EMPRESÁRIOS INCOMPETENTES DENIGREM A IMAGEM DO TURISMO MARÍTIMO
CRUZEIROS EXIGEM MUITO CUIDADO NA HORA DA ESCOLHA
São Paulo, 14/01/2012 (Revisado em 02/02/2012)
Referências: Turismo em Cruzeiros Marítimos, Viagens Turísticas - Os Riscos Assumidos e os Direitos dos Consumidores - Código de Defesa do Consumidor. Empresários Aventureiros, Inescrupulosos e Megalomaníacos. Incapacidade Técnica e Administrativa, Contabilidade de Custos, Falta de Qualidade e Produtividade, Alimentos vencidos e mal conservados, Nutricionista, ANVISA, Desperdício Causado por Profissionais Não Especializados. Indenização de Prejuízos por Danos Materiais e Morais. Contabilidade Entidades de Turismo e Lazer.
EMPRESÁRIOS INCOMPETENTES DENIGREM A IMAGEM DO TURISMO MARÍTIMO
Por Américo G Parada Fº - Contador CRC-RJ 19750
MAIS UM ACIDENTE COM NAVIO DE TURISMO
Mais um acidente com navio de turismo (naufrágio) num cruzeiro marítimo pelo Mar Mediterrâneo, na costa europeia entre a Itália e a França, ocorrido na noite de 13/01/20012, leva-nos à reflexão sobre o que vem acontecendo com certos empresários e administradores desse badalado ramo de atividade.
As autoridades italianas acreditam que o navio naufragou por imperícia (inabilidade técnica ou profissional) do comandante (capitão) do navio ou da tripulação incumbida da navegação. Segundo informações veiculadas pelos meios de comunicação, o dito capitão abandonou o navio antes dos passageiros e da tripulação, o que não é normal. O comandante deve ser o último a abandonar o navio.
O AVENTUREIRISMO E A MEGALOMANIA DOS EMPRESÁRIOS
Em diversos artigos o site do COSIFe tem mostrado que o baixo nível educacional e cultural de grande parte dos empresários, não somente no Brasil como em todo o mundo, os levam à falência. Nesses textos menciona-se que o aventureirismo, a inconsequência e a megalomania (mania de grandeza) do empresariado "sem noção" de sua área de atuação (atividade) e a ânsia de lucros fáceis e rápidos o leva a cometer desatinos.
OS BADALADOS CRUZEIROS MARÍTIMOS
Segundo dizem os especialistas da área do turismo, os cruzeiros marítimos estão em alta porque, antes dessa fase atual, em razão do seu alto preço cobrado por passageiro, os cruzeiros marítimos eram utilizados somente pelos suficientemente endinheirados das classes sociais A e B.
Agora, mediante pagamento em prestações e dos preços reduzidos, os cruzeiros marítimos estão ao alcance de maior parcela de pessoas das classe B e também de certa parcela da classe C.
OS CUSTOS E PREJUÍZOS DA INCONSEQUÊNCIA DOS EMPRESÁRIOS
A megalomania, no caso do navio em questão, reside no fato de que levava cerca de mil tripulantes. Isto é, levava um tripulante para cada grupo de 3 ou 4 passageiros. Essa quantidade de tripulantes exige que um único navio tenha uma estrutura de gerenciamento igual ou superior a de uma indústria com mil empregados. Considerando-se que os tripulantes dos navios em média têm salários mais elevados que uma indústria de tal porte e considerando-se ainda o que salário médio pago nos países europeus está entre US$ 3 e 4 mil, cada grupo de 3 ou 4 passageiro de antemão deve arcar com esse custo de mão de obra, sem contarmos com as despesas materiais necessárias à manutenção do navio, os lucros do armador (proprietário do navio), os impostos e as taxas portuárias e os custos de toda a infraestrutura da empresa de navegação e dos agentes de turismo envolvidos.
Dessa maior procura pelos cruzeiros marítimos, estão-se aproveitando alguns empresários inescrupulosos que, para reduzirem seus custos e, assim, atrair outras classes sociais consideradas como inferiores pelos elitistas, contratam funcionários pouco experientes, inclusive para comandar as operações do navio, embora, segundo consta, o "capitão" daquele navio acidentado trabalhava na empresa há 11 anos. Resta saber se estava acostumado a comandar aquele tipo de embarcação. Pode ser que antes comandasse embarcações menores, por isso aproximou-se perigosamente da costa rochosa existente no local do naufrágio.
