AUDITORIA ANALÍTICA EM FACE DA AUDITORIA INDEPENDENTE
TÉCNICAS DE AUDITORIA ANALÍTICA UTILIZADAS NO BRASIL - UM ESTUDO DE CASOS
CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA DA PESQUISA
3.5 - VARIÁVEIS DA PESQUISA E DEFINIÇÕES OPERACIONAIS
A obtenção de respostas às perguntas da pesquisa exige que as variáveis sejam classificadas em categorias de forma a possibilitar o alcance <:la sistematização dos dados obtidos, minimizando-se assim a problemática geralmente encontrada em trabalhos que utilizam o método de estudo de casos. A operacionalidade das variáveis visa delimitar os comportamentos ao longo das entrevistas, de forma a confrontar os casos estudados com as categorias definidas no quadro de referência teórica (Good & Hatt, 1969). Dessa forma, as variáveis foram classificadas em:
A. Variáveis explanatórias/ características das empresas:
B. Variáveis que integram as técnicas de auditoria analítica
3.5.2 - Definições operacionais
3.5.2.1- Variáveis explanatórias/características das empresas
As variáveis explanatórias serão operacionalizadas, de forma a possibilitar a identificação das características das firmas de auditoria e sua provável influência quanto ao uso das técnicas de auditoria analítica, conforme se:
Origem da empresa. Através dessa variável procurou-se obter informações sobre a origem da empresa e tempo de atuação no Brasil, de modo que pudessem . ser identificadas possíveis diferenças no uso das técnicas de auditoria analítica, pelo fato de serem elas de origem nacional ou estrangeira. Ainda buscou-se informações sobre os tipos de serviços prestados e sua participação na receita total da empresa identificando, inclusive os três principais serviços que fazem parte das duas categorias de serviços que mais contribuem para a formação do faturamento total da empresa.
Qualificação do auditor. Esta variável visa a obtenção de informações sobre a formação profissional dos auditores que atuam na elaboração e análise dos fluxogramas dos sistemas e a política de cargos e salários que vigora na empresa para o pessoal que trabalha nessa área.
Treinamento do auditor. Já tivemos a oportunidade de enfatizar que a primeira norma de auditoria (Normas Gerais) publicada pelo AICPA, através de uma de suas comissões, estabelece que "o exame deve ser executado por pessoa ou pessoas que possuam treinamento técnico e habilitação adequados como auditor". Portanto, o objetivo desta variável não poderia ser outro, a não ser o da obtenção de informações gerais acerca dos programas de treinamento realizados pelas firmas de audito:ia e, particularmente, nas áreas que atuam na execução da auditoria analítica
Recursos materiais das firmas de auditoria. Verificou-se a existência de recursos materiais sofisticados, ta.is como microcomputadores e softwares de auditoria, que exercem influência quanto à utilização das técnicas de auditoria analítica
3.5.2.2 - Variáveis que integram as técnicas de auditoria analítica
As variáveis que integram as técnicas de auditoria analítica serão operacionalizadas da seguinte forma:
Esta variável buscou a obtenção de informações sobre:
B. Elaboração, e análise de fluxogramas de sistemas
Através da operacionalização dessas variáveis, buscou-se informações sobre:
Com a obtenção dessas informações, buscou-se identificar as práticas normalmente seguidas pelas empresas de auditoria para desenhar e analisar os fluxogramas dos sistemas de seus clientes com o firme propósito de classificá-las em termos de proximidade ou afastamento das abordagens dadas pela literatura.
A elaboração ou atualização de fluxograma é parte integrante do processo de avaliação do sistema contábil e controle interno (Halper et alii, 1985). Por outro lado, pode-se afirmar que 1/(. .. ) o fluxograma é o instrumento mais eficaz para efetuar a verdadeira análise. Os diagramas mostram claramente o que está acontecendo e oferecem um método fácil para encontrar as deficiências do sistema ou as áreas onde poderiam ser introduzidas melhorias" (Skinner & Anderson, 1966)
Objetivando o planejamento de urna estratégia de auditoria, o auditor tem de obter conhecimento do sistema sob exame. Uma fase importante desse processo de auditoria é a documentação ou fluxogramação do sistema em estudo. Um dos procedimentos analíticos que frequentemente têm sido usados pelos auditores é o da elaboração e análise dos fluxogramas, considerado pelos usuários como bastante informativa e eficiente, principalmente no que se refere às funções fundamentais de um processo de auditoria, ou seja, conhecimento e comunicação de informações observadas durante a análise do sistema.
