GLOSSÁRIO DO COSIFE - ENTREGUISMO X NACIONALISMO
A ATUAÇÃO IMPATRIÓTICA DA NOSSA SOCIEDADE DE ELITE
São Paulo, 13/05/2014 (Revisado em 23-06-2022)
Referências: Cosmopolitismo, Sociedade Oligárquica, Acumulação Entravada ou Estagnação Econômica causada pela Expatriação de Riquezas, Neocolonialismo, Internacionalização do Capital, de Lucros, Juros e Dividendos. Extrativismo e Exportações "In Natura".
SUMÁRIO:
Veja também:
Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE
1. INTRODUÇÃO
A definição de Entreguismo a seguir descrita baseia-se em página do Wikipédia, acessada em 08/05/2014. O coordenador deste COSIFE anteviu o risco de ser deturpado aquele conteúdo, em razão da nota contida no início daquela página, em que se lê:
"A neutralidade desse artigo (ou seção) foi questionada, conforme razões apontadas na página de discussão".
"Justifique na página de discussão e tente torná-lo mais imparcial".
Como os realmente parciais podem ser transformados nos "donos da verdade", embora lhes tenha faltado coragem para mudar a verdade publicada, aqui está reproduzido o vivenciado pelo coordenador deste COSIFE e por seus antepassados, com edição do texto publicado, para adaptação do português utilizado e para adição de informações complementares, obtidas em outras páginas da internet que ratificam o escrito pelos contestados colaboradores da Wikipédia.
2. ENTREGUISMO
O ENTREGUISMO no Brasil é também chamado de COSMOPOLITISMO.
O ENTREGUISMO pode ser definido como o preceito, a mentalidade ou a prática político ideológica de entregar recursos naturais de uma Nação para exploração por empresas, pessoas ou organizações com ou sem fins lucrativos de outro país ou de capital internacional, também chamado de multinacional ou transnacional, geralmente "escondido" em paraísos fiscais (isto é, com paradeiro desconhecido).
O ENTREGUISMO é um dos instrumentos de expatriação de riquezas utilizado pela sociedade de elite (sociedade oligárquica) e de manutenção de ACUMULAÇÃO ENTRAVADA, que impede o País de crescer.
Modernamente o ENTREGUISMO consiste na desnacionalização da produção de um País, especialmente de setores considerados por determinados segmentos (técnicos, científicos, contábeis, econômicos, administrativos, ideológicos, políticos, entre outros) como setores chave da produção nacional, mediante a transferência de seu controle operacional para capitais estrangeiros ou para falsos estrangeiros (brasileiros disfarçados como estrangeiros, falsamente estabelecidos em paraísos fiscais).
Esses falsos estrangeiros na verdade são testas de ferro ou "laranjas" de sonegadores de tributos, que são encarregados de esconder os recursos financeiros oriundos da expatriação de riquezas nacionais que, mediante a chamada de blindagem fiscal e patrimonial, ficam escondidas em paraísos fiscais sob sigilo absoluto, para que não sejam arrestado pela justiça para pagamento de tributos ou para ressarcimento dos prejuízos causados à Nação.
Na gíria contabilística os recursos financeiros expatriados passam a compor o "CAIXA DOIS" (dinheiro sujo ou obtido na ilegalidade) de organizações criminosas ou de sonegadores de tributos.
A remessa de lucros ou de riquezas é decorrente da entrega do controle econômico de um País a estrangeiros. Constitui-se numa das parcelas da expatriação do excedente produzido em um País dominado pelo neocolonialismo (colonialismo econômico).
Assim, a delegação do controle administrativo e operacional dos setores estratégicos da economia de um país para empresas multinacionais (associadas em Cartel) impede o surgimento de outras forças produtivas internas que eliminem os entraves ao desenvolvimento nacional, impedindo também que seja alterado o "status quo" (o modo como as coisas se apresentam ou acontecem no decorrer do tempo).
No Brasil, o termo entreguismo tem sua origem relacionada às disputas políticas pela estatização do petróleo (e também dos demais minérios, sempre surrupiados por estrangeiros). Acredita-se que o termo foi inicialmente utilizado num documento impresso em 1952, resultado de um estudo do CEDEPEN - Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional (entidade criada em 1948).
3. NACIONALISMO
Na mencionada página sobre o ENTREGUISMO, os colaboradores do Wikipédia transcreveram texto de autoria do nosso ex-ministro Bresser-Pereira, idealizador do famoso Plano Bresser durante o Governo Sarney, que tantos problemas causou aos pequenos investidores brasileiros.
Mas, de forma precisa, o Ministro explica que o NACIONALISMO é implícito nos países centrais (chamados de Países Desenvolvidos), onde as elites são nacionalistas, mas esse nacionalismo é implícito [não é propagado, não revelado com clareza].
