Ano XXVI - 21 de novembro de 2024

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A INCOMPETÊNCIA DO FMI



A INCOMPETÊNCIA DO FMI

EM DEFESA DO CAPITALISMO SELVAGEM DOS NEOLIBERAIS ANARQUISTAS

São Paulo, 25 de setembro de 2003 (Revisado em 15-03-2024)

Sonegação Fiscal, Gastos Públicos, a Economia e os Economistas, Globalização, neocolonialismo econômico e da mente humana, Lavagem Cerebral, Doutrinação Acadêmica. A Rússia e as teorias de Keynes e Marx.

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

OS REIS DA INCOMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA E ECONÔMICA

Ministro brasileiro colocou em dúvida a competência dos técnicos do FMI e só disse a verdade, nada mais do que a verdade. Todos os países que atenderam religiosamente aos palpites e às determinações do FMI foram vítimas de grandes desastres econômicos: ausência de crescimento econômico, altos índices de desemprego e de miséria, acompanhados de sensível caos social.

Alguns técnicos e também comentaristas das emissoras de televisão diziam que o considerado ideal para os países desenvolvidos na maioria dos casos não pode ser aplicado no Brasil e nos demais países subdesenvolvidos. Outros chegam a dizer que determinadas teses e teorias econômicas nunca foram comprovadas na prática como sendo de fato eficientes.

De fato, algumas práticas econômicas utilizadas pelos Estados Unidos estão longe da teoria que é aconselhada ou impingida aos países ditos em desenvolvimento, que nenhum dos grandes quer de fato que se desenvolva.

É uma espécie do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, frase atribuía aos pregadores religiosos. Embora neste caso, se os subdesenvolvidos tivessem feito o que fizeram e fazem os desenvolvidos, talvez estivessem tão ricos quanto eles.

Este é o exemplo deixado pela Rússia (URSS). Enquanto se utilizava das teorias de Keynes e Marx era um país próspero e de tecnologia avançada. Agora que optou pelo sistema monetarista ortodoxo do FMI, está na miséria, embora continue emprestando a sua estação espacial e seus ônibus espaciais aos incompetentes norte-americanos. E se a China optar pelo mesmo caminho não conseguirá continuar com seu suntuoso ciclo desenvolvimentista. Para perpetuar esse falso desenvolvimento terá que submeter seu povo à escravidão proposta pelas multinacionais norte-americanas que serão seguidas pelas demais.

Assim sendo, parece que as exigências capitaneadas pelos norte-americanos por intermédio do FMI são tendenciosas e nada de bom proporcionam aos que a absorvem cegamente.

Podemos citar como exemplo, aqueles pedidos de verbas ao Congresso Norte-Americano formulados pelo Presidente Bush Filho para invadir o Iraque e para combater o "terrorismo", que nada mais é que uma nova tática de guerra ao alcance econômico e tecnológico dos países subdesenvolvidos. Essa nova forma de guerrear vem sendo utilizada por guerrilheiros esquerdistas contrários à exploração capitalista. Os agora chamados de países desenvolvidos fizeram o mesmo quando impuseram o colonialismo político aos países dos continentes americano, africano e asiático. E depois transformaram esse influência política em colonialismo econômico (neocolonialismo). Para isto, a partir dos anos de 1950 os países capitalistas financiaram e forneceram apoio bélico aos ditadores corruptos e inescrupulosos que passaram a "governar" os "subjugados" aos interesses norte-americanos.

O dito terrorismo tornou os guerrilheiros vietcongs do Vietnam vitoriosos no combate à invasão norte-americana. Agora os iraquianos estão causando o mesmo problema para Bush Filho, que não tem como explicar à opinião pública de seu país o porquê de tantas mortes de compatriotas depois que se declaram vitoriosos. Na verdade a guerra do Iraque ainda não acabou e provavelmente se estenderá por décadas. A do Vietanam de fato acabou depois das expulsão dos norte-americanos. A da Coréia continua por intermédio das manifestações estudantis na parte sul e com as demonstrações de poderio bélico da parte norte.

