OS ZUMBIS DA AUSTERIDADE NA EUROPA
OS PAÍSES DESENVOLVIDOS CONTINUAM CADA VEZ MAIS FALIDOS
São Paulo, 28/09/2014 (Revisado em 16-03-2024)
Referências: Crise Mundial de 2008 e Crise Europeia de 2011, Bancarrota - Falência Econômica dos Países Desenvolvidos, Fracasso Teoria Neoliberal da Autorregulação dos Mercados e do Banco Central Independente.
OS PAÍSES DESENVOLVIDOS CONTINUAM CADA VEZ MAIS FALIDOS
SUMÁRIO:
Veja também:
Coletânea por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE
1. OS ZUMBIS DA AUSTERIDADE NA EUROPA
Texto em inglês por Joseph Stiglitz, laureado com o Prêmio Nobel de Economia em 2001. Publicado em 26/09/2014 por Project Syndicate. Dica extraída do Conversa Afiada. Traduzido e Publicado em letras pretas por Viomundo em 27/09/2014. Com edição do texto original, mediante a colocação de complementações [entre colchetes] por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.
Manchete: Stiglitz detona a teoria econômica que a direita brasileira quer importar
ZUMBI (Dicionário Aurélio) - Fantasma que, segundo a crença popular afro-brasileira, vaga pela noite, morta; Alma do Outro Mundo, Alma Penada (Espectro de morto que o povo crê errar pela Terra); Pessoa sem rumo; Alma Perdida).
Nova York — “Se os fatos não se encaixarem na teoria, mude a teoria”, diz o velho adágio. Mas muito comumente é mais fácil manter a teoria e mudar os fatos — assim parecem acreditar a chanceler alemã Angela Merkel e outros líderes europeus pró-austeridade. Embora os [desastrosos] fatos continuem a encará-los frente a frente, eles continuam a negar a realidade.
NOTA DO COSIFE:
A perspectiva para o Brasil é duplamente negra, porque os países desenvolvidos são os principais importadores do produzido por aqui. Mas, se o Brasil adotar a política econômica recessiva por eles adotada, por aqui tudo será muito pior.
Temos condição de produzir apenas para o mercado interno, ainda ávido por melhor IDH - Índice de Desenvolvimento Humano. Não precisamos de dinheiro estrangeiro, precisamos de pessoas, inclusive empresários, que queriam trabalhar honestamente, assim contribuindo para o nosso desenvolvimento interno.
De nada adianta os ricos terem muito dinheiro armazenado em bens supérfluos e não terem para quem vender ou onde investir. Com a recessão até os ricos um dia ficarão pobres.
À bem da verdade, a austeridade fracassou nos países desenvolvidos porque os ricos não querem deixar de esbanjar. Enquanto isso ocorre, falta de tudo para os pobres. Miséria à vista, seguida de criminalidade, tal como aconteceu no Brasil nas décadas perdidas de 1980 e 1990.
Mas [os] defensores [dessa política econômica suicida] estão dispostos a se dizer vitoriosos com base na mais fraca das evidências: a economia não está mais despencando, por isso a austeridade está funcionando. Mas se for esta a referência, poderíamos dizer que saltar de um precipício é a melhor maneira de descer uma montanha; afinal, a queda acabou.
[Mas, também acabou a vida, as esperanças, os sonhos de prosperidade].
Toda queda de fato chega ao fim. O sucesso não deveria ser medido pelo fato de que a recuperação eventualmente acontece, mas por quão rapidamente e pela extensão dos danos causados pela recessão.
NOTA DO COSIFE:
O fracasso da política neoliberal adotada pelos países desenvolvidos aconteceu porque seus governantes, a partir da década de 1970, abandonaram todas as formas de controle das políticas econômica, monetária e fiscal.
Assim, as principais empresas daqueles países transferiram suas sedes para paraísos fiscais cartoriais (que registram empresas "offshore").
Essas empresas fantasmas, passaram a ser as colonizadoras dos seus antigos países de origem, que desse modo transformaram-se em meros importadores, nada mais tendo para exportar para que possam saldar a dívida externa que foi gerada pela superioridade das importações vindas de paraísos fiscais industriais.
Nestes termos, a austeridade foi um desastre completo, o que é crescentemente aparente, já que as economias da União Europeia estão de novo diante da estagnação, se não de um mergulho triplo na recessão, com desemprego recorde persistente e PIB per capita (ajustado para a inflação) em muitos países abaixo dos níveis [anteriores à] recessão. Mesmo nas economias de melhor performance, como a da Alemanha, o crescimento desde a crise de 2008 está tão baixo que, em qualquer outra circunstância, seria classificado de sombrio.
