Ano XXVI - 17 de dezembro de 2024

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COMPARAÇÃO ENTRE OS DIVERSOS TIPOS DE TRANSPORTES



CONTABILIDADE DE TRANSPORTES

A CONTABILIDADE DE CUSTOS NOS TRANSPORTES

São Paulo, 23/04/2010 (Revisado em 22/02/2024)

Comparação entre os Diversos Tipos de Transportes

Por Carlos José Pedrosa - formado em contabilidade, sendo um profissional autônomo oriundo da iniciativa privada. Com mais de 40 anos de atuação em banco, na indústria siderúrgica, metalúrgica, mecânica e de laticínios, no comércio, no setor jornalístico, em estatal de abastecimento e no setor público. Texto publicado em 23/04/2010 no site Administradores.com.br. Texto editado com a colocação de subtítulos por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.

INTRODUÇÃO

Se, em outros setores, nem todas as pessoas têm uma compreensão exata de como a contabilidade se insere no mundo dos negócios, no setor de transportes a história se repete; é lamentável, mas é verdade. Repetimos, [a Contabilidade de Custos] é uma necessidade imperiosa para quem exerce alguma atividade, seja comercial, industrial, bancária, de serviços, agrícola ou qualquer outra.

NOTA DO COSIFE:

Conforme pode ser verificado nos textos sobre Contabilidade de Custos, esta se aplica a todos os segmentos operacionais, inclusive na área da prestação de serviços e ainda na esfera das entidades sem fins lucrativos

 A partir de 2010 a Contabilidade Pública ou Governamental também vem se adotando novo sistema contábil idêntico ao utilizado nos empreendimentos privados, baseado nas NBC - Normas Brasileiras de Contabilidade baixadas pelo CFC - Conselho Federal de Contabilidade.

A CONTABILIDADE NOS TRANSPORTES

Também aqui, contabilidade não é luxo nem é burocracia: é uma necessidade para qualquer empreendimento. A contabilidade é um imperativo para bem controlar as atividades e os resultados, seja uma grande transportadora, uma pequena frota, ou até mesmo uma empresa de navegação. Onde quer que alguém explore alguma atividade produtiva, a contabilidade será uma ferramenta da maior importância para colocar em destaque como as operações estão se desenvolvendo, qual o custo dos serviços prestados e qual o resultado.

NOTA DO COSIFE:

Em diversos segmentos operacionais e principalmente nas Sociedades de Capital Aberto (Companhias Abertas) a contabilidade precisa ser muito mais pormenorizada que nas micros, pequenas e médias empresas. Mas, isto não significa dizer que estes tipos de empresas de menor porte possam sobreviver sem a contabilidade.

Aliás, a escrituração contábil tem até Incentivo Fiscais. Parece mentira, mas a contabilização dentro dos padrões mínimos exigidos pela legislação tributária pode ser encarada com um indireto incentivo fiscais no momento da distribuição de resultados das empresas a seus sócios. Veja as explicações no texto Incentivos Fiscais à Contabilização.

Justamente em razão de muitos desses empresários de menor porte não darem a devida importância aos seus controles contábeis, financeiros, administrativos e operacionais acontece o fechamento desses tipos de empresas em pequeno espaço de tempo.

O pior é que na falta de uma perfeita contabilidade o empresário fica sem qualquer noção sobre eventuais prejuízos que venha sofrendo até que um dia percebe que está totalmente endividado e sem condições de pagar (liquidar) essas dívidas aos seus credores públicos e privados.

Então, a comum alegação do empresariado aventureiro, megalomaníaco ou descontrolado é a de que os tributos são muito elevados.

Porém, essa alegação de que a elevada carga tributária prejudica o empresariado é uma verdade que não afeta o patrão porque todos os tributos incidentes sobre a cadeia produtiva são repassados aos consumidores (95% destes são empregados, aposentados, pensionistas ou autônomos).

Isto significa dizer que os verdadeiros prejudicados são os consumidores porque todos os custos empresariais sempre estão embutidos nos preços dos produtos ou das mercadorias colocadas á venda.

O mesmo acontece com os serviços, como os dos transportes, sejam eles de cargas ou de passageiros

O TRANSPORTE DE CARGAS

Imaginemos uma transportadora de carga, com agências (ou filiais) operando em várias cidades de um ou de vários Estados. Assim como em outros casos, [também] poderá ter suas atividades setorizadas (ou departamentalizadas).

NOTA DO COSIFE:

Nesse ponto torna-se novamente importante destacar que sem uma perfeita contabilidade de custos será praticamente impossível bem administrar toda essa citada departamentalização, conforme está explicado em Centros de Custeamento, que são criados dentro da própria empresa.

Por meio desses Centros de Custeamento é possível não somente apuração dos custos da matriz e das filiais como também das eventuais empresas coligadas e controladas.