O DÓLAR SEM LASTRO OU O DÓLAR FURADO

No Brasil, idênticas verbas solicitadas por Bush não seriam concedidas simplesmente porque não estariam previstas no orçamento orçamento nacional. E nos Estados Unidos essas verbas também não estavam previstas. Não era exatamente um problema de ter ou não ter o dinheiro, de ter ou não ter a verba prevista no orçamento. Nos “States”, embora, tal como no Brasil as verbas não existam, lá elas saem. E ninguém pergunta de onde sairá o dinheiro, porque todos sabem de onde ele será tirado. As verbas são sempre concedidas mediante a emissão de papel moeda sem lastro em reservas monetárias, o que o Brasil não pode fazer por imposição do FMI.

Por isso alguns comentaristas econômicos dizem que lá a teoria na prática é outra. Enquanto aqui é dada ênfase ao controle monetário, lá eles nem sabem exatamente quando dinheiro circula em seu território. As estimativas dizem que mais da metade ou perto de dois terços da moeda norte-americana circula no exterior. Então, como fazer o controle monetário? É melhor não fazer. Por isso não há a necessidade de pagamento de altas taxas de juros. Não é preciso aumentar o percentual do depósito compulsório e não é preciso captar dinheiro, basta emitir o papel moeda que é aceito em qualquer parte do mundo. O dólar é o principal título público emitido pelo governo norte-americano com a grande vantagem de não pagar juros.

Para trazer todo esse dinheiro de volta para financiar o seu déficit orçamentário, os ianques necessitariam de taxas de juros altíssimas. No entanto, ao contrário do que acontece aqui, eles não querem que esse dinheiro de volte. Se voltasse, como iriam pagar por ele? Segundo os economistas, seriam vítimas de elevadas taxas de inflação. Haveria muito dinheiro em circulação e poucos produtos e bens para serem comprados. Se emitissem títulos públicos, o orçamento seria onerado pelos juros. Com as verdinhas eles podem comprar o que bem quiserem em qualquer parte do mundo sem a necessidade da obtenção de empréstimos ou financiamentos e ainda exportam a inflação para outros países em razão da insana procura pelos dólares no mercado cambial impulsionado pelos doleiros.

Por isso a ALCA fatalmente não será uma boa opção para a América Latina. Aliança comercial sim, mas sem a presença dos norte-americanos. Não se trata de simples repúdio aos ianques, mas, sim de lógica. Não podemos unir comercialmente uma grande potência mundial com países sem nenhuma relevância econômica. Predominará sempre a vontade do mais forte. Por isso, ao contrário, os mais fracos devem pactuar uma união para enfrentar o mais forte, o que está sendo tentado pelo governo brasileiro.

Agora o FMI, talvez admitindo sua culpa na desgraça dos argentinos, está aparecendo como bonzinho ao permitir a repactuação da dívida. Também se não quisessem alongar os prazos, os argentinos não pagariam, pois não têm mesmo como pagar. A única forma de cobrar seria com mais uma invasão norte-americana. Mas, fatalmente isso ficaria mais caro do que deixar tudo como está. Devem ter lembrado da Guerra das Malvinas, em que a Inglaterra gastou muito mais dinheiro do que valem as ilhas (seria melhor que dessem o arquipélago aos argentinos, mediante alguma recompensa ou alguns favores para ocupação da Antártida, para pesquisa, que, aliás, talvez seja a única coisa para a qual as Malvinas servem).

E o economista Celso Furtado, que sempre se mostrou coerente desde antes do golpe militar de 1964, há alguns meses tinha dito que a moratória seria a saída para o Brasil e a Argentina. Evidentemente que não foi ouvido pela maior parte dos meios de comunicação, aliados à facção econômica que desfruta do poder político e econômico no Brasil há algumas décadas, a qual defende o pagamento aos credores acima de tudo e é abertamente contra o que chama de calote. Afinal, parte do dinheiro emprestado ao governo brasileiro pertence àquela elite econômica que remeteu para o exterior resultado financeiro de suas operações na clandestinidade mediante a omissão de receitas = sonegação fiscal.

