DILMA CRITICA AUSTERIDADE E PEDE CRESCIMENTO
DILMA NA XXII CÚPULA IBERO-AMERICANA
São Paulo, 21/11/2012 (Revisado em 20-03-2024)
Crise Mundial Provocada pela Bancarrota Norte-americana e Europeia, Planos de Austeridade, Combate à Sonegação Fiscal, Lavagem de Dinheiro e a Importação de Supérfluos pelas Classes Dominantes, Combate aos Crimes Financeiros contra Investidores, à Especulação no Mercado de Capitais. Combate à Recessão e à Austeridade que só penaliza o Povo.
Índice dos textos desta página:
Textos complementares sobre a presidenta Dilma Russeff:
1, DILMA CRITICA AUSTERIDADE E PEDE CRESCIMENTO
O texto a seguir com letras pretas e caracteres em itálico, foi distribuído pela AFP - Agence France-Presse e publicado por noticias@band.com.br em 17/11/2012. Com negritos, comentários e anotações em azul por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.
Manchete:
Em discurso na XXII Cúpula Ibero-americana, a presidenta Dilma Russeff alertou que as políticas de austeridade na Europa não estão funcionando.
Aliás, é o que o COSIFE tem alertado desde que eclodiu a bancarrota norte-americana em 2008 que gerou a Crise Mundial, sofrida pela Europa a partir de 2011.
A presidenta Dilma Rousseff atacou [em 17/11/2012] as políticas de austeridade para enfrentar a crise e defendeu a adoção de medidas de estímulo ao crescimento e à inclusão social durante seu discurso na XXII Cúpula Ibero-Americana.
De fato, como tem alertado o coordenador deste site do COSIFE desde 2011, os governantes dos países europeus falidos estão tentando penalizar os trabalhadores (o povo). Estão desprezando o fato de que os causadores das crises norte-americana e europeia são os banqueiros, os especuladores e as grandes empresas que fecharam suas fábricas na Europa e nos Estados Unidos e passaram a produzir na Ásia mediante a exploração do trabalho em regime de semiescravidão.
De outro lado, as classes sociais superiores da Europa e dos Estados Unidos também participam ativamente do descompasso orçamentário e no Balanço de Pagamentos ao optarem pela sonegação fiscal e por não abdicarem de suas megalomaníacas importações de supérfluos.
Por questões diplomáticas a presidenta Dilma não poderia dizer naquele evento exatamente como foi escrito agora e em várias outras ocasiões no site do COSIFE.
Dilma sustentou enfaticamente que o Brasil "defende que a consolidação fiscal exagerada e simultânea não é a melhor resposta à crise mundial, e que pode até agravá-la, levando a uma maior recessão", e acrescentou que esta visão permitiu ao Brasil superar os efeitos da crise a partir de 2008.
De fato, a tentativa de acabar com os consumidores, provocando o desemprego e a miserabilidade, não é uma solução plausível para evitar os problemas de um País. Essa fórmula suicida foi tentada no Governo FHC, o que fez o Brasil regredir para a 15ª posição em PIB - Produto Interno Bruto.
A provocação artificial do caos econômico e social dos menos favorecidos (os trabalhadores), como também estão querendo fazer em 2012 os governantes europeus, não é bom para o Brasil, que é um grande exportador de alimentos.
Um povo miserável come bem menos que um povo que está classificado no "muito elevado" IDH - Índice de Desenvolvimento Humano.
Para os brasileiros de baixa renda até que seria uma boa medida a diminuição do padrão de vida dos europeus porque assim sobraria mais comida a menores preços no Brasil. O aumento das exportações brasileiras de alimentos tem provocado o aumento de preços, gerando inflação no Brasil.
Em seu discurso seguido com atenção pelos chefes de Estado e de governo de Espanha e Portugal, países europeus fortemente atingidos pela crise, a presidenta da sexta maior economia do mundo afirmou que a austeridade, por enquanto, submeteu suas populações a "enormes sacrifícios".
Dilma lembrou que a I Cúpula Ibero-Americana, em 1991, foi realizada num momento em que os países latino-americanos ainda estavam afundados na "crise da dívida" e que, [mal] aconselhados [pelos incompetentes ou mal intencionados dirigentes do] Fundo Monetário Internacional, passaram duas décadas fazendo um ajuste fiscal rigoroso para digerir as dificuldades, o que gerou a sobreposição de muitas outras dificuldades, sem que obtivéssemos soluções.
As soluções para os problemas agravados pelo FMI foram obtidas a partir de 2002 com a desvalorização de nossa moeda que aumentou nossas exportações e diminuiu as importações de supérfluos pelas classes sociais superiores.