Por sua vez, mediante a um perfeito controle de estoques é possível controlar os custos dos insumos vindos dos demais fornecedoras, destacando-se ainda os custos financeiros impingidos pelo sistema bancário fornecedor de capital de giro ou movimento.

Mas, essa cadeia de custeamento não para por aí. Dependendo do tamanho da empresa, ainda podem existir os custos de se ter representantes comerciais espalhados por territórios continentais como o do Brasil.

Na endereçada página sobre os Centros de Custeamento está o link para o fluxograma ou esquema estrutural básico de um hipotético Centro de Custeamento que pode ser utilizado como exemplo para apuração dos Custos Fixos com o Imobilizado de Uso (Bens de Produção).

COMPREENDENDO ATIVIDADE-MEIO E ATIVIDADE-FIM

Como exemplo de atividade-meio pode ser citado um departamento de manutenção, com oficinas especializadas, que farão todos os consertos necessários à frota, se esses serviços não forem terceirizados.

Como atividade-fim, teremos as agências que farão à captação de cargas, irão gerar a receita de fretes, e o departamento de transportes, que levará as cargas da origem ao destino.

É compreensível que todos esses setores gerem custos, que, de alguma forma, deverão ser rateados pelos serviços prestados. Por exemplo, a oficina presta serviços efetuando o reparo de um caminhão.

NOTA DO COSIFE:

O interessante é que a contabilidade de custos, além de fornecer os custos efetivos diretamente ligados à produção e aos serviços, no caso em questão também pode fornecer pormenorizadamente todos os gastos incorridos e todas as receitas obtidas por veículo utilizado na rede de distribuição de produtos ou mercadorias.

Também pode influenciar na formação do preço ao consumidor as rotas utilizadas em transportes de  longa distância. Este seria o casos das empresas que operam com transportes de passageiros (terrestres por rodovias ou ferrovias, marítimos ou aéreos) intermunicipais, interestaduais e internacionais.

As empresas transportadoras de cargas de longa distância, assim como seus contratantes, devem estudar profundamente qual seria o montante a ser acrescido ao preço pago pelo consumidor final (destinatário).

O CUSTO DOS SERVIÇOS

O custo do serviço entrará na carga do departamento de transportes, sendo incluído no rateio para apuração do custo da tonelada/quilômetro transportada.

CUSTOS OPERACIONAIS - CUSTO DAS AGÊNCIAS OU FILIAIS

Há a considerar, também, o custo das agências (ou filiais), que entrarão nos custos operacionais: é um custo necessário para haver a geração de receitas.

A administração da empresa poderá optar por apurar custos e receitas de cada agência – com o que terá uma visão das mais e menos lucrativas – ou poderá centralizar essa apuração.

Para uma pequena transportadora, poderá não ser atrativo incorrer nos custos necessários à manutenção de uma contabilidade tão analítica. Entretanto, para uma grande transportadora, operando em vários estados com centenas de carretas e cavalos mecânicos, tal detalhamento será condição primordial para uma boa administração.

Vamos supor que, ao invés de uma transportadora de cargas, tenhamos uma ferrovia, atravessando desde São Paulo até a fronteira com o Uruguai.

Imaginemos, ao invés das centenas de carretas e cavalos mecânicos, milhares de vagões ferroviários e centenas de locomotivas e veículos auxiliares, como as vagonetes.

Não mais algumas agências, porém dezenas de estações pontilhando a via férrea em toda sua extensão.

Vejam o volume da via permanente e do material rodante, vislumbremos de relance a importância das instalações de manutenção, não apenas do material rodante, mas também da via férrea.

CUSTOS DE MANUTENÇÃO

Vejamos, a grosso modo, o volume dos insumos necessários à operação e manutenção dessa ferrovia.

Porém, ao invés de uma ferrovia, bem que poderia ser uma empresa de aviação comercial, com dezenas de grandes jatos, operando em todo o território nacional – talvez também no exterior.

Estas considerações servem para oferecer uma rápida visão do que deverá ser a contabilidade.

ASPECTOS ADMINISTRATIVOS

Administrar empresa de tal porte, sem informações detalhadas de custos, despesas e receitas, com suas origens, e, sem exercer controle adequado, será suicídio coletivo.

Mudemos, entretanto, o foco dos nossos exemplos.

EMPRESA DE NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM

NOTA DO COSIFE:

Quando é mencionada a navegação de cabotagem que é definida como aquela realizada entre portos marítimos, fluviais ou lacustres de um mesmo país, torna-se necessário explicar que esse tipo de transporte aquático seria importantíssimo, levando-se em conta que o Brasil possui mais 8 mil quilômetros, de vias marítimas, desde o Cabo do Oiapoque no Amapá até o Arroio do Chuí no Rio Grande do Sul. Além disso, o Brasil ainda possui milhares de quilômetros de vias fluviais navegáveis principalmente na Bacia Amazônica.

