O SONHO AMERICANO É UMA ILUSÃO
PROBLEMAS NORTE-AMERICANOS: IMIGRAÇÃO E DESIGUALDADE SOCIAL
São Paulo, 24/03/2015 (Revisado em 17-03-2024)
1.PROBLEMAS NORTE-AMERICANOS: IMIGRAÇÃO E DESIGUALDADE
Os Estados Unidos possuem uma taxa de mobilidade social menor do que a Inglaterra medieval, afirmou economista da Califórnia – e as chances de isso mudar nas próximas décadas são incrivelmente baixas
Por Redação da Revista Fórum, com informações de Alternet. Publicado em 03/12/2014.
Um professor de Economia da Universidade da Califórnia afirma ter estudado todos os números e a conclusão é uma só: o “sonho americano” foi sempre uma ilusão.
Em entrevista, Gregory Clark disse que a mobilidade entre classes sociais no país diminuiu significativamente nos últimos 100 anos: “Os EUA possuem uma taxa de mobilidade social menor que a Inglaterra medieval ou a Suécia pré-industrial”.
Vale salientar que este último país (a Suécia), conforme o economista do momento, Thomas Piketty, disse recentemente à Fórum, era uma das sociedades mais desiguais do mundo e hoje é um país-modelo. “Essa é a parte mais difícil quando se fala em mobilidade social, pois está despedaçando o sonho de pessoas”, continuou Clark.
“O status de seus filhos, netos, bisnetos e tataranetos será bem próximo ao seu status atual”, disse o professor, confirmando também que muitos de seus estudantes discordam dele – principalmente pelo fato de a Califórnia ter uma presença latina extremamente alta: “Meus alunos sempre discutem comigo, mas eu acho que a coisa que eles acham bem difícil de aceitar é a ideia de que grande parte de suas vidas podem ser projetadas por conta de sua linhagem e de seus ancestrais”.
Segundo a pesquisa de Clark, dois entre cinco imigrantes nos EUA vieram do México e da América Central e constituem 22% de todas as crianças no país. Até 2050, o número será de 39%, mas que o status social, até mesmo para aqueles que nasceram em solo norte-americano, é persistentemente baixo – e pouco mudará nos anos vindouros. O estudo de Clark foi publicado pelo Conselho de Relações Exteriores e pode ser lido (em inglês) aqui.
2. O SONHO AMERICANO É UMA ILUSÃO
Por Gregory Clark (em inglês). Publicado em 26/08/2014 pelo site Foreign Affairs, do Ministério das Relações Exteriores dos USA. Dica extraída do site da Revista Fórum em 03/12/2014. Tradução automática pelo Google e versão (ou adaptação) do inglês para o português por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.
A combinação de transporte barato e enormes disparidades de renda entre os países tem inspirado um número sem precedentes de pessoas saindo de seus países de origem: há nos dias de hoje cerca de 230 milhões de pessoas nessas condições, 46 milhões deles estariam nos Estados Unidos.
Não é novidade que a imigração venha fluindo de lugares pobres para os países tidos como ricos: nos 18 países mais ricos do mundo (em PIB - Produto Interno Bruto), os imigrantes constituem 16% da população. Se levarmos em conta aqueles que são descendentes de imigrantes recentes, esse percentual é significativamente maior e é certo que deverá crescer, uma vez que os imigrantes geralmente têm mais filhos do que as populações mais ricas [quis dizer com melhor IDH - Índice de Desenvolvimento Humano].
Considere-se que, em 2010, 13% da população dos EUA nasceu fora do país e 24% dos menores de 18 anos têm pais estrangeiros.
Os formuladores de políticas sociais em países ricos tendem a não tratar a imigração como um desafio, mas como algo superável. Em épocas passadas, a migração em massa produziu bons resultados, não só para os imigrantes [emprego e salário suficiente para sobrevivência, embora menor que o dos nativos] como também [mais lucros para os empregadores e consequentemente, mais desenvolvimento e mais arrecadação tributária] para os países que os receberam.
A imensa quantidade de imigrantes que chegaram nos Estados Unidos antes de 1914 - um grupo que incluía cristãos árabes, gregos, húngaros, italianos, japoneses, judeus do Império Russo, e escandinavos - foram assimilados rapidamente e com seus trabalho contribuíram para o grande desenvolvimento econômico norte-americano.
Da mesma forma, desde a Segunda Guerra Mundial, Austrália, Canadá e Nova Zelândia têm absorvido com sucesso um grande número de imigrantes de países variados, recebendo também capitais estrangeiros.
