AS BOLSAS DE VALORES, O MERCADO DE BALCÃO E O RISCO BRASIL
O MERCADO DE CAPITAIS E OS CRIMES CONTRA INVESTIDORES
São Paulo, 13 de janeiro de 2005 (Revisado em 20-02-2024)
5. OPERAÇÕES NAS BOLSAS DE MERCADORIAS E FUTUROS
SUMÁRIO
Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE
5.1. MERCADO DE COMMODITIES E CONTRATOS FUTUROS
As Bolsas de Mercadorias e de Futuros também são um outro tipo de bolsa de valores.
Nessas bolsas são negociados contratos de mercadorias (“commodities”) para entrega futura, nos mercados de opções, a termo, futuro e é negociado ouro físico (SPOT) para entrega imediata no mercado à vista.
As mercadorias negociadas podem ser produtos agrícolas e pecuários como café, soja, algodão (e seus derivados) e boi gordo. Nela também são negociados riquezas minerais como ouro, outros metais e pedras preciosas e moedas estrangeiras. O ouro não é considerado mercadoria e sim Ativo Financeiro, conforme estabeleceu a Lei 7.766/1989.
As operações nas Bolsas de Mercadorias geralmente são realizadas como forma de garantir preços para entrega futura dos produtos e moedas nelas negociados. Nessas bolsas são ainda negociados índices, que servem como forma de proteção (“hedge”) de ativos e passivos contra eventuais ou excessivas variações de preços, como por exemplo, o índice Bovespa (que serve para proteger uma carteira de ações de bruscas variações nas cotações).
O índice DI - depósitos interfinanceiros (protege uma carteira de títulos de renda fixa contra as variações bruscas das taxas de juros). Nessas bolsas também são negociados “SWAPS”, que em tese são operações de troca de ativos ou passivos em moedas estrangeiras (a operação funciona como uma unificação das moedas de todos os ativos e passivos de uma empresa).
Os Swaps também servem para proteger ativos e passivos atualizados por diferentes índices de correção monetária (índices estes fixados pela FGV - Fundação Getúlio Vargas ou pelo governo).
Essas operações mencionadas têm o intuito de evitar perdas acentuadas em razão de elevadas variações entre moedas ou índices.
5.2. OPERAÇÕES DE HEDGE NAS BOLSAS DE MERCADORIAS
Nas bolsas de mercadorias, em tese, o produtor de um lado e o industrial de outro, geralmente estão tentando garantir preço para seus produtos (um vende produtos primários e o outro vende os primários industrializados).
Assim, a regra básica seria o produtor da matéria prima agropecuária vendê-la e o industrial, atacadista ou exportador comprá-la por determinado preço para entrega futura. Se o preço de mercado variar diariamente, aumentado em relação ao preço fixado no contrato firmado, o produtor (vendedor) tem que entregar ao industrial, através da corretora interveniente, um valor relativo ao “ajuste diário” do preço pactuado.
Se o preço de cotação baixar, é o industrial (comprador) quem deve entregar o valor do “ajuste diário” ao produtor.
O especulador entra nesse mercado com o intuito de ganhar apenas o “ajuste diário”.
Como o produtor geralmente não tem dinheiro para depositar a “margem em garantia” inicial e nem os eventuais “ajustes diários” seguintes, porque a safra está sendo financiada pelo governo, ele não entra na Bolsa vendendo o seu produto que será colhido brevemente. Na verdade quem entra nesse mercado em substituição ao produtor é o especulador.
5.3. NÃO EXISTIRÁ A INFLAÇÃO SE FOR AUMENTADA A PRODUÇÃO
Um empresário ao aumentar seu capital e ao ofertar as ações novas para subscrição do público em geral, está na verdade tentando aumentar a sua produção com a aplicação do dinheiro arrecadado em novas formas de produção, o que implica em maior crescimento econômico para o país. E isto evidentemente pode gerar mais emprego e mais consumo, porém, segundo a teoria econômica, também pode gerar inflação, porque mais emprego e consumo aumentam o dinheiro em circulação e a sua velocidade de giro. É justamente isto que o governo tem tentado evitar, através de sua política monetária.
No governo FHC, por exemplo, foram reduzidos os investimentos públicos, gerando desemprego como forma de diminuir o consumo, justamente para combater a inflação. Por isso o nosso país praticamente não cresceu durante os seus oito anos de governo. E de oitava potência mundial. o Brasil passou para a décima quinta posição. Na realidade, para evitar a inflação bastava aumentar a produção.
Então, o que verdadeiramente causa a inflação é a grande procura de bens de consumo pela população, somente quando o empresário não quer produzir o suficiente para satisfazer as necessidades de consumo. Por isso, repetindo, a inflação só acontecerá se os empresários se recusarem a produzir o suficiente para suprir as necessidades da população. Ou seja, o que causa a inflação é não produzir o necessário quando o povo tem o dinheiro suficiente para comprar.
Veja o texto sobre O Fantasma da Inflação.
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