A LIÇÃO DEMOCRÁTICA DA ISLÂNDIA
A FALÊNCIA DOS BANQUEIROS IMPOSTA PELO POVO
São Paulo 17/05/2012 (Revisado em 20-02-2024)
Referências: Subprime, Bolha Inflacionária, Capitalismo Neoliberal Anarquista verssus Socialismo Democrático, IDH - Índice de Desenvolvimento Humano, Falência do Sistema Financeiro Privado na Islândia, Importações maiores que as Exportações, Déficit no Balanço de Pagamentos, Especulação Financeira e Imobiliária, Mercado de Balcão de Bancos e Pregão das Bolsas de Valores e de Mercadorias e Futuros - Cassino Global.
ISLÂNDIA: EXPERIÊNCIA MOSTRA QUE É MELHOR DEIXAR BANCOS QUEBRAREM
Publicado por Economia-Terra em 06/11/2011, com subtítulos, comentários e anotações por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE
1. EXTREMISTA, O GOVERNO ISLANDÊS DEIXOU OS BANCOS QUEBRAREM
Três anos depois do colapso dos bancos islandeses, a economia da ilha se recupera e se ergue como prova de que os governos, em vez de resgatar estas entidades, deveriam deixá-las quebrar e proteger os contribuintes, apontam analistas. Em outubro de 2008, os três grandes bancos islandeses foram varridos por sua exposição à crise das hipotecas "subprime", que dias antes fez sua maior vítima com o banco americano de investimentos Lehman Brothers.
NOTA DO COSIFE:
O termo "Subprime" é utilizado para identificar os empréstimos fornecidos sem as devidas garantias de total recebimento das dívidas.
Nos Estados Unidos os empréstimos imobiliários são feitos mediante a hipoteca dos bens imóveis adquiridos pela população. Devido a grandiosa e insana especulação imobiliária nos STATES, os imóveis foram financiados por preços altíssimos, muitas vezes superiores aos preços de custo de suas respectivas construções.
Assim, depois da inadimplência dos devedores que perderam seus empregos em razão da crise especulativa, de nada adiantava a recuperação dos imóveis pelos bancos credores porque somente conseguiriam revendê-los por preços bem inferiores aos dos empréstimos concedidos. Logo, o prejuízo e consequente falência em razão da "bolha inflacionária" foi líquida e certa.
O termo "Bolha Inflacionária" ficou famoso em 1929 quando aconteceu o Crash da Bolsa de Nova Iorque. De repente as ações adquiridas por preços altíssimos deixaram de ter valor de negociação.
Assim aconteceu porque algum especulador ou grupo de especuladores resolveu vender de grande quantidade de ações para realização de lucros. Dessa forma, como a venda pressionou os preços para baixo, a maior parte dos investidores (aqueles que compraram os títulos por alto preço) ficaram com os prejuízos. Ou seja, os incautos investidores compraram por US$ 100,00 e depois não os conseguiram vender suas ações por US$ 0,01. Isto é, as ações viram pó, tornaram-se voláteis, evaporaram, ficaram sem valor comercial.
O mesmo aconteceu com as hipotecas depois do "estouro" da "bolha inflacionária" no mercado imobiliário norte-americano.
Como não mais havia quem quisesse comprar os imóveis por tão elevado preço, o títulos hipotecários perderam valor, proporcionando altos prejuízos a quem neles investiu sua poupança.
Sobre as fraudes contábeis e financeiras do LEHMAN BROTHERS, veja o texto intitulado A Manipulação de Resultados nas Demonstrações Contábeis.
2. PROVIDÊNCIAS TOMADAS PELO GOVERNO SOCIALISTA ISLANDÊS
O governo de Reikiavik deixou que eles quebrassem e pediu um crédito de US$ 2,25 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Após três anos de duras medidas de austeridade, a economia da ilha, povoada por pouco mais de 300 mil habitantes, mostra sinais de recuperação. E isso em meio a uma crise econômica que colocou a Grécia à beira da quebra e gerou planos de ajuste muito impopulares em Portugal, Irlanda, Itália e Espanha, para reduzir um endividamento público inflado em parte pelo resgate do setor bancário.