NOTA DO COSIFE:
Mesmo com todos esses problemas enfrentados pelos países desenvolvidos, os dados estatísticos publicados por organismos internacionais controlados por aqueles países hegemônicos, inclusive ratificados pelo IBGE, mostram que o Brasil em pleno desenvolvimento não está crescendo e que os países falidos, em plena recessão, estão crescendo mais que o Brasil.
Por esse motivo, a França e a Inglaterra estão agora na frente do Brasil em PIB - Produto Interno Bruto. Está claro que tais dados estão sendo manipulados para que o mundo não saiba que a ordem econômica está completamente mudada.
Atualmente, os antigos países colonizados são os que têm melhores condições de assumirem o papel de mais ricos em reservas minerais e em terras cultiváveis para produção de alimentos. Mas, isto não é levado em conta pela arcaica teoria econômica. Mesmo assim, as reservas monetárias dos países neocolonizados vem crescendo, enquanto a dívida externa dos antigos colonizadores aumenta e as empresas fantasmas registradas em paraísos fiscais são as credoras.
Sendo o Brasil o terceiro país maior produtor de alimentos e primeiro exportador de alimentos, pergunta-se:
Por que aqui ainda existe miséria? Por que o Brasil não cresce?
Chegou a ser publicado que 70% dos bens de consumo metálicos vendidos no mundo têm minério extraído no Brasil.
Então, por que o Brasil não cresce?
Trata-se da ação predatória do NEOCOLONIALISMO PRIVADO estabelecido em paraísos fiscais que movimenta sua riqueza por intermédio do SHADOW BANKING SYSTEM - O Lado Negro do Mercado Autorregulado por Magnatas colecionadores de Dinheiro Sujo, oriundo da Sonegação Fiscal.
Os países [do mundo desenvolvido] mais afetados [pela falência econômica norte-americana ocorrida em 2008] estão em depressão. Não há outra palavra para descrever o estado das economias da Espanha ou da Grécia, onde uma em cada quatro pessoas — e mais de 50% dos jovens — não consegue emprego. Dizer que o remédio está funcionando porque o desemprego está diminuindo alguns pontos percentuais ou por causa de um vislumbre de pequeno crescimento, é o mesmo que o barbeiro medieval dizer que o sangramento está funcionando porque o paciente não morreu ainda.
Extrapolando o modesto crescimento europeu a partir de 1980, [os] cálculos [do articulista laureado com Prêmio Nobel de Economia em 2001] demonstram que a produção da zona do euro está hoje 15% abaixo do que deveria estar não fosse a crise financeira de 2008, o que implica numa perda de U$ 1,6 trilhão apenas no ano [de 2014], e uma perda cumulativa de U$ 6,5 trilhões [desde 2008]. Mais inquietante ainda, estes valores estão aumentando, não diminuindo (como deveria se esperar depois de uma recessão, quando o [eventual] crescimento é tipicamente mais rápido).
NOTA DO COSIFE:
Mesmo com essa nítida recessão, quase irreversível a curto prazo, dizem aqueles países hegemônicos estão crescendo mais que o Brasil, que está em pleno desenvolvimento desde que Getúlio Vargas assumiu o governo em 1930.
Certo que o Brasil sofreu uma verdadeira paralisação nas década perdidas de 1980 e 1990, provocada pelos arcaicos economistas monetaristas.
A partir de 2014, seus pupilos queriam voltar ao governo mediante a vitória dos políticos que fazem oposição ao desenvolvimento do Brasil desde 2003. Com a vitória de Dilam Russeff revolveram apelar para o Golpe de Estado, desta vez em conluio com os Poderes Legislativo e Judiciário.
Colocando de forma simples, a longa recessão está diminuindo o crescimento potencial da Europa. Jovens que deveriam estar acumulando conhecimento não estão. Existem provas esmagadoras de que estes jovens estão diante de uma vida de renda significativamente menor do que se tivessem vivido em época de pleno emprego.
Enquanto isso, a Alemanha está forçando outros países a seguir políticas que estão enfraquecendo suas economias - e democracias. Quando cidadãos repetidamente votam por uma mudança de política - e poucas políticas são mais importantes do que aquelas que afetam o padrão de vida - mas são informados de que estas políticas não devem ser definidas por eles, ou que não têm escolha, tanto a democracia quando a fé no projeto europeu sofrem.
