Ano XXV - 24 de abril de 2024

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A CPI DA NOIVA BÚLGARA


A CPI DA NOIVA BÚLGARA

CPI DO BANESTADO - mostrou a água podre, o lodo estilizado, das elites do Brasil

São Paulo, junho de 2003 (Revisado em 16-03-2024)

Paraísos Fiscais, Lavagem de Dinheiro, Blindagem Fiscal e Patrimonial -  Ocultação de Bens Valores e Direitos, Planejamento Tributário, Sonegação Fiscal, Desfalque no Tesouro Nacional, Evasão de Divisas, Fraudes Cambiais.

Por Claudio Julio Tognolli - Jornalista. Publicado em 27/06/2003 pela Revista CAROS AMIGOS - Edição 110. Edição do texto original com a colocação de anotações por Américo G Parada Fo - Contador - Coordenador do COSIFE.

Começou nesta quarta [anterior à 27/06/2003] a CPI do Banestado, que vai mostrar a água podre, o lodo estilizado, das elites do Brasil que apoiam o Fome Zero, choram as pitangas, condoem-se dos esmoleres, e até de lágrimas de crocodilo inundam os seus olhos quando da observância, ao sofá, dos dramas desfilados nas telenovelas - mas, com raras exceções, a maioria destes comovidos tem um pezinho no off-broadway [na segunda classe] de bancos novaiorquinos especializados na ablução monetária [denominação douta dada pela nossa elite literária e pelos causídicos à Lavagem de Dinheiro].

Em apenas dois anos de amostragem, o Ministério Público Federal e a PF encontraram 152 mil nomes de brazucas responsáveis pela lavagem de US$ 30 bilhões. Quem viu a lista dos lavadores, como este repórter e outros tantos, não pensou outra coisa: nosso Brasil é apenas, em essência, uma sucursal, um plágio transoceânico, do Brasil que não passa fome e até arrota caviar Beluga, com accidie, nas capitais do Primeiro Mundo.

Estamos na hora dos boquirrotos [os pouco importantes que não guardam segredos], enfim. Mas quem serão os manda-chuvas?

Tudo indicaria, avant la lettre [antes de terminada a apuração dos fatos] e de acordo com a imprensa, que seriam os caciques do PFL e do PSDB (até nome de artista famoso de TV consta da lista).

Mas, nos bastidores da CPI e já na terça-feira [anterior à 27/06/2003], o estado de bem-aventurança política brazuca, vulgo toma-lá, dá-cá, começou.

Tucanos esgrimem contra o PFL [depois DEM] o nome do presidente liberal, senador Jorge Bornhausen. E os liberais, assimilando o golpe, devolvem com listas sobre a lista de lavagem já conhecida judicialmente como "Lista Tucano". Acresce que, pelo andar da carruagem, estamos numa singular sinuca de bico.

Vejamos a tecnicidade da coisa toda: segundo o magistrado Fernando Moreira Gonçalves, da Associação dos Juízes Federais, mais de 70% dos pedidos de investigação no Exterior, feitos por autoridades brasileiras (as famosas cartas rogatórias) são negados pelos gringos [para preservação do sigilo bancário e fiscal dos bandidos, tal como foi feito no Brasil por ocasião da sanção da Lei 9.034/1995, apelidada pelos seus críticos de Lei de Proteção às Organizações Criminosas, que foi revogada no Governo Dilma, com a introdução de novas regras pela Lei 12.850/2013].

A confirmação do que tem saído na imprensa depende, portanto, da boa vontade do pessoal do lado de lá. O que certamente não vai acontecer - o PFL já articula suas pecinhas com policiais do FBI republicano.

O procurador Luiz Francisco Fernandes de Souza estima que a CPI, para chegar a termo, deva levar de seis meses a um ano. E já denuncia que há articulações para esvaziá-la tecnicamente. Ou seja: evitar que a papelada gringa, a das confirmações, bata por aqui. Estamos, ao abrir essa CPI, como nubentes de uma noiva búlgara: aquela que ninguém sabe como é.

Mas uma coisa é certa: mais uma vez, os boquirrotos seremos nós, pagadores de impostos. O que não deixa de ser, aliás, um belíssimo teste para o petismo e para os petistas no poder: como falar em dignidade depois que tudo acabar em churrasco? (e vai acabar).

Teremos, sim, um gran finale tão perversamente previsto em Bouvard e Pecuchet, de Flaubert, ou nas explicações de um Eichmann em Jerusalém: tudo não passou de "problemas de ordem técnica".

Em suma, o lodo vai frequentar as manchetes por três semanas. E será, graciosamente, varrido para debaixo dos tapetes áulicos [de um soberano detentor do poderio político e econômico = corruptor]. Bastará que um novo escândalo, plantado em alguma mídia, desvie o foco do populacho: batatinha!

Conforme o previsto pelo autor do texto em questão: Tudo terminou em Pizza, ou melhor, terminou em churrasco.

Veja o texto intitulado, Casos de Épocas Deferentes Envolvendo as Pessoas de Sempre







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