Desse modo, Bresser-Pereira quis dizer e os colaboradores do Wikipédia quiseram mostrar que no Brasil as elites não são nacionalistas; pelo contrário são entreguistas.
Veja as explicações contidas no texto em que é mostrado que A Elite Brasileira Vive na Praia, de Costas para o Brasil, destilando o seu eterno "complexo de vira-latas", submissa aos títulos de nobreza e às condecorações que seus antepassados conseguiram dos monarcas portugueses e também de outros países pelos excelentes (e impatrióticos) serviços prestados. Excelentes para os estrangeiros e impatrióticos para os brasileiros.
Em continuação, Bresser-Perieira explica que nos países periféricos (Países Subdesenvolvidos = colonizados, agora emergentes), se o nacionalismo não for explícito [expressado com clareza], logo descamba para o "cosmopolitismo" (no significado do português brasileiro, semelhante à teoria da globalização), para uma "mentalidade colonial" (submissa ao colonialismo) ou para o entreguismo (Traição à Pátria ou Lesa-Pátria).
Ainda segundo Bresser-Pereira, o nacionalismo foi implícito no Brasil entre 1822 e 1930 (resultando na independência do Brasil) e a partir dos anos 1990 (quando o Povo brasileiro começou a entender que era espoliado pelo neocolonialismo).
O Povo brasileiro começou a entender que a privatização das empresas estatais era mero ato de entreguismo, razão pela qual determinados segmentos políticos e de trabalhadores movimentaram-se contra aquela prática impatriótica, tentando impedi-la judicialmente, de forma pacífica. Não surtindo o efeito esperado, em 2013 os radicais apelaram para o vandalismo.
Bresser-Pereira em 2008 resume seu estudo ressaltando que "embora o imperialismo seja inevitável entre países fortes e fracos, ele [o colonialismo econômico] mudará de características na medida em que esta relação de forças se modificar graças ao nacionalismo dos dominados".
O site Significados, diz que o nacionalismo brasileiro é um movimento que valoriza o Brasil, a sua cultura, a sua diversidade e o seu povo. Muitos consideram que a maioria do povo brasileiro não é nacionalista, ou só demonstra amor pela nação na altura de grandes competições esportivas como a Copa do Mundo.
Continua dizendo que historicamente, o povo brasileiro nunca teve que se unir contra uma ameaça externa, como aconteceu em outros países. Mesmo quando o Brasil obteve a independência de Portugal, essa conquista foi alcançada para o benefício de um pequeno grupo que lutava pelos mesquinhos interesses de seu clã. Muitos acreditam que, em razão desse jogo de interesses elitistas (segregador ou escravocrata), o nacionalismo ainda não foi verdadeiramente fomentado no Brasil.
Tal elitismo ficou comprovado na Constituição Republicana de 1891, quando o voto não foi permitido às mulheres, aos pobres de modo geral e aos militares de baixa patente. Somente a partir de Getúlio Vargas o voto foi universalizado.
Em tese, o nacionalismo consiste numa ideologia e num movimento político, baseados na consciência de Nação, que exprimem a crença na existência de certas características comuns numa comunidade (nacional ou supranacional) e o desejo de modelá-las politicamente.
É fácil observar que significativa parcela de brasileiros (não nacionalistas) ainda continua a disseminar a cultura (tradições e costumes) de seus antepassados estrangeiros, vangloriando-se da nobreza ou da imponência do sobrenome recebido, mesmo sabendo que, em visita àqueles países, os brasileiros de modo geral são tratados como desprezíveis estrangeiros, considerados seres inferiores vindos da colônia que sempre abrigou a ralé que de lá (seus países de origem) fugiu ou foi expulsa.
Nos países europeus, principalmente nos do norte (Islândia, Noruega, Suécia, Finlândia), o imenso frio fez com que passassem a investir e a produzir no exterior. Porém, o nacionalismo os levou a acumular seus lucros obtidos no estrangeiro dentro dos seus países de origem para permitir a sobrevivência das populações que lá ficam até 9 meses sem poder trabalhar, como também acontece no Alasca e na Groenlândia.
Já nos Estados Unidos, a partir de 1970 aconteceu o inverso. Os empresários norte-americanos mostraram-se não nacionalistas porque internacionalizaram seu capital para evitar o pagamento de tributos. Desse modo agiram como os oligarcas brasileiros que desde a proclamação da independência passaram a acumular suas riquezas na Europa e a partir da década de 1970 também em paraísos fiscais.
Essa impatriótica internacionalização do capital levou os Estados Unidos à bancarrota porque aquele país não tem riquezas minerais e alimentícias exportáveis como tem o Brasil.