Mas, a principal medida do Governo Lula a partir de 2003 foi o combate à evasão cambial ou de divisas, que acontecia a mediante a lavagem de dinheiro dos sonegadores de tributos e dos demais criminosos em paraísos fiscais, para onde era remetido o dinheiro ilegal do narcotráfico e do jogo (bingos e cassinos clandestinos e jogo do bicho). De forma complementar, foi priorizado o combate à sonegação de tributos praticada pelas empresas e pelos seus empresários, que contavam com a impatriótica ajuda de todas as instituições do sistema financeiro (não somente as dos banqueiros), tal como vem acontecendo na Europa e nos Estados Unidos.
Como resultado, [da interferência maléfica do FMI - Fundo Monetário Internacional e das mencionadas práticas criminosas] "neste [naquele] período o Brasil estancou, parou de crescer e se tornou um exemplo de desigualdade social". "Nossos esforços só se converteram em uma solução quando voltamos a crescer", disse Dilma, em uma mensagem direta aos líderes espanhóis e portugueses.
Com esta receita, "não apenas o Brasil, mas toda a América Latina, oferece agora dinamismo econômico, vigor democrático e maior igualdade social graças a políticas que deram prioridade ao crescimento econômico e à inclusão social", afirmou.
Com tais palavras a presidenta Dilma não disse claramente que todos os países da América do Sul têm governos socialistas, excetuando-se tradicionalmente a Colômbia e momentaneamente o Chile. O Chile obviamente voltará a ter governo socialista diante da grande derrota nas urnas em 2012 sofrida pelos capitalistas. Estes têm desagradado o eleitor chileno, que vem sofrendo com a política econômica elitista desenvolvida pelo atual presidente daquele País, diretamente ligado aos negócios quase sempre especulativos das Bolsas de Valores. Os socialistas sempre foram contrários às medidas impostas pelo FMI. Cansados das políticas criadoras da miserabilidade e da criminalidade, os eleitores passaram a votar nos socialistas.
Na visão da presidenta, "fica cada vez mais claro que sem crescimento será muito difícil o caminho da consolidação fiscal. Os ajustes serão cada vez mais caros socialmente e cada vez mais críticos politicamente".
A prioridade da austeridade, acrescentou Dilma, "embora afaste o risco de uma quebra financeira, não afasta a desconfiança dos mercados, e, ainda mais importante, não afasta a desconfiança das populações".
Para enfrentar a crescente insatisfação social, acrescentou, é necessária a adoção de uma estratégia que "mostre resultados concretos para as pessoas e apresente um horizonte de esperança, não apenas a perspectiva de mais anos de sofrimento".
Além disso, a austeridade sequer foi capaz de consolidar seu objetivo principal, o equilíbrio fiscal, afirmou. "Em virtude do baixo crescimento e do austero corte de gastos, assistimos agora ao crescimento dos déficits fiscais, e não sua redução, que, por sua vez, conduzem à redução do PIB", afirmou.
Naquela época em que o FMI mandava no Brasil e especialmente durante os 8 anos do Governo FHC, o Brasil caiu de 8ª potência mundial para a 15ª posição em PIB. Diante desse fato a miserabilidade aumentou, o que pôde ser sentido diante do violento crescimento das favelas.
A visão brasileira contra a austeridade como solução para a crise encontrou um eco evidente entre os anfitriões espanhóis, pressionados para encontrar uma saída sem agravar o já crítico quadro social.
"No contexto atual de dificuldades, é necessário prestar uma atenção especial às políticas de crescimento econômico", afirmou o presidente do governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, ao inaugurar as sessões de trabalho dos chefes de Estado e de Governo. E ressaltou que "atualmente a América Latina possui uma posição de partida mais vantajosa que a Europa para superar a crise".
O impacto social da crise da dívida europeia se converteu no tema central na Cúpula Ibero-Americana de Cádiz, em um contexto generalizado de questionamento às medidas de austeridade como forma prioritária para a superação da conjuntura.
A agência de notícias francesa AFP (Agence France-Presse) não destacou o mais importante do que foi dito pela presidenta Dilma Russeff.
Usando outras palavras menos contundentes a presidenta deixou claro que o Brasil agora é um país tão rico como era na época dos descobrimentos marítimos, há 500 anos. E, diante de nossa enorme riqueza mineral e de áreas cultiváveis, continuará a ajudar os europeus a se manterem no seu "muito elevado" IDH.
Mas, a presidenta Dilma Russeff alertou que agora eles vão ter de pagar por esse fornecimento que tanto necessitaram e tiverem gratuitamente durante séculos por meio da degradante e destruidora colonização.