Mas seria um erro supor que essas experiências positivas serão repetidas por todos os demais imigrantes, principalmente a partir da Crise Mundial iniciada em 2008. Muitos imigrantes recentes, tanto para os Estados Unidos como para a Europa terão muito mais dificuldade de adaptação que os seus antecessores.
Enquanto isso, as populações dos países em que se estabelecem os migrantes estão menos propensas a enxergar os benefícios dessa imigração, porque tais países têm experimentado um aumento nas tensões sociais e crescente desigualdade social.
Os formuladores das políticas sociais precisam ser mais hábeis para enfrentar os riscos da imigração. Ao invés de se focarem em simples políticas de alojamento (recebimento e regularização) dos novos imigrantes, eles devem se esforçar no sentido de evitar a segregação social (nacionalismo extremista dos nativos) que ameaça criar subclasses étnicas ou religiosas que jamais se integrarão, porque serão tratados como pessoas inferiores, o que já vem acontecendo há décadas nos países desenvolvidos. [Os estrangeiros são os parias indispensáveis porque vão fazer os trabalhos que os nativos não se sujeitam a executar].
3. COMO FUNCIONA A ASSIMILAÇÃO (ACEITAÇÃO) DOS IMIGRANTES
Por Gregory Clark (em inglês). Publicado em 26/08/2014 pelo site Foreign Affairs, do Ministério das Relações Exteriores dos USA. Dica extraída do site da Revista Fórum em 03/12/2014. Tradução automática pelo Google e versão (ou adaptação) do inglês para o português por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.
A aceitação dos imigrantes pelos nativos é muitas vezes difícil porque são tidos como povos inferiores [ou como invasores que querem recuperar os territórios invadidos pelos USA. Outros são tidos como terroristas vindos de um dos países invadidos pelos USA].
É verdade que os migrantes conseguiram alcançar a igualdade (na renda, educação e riqueza) com as populações nativas dentro de uma ou duas gerações. Com base nessa experiência, muitos acreditam que as taxas de mobilidade social são altas nas sociedades modernas, e que, por consequência, qualquer grupo de migrantes pode ser rapidamente assimilado (aceito) pelos nativos.
A taxa de mobilidade social é a velocidade com que as crianças de famílias de baixa ou alta renda, riqueza e educação se aproximam da média nacional.
Mas evidências recentes sugerem que, na realidade, as taxas de mobilidade social são extremamente baixas. Sete a dez gerações são necessários antes que os descendentes de famílias de alta e baixa de status alcançar o status de média.
Assim, na Suécia moderna os descendentes da nobreza do século XVIII ainda estão abundantemente representadas - 300 anos depois - entre os maiores grupos sociais: médicos, advogados, os ricos, os membros das academias reais dos suecos.
No Reino Unido, os descendentes de famílias que enviaram filhos para Oxford ou Cambridge por volta de 1800 ainda são quatro vezes mais propensos a terem herdeiros assistindo aulas nestas universidades do que as pessoas da classe média operária.
A mobilidade de classe social também têm sido relativamente impermeável (baixa) às políticas sociais do governo. Essas políticas sociais não são maiores em populações como a da Suécia, com intervenções generosos em favor dos filhos de famílias desfavorecidas, que nos Estados Unidos em que é adotada a extrema doutrina ou prática de não interferência do Estado nas ações individuais, especialmente no Domínio Econômico. [Ou seja, o Povo que se vire, ou seja, o Estado não protege o consumidor.]
Segundo dados oficiais, nos Estados Unidos morrem diariamente 125 dos menos favorecidos por falta de sistema de saúde estatal. [Isto é, quem não tem dinheiro pagar, morre.] Por essa questão, as políticas sociais já não são mais elevadas na Suécia moderna do que no século XVIII (na Suécia) ou na Inglaterra medieval.
Os imigrantes recentes que rapidamente foram aceitos na sua nova terra (em países como os Estados Unidos) foram frequentemente acolhidos de forma positiva a partir das populações de mesma origem (antigos migrantes).
Os escandinavos que se estabeleceram ao norte dos USA não estavam desesperados, não amontoados de pessoas. Eram pessoas que representavam um povo letrado, mesmo que fossem pobres. Os judeus do Império Russo eram certamente pobres, mas eram consideradas como elite educada dentro de seus territórios de origem.
Os grupos de imigrantes com um status social baixo no momento da sua chegada aos EEUU tiveram mais dificuldade e maior tempo para serem aceitos (integrados).