3. UM EXEMPLO A SER SEGUIDO PELO MUNDO AFORA
"A lição que nasce da maneira pela qual a Islândia lidou com sua crise é que, na medida do possível, é importante proteger os contribuintes e as finanças públicas do custo de uma crise financeira", resume à AFP Jon Bjarki Bentsson, analista do banco Islandsbanki. "Nossa forma de enfrentar a crise não foi uma escolha, mas se deveu à incapacidade do governo de apoiar em 2008 bancos muito grandes em comparação com a economia. No entanto, isto foi relativamente bom para nós", acrescentou.
O setor financeiro islandês valia antes de sua quebra 11 vezes mais que o Produto Interno Bruto (PIB) da ilha. O economista americano e prêmio Nobel Paul Krugman concorda com as declarações de Bentsson. "Enquanto os demais resgataram os banqueiros e fizeram o povo pagar o preço, a Islândia deixou que os bancos quebrassem e expandiu sua rede de proteção social", escreveu recentemente Krugman em um artigo no The New York Times. "Enquanto os demais ficaram obcecados em tentar aplacar os investidores internacionais, a Islândia impôs controles temporários aos movimentos de capital, para abrir um espaço de manobra", acrescentou.
NOTA DO COSIFE:
Veja os comentários sobre o escrito por Paul Krugman de autoria de Idalvo Toscano, economista e ex-dirigente sindical que presta assessoria ao SINAL - Sindicato dos Funcionários do Banco Central do Brasil no texto intitulado Verdades Sobre a Crise Mundial Provocada Pelos Neoliberais.
Durante uma visita a Reikiavik na semana passada, Krugman destacou que a Islândia deve sua recuperação a sua moeda nacional, a coroa, e advertiu contra a ideia de que a adoção do euro protege dos desequilíbrios econômicos. "A recuperação econômica da Islândia demonstra as vantagens de estar fora do euro", disse Krugman, acrescentando que isto deveria servir de advertência à Espanha.
NOTA DO COSIFE:
A bem da verdade é importante destacar que Paul Krupman é ferrenhamente contrário à manutenção do Euro como moeda europeia. Afinal, a Europa resolveu ter a sua própria moeda exatamente com a finalidade de combater a hegemonia do dólar norte-americano e em parte conseguiu. Porém, daqui para frente as moedas fortes serão as dos países que tenham o que exportar.
Isto significa dizer que terão moedas fortes os países de tenham grande quantidade de minérios exportáveis para os chamados de desenvolvidos. Entre esses poucos países estão os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e ainda Austrália, Chile, Peru e alguns países do cone sul africano (Congo, Angola, Moçambique, Botsuana, Namíbia).
Também terão moedas fortes os países exportadores de produtos agropecuários, desde que suas exportações totais sejam maiores que as importações,
4. O PROBLEMA ENFRENTADO NA EUROPA
No entanto, o exemplo islandês não pode ser comparado com a situação de países como Grécia ou Itália. "A grande diferença entre Grécia, Itália e demais e a Islândia em 2008 é que esta última sofreu uma crise bancária causada pelo colapso de um setor hiperatrofiado, enquanto os anteriores têm uma crise de dívida soberana que se estendeu ao setor bancário europeu", explica Bentsson.
5. O IMPORTANTE FOI DEIXAR OS BANCOS QUEBRAREM
O ex-primeiro-ministro islandês, Geir Haarde, no poder durante a crise financeira de 2008 e atualmente processado por sua condução da crise, insistiu que o governo tomou a decisão correta deixando os bancos quebrarem e os credores assumirem as perdas. "Salvamos o país da bancarrota", disse Haarde, 68 anos, à AFP em uma entrevista em julho. "É evidente se for comparada nossa situação atual com a da Irlanda, para não falar na Grécia", disse, acrescentando que estes dois países da UE "cometeram erros que nós não cometemos". "Nós não garantimos as dívidas externas do sistema bancário", acrescenta.
6. A ECONOMIA ISLANDESA DEPOIS DA EXTINÇÃO DOS BANCOS PRIVADOS
Assim como Irlanda e Letônia, também resgatados com ajuda internacional e em recuperação atualmente, a Islândia empreendeu duras medidas de austeridade. A fórmula islandesa parece estar dando certo. Tanto que seu banco central aumentou na quarta-feira sua taxa básica de juros em 0,25%, a 4,75%, seguindo uma tendência oposta à da maioria dos países desenvolvidos, que reduziram suas taxas para favorecer o crescimento e evitar uma nova recessão. Segundo o banco central islandês, o crescimento econômico na primeira metade de 2011 foi de 2,5% do PIB, e espera-se que no conjunto do ano chegue a mais de 3%.