Segundo Halper e outros, alguns dos maiores métodos de fluxogramas orientados para sistemas e suas características principais são: (79)
(79) Halper, Stanley D. et alii. op.cit. 11 ed. capo 23, p. 3
Percebe-se, portanto, que na elaboração de fluxogramas destinados a documentar o sistema do cliente o auditor deverá efetuar uma pesquisa minuciosa junto às unidades. organizacionais da empresa, cujo roteiro inclui: (80)
(80) Ver sobre assuntos, Miller, H. Organização e métodos. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1985
A operacionalização dessas variáveis foi feita da seguinte forma:
As respostas a estas perguntas permitiram a determinação do grau de utilização das técnicas de auditoria analítica, pelas empresas entrevistadas, para definir a precisão e efetividaqe do sistema contábil e dos respectivos controles internos das empresas auditadas. Também foi possível a identificação dos principais fatores internos e externos que mais influenciam a definição da precisão e efetividade desse sistema e das problemáticas que dificultam o uso das referidas técnicas.
O objetivo fundamental foi classificar as empresas em termos de proximidade e afastamento da abordagem dada pela literatura.
A Guia de Orientação sobre Auditoria Internacional nº 3, em seu parágrafo 20, do lnternational Federation of Accountants (IFAC), orienta: (81)
"Nas circunstâncias em que o auditor concluir que pode confiar em certos controles internos, seus procedimentos comprobatórios de auditoria usualmente seriam menos extensivos do que aqueles que, de outro modo, seriam necessários, podendo, além disso, diferir quanto à natureza e época de aplicação."
(81) Instituto Brasileiro de Contadores (Ibracon). Princfpios contábeis: normas e procedimentos de auditoria. São Paulo, Atlas, 1988. p. 321
Num processo de auditoria das demonstrações contábeis, o auditor ou analista, ao analisar o sistema fluxogramado, precisa identificar os procedimentos que são relevantes à consecução dos objetivos de controle interno. Para atingir esse propósito, é necessário que alguns critérios básicos sejam observados: (82)
(82) Halper, Stanley D. et alii. op.cit. capo 23, p. 5
A preparação de uma estrutura de referência sobre a eficiência e eficácia do sistema contábil e dos controles internos relacionados é uma questão de julgamento do auditor. No entanto, a alta probabilidade de que dois auditores experientes, com o mesmo nível de conhecimento sobre os negócios de um cliente, e se utilizando dos mesmos meios, cheguem a conclusões diferentes, torna imprescindível que esses profissionais dispensem atenção às possibilidades de ocorrência de erros e irregularidades que podem afetar materialmente as demonstrações contábeis. Tais erros e irregularidades podem ser decorrentes de fatores internos e externos.
Dentre os fatores internos destacam-se:
É oportuno salientar que, de acordo com a SAS nº 1 parágrafo 32 de AICPA, os seguintes fatores constituem limitações inerentes a todo sistema de controle interno contábil: (83)
(83) Defliese, Philip L. et alii. op.cit p. 276
Logicamente, os fatores de risco externos independem da vontade da própria empresa, uma vez que fogem ao seu domínio. Tais riscos são:
Em função disso, não se pode esperar que uma estrutura de controle interno apenas seja considerada de excelente qualidade se eliminar totalmente o risco de ocorrência de erros ou irregularidades que podem provocar reflexos materiais nas demonstrações contábeis. Portanto, um sistema de controle interno deve ser considerado eficaz se conduzir a um grau de risco de ocorrência de ,erros ou irregularidades relativamente baixo, e ineficaz se levar a um grau de risco relativamente alto.
A natureza, período oportuno e extensão dos procedimentos de auditoria a serem levados a efeito num exame das demonstrações contábeis, no fim do exercício social, estão em proporção direta com o maior ou menor grau de risco que for atribuído ao sistema de controle interno contábil do cliente.
Esse relacionamento é que assegura os benefícios alcançados pela aplicação das técnicas de auditoria analítica num processo de auditoria contábil, pois possibilita ao auditor tirar conclusões sobre a totalidade dos resultados contábeis, partindo de um conhecimento sólido do sistema que os produziu.
Assim, o que o auditor precisa fazer no seu exame é diagnosticar as validades ou deficiências do sistema contábil. Equipado com um conhecimento mais íntimo do fluxo de papéis de trabalho e das relações entre os diversos procedimentos, o auditor está em posição mais favorável para fazer recomendações realistas, não somente sobre o controle interno, mas também sobre a eficiência dos sistemas (Skinner & Anderson, 1966).
D. Procedimentos da auditoria analítica
A operacionalização destas variáveis incluirá:
Com o objetivo de classificar as firmas de auditoria em termos de proximidade ou afastamento da abordagem enfatizada pela literatura, procurou-se obter informações sobre as práticas de avaliação de sistemas e auditoria de acompanhamento das deficiências, geralmente adotadas por aquelas empresas para conhecer profundamente os negócios do cliente e as políticas de controle interno adotadas por ele. Com base nos conhecimentos adquiridos nesse estudo, o auditor estará em condições de planejar os testes de concordância e os testes substantivos necessários à obtenção de provas consistentes e confiáveis para a formação de uma opinião sobre as demonstrações contábeis e a consequente emissão do parecer de auditoria
Técnicas apropriadas devem ser aplicadas para conseguir a formação de urna opinião sobre a precisão e fidedignidade de um sistema contábil. A opinião deve ser baseada no conhecimento sobre a existência e adequabilidade de controles internos contábeis no período examinado. Tais técnicas devem atingir os seguintes objetivos: (Chippindale, 1964)
A definição do sistema contábil é o primeiro passo para o desenho de uma estratégia adequada de auditoria na qual o auditor deve identificar as áreas, ou elementos, do sistema contábil que afetam os objetivos do exame. Se o sistema possui um controle interno forte, o auditor deverá:
As áreas do sistema com controles internos fracos devem ser testadas mediante a realização de procedimentos substantivos de auditoria adequados para tais circunstâncias.