Considere a experiência de imigrantes de origem francesa (ou que tinham sobrenomes franceses). A primeira leva chegou nos Estados Unidos durante a era colonial. Seus descendentes estão principalmente concentrados perto de Louisiana (território comprado pelos EEUU em 1803) e no nordeste dos Estados Unidos. Outro grupo veio do Canadá francês na década de 1920 e também se estabeleceu no nordeste dos Estados Unidos.
E, apesar de terem vivido nos Estados Unidos por várias gerações, os descendentes de franceses ainda têm condições de sobrevivência [IDH] inferiores à média norte-americana.
A medida básica do baixo status do grupo francês é o número de médicos por 1.000 habitantes. Os descendentes de franceses nos EEUU têm apenas 1,6 médicos para cada mil pessoas, enquanto a média dos EUA de 3,5.
[Ou seja, a quantidade de médicos que dispõem os migrantes franceses nos EEUU é semelhante a do povo maranhense, que tem 1,8 médicos por mil habitante e que possui a menor renda per capita do Brasil.]
Os problemas que as pessoas de origem francesa sofreram nos Estados Unidos não têm nada a ver com a política social. Seus correligionários (os católicos irlandeses e os italianos), foram vítimas de discriminação mais evidente, mas foram totalmente aceitos. Entretanto, não têm os esperados 3,5 médicos por 1.000 habitantes (com sobrenomes irlandeses).
Logo que chegaram aos Estados Unidos, o problema enfrentado pelos migrantes franceses foi o de terem sido (esmagadoramente) retirados das classes sociais mais baixas da Acadia e Quebec (Canadá), quando comparados com os padrões demográficos e de migração seletiva (norte-americanos). Os efeitos desse status social inferior dos descendentes de franceses têm persistido ao longo de gerações, mesmo em meio ao grande número de casamentos entre populações oriundas da França e os descendentes de outros grupos de imigrantes, incluindo irlandeses, italianos e poloneses.
4. O ESTÁTICO STATUS SOCIAL DOS NORTE-AMERICANOS
Por Gregory Clark (em inglês). Publicado em 26/08/2014 pelo site Foreign Affairs, do Ministério das Relações Exteriores dos USA. Dica extraída do site da Revista Fórum em 03/12/2014. Tradução automática pelo Google e versão (ou adaptação) do inglês para o português por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.
As evidências nos mostram que grupos de antigos imigrantes tendem a manter o status social que tinham quando chegaram. O mesmo acontece com os imigrantes que chegaram mais recentemente nos Estados Unidos.
Devido a restrições impostas para concessão dos vistos de permanência, só foi autorizada a entrada nos Estados Unidos de certos grupos de imigrantes que pudessem provar que tinham habilidades (conhecimentos ou técnicas profissionais) que fossem necessárias ao mercado de trabalho norte-americano.
Por exemplo, os africanos, chineses, árabes cristãos, filipinos, indianos, iranianos e coreanos só tinham vistos de entrada nos Estados Unidos se fossem provenientes dos escalões superiores (classes mais altas) das populações de seus países de origem. E, nos Estados Unidos, suas respectivas classes sociais deviam situar-se acima status social médio (também medido pelo número de médicos por 1.000 membros do grupo).
Grupos que, por várias razões, não enfrentaram as mesmas restrições - incluindo o Hmong (grupo montês da Indochina), Latinos e Maya (indianos) - entraram nos Estados Unidos com baixo status social e têm se esforçado para alcançar a mobilidade ascendente desde então. A imigração para os Estados Unidos, em outras palavras, raramente muda de status social.
[O mesmo padrão preconceituoso é ecoado na Europa, onde os imigrantes eram considerados "os parias indispensáveis", conforme artigo publicado na Revista Visão, porque eles aceitavam trabalhos perigosos e insalubres que os nativos não queriam fazer.]
Por isso, nas décadas de 1960 e 1970, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Suíça criaram programas para recrutamento de trabalhadores rurais (africanos e asiáticos) não qualificados, muitas vezes vinham de áreas pobres da Turquia. Hoje, todos os filhos desses imigrantes turcos têm os piores desempenhos em testes de linguagem e matemática do que as populações nacionais, o que é um indicador confiável de que possuem um status social inferior. O status mais baixo de seus pais foi, assim, reproduzida em suas novas casas europeias (territórios ou regiões para onde migraram).