O fato pode assemelhar-se ao de colocar o piloto de avião "teco-teco" (monomotor) para comandar um grande avião a jato com 4 turbinas de altíssima potência e com 400 passageiros a bordo, sem que o avião tenha condições satisfatórias para voar em razão da inoperância ou da inexistência de equipamentos importantes.
Obviamente que, voando em condições insatisfatórias, uma aeronave corre o risco de cair. O mesmo pode acontecer com os navios que afundam, naufragam. Isto pode acontecer por deficiências administrativas e técnicas (falta manutenção e conservação de equipamentos) e pela falta de profissionais (tripulantes) realmente especializados.
Nos navios, são importantes os radares (principalmente na ocorrência de neblina) e os sonares (para medir a profundidade do mar em que se está navegando e detectar objetos estranhos e cardumes).
Se um navio, por exemplo, encalha num banco de areia, provavelmente o seu sonar não estava funcionando e seu comandante também não tinha a mínima noção dos perigos que poderia enfrentar na rota ou canal de navegação que estava utilizando. Os encalhes geralmente acontecem em razão de falhas mecânicas, quando o navio fica à deriva (desgovernado), sem possibilidade de ser direcionado por seu comandante (capitão) e pela tripulação especializada.
Por causa da falta de conhecimento para navegar em determinadas rotas marítimas, principalmente nas regiões portuárias (onde o perigo é maior), há a figura do "prático da barra". No porto de Santos - SP, por exemplo, e nos demais portos existentes pelo mundo afora, o "prático da barra" tem a função de conduzir os navios desde "fora da barra" até um dos atracadouros do cais do porto e vice-versa. Veja informações complementares no site da empresa Santos Pilots.
DEFINIÇÕES
Armador (em Marinha Mercante) é a pessoa ou firma (empresa) que, à sua custa, equipa, mantém e explora comercialmente embarcação mercante, podendo ser ou não o seu proprietário. (Dicionário Aurélio)
Prático (em Náutica), segundo o Dicionário Aurélio, é o homem que conhece minuciosamente os acidentes hidrográficos de áreas restritas, e que com esses conhecimentos conduz embarcação através dessas áreas.
"Práticos da Barra" são pessoas habilitadas pela Marinha brasileira para atuarem individualmente ou organizados em associações. Atualmente, desde 1990, existem empresas especializadas na prestação desse serviço. Os "Práticos da Barra" conhecem os canais de navegação em cada porto que atuam. Chegando numa pequena e rápida embarcação, sobem aos navios para orientar os seus respectivos comandantes no sentido de evitar que as embarcações encalhem em bancos de areia, alguns originários da própria dragagem do canal de navegação e da região de atracagem.
Tripulante - pessoa pertencente à tripulação na Marinha de Guerra e na Marinha Mercante de cargas e de turismo (Fonte: Dicionário Aurélio).
Tripulação é o conjunto de pessoas empregadas, ou ocupadas duradouramente, no serviço de uma embarcação (designação comum a toda construção destinada a navegar sobre água). Navio - embarcação de grande tamanho (Fonte: Dicionário Aurélio).
Duradouramente - modo ou forma de ser duradouro. Por exemplo: trabalhar numa mesma profissão durante longos anos, adquirindo larga e comprovada experiência.
TEXTOS ELUCIDATIVOS
Veja a seguir o que menciona um dos representantes dos profissionais da área do turismo.
CRUZEIROS EXIGEM MUITO CUIDADO NA HORA DA ESCOLHA
Por Marjorie Moura e redação do Jornal A Tarde Online de Salvador - BA. Welton Araújo / Agência A TARDE. Publicado em 12/01/2009, extraído em 14/01/2012.
Os cruzeiros marítimos integram um dos segmentos da indústria de viagens que mais crescem em todo o mundo, oferecendo variedade de destinos e atividades para todas as idades e atraindo cada vez mais turistas da Bahia – que, com o maior litoral do País, se tornou rota comum das embarcações. Contudo, é necessário tomar alguns cuidados para que o tão sonhado, e geralmente dispendioso [devido aos seus altíssimos custos de manutenção], passeio não termine em problemas e "dor de cabeça" [outros infortúnios].
O presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem – Seção Bahia (Abav-BA), Pedro Costa, argumenta que "as viagens marítimas existem no mundo inteiro e vêm ganhando cada vez mais adeptos" pelo fato de o navio ser transporte mais seguro e confortável. "Os episódios recentes com dois grandes navios de cruzeiro marítimo foram uma fatalidade, porque este tipo de viagem existe no litoral baiano há mais de 10 anos. As mesmas embarcações que trafegam por aqui transportam viajantes na Europa, Estados Unidos e Ásia. Este é um produto de prateleira nas empresas do setor de turismo", ponderou.