A Toda-Poderosa Chefona brasileira esnobou e humilhou os pobres coitados governantes europeus, principalmente os de Portugal e Espanha. Indiretamente ofendeu aquele agora não tão sofrido povo, mas que em breve será miserável se não optar por outro tipo de governante que deixe de agir apenas em benefício dos ricos.
Veja o texto intitulado A Lição Democrática da Islândia, em que é apresentada a solução encontrada pelo governo socialista islandês para resolver o grave problema causado pela crise financeira gerada e deixada pelos seus ex-governantes neoliberais.
2. EL PAÍS: DILMA CRITICA SOLUÇÕES EUROPEIAS 'INADEQUADAS'
Publicado em 18/11/2012 por Diário do Grande ABC. Com negritos, comentários e anotações em azul por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.
A presidente Dilma Rousseff afirmou ao jornal espanhol El País que o problema da Europa é a aplicação de "soluções inadequadas para a crise", cujo resultado será um empobrecimento das classes médias.
"Neste ritmo, se produzirá uma recessão generalizada", afirmou ao jornal, em entrevista publicada neste domingo [18/11/2012] pela edição impressa e concedida em Brasília às vésperas da 22.ª Cúpula Ibero-Americana, que ocorre em Cádiz, sul da Espanha, e da qual Dilma participa.
"Nós já vivemos isso. O Fundo Monetário Internacional (FMI) impôs um processo que chamaram de ajuste, agora dizem austeridade. Tínhamos de cortar todos os gastos [e pagar altos juros, que também são gastos públicos]. Asseguravam que assim chegaríamos a um alto grau de eficiência. Esse modelo levou a uma quebra de quase toda a América Latina nos anos 80", disse a presidente. "As políticas de ajuste por si só não resolvem nada se não há investimento, estímulos ao crescimento. E se todo o mundo restringe gastos de uma vez, o investimento não chegará".
Neste sábado [17/11/2012], em discurso durante a Cúpula Ibero-Americana, Dilma criticou a política de austeridade em curso na Europa e enfatizou o "risco de agravamento" da recessão. Na ocasião, a presidente já havia evocado a influência [maléfica] do FMI na economia brasileira nos anos 80.
Não querendo "cutucar a onça com vara curta", Dilma não mencionou a década perdida de 1990, quando o Brasil era governado pelos atuais partidos de oposição ao governo federal, foi a década em que o Brasil mais regrediu no cenário mundial.
Na entrevista publicada pelo El País, Dilma disse já ter feito as mesmas críticas nas reuniões do G-20. "A Europa passa por algo que conhecemos na América Latina. Há uma crise fiscal, uma crise de competitividade e uma crise bancária", afirmou.
De acordo com a presidenta, as medidas que estão sendo aplicadas levarão a uma "crise brutal". "Claro que você precisa pagar as dívidas, a consolidação fiscal é necessária, mas é preciso tempo para que os países o façam em condições sociais menos graves. Não só por uma questão ética, como também por exigências propriamente econômicas", afirmou. Ela reiterou posteriormente que distribuir renda é uma exigência moral, mas também é uma premissa para o crescimento.
Claro. Sem emprego não há distribuição da renda nacional. Dessa forma o trabalhador desempregado deixa de consumir e passa para a informalidade ou para a criminalidade.
Da ausência de consumo acontece a recessão. Assim, haverá menor arrecadação de tributos e menores investimentos no desenvolvimento nacional. Continuarão os gastos públicos com a manutenção da "máquina estatal" (administração pública). A soma desses descompassos financeiros acelerará a estagnação econômica. A coisa pública vai envelhecendo e não pode ser reposta (ônibus, trens, caminhões, máquinas, navios, aviões, fábricas, equipamentos hospitalares e escolares.
Envelhecerá tudo mais que precisa ser periodicamente reposto nos lares como fogão, geladeira, televisão, micro-ondas, máquinas de lavar roupa, telhado, janelas, portas, pintura das paredes. Com a falta de consumidores, as empresas fecham suas portas ou diminuem drasticamente sua produção gerando mais desemprego.
Em síntese, quando um país para de crescer, automaticamente a miséria passa a predominar, tal como aconteceu no Brasil nas décadas perdidas de 1980 e 1990. Foi a época em que mais cresceram as favelas que estão sendo agora pacificadas.
De acordo com a presidenta, a recessão europeia está "alargando os prazos" para uma maior recuperação das economias que não têm problemas fiscais nem financeiros, estão em crescimento positivo e praticam políticas anticíclicas, como o Brasil. "Estamos fazendo de tudo para impulsionar de novo nosso crescimento", disse. "Reduzimos os custos de capital, os de trabalho também, e baixamos muitos impostos para impulsionar o consumo".