A França votou por mudança três anos atrás. Em vez disso, os eleitores receberam outra dose de austeridade pró-empresários [em favor dos mais ricos]. Uma das mais antigas propostas econômicas existentes é a de que o aumento ao mesmo tempo dos impostos e dos gastos públicos estimula a economia. Se os impostos taxam os ricos e os gastos focam os pobres, o efeito multiplicador pode ser especialmente alto. Mas o assim chamado governo socialista da França está reduzindo os impostos das corporações e cortando gastos - [um receituário econômico] que quase certamente vai enfraquecer a economia francesa e europeia, mas garante elogios vindos da Alemanha, [que continuará hegemônica (suprema, superior), mesmo que também esteja regredindo].
A esperança é de que os impostos mais baixos vão estimular o investimento. Isso é tolice pura. O que está segurando o investimento (tanto nos Estados Unidos quanto na Europa) é falta de demanda [em razão do alto índice de desemprego], não os impostos altos. De fato, dado que a maior parte do investimento é financiado por dívida [interna e externa, porque a recessão diminuiu a arrecadação de tributos], e que os pagamentos de juros são deduzidos dos impostos [arrecadados], o nível de taxação corporativa tem pouco efeito no investimento feito pelas empresas.
Da mesma forma, a Itália está sendo encorajada a acelerar a privatização. Mas, [ao contrário do que aconteceu no Brasil na década de 1990], o primeiro ministro [italiano] Matteo Renzi teve o bom senso de reconhecer que a venda de bens nacionais por preços de liquidação não faz sentido. Considerações de longo prazo, não exigências financeiras de curto prazo, devem determinar quais atividades devem ocorrer no setor privado. A decisão deve ser baseada em quais atividades são desempenhadas de forma mais eficiente, servindo melhor ao interesse da maioria dos cidadãos.
A privatização das aposentadorias, por exemplo, demonstrou ser custosa para os países que tentaram a experiência. O sistema privado de saúde dos Estados Unidos é um dos menos eficientes do mundo, [razão pela qual foi criado o chamado de OBAMACARE para que também os menos favorecidos pudessem ser democraticamente atendidos pelo "Seguro Saúde"]. São questões duras, mas é fácil demonstrar que a venda de bens estatais a preço baixo não é uma boa maneira de reforçar as finanças a longo prazo.
Todo o sofrimento na Europa - infligido [aplicado] a serviço de um artifício criado pelo homem, o euro - é ainda mais trágico, por ser desnecessário [e o maior causador de danos ao Povo].
As evidências de que a austeridade não está funcionando continuam a se acumular, mas a Alemanha e outros falcões decidiram dobrar a dose, apostando o futuro da Europa numa teoria econômica desmoralizada.
Por que fornecer aos economistas mais fatos para provar tal desmoralização?
NOTA DO COSIFE:
Veja o texto: Para que servem os economistas? Publicado pela Revista "Isto É Dinheiro" em 18/06/2007, refere-se à política econômica aplicada ao Brasil e às grandes empresas norte-americanas que chegaram à falência antes do SOX - Sarbanes Oxley Act sancionado em 30/06/2002.
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2. OS MAIS POBRES PAÍSES EUROPEUS AGORA TAMBÉM SÃO VÍTIMAS DO NEOCOLONIALISMO
Com edição do texto original, mediante a colocação de complementações por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE. em 27/09/2014 um dos leitores, que comentaram o texto publicado pelo Viomundo, escreveu:
Exemplos da decadência dos países ditos desenvolvidos, não param de serem mostrados, mas a relutância (omissão) da mídia em mostrar os erros cometidos, não cessam.
O mais trágico, era ver que tem candidato [presidenciável em 2014] querendo empurrar goela abaixo [do eleitor brasileiro] que o neoliberalismo é factível. Querem mais uma vez aplicar, no Brasil, aquela mesma política suicida utilizada nas décadas perdidas de 1980 e 1990.
NOTA DO COSIFE:
Partindo dos monetaristas de sempre, até que podemos entender as más intenções, pois fazem parte daquela mesma quadrilha de saqueadores internacionais de outrora, que são altamente remunerados pelos magnatas de paraísos fiscais, mediante a divisão dos lucros obtidos em nosso território à custa da miséria da nossa população. Já outros mostram-se meros idiotas enganados por espertos estelionatários.
