AUDITORIA ANALÍTICA EM FACE DA AUDITORIA INDEPENDENTE
TÉCNICAS DE AUDITORIA ANALÍTICA UTILIZADAS NO BRASIL - UM ESTUDO DE CASOS
CAPÍTULO 4 - DESCRIÇÃO DOS CASOS ESTUDADOS
4.2 - Casos - Empresa B
Parte I - Características gerais da empresa
Empresa de origem nacional, com aproximadamente 43 anos de atividade em auditoria, com as seguintes principais áreas de atuação:
Basicamente, o faturamento da empresa provém de duas áreas básicas:
1) auditoria contábil, com uma participação de 70%; e
2) consultoria fiscal, que soma 20% de sua renda.
As outras áreas apontadas contribuem com 5% cada uma.
Os serviços mais relevantes são:
O número de empregados do escritório do Rio de Janeiro está numa relação de quatro empregados para cada sócio (ou diretor)
Foi perguntado se a empresa inclui em seu programa de trabalho procedimentos específicos ligados à elaboração e análise de fluxograma de sistemas e a resposta foi "raramente"
A empresa não inclui em seu programa de treinamento do corpo de auditores instruções referentes às técnicas de auditoria analítica. Entretanto, quando se perguntou de que maneira é feito o treinamento do pessoal de auditoria, especialmente o daqueles que atuam na fase de auditoria analítica, a resposta foi: "outra", ou seja, mais especificamente "leitura do livro traduzido para o português de Skinner e Anderson"
A empresa não possui serviços de computação eletrônica para executar atividades pertinentes às técnicas de auditoria analítica
Parte II - Técnicas de auditoria analítica
A empresa afirma que adota como procedimento inicial um plano ou programa de auditoria para avaliar os riscos de controle numa auditoria contábil, no entanto a determinação do "nível de risco de controle" é feita segundo o bom senso do auditor, isto é, critério "mais subjetivo do que objetivo". Nestes exames, não aplica as técnicas de auditoria analítica
Para determinar o grau de eficiência e eficácia da estrutura de controle interno, executa os seguintes passos:
Porém, quando da determinação do grau de eficiência e eficácia no que concerne à prevenção e detecção de erros e irregularidades que podem ocorrer no processo contábil e, consequentemente, provocar reflexos materiais nas demonstrações contábeis, segundo afirmação do entrevistado não é feito teste de aderência e, em vista disso os testes substantivos detalhados, são aplicados em maior profundidade, bem como em época oportuna.
O entrevistado entende que a determinação de uma estratégia efetiva de auditoria depende, ou não, da fragilidade dos controles internos, uma vez que se o auditor não deseja confiar nesses controles deve aplicar testes substantivos adequados às circunstâncias. Ainda afirma que a Instrução CVM 38/1984 exige, para essa finalidade, um relatório específico que deve ser preenchido pelo auditor num exame de companhia abertas, o qual é utilizado pelo entrevistado nos serviços de auditoria levados a efeito em empresas de capital fechado.
Instrução CVM 38/1884 foi REVOGADA. Veja a Instrução CVM 308/1999. Nela estão as informações sobre o contido na Resolução CFC 1.019/2005, que criou o CNAI - Cadastro Nacional de Auditores Independentes, e na Resolução CFC 1.055/2005, que criou o CPC - Comitê de Pronunciamento Contábeis, cujos pronunciamentos passaram a ser adotados pela CVM.
Pediu-se que a empresa citasse quatro fatores de risco inerente que ela tem notado com maior frequência na prática, e a resposta dada pelo entrevistado foi que estava "sem elementos para opinar", apesar de ter o pesquisador esclarecido que os riscos inerentes estão ligados aos riscos de negócios, riscos financeiros e riscos do mercado.
Os quatro fatores de risco de controle cuja ocorrência na prática, a empresa tem observado com frequência são:
B. Elaboração e análise de fluxogramas de sistemas
O método de fluxogramas de sistemas e a técnica de fluxogramação, utilizados pela empresa para indicar o modo pelo qual as transações fluem através do sistema, constituem o playscript, que se baseia no script usado em teatro, cinema e televisão, e compõe-se de "passo", "ator" e "ação"
Após levantar esse tipo de gráfico, a empresa afirma que os pontos críticos nele identificados são registrados nos papéis da empresa em forma de:
A empresa não elabora fluxogramas ideais para corrigir as falhas encontradas nas rotinas examinadas
Ao ser interrogado sobre as vantagens que os fluxogramas podem proporcionar ao auditor ~a fase da auditoria preliminar, o entrevistado deu a seguinte resposta:
"Usualmente nenhuma, são elaborados a 'baixo nível', muito detalhados, difíceis de atualizar. Uma abordagem do tipo DFD (diagranza de fluxo de dados) é melhor."
O entrevistado acredita que somente através de um amplo entendimento da estrutura de controle interno é que o auditor poderá determinar a eficiência e eficácia dos sistemas e rotinas mantidos pelo cliente, porém enfatiza que isto só é necessário em empresas de grande porte
Perguntou-se se a empresa determina a precisão e efetividade do sistema contábil e controles internos pertinentes para planejar os procedimentos de auditoria das demonstrações contábeis em sua natureza e extensão, e a resposta foi "sim". Porém, para esse fim, a empresa não utiliza as técnicas de auditoria analítica
Foi perguntado, também, como são determinadas a precisão e efetividade do sistema contábil e dos controles internos respectivos e a decisão de testá-los, e a resposta foi a seguinte:
"Na fase de estudo e avaliação dos controles internos, é pelo teste de aderência, que testa o sistema, e não os dados em si gerados pelo sistema, o que é feito pelos testes substantivos."
O entrevistado afirma que calcula confiabilidade desejada ao definir a natureza, época oportuna e extensão dos procedimentos de auditoria das demonstrações contábeis e que esse cálculo é feito subjetivamente, isto é, com base no "conhecimento do negócio do cliente"
Na opinião desta empresa, o fator que mais influencia a determinação da confiabilidade nos controles da empresa auditada é a limitação dos testes de aderência. E, em função desse fator, é possível determinar a precisão e efetividade do sistema contábil e dos controles respectivos, sem a utilização das técnicas de auditoria analítica. Isto porque, segundo o entrevistado, os fluxogramas são apenas um modo de registro. Os questionários utilizados pela empresa compõem-se de dois níveis: 1) o questionário de objetivos de auditoria; e 2) o questionário de sistema (por ciclos), sendo que este dá suporte às respostas dadas no questionário de objetivos de controle interno (CI).
Esta empresa aponta a obsolescência como a problemática que mais dificulta a utilização das técnicas de auditoria analítica, muito embora o entrevistado não descarte a possibilidade de o escritório de São Paulo utilizar esta ferramenta.
As ferramentas utilizadas por esta empresa para avaliar a precisão e efetividade do sistema contábil e controles respectivos são:
O entrevistado considera inevitável a utilização dessas ferramentas nos seguintes casos:
D. Procedimentos de auditoria analítica
Os procedimentos adotados por esta empresa para fazer uma revisão preliminar dos sistemas de controles de seus clientes são:
A empresa aponta como fundamentais para obter bons resultados, quando da avaliação do sistema contábil e respectivos controles internos de um cliente, os seguintes passos:
A empresa afirma que faz o acompanhamento das deficiências observadas durante a auditoria de sistemas e que esse acompanhamento é feito
"Basicamente pelo teste de aderência, que deve cobrir todo período auditado. Pontos de fraqueza são abordados por uma ampliação dos testes substantivos."
Em resposta à nossa pergunta sobre qual tem sido a divisão do sistema global em seções lógicas que mais tem facilitado a preparação de fluxogramas de sistemas e a identificação de áreas com problemas de controles, obtivemos a seguinte declaração:
"N6s dividimos o campo de trabalho nos seguintes ciclos ou segmentos:
1) da receita;
2) dos desembolsos;
3) mão-de-obra e pessoal;
4) estoques e custos das vendas;
5) ativo imobilizado e diferido;
6) investimentos;
7) disponibilidades;
8) financiamentos; e
9) patrimônio líquido."
Segundo o informante, essa divisão proporciona os seguintes benefícios:
Na opinião desta empresa, o uso das técnicas de auditoria analítica em sistemas que utilizam PED permite o atingimento do seguinte objetivo: interfaces do sistema de PED e usuários.
Procurou-se informar quais as áreas em que as técnicas de auditoria analítica são mais utilizadas e a reposta foi: "nenhuma"
Na opinião do entrevistado, o uso das técnicas de auditoria analítica não traz vantagens adicionais frente ao uso de técnicas tradicionais numa auditoria contábil
Procurou-se saber do entrevistado como ele descreveria a eficiência (em termos de tempo requerido para testes) das técnicas de auditoria analítica comparadas com as técnicas tradicionais da auditoria, e a resposta dada foi a seguinte:
"Não se trata de usar ou lido de métodos gráficos, como método gráfico, a auditoria analítica está obsoleta, o melhor da auditoria analítica é o seu questionário, no final do livro di' Skinner e Anderson."
Finalmente, o entrevistado fez o seguinte comentário:
"Os métodos gráficos são fundamentais, mas existem, por exemplo, ferramentas computadorizadas (Casy Computer Aides System Engeneerint) para o caso do 'DFD (diagrama de fluxo de dados), que é uma abordagem que ainda não usamos, mas que está em cogitação."