Sobre a situação brasileira, a presidenta comentou que o tripé macroeconômico que tem sustentado a ação do governo é composto por contas públicas austeras, inflação controlada e acumulação de reservas cambiais para proteger a moeda de especulação. "Mas, ao mesmo tempo, nos pusemos a construir um mercado interno, sobretudo combatendo o déficit habitacional", afirmou.
Dilma comentou que o euro "é um projeto inacabado" e que a Europa precisa "completá-lo", mediante supervisão e união bancária. "A moeda única europeia é uma das maiores conquistas da humanidade, precisamente de um continente tão castigado por guerras e disputas internas. Trata-se de um fenômeno econômico, social, cultural e político que significa um avanço formidável, mas está incompleto", disse a presidenta, ressaltando a importância de se ter uma liderança para construir os consensos.
Com relação à China, Dilma afirmou na entrevista que o melhor que o país asiático sabe fazer é "definir suas metas".
DILMA DISCURSA NA XXII CÚPULA IBERO-AMERICANA
em 17/11/2012
Vídeo da TVNBR publicado pelo Governo Brasileiro no YouTube
Veja a seguir alguns textos sobre outras críticas feitas pela presidenta DILMA RUSSEFF às incertas e sempre desastrosas medidas econômicas ditadas pelo FMI - Fundo Monetário Internacional para saneamento financeiro e econômico dos países de modo geral.
1.MERKEL REBATE CRÍTICAS DE DILMA SOBRE SUPOSTO 'TSUNAMI FINANCEIRO' EUROPEU
Destaques:
Por Rogerio Wassermann - Enviado especial da BBC Brasil a Hannover. Publicado em 05/03/2012. Com negritos, comentários e anotações em azul por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.
A chanceler (premiê = primeira ministra) alemã, Angela Merkel, rebateu [em 05/03/2012] as críticas feitas nos últimos dias pela presidente Dilma Rousseff, sobre uma suposta manipulação cambial promovida pelos países da zona do euro, chamada pela líder brasileira de "tsunami financeiro".
TSUNAMI FINANCEIRO OU MONETÁRIO - A Presidenta Dilma chamou de Tsuname Monetário a política econômica empreendida pelos Bancos Centrais pelo mundo afora para evitar a recessão e uma a possível depressão como a enfrentada pelos Estados Unidos a partir de 1929 até a segunda guerra mundial.
Então, segundo a Bíblia utilizada pelo consultores econômicos, seria preciso colocar muito dinheiro em circulação, obviamente gerando inflação, se o empresariado não produzisse o necessário para atendimento à elevada demanda gerada pelo excesso de dinheiro em circulação. Com essa finalidade de evitar a recessão, vários dos bancos centrais injetaram dinheiro no mercado financeiro e de capitais para tentar estimular a economia de seus respectivos países.
Segundo dados publicados na internet, foram 530 bilhões de euros do Banco Central Europeu, 50 bilhões de libras na Inglaterra, 220 bilhões de yuans na China, US$ 130 bilhões no Japão e US$ 40 bilhões nos EUA. Como sobrou dinheiro naqueles países e regiões e havia muito pouco para ser comprado, para evitar a inflação, os capitalistas resolveram aplicar seus dólares sem lastro no Brasil. Foi uma tentativa de transferir a inflação para o nosso País.
Como resultado desse nocivo investimento estrangeiro, a grande venda de dólares no mercado cambial brasileiro, reduziu o valor daquele papelzinho verde sem lastro (prejudicando as nossas exportações). Essa foi a razão que levou a Presidenta Dilma Rousseff a criticar o "tsunami monetário" na abertura da Assembleia Geral da ONU realizada em 2012.
Ou seja, o Tsunami foi o excesso de dinheiro colocado em circulação que, em tese, contraria a chamada "austeridade" cobrada apenas do Povo (do trabalhador). Em suma, os dirigentes dos bancos centrais daqueles países, todos extremistas de direita, deram uma montanha de dinheiro aos capitalistas para que eles internacionalizassem o seu rico dinheirinho, investindo-o num país mais seguro economicamente.
Merkel respondeu a presidente brasileira durante a cerimônia de abertura da CeBIT, feira anual de tecnologia realizada em Hannover, onde Dilma também discursou.
Na semana passada [anterior a 05/03/2012], Dilma havia chamado a decisão do BCE de elevar em 530 bilhões de euros os empréstimos a juros baixos aos bancos da região de "tsunami financeiro". A presidenta disse que a ação desvalorizaria o euro e aumentaria o fluxo de divisas para os países emergentes, tendo como consequência a valorização de moedas como o real.
