APOSTAS CONTRA O REAL = VALORIZANDO AS MOEDAS ESTRANGEIRAS
OS ECONOMISTAS E A MANIPULAÇÃO DAS COTAÇÕES DO DÓLAR
Folha de S. Paulo, 16 de agosto de 2001 (Revisado em 20/08/2024)
CLÓVIS ROSSI - Folha de São Paulo
SÃO PAULO - Ney Hayashi da Cruz mostrou em 15/08/2001, nesta Folha, que os bancos aumentaram suas apostas no galope do dólar sobre o real. Ou, na linguagem de mercado, estão mais "comprados" que "vendidos". Quer dizer que estocaram dólares para vender lá na frente a um preço mais suculento.
Muito bem. Agora, ponha-se na situação de um desses economistas que aparecem todos os dias nos jornais, nas TVs, nas rádios etc., dando palpites sobre a economia. Imagine que a instituição em que ele trabalha esteja "comprada", ou seja, aposte no dólar contra o real.
Pois, é assim que as coisas funcionam no capitalismo financeiro, hoje hegemônico. Nem sou eu quem o diz.
George Soros, que pode ser o demo, mas entende de ganhar e de perder dinheiro, fez a mesma observação em Davos, na presença de um certo Fernando Henrique Cardoso.
FHC, aliás, até concorda, a julgar por uma frase sua de 1995: "São os países ricos que devem dizer o que fazer com este mundo que criaram, pois são outros frankensteins, e não sabem agora como controlá-los".
No entanto alguns colunistas e muitos analistas, mais a força brutal da propaganda da "pátria financeira", vendem, permanentemente, a tese de que os palpites, "ratings" e coisas que tais dessa gente toda são científicos. Lorota. Têm, sim, algo de ciência, mas muito, muito, muito mais de interesse, pesado interesse, aliás.
A verdade é simples: nesse cassinão global, os mortais comuns [são os que estão totalmente] vendidos. E mal pagos.
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