E essas citadas vias foram importantíssimas para os colonizadores do Brasil, assim como para locomoção da família real portuguesa depois da invasão de Portugal pelas tropas imperialistas francesas comandadas por Napoleão Bonaparte.

Diante dessa grande necessidade de locomoção, a melhor foram existente naquela época era a manutenção de um perfeito sistema de transporte aquático que integrasse todo o litoral e o interior brasileiro, principalmente depois da abertura dos nosso portos às nações amigas.

Então, durante o nosso regime imperial (desde a chegada da família real até a proclamação da república) foram constituídas no Brasil diversas empresas de navegação litorânea e fluvial, porque as grandes distâncias e a falta de outros meios de comunicação praticamente impediam a instalação de empresas que cobrissem todo o território nacional.

Diante da importância desse tipo de navegação (de cabotagem), depois da Proclamação da República em 19/02/1894 foi criada a empresa estatal (paraestatal) denominada Lloyd Brasileiro que foi extinta em 1997 durante o Governo FHC.

O pior é que depois da extinção dessa empresa de cabotagem, em razão da proposital má administração em favor das rodovias, assim como também aconteceu com os nossos 38 mil quilômetros de ferrovias, se nos dias de hoje as empresas quiserem remeter quaisquer mercadorias ou produtos por via aquática, deverão contratar empresas estrangeiras (ou internacionais) pagando o frete mediante a obtenção de divisas ou reservas monetárias (moedas estrangeiras), assim utilizando-se do dinheiro obtido com nossas exportações. Dessa forma, poderíamos afirmar que isto funciona como uma espécie de desfalque no Tesouro Nacional ou uma espécie de neocolonialismo privado que também é praticado no Brasil mediante a lavagem dinheiro aqui obtido na ilegalidade.

Veja explicações complementares em Contabilidade Nacional  - Balanço de Pagamentos.

De outro lado, dos nossos 38 mil km de ferrovias, depois das privatizações ocorridas na década de 1990, restaram pouco mais de 3 mil km em operação.

Então, diante desses fatos, surgiu a greve dos transportadores rodoviários durante o Governo Temer que na prática nos aniquilou. E nada foi ou será feito para reativação do nosso transporte de cabotagem e do ferroviário.

Então, relativamente ao transporte de cabotagem o autor do texto em questão escreveu.

Vejamos o caso de uma empresa de navegação, operando alguns navios podendo ser em navegação de cabotagem ou de longo curso. Cada navio, apenas para se manter flutuando, já consome custos que são variados – combustíveis, lubrificantes, pessoal, alimentação, etc.

Imagine-se, então, o custo de cada viagem, seja de Porto Alegre a Belém ou do Rio a Tóquio.

Imagine se o custo incorrido quando um navio vai para manutenção, geralmente contratada em estaleiro particular, e a receita que deixa de ser produzida.

Lembremos que em cada navio, quando em viagem, há um administrador, representante do armador. Esse administrador, entre outras atribuições, é o responsável pelas despesas incorridas durante a viagem, para o que recebe certo volume em numerário.

Cada um desses navios, por si só, já equivale a uma empresa, tal a complexidade da sua operação.

Considerando os vários navios da frota de uma empresa, teremos uma ideia da dimensão dessa complexidade.

Como é de se esperar, a contabilidade deve acompanhar essa complexidade, sem o que a adequação do controle ficará prejudicada.

A abordagem dos tópicos anteriores destaca a necessidade de manter um controle adequado a cada situação.

Veja também Cruzeiros Marítimos - Turismo Embarcado - Contabilidade de Transportes de Passageiros Marírimos

OS DIVERSOS TIPOS DE TRANSPORTES

Não se pode tratar uma pequena frota de táxis como se fosse uma transportadora de cargas, ou uma transportadora como se fosse uma ferrovia ou uma empresa de navegação.

Há que se atentar para as particularidades de cada empresa, assim como para a extensão das suas operações.

O confronto dos custos com a receita obtida indicará a viabilidade ou não de se manter determinadas linhas. Também aqui a decomposição dos custos em todos os seus elementos fornecerá instrumentos para uma análise profunda: se esses custos são ou não imprescindíveis à operação.

De igual modo, a renovação da frota é imprescindível, quer seja uma transportadora ou uma empresa de navegação.

CONCLUSÃO

A contabilidade, se estruturada adequadamente, fornecerá importantes subsídios para se evitar o naufrágio, como o que ocorreu em uma tradicional empresa de navegação de longo curso [Lloyd Brasileiro] que o Brasil foi perdendo gradativamente pela incompetência dos seus administradores e dos governantes.

Mas o sinal vermelho [instituído pelo cartelizado sistema de transporte rodoviário brasileiro] estava aceso há muito tempo! Só Carolina não viu!







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