O real forte é uma das principais preocupações do governo e do empresariado, por diminuir a competitividade das exportações brasileiras.
Em um discurso na CeBIT, que neste ano tem o Brasil como país-parceiro, Merkel afirmou que "Dilma manifestou sua preocupação com o tsunami de liquidez" e observou que é preciso "olhar para medidas protecionistas unilaterais".
Privatização dos Lucros e Socialização dos Prejuízos
É preciso fazer como fez a Islândia. Deixou que todos os bancos privados falissem. O mesmo deveriam fazer todos os países ficando apenas com um banco estatal.
O feito nos Estados Unidos de Bush e no Brasil de FHC foi a privatização dos lucros, que foram transferidos para paraísos fiscais (lavagem de dinheiro), e a socialização dos prejuízos, que foram pagos pelos trabalhadores de forma perversa.
Foi justamente este pagamento que o povo islandês recusou-se a fazer ao manifestar-se por uma nova constituição federal com eleição de um presidente socialista que resolveu acatar a decisão popular e assim acabar com a farra dos banqueiros inescrupulosos.
O Brasil vem sendo criticado pela adoção de supostas medidas protecionistas, como o recente aumento de impostos de carros importados, além de outras ações para combater os efeitos negativos da valorização excessiva do real.
Merkel, que discursou logo após a presidenta brasileira, disse que teria a oportunidade de conversar com Dilma sobre a questão no encontro que elas teriam ainda na noite [de 05/03/2012], logo após um jantar na abertura da CeBIT.
"Acho que a confiança é o caminho que devemos trilhar para sairmos da crise", afirmou a premiê alemã. "Nós alemães estamos conscientes de que temos que olhar para além das nossas fronteiras", disse.
INCLUSÃO DIGITAL
Apesar de ter voltado a manifestar suas críticas às políticas adotadas pela Europa no combate à crise em uma entrevista à imprensa brasileira no início da tarde [de 05/03/2012], Dilma evitou o tema em seu discurso na abertura da CeBIT e dedicou sua fala a abordar o avanço do setor de tecnologia do Brasil e às oportunidades criadas pela parceria estratégica entre o Brasil e a Alemanha.
Segundo a presidenta brasileira, seu governo vê a inclusão digital como um instrumento de combate à exclusão social.
Para Dilma, as novas tecnologias de informação oferecem possibilidades de acesso ao conhecimento e por isso "não podem ser benefício de poucos". "A exclusão digital acentua a exclusão social e acirra ainda mais as desigualdades já existentes", afirmou.
"Por isso, em simultâneo às políticas de combate à pobreza e à desigualdade social, o Brasil fez uma opção clara nos últimos anos por universalizar o acesso a essas tecnologias e estimular seu desenvolvimento no país", afirmou Dilma.
A presidenta brasileira elencou em seu discurso questões como a estabilidade financeira, a economia em expansão e o processo de ampliação da classe média como possíveis atrativos a investimentos no setor de tecnologia no Brasil.
O governo brasileiro vê a participação de destaque na CeBIT deste ano como uma oportunidade de propagar a imagem do Brasil como um importante mercado produtor e consumidor de tecnologia.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o Brasil é hoje o sexto maior mercado de tecnologia e comunicações do mundo, mas ainda tem exportações tímidas no setor, já que a maior parte da produção no país atende ao consumo interno.
NA ALEMANHA, DILMA CRITICA 'PROTECIONISMO' EUROPEU COM AJUDA A BANCOS
Por Rogerio Wassermann - Enviado especial da BBC Brasil a Hannover - Publicado em 05/03/2012. Com negritos, comentários e anotações em azul por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.
A presidenta Dilma Rousseff voltou a criticar no início da tarde [de 05/03/2012], em Hannover, na Alemanha, a nova oferta do Banco Central Europeu (BCE) de empréstimos a juros baixos a bancos da região, alegando que ela terá o efeito de desvalorizar artificialmente a moeda comum europeia e poderá criar bolhas na economia global.
"A política monetária expansionista desses países produz um efeito extremamente nocivo, porque desvaloriza de forma artificial as moedas", afirmou Dilma. "O que o Brasil quer é mostrar que está em andamento uma forma concorrencial de proteção de mercado, que é o câmbio. Não é tarifa, é o câmbio", disse.
A presidenta pretende levar a queixa à chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, no encontro que as duas terão na noite desta segunda-feira após a abertura da CeBIT, a maior feira internacional de tecnologia, que tem neste ano o Brasil como país-parceiro.
