Ano XXV - 16 de abril de 2024

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O ABSURDO GASTO COM A FAIXA PRESIDENCIAL


O ABSURDO GASTO COM A FAIXA PRESIDENCIAL

OS GASTOS PÚBLICOS E OS ANARQUISTAS MERCENÁRIOS DA MÍDIA

São Paulo, 7 de janeiro de 2006 (revisado em 05/11/2009)

Gastos Públicos, Plano de Governo, Aerolula, Sucatão, mídia = meios de comunicação, mercenários da mídia, manipulação da opinião pública, corrupção, partidos políticos, aliados de ocasião, oposição. É o contribuinte de impostos quem paga os altos salários dos profissionais da mídia.

Por Americo G Parada Fº - Contador CRC-RJ 19750

A QUESTÃO

Na noite de 05/01/2006, a nação brasileira foi surpreendida com uma notícia estarrecedora, veiculada por todas as emissoras de televisão: o governo vai gastar absurdos R$ 38 mil na compra de uma nova coroa, digo, faixa presidencial.

O SUCATÃO E O AEROLULA

Algo semelhante foi dito quando anunciada a chegada do “AeroLula”, o novo avião presidencial fabricado pela Boeing, que substituiu o chamado “Sucatão”, um Boeing 707 da FAB - Força Aérea Brasileira com mais de 30 anos de uso.

Na ocasião (ano 2003), os meios de comunicação não deixaram claro que um avião novo, do tipo encomendado, não pode ser comprado e recebido poucos dias depois, como se supunha ter acontecido. Na realidade, um avião com tais características especiais é encomendado anos antes de sua entrega, salvo se for comprado de segunda mão (usado).

Portanto, diante daquela notícia sobre a também absurda compra do avião, restavam duas alternativas:

  • a primeira nos levava a supor que o “Aerolula” não era novo e sim outra sucata, em razão da rapidez da entrega; e
  • a segunda nos levava a supor que, sendo novo, o avião fora encomendado pelo governo anterior.

Mas, o presidente criticado não se manifestou sobre nenhuma das duas hipóteses. Os porta-vozes do governo preferiram admitir como verdadeira a notícia veiculada.

Sobre este fato, em 29/05/2003 o site Defesa @ Net publicou o seguinte texto de Gabriela Guerreiro:

O ‘Sucatão’ foi aposentado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no ano 2000, depois de uma pane na aeronave em pleno ar, quando o então vice-presidente Marco Maciel retornava da China para o Brasil. Fernando Henrique passou a utilizar, então, um Airbus da TAM em seus deslocamentos internacionais. A Presidência da República abriu processo de licitação na época para selecionar a melhor oferta de transporte para o presidente brasileiro.

O negrito em “na época” (ano 2000) foi colocado agora para chamar a atenção do leitor.

A FAIXA PRESIDENCIAL DE LULA E OS GASTOS PÚBLICOS

Em 05/01/2006, no Jornal da Band, o locutor Carlos Nascimento, com aquele sorrisinho sarcástico de sempre e com o apoio meio desajeitado do comentarista Joelmir Beting, criticou o tão elevado valor a ser despendido com a nova faixa presidencial, em razão da atual, usada por Lula em eventos especiais, ser a mesma que usaram José Sarney, Collor de Melo, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. O interessante é que os locutores mencionavam e faziam questão de salientar mais uma vez o exorbitante gasto do dinheiro público.

Essa história de criticar os "gastos públicos" é um velho argumento dos enganadores. Sob esse tema há velhos e novos artigos publicados neste site do COSIFE.

A FALSA OPINIÃO DOS ANARQUISTAS MERCENÁRIOS DA MÍDIA

A grande verdade é que os locutores dos jornais televisivos são regiamente pagos para dizerem somente aquilo que os patrocinadores do programa e os dirigentes da emissora querem que digam. Isto acontece em quase todos os meios de comunicação, vulgarmente chamados de “mídia”. Por isso, aqueles que têm suas caras exibidas na “telinha” ganham individualmente bem mais que o presidente da república e mais que quaisquer políticos ou funcionários públicos nomeados por políticos ou contratados mediante concursos públicos.

Os locutores também dizem que o dinheiro utilizado nos gastos públicos, assim como o usado para pagar os salários dos servidores públicos e dos políticos, é desembolsado pelo contribuinte, o que é verdade. Entretanto, não dizem que o dinheiro dos impostos pagos pelo contribuinte também é utilizado para pagar os seus altíssimos salários de privilegiados profissionais da “mídia”.