Por sua vez, os países que naquele começo migratório selecionaram os imigrantes considerados de elite, agora seus descentes têm alto desempenho nas salas de aula. Por exemplo, o Reino Unido selecionou os imigrantes com base na sua maior educação e competência profissional. Como resultado, os trabalhadores de origem africana, chinesa e indiana no aprendizado superaram seus colegas britânicos; embora os filhos de pais britânicos brancos nascidos entre 1963 e 1975 tenham atingido, em média, 12,6 anos de escolaridade, os filhos de imigrantes africanos permaneceram na escola em média 15,2 anos, os filhos de indianos ficaram em média 14,2 anos e os filhos de chineses ficaram 15,1 anos.
5. IMIGRANTES: UMA SUBCLASSE SEM PRECEDENTES
Por Gregory Clark (em inglês). Publicado em 26/08/2014 pelo site Foreign Affairs, do Ministério das Relações Exteriores dos USA. Dica extraída do site da Revista Fórum em 03/12/2014. Tradução automática pelo Google e versão (ou adaptação) do inglês para o português por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.
Dado os padrões atuais de imigração para os Estados Unidos, o governo federal, sediado em Washington (DC), enfrenta um enorme desafio para a política social. Dois em cada cinco de todos os imigrantes para os Estados Unidos são provenientes do México e da América Central. Descendentes de latinos são 22% de todas as crianças nos Estados Unidos; em 2050, espera-se que seja de 39%. Mas o status social dos latinos, mesmo aqueles que nasceram nos Estados Unidos, é persistentemente baixo.
Esse fato não deveria ser surpresa, visto que imigrantes do México e da América Central tendem a ser as pessoas mais desprovidas de suas respectivas localidades originais. São muitas vezes as pessoas que se encontravam em circunstâncias econômicas mais desesperadoras em seus países de origem. Por isso, preferem viver como imigrantes ilegais nos Estados Unidos onde podem conseguir subemprego com pelo menos US$ 800 de salário. Nos "States" os descendentes de latinos são quase metade dos nascidos no estrangeiro. São quatro em cada cinco dos imigrantes ilegais. Os efeitos disto têm sido terríveis. Esse tipo de migração, ninguém duvida, está aumentando a desigualdade social nos Estados Unidos.
A tabela abaixo mostra níveis de escolaridade dos jovens de 25-34 anos nos Estados Unidos em 2009. Os descendentes de imigrantes latinos estão caindo fora da escola a taxas muito superiores da população nacional e superiores aos descendentes de outros grupos de imigrantes; Da mesma forma, é muito menos provável que a população descendente de latinos consiga concluir o curso superior do que os outros grupos de descendentes de estrangeiros. O maior nível de instrução em todas as sociedades é um forte indício de futura melhoria de status social e nos EEUU a previsão de melhoria para a população de origem latina não é boa.
Educational Attainment | Domestic Population (%) | Latios, Second Generation (%) | Other Immigrants,Second Generation (%) |
Less Than High Scholl | 7 | 19 | 4 |
High School | 29 | 35 | 18 |
Some College | 31 | 32 | 30 |
Bachelor's Degree Or Higher | 33 | 15 | 47 |
Esse padrão aparece ainda mais claramente, na Califórnia, onde os imigrantes recentes são mais numerosos do que nos Estados Unidos como um todo, e mais diversificada em termos de status social. No entanto, os políticos californianos não têm se incomodado com as possíveis consequências desse enorme desnível social.
Os mais otimistas querem alterar as políticas sociais, tornando mais fácil, financeiro e acadêmico, incentivar os latinos a entrarem em faculdades públicas. Isto permitirá que os níveis de educação e de renda latinos cresça mais rapidamente para se equipararem com a população do restante do Estado da Califórnia.
Como já foi mencionado, levando-se em conta países como a Suécia, não há nenhuma evidência de que as taxas de mobilidade social podem ser aumentadas com intensivo apoio público às famílias desfavorecidas. Apesar desse apoio na Suécia, os filhos de imigrantes atualmente têm desempenho significativamente menor em provas escolares do que a população nacional. Nos Estados Unidos é provável que em breve se tenha uma situação inédita com a natural criação de uma subclasse quase permanente.
Se o Governo Federal pretende resolver estes problemas iminentes, vai ter que utilizar uma abordagem diferente. Para evitar que seja automaticamente criada uma subclasse latina, substancialmente mais pobre e menos instruída por muitas gerações futuras, deve considerar políticas para aumentar o número de imigrantes latinos altamente educados.
Os latinos que migram para os Estados Unidos e que formam realmente um grupo com pessoas altamente educadas, partem de países da América do Sul que se encontram geograficamente mais distantes dos Estados Unidos, incluindo Argentina, Brasil, Chile e Peru.