Para a presidenta do Brasil, os europeus estão dispostos a ouvir a queixa. "Tenho certeza que sim. Pelo menos a chanceler declarou com muita pertinência que ela tinha consciência do fato", afirmou Dilma, comentando as declarações feitas na sexta-feira [anterior a 05/03/2012] por Merkel, que afirmou que a medida do BCE não se repetirá e que o montante liberado aos bancos será rapidamente absorvido pelo sistema financeiro e não criará excedentes.
Na semana passada, o BCE anunciou a liberação adicional de 530 bilhões de euros para os bancos europeus a juros de 1% ao ano. Em dezembro [de 2011], outros 489 bilhões de euros já haviam sido oferecidos aos bancos.
Apesar das justificativas de Merkel sobre a ajuda aos bancos, Dilma afirmou que "é importante que os países desenvolvidos não façam só políticas monetárias expansionistas, mas façam também políticas de expansão do investimento".
"Os investimentos melhoram não só a demanda interna, mas também abrem a demanda externa para os nossos produtos", afirmou.
EMERGENTES COM O BRASIL
Segundo Dilma, a crítica às políticas europeias de combate à crise não são somente do Brasil. "Não estamos sozinhos nisso, todos os emergentes estão com o Brasil. Isso é uma constatação técnica, não estamos falando nada demais. É importante que se perceba isso", afirmou.
"Assim como é importante se conter a inflação, e todo mundo discute inflação, é importante também discutir mecanismos incorretos de política cambial", observou a presidenta.
Questionada se as críticas brasileiras não representam uma interferência nos assuntos internos europeus, a presidenta rebateu afirmando que a política do BCE "está interferindo nos assuntos" de países fora do bloco.
"É um efeito internacional, não é um efeito de países. Não sou eu que reconheço isso, são os organismos multilaterais, como o FMI, o BIS (o banco de compensações internacionais), que percebem claramente os efeitos disso", afirmou.
"Todo mundo se queixa de barreira tarifária, de protecionismo. Essa é uma forma de protecionismo", observou Dilma. Segundo ela, além da desvalorização artificial da moeda, a política do BCE "cria uma massa monetária que não vai para a economia real".
"Produz o que? Bolha, especulação. Reconheço que é um mecanismo de defesa, mas o que se ganha com isso, e vou repetir uma expressão do BIS, se ganha tempo só", disse.
Estão empurrando o problema com a barriga, como diz o povo. Estão deixando que o problema de agora seja resolvido no futuro, por quem ainda estiver vivo. É o que dizem os economistas progressistas franceses, que também criticam as políticas de austeridade que estão sendo adotadas na Europa.
ASSESSOR DESAUTORIZADO
A presidenta brasileira também aproveitou a curta entrevista à imprensa que acompanha sua visita na Alemanha para desautorizar declarações feitas na véspera pelo assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.
Garcia havia afirmado que o Copom (comitê de política monetária do Banco Central) deve reduzir os juros em sua próxima reunião, ajudando a reduzir a pressão para a entrada de divisas no país e pela valorização excessiva do real.
O que Marco Aurélio Garcia disse, foi o que de fato aconteceu e continuou acontecendo até que a taxas juros paga pelo governo brasileiro ficasse inferior a 8% ao ano. Deveria ficar em 6%, tal como a remuneração da poupança popular. Não há razão para que os capitalistas ganhem mais que o povo quando deposita suas parcas economias na caderneta de poupança.
Veja o texto sobre A Ilegal Atuação do COPOM.
"Quem fala sobre juros no meu governo é o Banco Central, (o presidente do banco) Alexandre Tombini", afirmou Dilma, a poucos metros de distância de Garcia.
"Nem eu nem ninguém tem autorização pra falar sobre juros", completou.
3. DILMA LEVA A MERKEL 'RECADO' DE EMERGENTES CONTRA AJUDA A BANCOS
Por Rogerio Wasserman - Enviado especial da BBC Brasil a Hannover - Publicado em 05/03/2012. Com negritos, comentários e anotações em azul por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.
A presidenta Dilma Rousseff se reúne na noite [de 05/03/2012] com a chanceler (premiê = primeira ministra) da Alemanha, Angela Merkel, levando consigo um recado dos países emergentes contra as políticas recentes dos países europeus no combate à crise econômica.
Dilma está em Hannover, na Alemanha, para participar da abertura da CeBIT, a maior feira de tecnologia do mundo, que neste ano terá o Brasil como país parceiro.