No Brasil falta dinheiro para a previdência social e para outras finalidades importantes em benefício do povo, mas não falta dinheiro para o pagamento aos credores internacionais, entre os quais também estão muitos "brasileiros" disfarçados como estrangeiros, que têm suas empresas fantasmas sediadas em paraísos fiscais. Tanto o dinheiro da previdência social quanto o do pagamento de juros aos credores vem do mesmo lugar. E ninguém admite que falte dinheiro para os credores. Mas, para as necessidades populares pode faltar.

Nas décadas de 1980 e 1990 não houve crescimento econômico no Brasil justamente por causa dessa política econômica em prol do setor financeiro, com a manutenção de altas taxas de juros e com a manutenção do câmbio em níveis que privilegiava as importações daqueles produtos somente comprados pelos mais ricos, em detrimento das exportações que gerariam empregos para os mais pobres.

Aproveitando o ensejo, o governo brasileiro, dando uma de espertinho, poderia solicitar também a repactuação de nossa dívida, deixando-a para os próximos governos, tal como fizeram seus antecessores. E ainda fazer como os portenhos, que pediram a redução da dívida em 75%. Afinal, pedir não ofende!

CONCLUSÃO

Estas são as verdades que ninguém tem a coragem de dizer, para que não seja tido como ridículo, grotesco ou cômico, tal como pareceu Napoleão Sabóia quando escreveu o texto publicado pelo jornal O Estado de São Paulo em 1992, que reproduzo a seguir.

Ciência nascida das múltiplas exigências da utilidade, a economia tornou-se, afinal a ciência do inútil. Sem dúvida, ela ainda impressiona pelo mágico arsenal de teorias e previsões que engendra com (enganosas) aparências científicas ou com (falso) rigor estatístico que erradica a realidade prosaica da vida. No fim das contas, essa literatura só serve para ocultar a dimensão hilariante alcançada pela economia e confundir o bom senso”.

A Economia na verdade se parece cada vez mais com a medicina do Século 18 descrita no melhor teatro da época. Os economistas, por sua vez, como médicos de Molière, não passam de “sábios ignorantes” ou, mais precisamente, de “lúgubres charlatões”. Mas, como os terapeutas de Moliére, os economistas são uns pândegos que podem fazer muito mal, porque impuseram a hegemonia dos algarismos sobre o discurso político”.

O que se leu acima não saiu da cabeça de um artista radical em transe. É apenas a idéia central desenvolvida no livro mais rumoroso - e seguramente o único engraçado - publicado na área de Ciências Sociais naquele ano editorial francês (de setembro de 1990 a junho de 1991). Com o título Des économistes au-dessus de tout soupçon ou la grande mascarade dês prédictions (economistas acima de toda suspeita ou a grande farsa das previsões), a obra tem como autor o professor de Economia Bernard Maris, da Universidade de Toulouse, com brilhante doutorado na disciplina”.

O grande problema agora enfrentado é que, de 1990 para cá, nada mudou. As ultrapassadas cartilhas ou manuais com as teorias e teses inaplicáveis continuam as mesmas. Ao contrário do que felizmente aconteceu com as ciências médicas, não aconteceu a evolução das ciências econômicas.

Portanto, se você ainda não escolheu a carreira de nível superior que deseja seguir para sobreviver financeiramente do exercício cultural da profissão escolhida, ouça um conselho: esqueça das carreiras com teorias arcaicas, relativas a épocas remotas, muito antigas, obsoletas. Estas são carreiras em que o indivíduo não aprende, apenas é doutrinado, catequizado, no sentido pejorativo das palavras. São “ciências” ou carreiras em que o indivíduo apenas é induzido a acreditar em falsas verdades, que ninguém consegue provar que de fato são verdadeiras.

Mas, não se esqueça que também existem outras carreiras que, apesar de modernas ou contemporâneas, são apenas modismos passageiros, porque também não oferecem mercado de trabalho e assim, somente uma pequena quantidade de superdotados ou de privilegiados vai conseguir emprego.

Veja o restante do texto de Napoleão Sabóia no final do texto sobre Produtividade e Rentabilidade.







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