Um programa para aumentar o número desses imigrantes educados poderia reforçar o status social global da população latina nas futuras gerações, e sua representação em cargos de maior status na sociedade.
Os Estados Unidos parece fornecer uma imagem de país das oportunidades para todos, um país que do mundo convida para o trabalho os seus pobres e as suas massas amontoadas. Mas os Estados Unidos na prática não oferece uma verdadeira oportunidade de progresso social aos migrantes (mobilidade social).
Os States podem enfeitiçar as populações desfavorecidas de qualquer parte do mundo, com a promessa de transformar para melhor os seus desprezíveis padrões de vida. A verdade é que o sonho americano sempre foi uma ilusão. Cegamente perseguir esse sonho agora só vai levar a um futuro com desafios sociais terríveis.
6. SONHO AMERICANO? CONHEÇA 10 FATOS CHOCANTES SOBRE OS EUA
Maior população prisional do mundo, pobreza infantil acima dos 22%, nenhum subsídio de maternidade, graves carências no acesso à saúde… bem-vindos ao “paraíso americano”
Revista Fórum - 13/12/2013 - Por Pragmatismo Político
Os EUA costumam se revelar ao mundo como os grandes defensores das liberdades, como a nação com a melhor qualidade de vida do planeta e que nada é melhor do que o “american way of life” (o modo de vida americano). A realidade, no entanto, é outra. Os EUA também têm telhado de vidro como a maioria dos países, a diferença é que as informações são constantemente camufladas. Confira abaixo 10 fatos pouco abordados pela mídia ocidental.
1. Maior população prisional do mundo
Elevando-se desde os anos 80, a surreal taxa de encarceramento dos EUA é um negócio e um instrumento de controle social: à medida que o negócio das prisões privadas alastra-se como uma gangrena, uma nova categoria de milionários consolida seu poder político. Os donos destas carcerárias são também, na prática, donos de escravos, que trabalham nas fábricas do interior das prisões por salários inferiores a 50 cents por hora. Este trabalho escravo é tão competitivo, que muitos municípios hoje sobrevivem financeiramente graças às suas próprias prisões, aprovando simultaneamente leis que vulgarizam sentenças de até 15 anos de prisão por crimes menores como roubar chicletes. O alvo destas leis draconianas são os mais pobres, mas, sobretudo, os negros, que representando apenas 13% da população norte-americana, compõem 40% da população prisional do país.
2. 22% das crianças americanas vive abaixo do limiar da pobreza.
Calcula-se que cerca de 16 milhões de crianças norte-americanas vivam sem “segurança alimentar”, ou seja, em famílias sem capacidade econômica para satisfazer os requisitos nutricionais mínimos de uma dieta saudável. As estatísticas provam que estas crianças têm piores resultados escolares, aceitam piores empregos, não vão à universidade e têm uma maior probabilidade de, quando adultos, serem presos.
3. Entre 1890 e 2012, os EUA invadiram ou bombardearam 149 países.
O número de países nos quais os EUA intervieram militarmente é maior do que aqueles em que ainda não o fizeram. Números conservadores apontam para mais de oito milhões de mortes causadas pelo país só no século XX. Por trás desta lista, escondem-se centenas de outras operações secretas, golpes de Estado e patrocínio de ditadores e grupos terroristas. Segundo Obama, recipiente do Nobel da Paz, os EUA conduzem neste momente mais de 70 operações militares secretas em vários países do mundo.
O mesmo presidente criou o maior orçamento militar norte-americano desde a Segunda Guerra Mundial, superando de longe George W. Bush.
4. Os EUA são o único país da OCDE que não oferece qualquer tipo de subsídio de maternidade.
Embora estes números variem de acordo com o Estado e dependam dos contratos redigidos por cada empresa, é prática corrente que as mulheres norte-americanas não tenham direito a nenhum dia pago antes ou depois de dar à luz. Em muitos casos, não existe sequer a possibilidade de tirar baixa sem vencimento. Quase todos os países do mundo oferecem entre 12 e 50 semanas pagas em licença maternidade. Neste aspecto, os Estados Unidos fazem companhia à Papua Nova Guiné e à Suazilândia.
5. 125 norte-americanos morrem todos os dias por não poderem pagar qualquer tipo de plano de saúde.