As duas chefes de governo, apontadas no ano passado pela revista Forbes como a primeira e terceira mulheres mais poderosas do mundo, se reúnem em um encontro privado marcado para as 21h30 (17h30 de Brasília), logo após a cerimônia de abertura da feira e de um jantar oferecido pelo governo alemão à delegação oficial brasileira.
Na última semana [anterior a 05/03/2012], Dilma criticou, em um discurso, a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de elevar em 530 bilhões de euros o montante de recursos oferecidos a bancos europeus em dificuldades a juros baixos. Em dezembro, outros 489 bilhões de euros já haviam sido oferecidos aos bancos.
Na avaliação do governo brasileiro, esse volume de recursos representa uma política monetária expansionista ao mesmo tempo em que os países europeus mantêm uma política fiscal de aperto, com ajustes e cortes de gastos.
Isso provocaria uma migração de recursos aos países em desenvolvimento, no que a presidenta brasileira chamou de "tsunami financeiro", provocando uma valorização das moedas desses países em relação ao dólar e ao euro.
O Brasil, segunda maior economia emergente, atrás somente da China, vem sendo o principal porta-voz das críticas aos efeitos negativos das medidas anticrise adotadas pelos países desenvolvidos.
EXPLICAÇÕES
Mesmo antes do encontro [de 05/03/2012], Merkel procurou desfazer o mal-estar adiantando que dirá a Dilma que os recursos liberados pelo BCE deverão ser absorvidos rapidamente pelo sistema financeiro europeu e não deverão gerar uma onda de entrada de divisas estrangeiras em países emergentes.
Merkel afirmou ainda que esta deverá ser a última vez que os recursos disponibilizados aos bancos serão elevados. O governo brasileiro apontou que, desde o início da crise de 2008, os países desenvolvidos (incluindo Estados Unidos e Japão) já teriam oferecido US$ 4,7 trilhões ao sistema financeiro.
Segundo Merkel, os países europeus querem evitar novas bolhas na economia global. "O excesso de liquidez é justamente o que queremos evitar", afirmou.
A Alemanha, maior economia da Europa, é a principal defensora das medidas de ajuste fiscal com cortes de gastos como forma de aplacar a crise das dívidas na zona do euro.
O governo brasileiro, porém, defende que a crise seja combatida com medidas que estimulem o crescimento, não com cortes de gastos que contraem ainda mais as economias europeias.
MAIS PODER NO FMI
Além da reclamação sobre o aumento dos recursos do BCE aos bancos, Dilma pretende ainda discutir com a primeira-ministra alemã o desejo dos países emergentes por mais poder no Fundo Monetário Internacional (FMI).
Há duas semanas [anteriores a 05/03/2012], durante a reunião de ministros das Finanças do G20, no México, o ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, condicionou uma possível ajuda dos países emergentes às economias europeias em dificuldades a uma maior participação das nações em desenvolvimento no FMI.
A atuação do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, diante da crise europeia deverá também fazer parte da agenda do encontro.
Dilma e Merkel deverão ainda discutir a relação bilateral, fortalecida em 2002 pelo estabelecimento de uma parceria estratégica.
A Alemanha é atualmente o quarto maior parceiro comercial do Brasil. Em 2011, o volume de comércio entre os dois países chegou a US$ 24 bilhões, com um aumento de 17,6% em relação ao ano anterior.
4. DESTAQUE NA CEBIT, BRASIL TENTA SE VENDER COMO POLO TECNOLÓGICO
Por Rogerio Wassermann - Enviado especial da BBC Brasil a Hannover - Publicado em 05/03/2012. Com negritos, comentários e anotações em azul por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.
Brasil é parceiro na Cebit de Hannover, a maior feira de tecnologia do mundo
"Nós vamos poder mostrar ao mundo a capacidade brasileira de desenvolvimento e produção em tecnologia de informação e comunicação" - Rubens Gama, do Ministério das Relações Exteriores
A maior feira de tecnologia e comunicação do mundo, a CeBIT, será aberta nesta segunda-feira em Hannover, na Alemanha, com o Brasil na posição de destaque, como país-parceiro do evento deste ano.
Com direito à presença da presidenta Dilma Rousseff, que discursará na abertura ao lado da chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, o Brasil tenta aproveitar a oportunidade para vender ao mundo uma imagem de polo importante de produção de tecnologia.
Nos últimos anos o Brasil consolidou sua imagem como um dos maiores produtores e exportadores mundiais de commodities, mas o país espera também ganhar espaço no mercado para produtos com alto valor agregado, como no setor de tecnologia.
Segundo o governo brasileiro, o país é hoje o sexto maior mercado consumidor do setor de tecnologia e comunicação, mas a produção atualmente é voltada principalmente para o consumo interno.