No século XX, especialmente depois da 2ª Guerra Mundial, o nacionalismo surgiu nos países colonizados do chamado Terceiro Mundo em contraposição às formas neocolonialistas de exploração utilizadas pelos países hegemônicos.
A partir da década de 1950, com o surgimento do movimento "O Petróleo é Nosso", a Inglaterra foi perdendo o seu domínio sobre a economia brasileira. Então, a nossa elite tentou transferir esse domínio ou tutela para os Estados Unidos.
Porém, a partir da década de 1970, diante do liberalismo introduzido pelo presidente Ronald Reagan, as grandes empresas norte-americanas fugiram daquele país, transformando-se em multinacionais sediadas em paraísos fiscais, dando início a uma nova forma de neocolonialismo em que o Capital não tem Pátria.
Desse modo, o neocolonialismo deixou de ser praticado pelos países hegemônicos para ser praticados por magnatas controladores de grandes conglomerados de empresas. A indireta interligação entre esses conglomerados empresariais formou grandiosos CARTEIS distribuídos em diversos segmentos operacionais, conforme está explicado em Auditoria Analítica - Textos Elucidativos.
Ainda, segundo o Wikipedia, o COSMOPOLITISMO seria um pensamento filosófico que despreza as fronteiras geográficas imposta pela Nação (politicamente organizada) considerando que a humanidade ... segue as leis do Universo (cosmos). Isto é, o cosmopolitismo considera os homens como formadores de uma única Nação (sem fronteiras), não vendo diferenças entre as mesmas, avaliando o mundo como única Pátria.
Atualmente o termo Cosmopolitismo é bastante associado a uma ideologia que vê com desprezo a História e os acontecimentos do passado, valorizando apenas o mundo moderno, tanto na área da urbanização - como as metrópoles, as megacidades, as megalópoles etc. - além de outros fatores, a maioria incluindo a alta tecnologia atual.
Alguns dicionários descrevem o Cosmopolitismo como sendo: Atitude ou doutrina que prega a indiferença ante a cultura, ante os interesses e/ou soberanias nacionais, com a alegação de que a pátria de todos os homens é o Universo.
Diante dessa premissa, os neoliberais defendem a tese de que "o Capital não tem Pátria". Logo, com essa Globalização (universalização), não há tributos a pagar. Com base em tal teoria, os capitalistas, também elitistas, deixam os menos favorecidos largados a sua própria sorte, razão pela qual cresce no mundo a criminalidade que aniquila o cidadão comum.
Veja também o texto sobre o Anarquismo.
6. ACUMULAÇÃO ENTRAVADA OU ESTAGNAÇÃO DA ECONOMIA
Segundo o que se depreende de texto rebuscado, publicado no site da USP - Universidade de São Paulo / FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, a Acumulação Entravada é a base material da produção da sociedade de elite brasileira, que tem sido chamada de sociedade oligárquica.
O verbo entravar é sinônimo de bloquear ou impedir. Por extensão é sinônimo de estagnar, que significa ficar em estado estacionário, não progredir, tornar-se inerte, paralisado. Nessa forma, os mencionados termos aplicam-se a Estagnação da Economia. É o que vem acontecendo no Brasil especialmente por falta de nacionalismo.
Mediante a prática da Blindagem Fiscal e Patrimonial, o nosso empresariado internacionaliza seu capital e assim ficamos eternamente dependente dos paraísos fiscais, tal como agora também estão dependentes os países desenvolvidos. Os empresários de lá aprenderam com os nossos.
Logo, o termo Acumulação Entravada significa que a acumulação de capital no Brasil, desde os tempos do colonialismo foi bloqueada ou impedida pela constante remessa de lucros para o exterior. Ou seja, os representantes da coroa portuguesa aqui na colônia, em vez de investirem no desenvolvimento brasileiro, mesmo porque era proibido, investiam no país colonizador. Este seria um meio de manter seus bens e investimentos (riquezas) fora do alcance de eventual revolta da plebe ou ralé contra os seus mesquinhos interesses escravocratas (colonialistas).
Com tanto dinheiro à sua disposição, representado por mercadorias que podiam ser vendidas na Europa, Portugal não se transformou numa potência controlada por banqueiros ligados à monarquia, porque a nobreza portuguesa, ocupada com suas festanças, preferia comprar o que era produzido na Inglaterra.
Diante dessa rotina consumista adotada pela monarquia portuguesa e por seus súditos, os historiadores poderiam afirmar que os lusitanos, e também os espanhóis, promoveram a Revolução Industrial inglesa e depois a francesa.
Com eram proibidas as indústrias no Brasil antes da proclamação da independência, nossa produção extrativista (acima da necessidade interna) tinha seu excedente expatriado. Desse modo acontecia, já naquela época, a internacionalização do capital nacional (na forma de expatriação dos lucros aqui obtidos).