Se não tiver seguro de saúde (como 50 milhões de norte-americanos não têm), então há boas razões para temes ainda mais a ambulância e os cuidados de saúde que o governo presta. Viagens de ambulância custam em média o equivalente a 1300 reais e a estadia num hospital público mais de 500 reais por noite. Para a maioria das operações cirúrgicas (que chegam à casa das dezenas de milhar), é bom que possa pagar um seguro de saúde privado. Caso contrário, a América é a terra das oportunidades e, como o nome indica, terá a oportunidade de se endividar e também a oportunidade de ficar em casa, torcendo para não morrer.
6. Os EUA foram fundados sobre o genocídio de 10 milhões de nativos. Só entre 1940 e 1980, 40% de todas as mulheres em reservas índias foram esterilizadas contra sua vontade pelo governo norte-americano.
Esqueçam a história do Dia de Ação de Graças com índios e colonos partilhando placidamente o mesmo peru em torno da mesma mesa. A História dos Estados Unidos começa no programa de erradicação dos índios. Tendo em conta as restrições atuais à imigração ilegal, ninguém diria que os fundadores deste país foram eles mesmos imigrantes ilegais, que vieram sem o consentimento dos que já viviam na América. Durante dois séculos, os índios foram perseguidos e assassinados, despojados de tudo e empurrados para minúsculas reservas de terras inférteis, em lixeiras nucleares e sobre solos contaminados. Em pleno século XX, os EUA iniciaram um plano de esterilização forçada de mulheres índias, pedindo-lhes para colocar uma cruz num formulário escrito em idioma que não compreendiam, ameaçando-as com o corte de subsídios caso não consentissem ou, simplesmente, recusando-lhes acesso a maternidades e hospitais. Mas que ninguém se espante, os EUA foram o primeiro país do mundo oficializar esterilizações forçadas como parte de um programa de eugenia, inicialmente contra pessoas portadoras de deficiência e, mais tarde, contra negros e índios.
7. Todos os imigrantes são obrigados a jurarem não ser comunistas para poder viver nos EUA.
Além de ter que jurar não ser um agente secreto nem um criminoso de guerra nazi, vão lhe perguntar se é, ou alguma vez foi membro do Partido Comunista, se tem simpatias anarquista ou se defende intelectualmente alguma organização considerada terrorista. Se responder que sim a qualquer destas perguntas, será automaticamente negado o direito de viver e trabalhar nos EUA por “prova de fraco carácter moral”.
8. O preço médio de uma licenciatura numa universidade pública é 80 mil dólares.
O ensino superior é uma autêntica mina de ouro para os banqueiros. Virtualmente, todos os estudantes têm dívidas astronômicas, que, acrescidas de juros, levarão, em média, 15 anos para pagar. Durante esse período, os alunos tornam-se servos dos bancos e das suas dívidas, sendo muitas vezes forçados a contrair novos empréstimos para pagar os antigos e assim sobreviver. O sistema de servidão completa-se com a liberdade dos bancos de vender e comprar as dívidas dos alunos a seu bel prazer, sem o consentimento ou sequer o conhecimento do devedor. Num dia, deve-se dinheiro a um banco com uma taxa de juros e, no dia seguinte, pode-se dever dinheiro a um banco diferente com nova e mais elevada taxa de juro. Entre 1999 e 2012, a dívida total dos estudantes norte-americanos cresceu à marca dos 1,5 trilhões de dólares, elevando-se assustadores 500%.
9. Os EUA são o país do mundo com mais armas: para cada dez norte-americanos, há nove armas de fogo.
Não é de se espantar que os EUA levem o primeiro lugar na lista dos países com a maior coleção de armas. O que surpreende é a comparação com outras partes do mundo: no restante do planeta, há uma arma para cada dez pessoas. Nos Estados Unidos, nove para cada dez. Nos EUA podemos encontrar 5% de todas as pessoas do mundo e 30% de todas as armas, algo em torno de 275 milhões. Esta estatística tende a se elevar, já que os norte-americanos compram mais de metade de todas as armas fabricadas no mundo.
10. Há mais norte-americanos que acreditam no Diabo do que os que acreditam em Darwin.
A maioria dos norte-americanos são céticos. Pelo menos no que toca à teoria da evolução, já que apenas 40% dos norte-americanos acreditam nela. Já a existência de Satanás e do inferno soa perfeitamente plausível a mais de 60% dos norte-americanos. Esta radicalidade religiosa explica as “conversas diárias” do ex-presidente Bush com Deus e mesmo os comentários do ex-pré-candidato republicano Rick Santorum, que acusou acadêmicos norte-americanos de serem controlados por Satã.