"A promoção da inclusão digital e do acesso ao conhecimento encontra-se entre as prioridades do atual governo. Por isso é tão importante para o Brasil ser o país-parceiro da CeBIT 2012. Nós vamos poder mostrar ao mundo a capacidade brasileira de desenvolvimento e produção em tecnologia de informação e comunicação (TIC) e com isso atrair investimentos para a área", disse à BBC Brasil o diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério das Relações Exteriores, Rubens Gama.
Segundo ele, o país já tem hoje expertise em algumas áreas do setor, especialmente em aplicações ligadas ao setor financeiro e de segurança bancária e na indústria do software customizado, desenvolvido de acordo com as demandas específicas do cliente.
O diplomata também aponta o chamado e-government, ou governo eletrônico, como uma área na qual o Brasil vem sendo reconhecido pelo seu avanço - com o pioneirismo na realização de votações com urnas eletrônicas e na coleta e no processamento de informações tributárias.
"Em ambas, o Brasil atingiu um nível de excelência global, e ambas podem agregar valor à imagem do país nesse setor", afirma.
Oportunidade de negócios
Para os representantes das empresas do setor, a participação brasileira na CeBIT deste ano será também uma oportunidade única de negócios.
"Nossa participação está baseada em dois pilares - o reforço da imagem do Brasil como um mercado avançado de TIC e a oportunidade de negócios para as empresas brasileiras", observa Djalma Petit, diretor de mercado da Softex (Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro), que vem organizando a participação brasileira na CeBIT há 13 anos.
Para ele, o Brasil vive "um paradoxo", com um dos maiores mercados produtores de tecnologia do mundo, mas com exportações ainda tímidas, já que a produção hoje atende basicamente o consumo interno.
Segundo a Softex, o setor de tecnologia brasileiro gerou um faturamento de US$ 171 bilhões em 2010 e está em crescimento acelerado. A associação espera um avanço de 6% no setor neste ano.
'Inversão da lógica'
O governo brasileiro estima que até 2020 o setor de tecnologia e comunicação deverá representar 6% do PIB brasileiro.
"O setor de TICs é central hoje em dia para a economia mundial.", observa Rubens Gama. "Na crise de 2008, por exemplo, enquanto muitos setores demoraram dois anos e meio para recuperar os níveis de faturamento do período imediatamente anterior, o setor de TICs recuperou o faturamento pré-crise em menos de seis meses. O setor está em expansão e seguirá assim", afirma.
Segundo ele, o Brasil deve investir em parcerias com outros países com produção avançada de tecnologia para melhor aproveitar suas capacidades específicas.
"A cooperação é mais produtiva para o Brasil do que a competição direta", observa, apontando o exemplo da Índia, que tem alta produção de softwares padrões, mas pouca capacidade instalada para customização, como tem o Brasil.
"Para aumentar as exportações brasileiras, seria interessante, por exemplo, uma eventual parceria com a indústria indiana, na qual esta fornecesse os códigos padrões e o Brasil entrasse com a customização", afirma.
"Com isso, poderíamos abrir um excelente mercado no Sudeste Asiático, na China e, eventualmente, até o Japão, já que a Índia possui extensas carteiras de clientes nessa região. Para os indianos, a parceria com o Brasil poderia abrir mercados na América Latina para seus serviços primários – com a finalização do produto dada pelo Brasil", diz.
Segundo ele, essa seria "a inversão da lógica dos produtos básicos, onde o Brasil entra com a parcela mais primária da agregação de valor".
Petrobras e Embrapa
Segundo Djalma Petit, da Softex, o grande avanço da participação brasileira na feira deste ano é a presença nos diversos setores temáticos da CeBIT.
Os cerca de 130 expositores brasileiros, entre empresas e instituições privadas e governamentais, estarão distribuídos em seis pavilhões diferentes pela feira de acordo com suas áreas de atuação - um para soluções para educação e outros setores, um para sistemas eletrônicos de governo, um para tecnologias de telecomunicações, um para tecnologias para o setor financeiro, segurança e certificados digitais, um pavilhão para as indústrias-chave de petróleo e agricultura e um para jogos e TV digital.
Entre as empresas brasileiras presentes estarão também as estatais Petrobras, apontada como uma das líderes no desenvolvimento de tecnologias para perfuração de poços de petróleo em águas profundas e na produção de biocombustíveis, e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que tem mostrado avanços no setor de tecnologia voltada à agricultura.
A mencionada CeBIT aconteceu até o dia 10/03/2012, contando com cerca de 4.200 expositores de 70 países e estimava cerca de 350 mil visitantes ao longo do evento.