Torna-se importante salientar que os países europeus detinham significativas participações societárias nas principais empresas europeias. Como exemplo, pode ser citado o IRI - Instituto Para Reconstrução Industrial, administrado pelo governo italiano. Este, detinha o direto ou indireto controle de 800 empresas italianas, segundo declarou seu presidente Romano Prodi (Ministro da Indústria de 1978-1979 e presidente do IRI de 1982 a 1989). Depois de iniciadas as privatizações, Prodi também foi primeiro-ministro italiano duas vezes. Idêntico sistema de controle da Política Econômica também era utilizado em todos os países europeus.
Porém, mirando-se no liberalismo implantado por Ronald Reagan nos Estados Unidos desde a década de 1970, na década de 1990 aconteceram as privatizações das empresas estatais europeias. A partir daí começaram os problemas.
Muitas dessas antigas empresas estatais, principalmente as maiores, transferiram suas sedes para paraísos fiscais. Assim, a arrecadação tributária diminuiu sensivelmente e também as exportações, porque aquelas empresas internacionalizadas passaram a produzir em paraísos fiscais industriais, na Ásia.
Depois dessas ocorrências, podemos notar que os países que não privatizaram suas empresas não estão enfrentando problemas de liquidez e os que privatizaram estão falidos. Essa é a grande verdade.
Felizmente, a partir de 2003, o governo brasileiro conseguiu recuperar o controle de alguns setores privatizados, o que possibilitou a melhor administração das nossas políticas econômica, monetária e fiscal.
3. A SUICIDA POLÍTICA DE AUSTERIDADE FISCAL EUROPEIA
“AJUSTE FISCAL”? POR QUE NÃO SEGUIR A EUROPA
Desemprego, recessão, crise profunda da democracia. Um Nobel de Economia desmascara o falso êxito das políticas de “austeridade” – as mesmas que conservadores querem no governo Dilma
Por Antonio Martins, editor do Outras Palavras. Publicado em 13/11/2014 por Revista Fórum. Com edição do texto original, mediante a colocação de complementações por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.
Um mito, acompanhado por uma fieira de jargões, espalha-se com rapidez no Brasil pós-eleições: o de que precisamos de um “ajuste fiscal”, de um “aperto de cintos”, para “recolocar ordem na economia”. Após um período de “descontrole” das contas públicas e “gastança”, os “agentes econômicos” (leia-se grandes bancos e empresas privadas) teriam “perdido a confiança” no Estado e deixado de investir.
NOTA DO COSIFE:
O mesmo aconteceu durante o Governo Militar. A elite empresarial brasileira e multinacional havia perdido a confiança nos governantes brasileiros desde a morte de Getúlio Vargas em 1954, por isso optaram pelo Golpe Militar que só aconteceu em 1964. Mas, os militares concluíram que não podiam ficar a mercê da nossa elite, com seu complexo de vira-latas, eternamente subordinada ao neocolonialismo. Por tal motivo, os militares lançaram o "slogan": Brasil, Ame-o ou Deixe-o.
Então, no Governo Sarney resolveram melhor controlar a balbúrdia existente no sistema financeiro brasileiro. Esqueceram das empresas nacionais e multinacionais que eram mestras em desestabilizar governos.
É o que pode ser feito agora pela Presidenta Dilma mediante assunção da empresas privadas que não querem produzir por meio de uma administração temporária a bem da contas públicas, com base no Decreto-Lei 2.321/1987.
Naquela época, o governo assumiu vários bancos privados e quase todos os bancos estaduais. E poderia ter feito o mesmo com as empresas, inclusive com as multinacionais, tal como tem sido sugerido em vários textos deste COSIFE. Não existe outra solução para a atual Crise Mundial.
Para seduzir novamente [os pilantras de sempre], seria preciso voltar às políticas mais ortodoxas, [que transformaram as décadas de 1980 e 1990 em perdidas]:
Repetido como mantra, esse discurso tem encontrado pouca resistência [da nossa elite escravocrata]. Aécio Neves, que o sustentou durante a campanha eleitoral, foi derrotado pelos eleitores [em parte salvo pelas mulheres que nele votaram porque "ele é um gato"] — num segundo turno em que Dilma investiu, para vencer, no tema de “Mais” mudanças e direitos [para os trabalhadores].
Porém, fechadas as urnas, foi como se elas nada tivessem dito. A mídia apresenta o “ajuste fiscal” como se não fosse uma opção política — mas uma necessidade objetiva e inescapável [sempre em benefício do 1% mais rico].
