IMPACTOS NO BALANÇO DE PAGAMENTOS
O CÂMBIO TURISMO E A GUERRA CAMBIAL (Revisada em 20/02/2024)
SUMÁRIO:
Diante dessas reflexões sobre o que ocorreu no Balanço de Pagamentos brasileiro nos últimos quase doze anos [até 2005, quando foi extinto o Mercado de Câmbio de Taxas Flutuantes], agora podemos responder as questões formuladas pelo visitante do site do COSIFE, a saber:
Veja também:
Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE
O impacto será o mesmo de quando o país estiver exportando pouco e importando muito. Faltará dinheiro para saldar as dívidas.
Como foi mostrado, para honrar seus compromissos financeiros internacionais, todos os países precisam de divisas (reservas monetárias), que são as moedas estrangeiras em estoque em seu cofre, que em tese é o Banco Central. E essas reservas são conseguidas com saldos positivos (favoráveis ao país) na Balança Comercial, de Serviços e de Investimentos.
Assim sendo, se houver um grande número de turistas brasileiros saindo do Brasil, que levem mais moeda estrangeira do que estão trazendo os turistas estrangeiros, isto significa que esses nossos turistas vão levar para gastar parte das reservas monetárias do nosso país. Desse modo, o país terá saldo negativo (déficit) nesse item do Balanço de Pagamentos, o do Turismo Internacional.
Se o país não tiver reservas em moedas estrangeiras para entregar a esses turistas que saem, assim como, já tiver saldo negativo (déficit) entre exportações e importações e em outros itens, terá que pedir dinheiro emprestado no exterior ou captar mediante o lançamento de títulos governamentais, aqueles sobre os quais é calculado o tal Risco Brasil. Essa nova dívida também vai exigir o pagamento de juros, o que agravará o saldo negativo do Balanço de Pagamentos, já bastante afetado por juros de dívidas de governos anteriores.
É fato idêntico ao que acontece em nossas casas. No início do mês o trabalhador recebe seu salário e, se gastar mais do que recebeu, ficará devendo no cheque especial ou no cartão de crédito. E, nestes, os juros são extremamente altos, muito mais altos do que os pagos pelo governo brasileiro aos credores internos e externos.
2. Quais as vantagens para o país a manutenção de sua moeda desvalorizada em relação ao dólar ou euro?
Quando o Real ficou supervalorizado, durante o governo FHC, o Brasil perdia todas as suas reservas porque as importações eram automaticamente subsidiadas pelo governo. Aquela foi a época em que as ruas ficaram abarrotadas de carros importados, e as elites endinheiradas se encheram de bens, muitos deles supérfluos, vindos do exterior. Entre esses bens também estavam jatinhos, helicópteros, iates, cavalos de corrida, obras de arte, bebidas, comidas e muitos outros produtos estrangeiros. E até o povão entrou nessa, comprando nas lojas do R$ 1, 99 as quinquilharias fabricadas em alguns países asiáticos, que contribuem para o desemprego no Brasil.
Se nós exportarmos apenas matérias primas "in natura" (sem industrialização) e importarmos o que podemos fabricar aqui, estaremos criando empregos no exterior e desemprego no Brasil. Veja ainda o texto sobre A Crise do Desemprego - Estrutural e Conjuntural.
De outro lado a moeda brasileira supervalorizada incentivava a compra e remessa de moeda estrangeira para o exterior, pois com menos reais os especuladores podiam comprar mais dólares, que depois voltavam como empréstimo externo ou arrendamento mercantil, cobrando juros.
Da mesma forma, ficava mais barato viajar para Miami - USA do que viajar para Fortaleza - Ceará - Brasil.
Então a lógica é a seguinte: se fica mais barato viajar para o exterior que viajar para o nordeste brasileiro é porque o câmbio está valorizado e precisa ser desvalorizado.
Se é mais barato importar um automóvel volkswagem da Alemanha do que comprar idêntico de fabricação brasileira é porque o Real (a moeda brasileira) está supervalorizado em relação à moeda alemã, que agora é o Euro. Logo, a nossa moeda precisa ser desvalorizada para que o país não continue a perder divisas, moeda estrangeira em estoque.
3. Desvantagem da Manutenção do Dólar a Preço Baixo = Desemprego e Empobrecimento da População
Se o Brasil não desvalorizar o REAL, o excesso de importações em relação às exportações, além de causar desemprego, poderá causar dívida externa. A maior oferta de mão-de-obra, em razão do desemprego gerado pelo excesso de importações, resultará em redução dos salários de modo geral, indiretamente gerando o empobrecimento da população brasileira. Esse empobrecimento do povo geralmente faz crescer a criminalidade. Foi o que aconteceu durante o governo FHC.
Se a moeda brasileira for desvalorizada, ficará mais barato para os estrangeiros comprar aqui e assim aumentarão as exportações, o nível de emprego e provavelmente os salários dos trabalhadores brasileiros também serão aumentados. A maior procura pela mão-de-obra pelas empresas e pelo governo gera automaticamente a necessidade de pagamento de maiores salários para que possam conseguir os trabalhadores, principalmente os mais capazes.
Se a moeda brasileira for supervalorizada, sairá mais barato para os brasileiros comprar no exterior, conforme acontecia durante o Governo FHC. É o que está acontecendo nos Estados Unidos. O dólar supervalorizado tem incentivado a compra de produtos estrangeiros. Por isso eles estão enfrentando graves problemas com o Balanço de Pagamentos eternamente negativo. Os Estados não estão conseguindo exportar mais do que importar, porque o custo da mão-de-obra é muito alta em relação a tem têm as empresas norte-americanas que passaram a produzir na China, explorando a semi-escravidão permitida naquele país.
Quando se escreve semi-escravidão, a intenção é a de chamar a atenção do leitos para aquilo que os empresários querem do governo brasileiro, a Reforma Trabalhista, que na realidade significa a redução dos encargos trabalhistas e previdenciários, quando, então, os nossos trabalhadores ficarão, como os chineses, sem os direitos sociais que estão previstos na Constituição Federal brasileira e não estão nas leis chinesas.
Sobre o tema descrito neste último parágrafo, veja os textos: