Ano XXVI - 21 de novembro de 2024

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EVASÃO CAMBIAL OU DE DIVISAS - TUDO AOS ESPECULADORES



EVASÃO CAMBIAL OU DE DIVISAS - TUDO AOS ESPECULADORES

Os especuladores e os lavadores de dinheiro conseguem quantos dólares quiserem das autoridades monetárias brasileiras.

São Paulo, 8 de agosto de 2002

Os especuladores e os lavadores de dinheiro conseguem quantos dólares quiserem das autoridades monetárias brasileiras. Conseguem levar para os paraísos fiscais as verbas vindas do FMI, conforme disse muito bem Paul O’Neill. Conseguem levar os dólares das exportações, conforme descrevemos em A Balança Comercial e a Dívida Externa. Conseguem levar os dólares dos títulos públicos vendidos no exterior (C-Bonds). Conseguem tantos dólares quantos mais estiverem disponíveis.

E o ouro extraído no território nacional acaba sendo vendido pelo Banco Central do Brasil na Bolsa de Chicago para que se consiga mais dólares para estancar as vertiginosas altas especulativas das cotações do dólar no mercado de capitais.

Este é um sistema perverso em que só perde a nação brasileira. E perdem em confiabilidade os nossos governantes que tudo fizeram pelos especuladores, até isentando-os do pagamento da CPMF.

E assim pudemos ver a nossa dívida externa crescer seis vezes nos últimos oito anos, sem que nada tenha sido construído com esse dinheiro. Muito pelo contrário, até o patrimônio público foi vendido através das privatizações.

A dívida cresce porque todo o dinheiro que foi retirado acaba voltado como capital estrangeiro para gerar mais juros e dividendos que fazem novamente a dívida crescer, porque os rendimentos do capital estrangeiro acabam voltando como investimento. Esse é o motivo pelo qual a dívida cresce tão assustadoramente.

Agora me surgiu mais um fato que não havia notado antes. É que as Bolsas de Valores brasileiras fizeram convênios com a Bolsa de Nova Iorque e isso veio facilitar mais ainda a lavagem de dinheiro. Agora basta aplicar o dinheiro no Brasil, transferir a custódia dos títulos para Nova Iorque e vende-los lá em dólares. Essa é a nova forma de mandar dólares para o exterior, além da já famosa conta ‘CC5”, do superfaturamento das importações, do sub-faturamento das exportações e dos falsos investimentos em Bolsas de Mercadorias no exterior.

Nossos incompetentes governantes, agora “mais perdidos do que cegos em tiroteio” clamam pela “sensatez dos mercados”. O presidente só falta implorar. Clama pelo patriotismo e pelo nacionalismo (quem diria?). Mas, agora é tarde, afinal foi ele mesmo quem internacionalizou a economia brasileira e permitiu a internacionalização do capital nacional através da contas “CC5”. O consolo talvez seja saber que grande parte dos credores brasileiros, que inegavelmente moram aqui, também vai sofrer as conseqüências tal como o povo. Isso se não resolverem ir morar definitivamente em Miami, tal como fazem os plantadores de bananas da América Central.

Enquanto levam nossas divisas para o exterior, o povo brasileiro não tem verbas para a educação, para a saúde, para o Sistema Financeiro da Habitação e agora também não tem para as forças armadas. De outro lado, não há emprego nem salário justo para os que ainda estão empregados. Os preços sobem impulsionados pela alta do dólar e até mesmo sem ela. O desemprego aumenta. Os salários médios diminuem em razão da grande oferta de mão-de-obra, as favelas crescem assustadoramente e, conseqüentemente, a criminalidade também, chegando a índices insuportáveis, uma verdadeira guerra civil.

Conclusão: Para o povo nada. Para os especuladores tudo. Essa é a incontestável prova da má administração da nação brasileira.

Agora, se os “mercados” não querem se tornar “sensatos”, só nos resta a alternativa de acabar com eles. Afinal, guerra é guerra!

Ver FHC deixou economia do País à deriva depois do Plano Real - Tribuna da Imprensa







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