[Logo depois da vitória,] a própria presidenta reeleita pareceu abandonar ... seu discurso [para acalmar os pilantras de sempre]. Ainda em outubro [de 2014], o Banco Central elevou as taxas de juros. [Em 06/11/2014], ao conceder entrevista a oito veículos da velha e decadente mídia oligárquica, Dilma anunciou corte de gastos. Um dia depois, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, revelou que o governo já os [preparava].
[Pergunta-se: Será que para os pilantras de sempre,] o “ajuste fiscal” é uma escolha tão óbvia ... como mobilizar as equipes de Defesa Civil, em caso de tragédia?
NOTA DO COSIFE: Para os pilantras de sempre, o ajuste fiscal deve ser feito, desde que os trabalhadores, os aposentados e os ainda mais pobres sejam os únicos prejudicados.
Nos textos transcritos nesta página do COSIFE, Joseph Stiglitz, Nobel de Economia, demonstra que não. Ele examina o caso da Europa. Lá, com nome de “austeridade”, politicas de corte de direitos sociais e desmonte de serviços públicos estão sendo adotadas desde 2009.
Cinco anos depois, os economistas conservadores veem sinais de “sucesso”. Stiglitz zomba. Todas as crises terminam um dia, ele lembra.
Ao fazer o balanço, o que importa é aferir que sacrifícios foram exigidos, das sociedades, para enfrentá-las. Na Europa, o panorama é trágico. Além da corrosão dos direitos sociais, houve desgaste grave da democracia — desmoralizada quando os governos prometem “Mais” e entregam “mais do mesmo”.
E não é só: voltam a surgir no horizonte sinais de que todo o sacrifício [dos trabalhadores europeus] foi inútil. Mesmo países como a Alemanha parecem enfrentar, agora, estagnação — e contribuem para jogar lenha na fogueira de uma possível tempestade econômica mundial.
A redefinição da política econômica tornou-se um tema central. Árido aparentemente — porque interessa ao pensamento conservador reduzi-lo a algo para especialistas — ele pode ser compreendido por todos que se disponham a algum esforço. Vale a pena.
Das escolhas que o Brasil fizer, neste terreno, dependerá, também, nosso futuro político, social e cultural. O site “Outras Palavras” insistirá no assunto. Vale, por enquanto, escutar Stiglitz.
4. AUSTERIDADE É UM "COMPLETO FRACASSO" EM TODA A EUROPA
Publicado em 23/08/2014 pelo site Esquerda.net de Portugal.
Joseph Stiglitz, prêmio Nobel da Economia em 2001, afirma que as políticas de austeridade são um "completo fracasso" em toda a Europa. Alertando que se a estratégia não for alterada radicalmente a situação vai-se agravar, o economista refere que a Europa está a "ir pelo mesmo caminho" que o Japão e aponta que alguns países estão em depressão.
Joseph Stiglitz esteve [naquela semana de 23/08/2014] numa conferência na cidade de Lindau, no Sul da Alemanha. O prêmio Nobel falou à agência Bloomberg e [o dito também foi destacado] pelo jornal Financial Times.
Sob o título "O espectro de uma década perdida assombra a Europa", o Financial Times salienta que Stiglitz disse que a Europa está a "ir pelo mesmo caminho" que o Japão, numa referência à depressão prolongada neste país, e frisou que "a única forma de descrever o que se está a passar em alguns países europeus é depressão".
NOTA DO COSIFE: A palavra Depressão pode ser definida como "recessão e queda dos preços em simultâneo".
O Nobel apontou também: "A Europa tem muitas pessoas talentosas e [se] país após outro não está a funcionar, tem que ser um problema sistêmico. O problema básico é que não é uma área monetária ótima." O economista acrescentou que "a combinação de estruturas falhadas com políticas falhadas tem sido devastadora".
Nas declarações à Bloomberg, Stiglitz afirma que as políticas de austeridade seguidas por toda a Europa são um "completo fracasso", salienta que o elevado desemprego e o fraco crescimento indicam o fracasso das políticas seguidas e sublinha que "agora vemos o enorme preço que a Europa está a pagar".
Joseph Stiglitz diz também que a união bancária está a andar muito lentamente, que a zona euro precisa de união fiscal e aponta, referindo-se à intervenção Banco Central Europeu (BCE), que "a política monetária não pode realmente ser um substituto" da união fiscal.
"Todos concordam que a união bancária é uma coisa boa, mas está a avançar muito lentamente", disse o economista, considerando que são necessárias resoluções bancárias rápidas que "garantam os depósitos", ou "o dinheiro vai voar dos países fracos para os países fortes e os fracos só vão ficar mais fracos".