GLOBALIZAÇÃO: GLOBALISMO, APOGEU E QUEDA
A INCONSEQUÊNCIA DA TEORIA NEOLIBERAL ANARQUISTA
EDITORIAL - FOLHA DE SÃO PAULO, Segunda-feira, 08 de Novembro de 1999 (Revisada em 16/03/2024)
"Já se acumularam evidências convincentes de que houve uma euforia despropositada com a vitória liberal"
Comentários e negritos por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE
Nada garante que dez anos sejam suficientes para avaliar, em todas as suas extensões, os efeitos do fim da Guerra Fria. Em 2018 novamente ela se faz por intermédio da Síria. Desde a queda do Muro de Berlim, do ponto de vista econômico, a mudança em escala global se acelerou a tal ponto que a experiência desses dez anos passados [de 1989 a 1999] ao menos obriga a uma séria reavaliação de perspectivas. Em primeiro lugar, já se acumularam evidências convincentes de que houve uma euforia despropositada com a vitória liberal.
De um lado, acreditou-se ingenuamente que a liberação das forças de mercado teria virtudes que por si mesmas garantiriam uma nova fase de prosperidade ao sistema econômico mundial. De outro, apostou-se de modo irresponsável, em muitos dos ex-países socialistas, em especial na Rússia, numa transição acelerada a uma economia capitalista.
Hoje [em 1999] ganha mais força avaliação mais contida das virtudes da liberalização de mercado, que assumiu tons mais intensos no sistema financeiro, mas que empolgou a maioria dos países pobres, que adotaram políticas de liberalização acelerada. As crises financeiras e de crescimento na Ásia e na América Latina, nos anos 90, mostraram que os governos menosprezaram os custos sociais [permitindo o aumento do empobrecimento e da criminalidade] e as dificuldades institucionais decorrentes de uma liberalização precipitada.
NOTA DO COSIFE:
É fácil perceber que essa liberalização resultou no aumento das favelas que se transformaram em guetos impenetráveis pelas forças policiais. Considerando-se que assim aconteceu nos países periféricos, os empobrecidos desses países invadiram os Estados Unidos, a Europa e o Japão a procura de trabalho em regime de semiescravidão - sem direitos sociais - trabalhistas e previdenciários.
O mesmo aconteceu durante o Governo Temer. Mas, para garantir a cidadania de seus filhos em países hegemônicos, nossos elitistas passaram a ter seus filhos nos territórios daqueles países.
Diante do total desgoverno dos fraudulentos negócios empresariais (no sentido de iludir incautos investidores), praticados por meio da manipulação ou falsificação de demonstrações contábeis, crimes estes já penalizados pela legislação brasileira (Decreto-Lei 1.598/1977, Lei 7.913/1989 e Lei 8.137/1990), em 2002 o parlamento norte-americano aprovou o SOX - Sarbanes-Oxley Act para combate às pilantragens livremente praticadas pelos neoliberais anarquistas.
Mas, todo esse esforço pouco adiantou em razão do descrito no texto intitulado SOX Mantém Brechas para Fraudes Menores publicado em 09/12/2010, com base em outros publicados em 2007, portanto, antes da Crise de 2008.
Sobre os países do Leste Europeu, em destaque a Rússia, as lições foram duramente aprendidas na prática, na medida em que as máfias passavam a controlar os sistemas econômicos tão rápida e profundamente quanto se desmontava o Estado remanescente do regime socialista.
NOTA DO COSIFE:
O neoliberalismo excludente dos menos favorecidos nos mostrou a existência de pelo menos 70 famílias russas que mantinham dinheiro internacionalizado em Chipre (paraíso fiscal). Essas famílias transformaram-se em detentoras de quase tudo que na Rússia existia e foi privatizado.
Algo parecido aconteceu na Alemanha Oriental depois da queda do mundo de Berlim. Os capitalistas da Alemanha Ocidental ficaram com praticamente todas as empresas privatizadas na Alemanha Oriental. Os trabalhadores orientais, considerados como escravos do comunismo, nitidamente passaram à condição de escravos do capitalismo ocidental.
A crença nas virtudes progressistas e unificadoras da liberalização dos mercados ganhou um nome, que para alguns chegou até mesmo a ter força de doutrina: globalização. Houve um grande beneficiado: os EUA.
Dez anos depois da queda do muro, esse globalismo ingênuo já teve seu apogeu e sua queda. Resta ainda o desafio de construir um sistema global mais justo que, sem a polaridade da Guerra Fria, abra espaço para modelos alternativos de desenvolvimento econômico e organização social.
NOTA DO COSIFE:
Mas, não foi o que aconteceu. Pelo contrário, aconteceu mais uma Crise a de 2008, mais uma vez provocada pelos Estados Unidos em razão da existência de sua extremista e anárquica política econômica neoliberal iniciada no Governo Ronald Reagan. Os trabalhadores norte-americanos foram vítimas do sonho da casa própria, que foi destruído pela insana especulação imobiliária.
Como os trabalhadores não mais puderam pagar as prestações, o privado sistema financeiro da habitação norte-americano quebrou e assim quebram os financiadores privados de tal sistema.
Mais de 20 anos antes de 2008, o mesmo aconteceu no Brasil. Praticamente todas as companhias de crédito imobiliário e hipotecário faliram, inclusive o BNH - Banco Nacional da Habitação, extinto em 1986. O BNH administrava o FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Então, o SFH - Sistema Financeiro da Habitação foi definitivamente estatizado e assumido pela Caixa Econômica Federal.
Veja o texto O Fracasso da Globalização Neoliberal - Depois da Globalização os Países Ricos Ficaram Pobres, publicado em 10/09/2010.
CONCLUSÃO
Embora muito bem analisada pelo Editorial do Jornal Folha de São Paulo, em 1999, a QUEDA do regime anarquista neoliberal, denominado como Globalização, tornou-se extremamente visível a partir da Crise Mundial de 2008, provocada pela bancarrota dos Estados Unidos da América.
Diante da citada Crise de 2008, os Estados Unidos e os países europeus foram os principais prejudicados pela globalização no cenário econômico mundial, em razão da proliferação dos Paraísos Fiscais e da internacionalização do capital nacional de todos os países desenvolvidos (ou não) através dessas Ilhas do Inconfessável.
Assim surgiram os magnatas que controlam o Shadow Banking System, um verdadeiro Sistema Bancário Fantasma que opera livremente fora de qualquer controle das inócuas regras impostas pelo Comitê de Supervisão Bancária da Basileia.
Esses paraísos fiscais passaram a sediar as empresas chamadas de multinacionais ou transnacionais, agora exploradoras do neocolonialismo privado mediante a formação de grandes cartéis exploradores de marcas e patentes.
Disto tudo aproveitaram-se os demais candidatos ao ingresso na casta dos magnatas sonegadores de tributos, que passaram a praticar, com o auxilio de importantes consultores em Planejamento Tributário, a blindagem fiscal e patrimonial de seus bens, direitos e valores que tanto têm prejudicado os sistemas tributários de todas as Nações.