Melhor explicando: o salário dos trabalhadores dos meios de comunicação é pago pela propaganda exibida pelo rádio, pela imprensa e pela televisão. E quem paga essa propaganda é o mesmo contribuinte que paga os impostos quando compra os produtos ou serviços anunciados na “telinha”, no jornal e nas revistas, nas rádios ou nos anúncios (“poluição visual”) que são estampados em prédios e terrenos baldios.

Assim sendo, se o patrocinador do programa exibido na “telinha” for o governo (pelo contribuinte), os locutores não se manifestam contra o governante e até elogiam as medidas tomadas pelo mesmo, porque é o governo quem está pagando seus salários. Se o governo se recusar a gastar o dinheiro público em publicidade, eles passam a falar mal até que o governo passe novamente a gastar o dinheiro público em propaganda institucional. Se o governo deixar de anunciar e colocar o dinheiro em outras atividades que não beneficiem os meios de comunicação em que trabalham e os seus anunciantes privados, voltam a falar mal do governo.

Isto significa que, ao ser usado para comprar os produtos e serviços anunciados ou publicados, o dinheiro do contribuinte de impostos também é utilizado para pagar o salário dos profissionais da impressa, do rádio e da televisão. E também é utilizado o dinheiro dos que não pagam impostos (sonegadores, corruptos e outros criminosos) porque estes também compram os produtos anunciados.

OS MERCENÁRIOS DA MÍDIA, ALÉM DE ANARQUISTAS, SÃO CHANTAGISTAS E CORRUPTOS

Os fatos mencionados se apresentam como evidência da existência dos crimes de chantagem e corrupção nos meios de comunicação, aqui comentada em “As Alianças Políticas e a Governabilidade”. É algo semelhante ao que fazem os políticos corruptos, como os que se auto-acusaram recentemente, para causar o caos político e institucional e para impedir a governabilidade. Em “Os Anarquistas” o leitor também poderá observar que essa forma de atuação é veementemente criticada por muitos outros profissionais da “mídia”, que não se alinham com essa horda de corruptos manipuladores da opinião pública.

Terminado o Jornal da Band, logo depois começou o Jornal Nacional, onde, quase com as mesmas palavras, a notícia foi repetida com o mesmo tom de censura. Parecia uma propaganda orquestrada, tal como aquelas veiculadas por alguns partidos políticos, que no lugar de dizerem o que farão se forem eleitos, limitam-se a desmerecer os que estão governando, não só na esfera federal, como também na estadual e municipal. Aliás, como sempre fizeram, dizendo que os outros não têm plano de governo, o que também não têm e nunca tiveram.

PLANO DE GOVERNO É FALÁCIA - SÓ OS DITADORES TÊM PLANO DE GOVERNO

Aqui cabe um parêntese para se explicar que essa história de plano de governo é uma falácia. O plano de todo governante deve ser o de corrigir os eventuais erros existentes, deixados pelo antecessor, dar prosseguimento aos seus acertos e elaborar o planejamento estratégico para o futuro, com base nas necessidades estruturais e conjunturais que se apresentarem. É exatamente o que tentam fazer os administradores nas empresas, auxiliados por administradores, economistas e contadores.

Acho que os contadores deviam estar em primeiro plano porque os profissionais de nível superior, os executivos, os sócios ou acionistas controladores e demais investidores, não conseguirão trabalhar ou investir sem a análise dos relatórios e demonstrativos contábeis que será feita por outro contador (auditor ou perito contábil).

Todo governante, no primeiro ano de mandato nada diferente pode fazer, nem o que desejaria fazer, pois é obrigado a cumprir o orçamento e os planos de governo deixados pelo seu antecessor, devidamente aprovados pelas casas legislativas.

"É DANDO QUE SE RECEBE"

Assim sendo, depois de eleito, todo mandatário, seja ele presidente, governador ou prefeito, tem o prazo de um ano para fazer o seu próprio plano de governo, muitas vezes influenciado por seus aliados tradicionais e principalmente pelos aliados de ocasião, que impõem suas vontades em troca do apoio político necessário à governabilidade. Geralmente esses aliados de ocasião são os defensores daquela célebre filosofia do “é dando que se recebe”.

Na prática os planos de governo são sempre os mesmos, seja o governante de esquerda, de centro ou de direita. As casas legislativas não deixam que esses planos sejam diferentes, principalmente se os aliados do governante estiverem em minoria.

