muitos dentro do governo.
Por maior que tenha sido a rigidez política de que se acusa a experiência cubana - que não se sustentaria se fosse esse o seu único esteio - o fato é que ela só não virou pó graças ao planejamento público, à organização social, à consciência política e à formação cidadã de amplas camadas de seu povo.
Não se trata de minimizar o custo humano e social elevadíssimo desses sessenta anos de resistência ao cerco imperial. Mas de enxergar na experiência extrema da vulnerabilidade, o alcance mitigador da variável política, cuja força se faz reconhecida agora no reatamento diplomático norte-americano.
O retrospecto da épica caminhada do povo de Cuba fala aos nossos dias e à deriva que nos constrange.
Ao contrário da presunção que vê no degelo diplomático o atalho da conversão capitalista tantas vezes frustrada, a resistência pregressa enseja outras esperanças.
Livre da asfixia econômica, o discernimento político e social acumulado pela sociedade cubana figura talvez como o mais experimentado laboratório de ponta da história para resgatar o elo perdido do debate latino-americano sobre a transição para um modelo de desenvolvimento mais justo, regionalmente integrado, cooperativo, democraticamente participativo e sustentável.
Se Cuba desmentir a derrocada de seus valores, dará inestimável contribuição para fixar o chão firme capaz de desenferrujar essa alavanca histórica.
Não é pouco. E pode ser muito do ponto de vista do imaginário e da agenda regional.
Cuba soçobrou, mas não sucumbiu graças à vitalidade de sua organização política e social para enfrentar restrições equivalentes às de uma guerra, que se estendeu por sessenta anos, a mais longa de que se tem notícia no mundo moderno.
Não há nisso um elogio à ilusão do paraíso caribenho.
Cuba continua a ser uma construção inconclusa, cujo futuro depende da integração latino-americana em curso.
Mas ao contrário da rendição inapelável prevista nos prognósticos conservadores, pode surpreender de novo. E frustrar seus coveiros, contribuindo para reinventar a transição rumo a uma sociedade mais justa e libertária no século XXI.
Nesse sentido, a ilha de Cuba ainda tem algo de novo a dizer aos povos latino-americanos. E aos brasileiros, em especial, nesse momento particular.
Na voz de Raul Castro na Cúpula das Américas, a pequena porção de terra caribenha parece sacudir a prostração brasileira pelos ombros para dizer:
- Desenhe um futuro maior que a avenida Paulista e convoque todos os brasileiros a construí-lo.
Pergunta-se:
1) - Como um país tão pobre em recursos naturais como Cuba consegue cuidar bem de seu Povo, mesmo sendo impedido de ser ajudado por outros países?
2 ) - Como um país tão rico em recursos naturais como o Brasil não consegue cuidar de seu Povo de modo que a miséria graça até nas capitais estaduais e no Distrito Federal?
3) - Qual seria o grande segredo de Cuba?
Resposta: Cuba não tem a Elite Oligárquica e oposicionista ao bem-estar do Povo que nós temos aqui no Brasil.