Mas Costa [presidente da Abav-BA] adverte que os turistas devem escolher com cuidado as agências para contratar o serviço. "Deem preferência às agências associadas à Abav [merchadising - propaganda subliminar - informe publicitário], associação que existe em todos os estados do País. As afiliadas precisam apresentar provas de capacidade técnica e documentação para chegar a obter o selo da entidade. Se o consumidor ficar insatisfeito com o serviço, também pode registrar queixa em nossa associação", observa o especialista. [Isto é, a associação garante que a atuação de suas afiliadas é acompanhada, assumindo, assim, corresponsabilidade pelos seus atos].
Direitos – Advogado da área de defesa do consumidor, Vítor Gurgel explica que os direitos dos passageiros de cruzeiros marítimos são garantidos pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). Com relação ao recente episódio [em 2009] envolvendo o navio MSC Sinfonia – quando passageiros chegaram ao Porto de Salvador passando mal e um turista "infartado" permanece internado [em 09/01/2009] na capital baiana –, ele explica que os passageiros têm direito a ressarcimento, não sobre o valor do cruzeiro, mas por perdas e danos, morais e materiais, causados pela suposta infecção intestinal que os acometeu. "Este direito é assegurado pelos artigos 6º e 14º do CDC", diz Gurgel.
Para ingressar na Justiça, é preciso obter testemunhas, providenciar laudo ou atestado médico e registrar ocorrência na Polícia Civil, explica o advogado. Reportagens da imprensa também podem ser utilizadas como provas do acontecimento. O advogado tem uma experiência de processo contra a MSC, atualmente na Câmara de Recursos do Tribunal de Justiça da Bahia. Uma passageira de um dos cruzeiros da empresa verificou, ao descer em Salvador, que a bagagem havia sido violada. Com base no contrato e na existência de um seguro para cobrir este tipo de problema, ela tentou acordo, mas teve pedido negado. Na Justiça, em primeira instância, obteve ganho de quase 90% da solicitação.
Clínica – [O jornal] A TARDE [de Salvador - BA] esteve ontem [08/01/2009] à tarde na clínica Fundação Bahiana de Cardiologia (Pituba), mas os funcionários disseram que não tinham autorização para divulgar notícias sobre o turista curitibano Pedro Macente, 74 anos, que sofreu um infarto a bordo do MSC Sinfonia. No mesmo período, 135 passageiros, que seguiram viagem, tiveram problemas intestinais.
O último boletim da clínica, sexta passada [anterior a 09/01/2009], dava conta de que o turista estava na Unidade de Tratamento Intensivo, em estado grave, embora apresentasse melhoras.
NOTAS DO COSIFe:
Não basta a perceptível, às vezes enganosa, qualidade visual. Por isso é importante observar o seguinte.
A NECESSIDADE DA CONTRATAÇÃO DE NUTRICIONISTA
É importante verificar se o navio tem como responsável pela alimentação servida um nutricionista, não somente para verificar a qualidade nutricional dos alimentos, como também para verificar como está sendo processada a conservação dos alimentos .
A NECESSIDADE DE UM QUÍMICO
No que se refere às instalações sanitárias, é preciso que haja um responsável pela qualidade dos "saneantes" (produtos de limpeza) utilizados, se não forem de marcas conhecidas. A aplicação dos produtos de limpeza também deve ser supervisionada, para que não haja o perigo de contaminação tóxica.
A AÇÃO DA ANVISA CONTRA EMPRESÁRIOS INESCRUPULOSOS
Torna-se importante destacar que, durante o ano de 2010, na cidade de São Paulo, cerca de 600 empresas do segmento de alimentação (restaurantes e lanchonetes) e do comércio de produtos alimentícios (inclusive hipermercados), foram autuadas pela ANVISA por má conservação de alimentos e por venda de produtos alimentícios com prazo de validade vencido.
RESTAURANTES COMPRAM PRODUTOS ALIMENTÍCIOS VENCIDOS E DE ORIGEM DUVIDOSA
É importante salientar também que existem restaurantes que compram produtos vencidos e de origem duvidosa, obviamente por preços bem menores, para redução de seus custos operacionais. Portanto, desconfie dos restaurantes que vendem comida por preço muito baixo. Mas, alguns que cobram caro também fazem o mesmo. Por isso é importe visitar a cozinha dos restaurantes, olhando não somente o prazo de validade dos produtos como também como está a conservação do que está na geladeira, no freezer e na câmara frigorífica.