Esse constante desfalque monetário (representado por produtos exportados e vendidos na Europa, cujo dinheiro resultante ficava lá), continuou acontecendo depois da independência. Isto impedia a acumulação de riquezas no Brasil.
Ou seja, eram raros os investimentos da nossa elite, subalterna à Coroa portuguesa, no desenvolvimento brasileiro. Foi assim que os ingleses tornaram-se donos de quase tudo por aqui. Depois da nossa independência, a nossa elite vira-lata transformou-se em representante dos ingleses e do neocolonialismo por eles implantado no Brasil.
Principalmente depois da 2ª guerra mundial, como o dinheiro expatriado sempre acaba voltando, o Brasil vem se apresentando como eterno dependente do capital estrangeiro. Na realidade, um falso capital estrangeiro.
Desse modo as nossas elites oligárquicas (escravocratas) transformaram um inegável País Rico num País Subdesenvolvido (por falta de investimentos na industrialização e na modernização dos demais setores produtivos). Por tais motivos, o Brasil sempre teve um Povo extremamente pobre, trabalhando em Regime de Semiescravidão (mediante baixos salários).
Por sua vez, a nossa elite sempre esnobou com seus produtos importados, fazendo crer a seus subalternos (vassalos) que o Brasil é um País incapaz de produzir algo que preste. A nossa elite e os estrangeiros disseminavam o "slogan" de que todo brasileiro era vagabundo. Por isso, muitos dos nossos iludidos ainda duvidam que o Brasil seja um País Rico, assim como os demais colonizados.
Pergunta-se: Se os países colonizados não fossem ricos em matérias-primas, qual seria o interesse de colonizá-los?
Ou seja, tal como grande parte dos países colonizados pelos europeus, o Brasil é Rico em reservas minerais e florestais, com imensas áreas cultiváveis com baixo custo operacional ("em se plantando, tudo dá", já dizia Pero Vaz de Caminha), inclusive com grandes extensões de terras apropriadas para a pecuária extensiva, aquela composta de pastagens utilizadas pelos ruminantes há milênios.
Diante desse colonialismo do espírito e do ser, impingido pelas nossas elites oligárquicas, grande parte dos brasileiros ainda acredita que o Brasil só tem condições de progredir se for administrado ou explorado por estrangeiros, que eternamente continuarão expatriando nossas riquezas (neocolonialismo ou colonialismo econômico).
Veja as explicações complementares no texto intitulado Os Países e suas Reservas Minerais Estratégicas.
7. SOCIEDADE DE ELITE OU SOCIEDADE OLIGÁRQUICA
Tanto a acumulação entravada quanto a sociedade de elite (oligarquia) tem sua origem na produção colonial e respectiva sociedade colonial, cujas características fundamentais foram conservadas depois do processo de Independência do Brasil.
Esse processo de autonomia política brasileira limitou-se a internalizar o aparelho estatal e o arcabouço institucional até então assegurado por Portugal. Entretanto, esse processo aconteceu sem qualquer alteração nos princípios de organização da produção ou da sociedade civil.
Ou seja, a nossa Elite econômica continuou a agir como agiam os nossos colonizadores. Até os dias de hoje, fazem a blindagem fiscal e patrimonial de suas riquezas no exterior, preferencialmente com a intermediação de paraísos fiscais.
Assim, o Brasil passou a ser colônia da nossa oligarquia feudal, oriunda do coronelato interiorano e da antiga nobreza que rapidamente se colocou a serviço do novo colonizador (o neocolonialismo inglês).
No âmbito social, a expatriação das riquezas, a fragilidade da estrutura produtiva e a falta de progresso tecnológico, resultou no baixo nível da força de trabalho que se tornou visível em razão das precárias condições de vida do trabalhador e nas extremas diferenças sociais.
Assim, a concentração de renda e o rebaixamento das condições da vida urbana atingiram níveis de degradação que no passado seriam inimagináveis. Dessa degradação, facilmente observada em favelas e em bairros que no decorrer do tempo transformaram-se em favelas, resultou a criminalidade alimentada pela segregação social. No decorrer de todo esse tempo, a criminalidade foi galgando recordes (negativos), atingindo níveis assustadores.
8. CONCLUSÃO
Diante desses fatos históricos, podemos perceber desde quando vem se perpetuando a pobreza e a miserabilidade em todo esse submundo colonizado pelos oligarcas, em que prosperou a mais complexa criminalidade, principalmente nas duas extremas classes sociais (na mais pobre e na mais rica).
Sendo assim, podemos afirmar que entre os principais entraves ao nosso desenvolvimento está a mentalidade escravocrata da nossa elite empresarial que prefere exportar matérias-primas e importar produtos acabados (industrializados) para não gerar emprego para os descendentes dos antigos escravos de seus antepassados.