A história nos mostra que somente os ditadores tiveram planos de governo e conseguiram ou tiveram a oportunidade de colocá-los em prática integralmente, porque não tinham as casas legislativas em oposição, impedindo-os de governar.

Foi o que aconteceu durante os governos militares a partir de 1964. A lembrança desses fatos não significa que se está preconizando a volta do regime de força. É apenas uma referência a fatos marcantes.

Em muitos países os regimes militares foram visivelmente prejudiciais. No Brasil, a ditadura militar só prejudicou a dita esquerda, que agora está no poder. Os grupos políticos que apoiaram os militares e depois os sucederam, e ainda a elite endinheirada que a estes financiaram, foram os maiores beneficiados. Por isso a miséria assolou os lares de um terço da população brasileira como uma epidemia sem cura.

NOVAMENTE A FAIXA PRESIDENCIAL DE LULA

Voltando à compra da nova faixa presidencial, os representantes do governo central de seu lado alegaram que a substituição é necessária e urgente porque a faixa está rota (gasta) e de fato está. Por isso precisa ser substituída para que seja passada ao sucessor, que será eleito no quarto trimestre deste ano de 2006 e tomará posse em janeiro de 2007.

O grande problema é que os adversários políticos do presidente acham ou têm certeza que o atual mandatário da nação está querendo a nova faixa para festejar sua reeleição. Isto é, os adversários políticos do presidente já estavam se sentindo derrotados, [o que de fato aconteceu no final do ano de 2006].

Os símbolos nacionais precisam ser conservados, por isso a grandiosa bandeira brasileira que tremula na Praça dos Três Poderes em Brasília - DF não pode ficar rota e deve ser substituída antes mesmo de apresentar sinais de perecimento, facilmente percebidos na atual faixa presidencial.

NOVA VERSÃO PARA O FATO

Porém, a verdadeira surpresa da noite estava por vir. Ela aconteceu no “Jornal da Globo”, levado ao ar depois da novela sobre a vida de Nonô, o presidente JK (Juscelino Kubitschek de Oliveira).

Naquele horário, segundo as pesquisas, assistem televisão aquelas pessoas consideradas como financeira e intelectualmente mais desenvolvidas ou mais portentosas (talentosas, inteligentes, cultas em altíssimo grau), por isso os manipuladores da opinião pública precisam ser cautelosos, deixando de esconder certas verdades ou dizendo menos inverdades. Mesmo assim alguns programas, como o do “gordo”, são assistidos por aqueles cultuam o slogan “me engana que eu gosto”.

Este último jornal televisivo, sem argumentações depreciativas, ao contrário do que foi feito no chamado “horário nobre”, passou a justificar a confecção da nova faixa presidencial.

Para corroborar com as afirmações, foi ouvido o ex-presidente José Sarney. Este explicou que a faixa presidencial é um símbolo adotado no Brasil para condecorar o presidente da república.

Por sua vez, o dito exorbitante preço da faixa foi defendido pela emissora quando o locutor explicou que ela possuía aplicações em ouro e diamantes, além de ser confeccionada em tecido de cetim especial com 167 cm de comprimento e 12 cm de largura, nas cores amarelo e verde, de forma que possa durar no mínimo dez anos.

Eis a questão: Por que no horário em que o povão assiste, os fatos foram veiculados de forma diferente?

Que cada leitor racione e encontre a sua própria resposta para o assim ser. A minha opinião indiretamente já foi dada quando me referi aos manipuladores da opinião pública.

Assim como a coroa sempre foi o símbolo dos reis, o bastão é usado como insígnia de comando por imperadores e chefes de Estado, o cajado é o instrumento do pastor e a toga é o vestuário simbólico dos magistrados, a faixa presidencial foi institucionalizada no Brasil como símbolo da representatividade exercida pelo presidente da república.

OUTRAS PRESIDENTES E SUAS FAIXAS PRESIDENCIAIS

No Jornal da Globo foi mostrado ainda que o presidente JK levou sua faixa presidencial para casa depois de terminado seu mandato e que hoje ela está em exposição no Monumento JK, em Brasília - DF.

Seguindo o exemplo deixado por JK, aos demais presidentes a faixa devia ser concedida em caráter definitivo, tal como acontece com as condecorações com insígnias honoríficas e de ordem militar ou civil. Ou seja, cada faixa presidencial devia ser de uso individual, para que o mandatário da nação a pudesse levar para si, como fez JK. Nada mais justo.

Lula já reservou a sua, embora velha e rota. E muitos outros provavelmente fizeram o mesmo, sem tanto alarde e inútil reprovação dos mercenários da mídia.







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