Basicamente existem dois meios para analisar o sistema contábil e respectivos controles internos de uma entidade: revisão analítica e auditoria analítica. A auditoria analítica, baseada em análise de fluxogramas e em testes limitados de procedimentos, é a maneira mais segura para a realização dessa análise
Em primeiro lugar, um fluxograma configura os elementos e. inter-relações dos sistemas de informações do cliente, fornecendo ao auditor uma visão mais completa dos dados contábeis (Cook & Winkle, 1983).
Em segundo lugar, o fluxograma é o instrumento mais eficaz para efetuar a verdadeira análise. Os diagramas mostram claramente o que está acontecendo e oferecem um método fácil para encontrar as deficiências do sistema ou as áreas onde poderiam ser introduzidas melhorias (Skinner & Anderson, 1966).
Em terceiro lugar, nunca se pode ter certeza de que o controle interno está funcionando adequadamente até se testar os registros que o representam. Assim, alguns testes devem ser aplicados em quase todos os casos, a fim de que o escopo - dentro do qual a situação do controle interno seja eficaz para aumentar ou diminuir o volume de trabalho da auditoria - varie desde o teste mínimo de um mês, ou período, ou quantidade semelhante, até o máximo de todo o exercício ou de todos os dados de um determinado tipo (Mautz, 1985)
Fases da Auditoria Analítica
A primeira fase da auditoria analítica, ou seja, a avaliação de sistemas envolve, principalmente, os seguintes passos:
A segunda fase, ou seja, a auditoria de acompanhamento concentra-se, principalmente, nas investigações das áreas com deficiências de controles internos
De maneira geral, a revisão de fluxo de transações tem sido de custos mais efetivos nos seguintes casos:
A realização de revisão de transações é habitualmente de custo não efetivo e provavelmente não necessário nestas situações: (Defliese et alii, 1984)
Ao iniciar a revisão de sistemas de um ciclo de transação, ou uma seção qualquer, o auditor deve primeiro ter uma ideia geral do que existe na seção. Pode-se fazer isto mediante:(Skinner & Anderson, 1966)
Conforme já foi enfatizado anteriormente, as duas ferramentas analíticas mais' importantes para efetuar o levantamento e documentar os sistemas do cliente são:
A avaliação do. sistema tem como propósito principal identificar:
Fundamentado nesta avaliação preliminar, o auditor determinará a eficiência do sistema contábi1 dos controles internos relacionados, no que concerne ao processamento e registro de transações realizadas pelos clientes, de modo que ele possa decidir se é mais eficaz realizar testes de concordância, em virtude do grau de confiança que possa ser atribuído aos sistemas, ou projetar testes substantivos diretos sobre os saldos contábeis.
Os fatores que mais têm afetado essa determinação da eficiência dos sistemas das empresas são os seguintes: (Defliese et ali i, 1984)
A determinação dos ciclos operacionais ou áreas de maior interesse para a auditoria baseia-se na relevância e nos riscos das operações abrangidas por estes ciclos e seus consequentes reflexos nas demonstrações contábeis a serem auditadas (Attie, 1983).
Dessa forma, pode-se deduzir que, na avaliação dos ciclos operacionais, o auditor deve fundamentar sua decisão a .partir da constatação de que os eventos econômicos envolvidos geram saldos nas demonstrações contábeis decorrentes da realização de um grande volume de transações, de modo contínuo e uniforme, durante o exercício social abrangido por essas demonstrações. Esta é uma das características que impossibilitam, por várias razões, que o auditor dê o seu parecer com base apenas na execução de testes sobre os saldos das contas contidas nas demonstrações contábeis
Na avaliação do sistema de controle interno que utiliza PED, o auditor deve dispensar atenção a três grandes áreas do mesmo:
Essa atenção é necessária porque o auditor precisa ter uina idéia bem concatenada da existência e validade desses controles. Em sistemas que utilizam PED, o roteiro natural da 98 auditoria - como documentos originais e histórico visível dos registros - pode ser mais facilmente alterado ou eliminado.
As variações típicas do roteiro de auditoria em PED são enumeradas por Davis (1968) como sendo:
Existem, pelo menos, três técnicas de auditoria bem conhecidas para se auditar um sistema que utiliza PED:
Nas duas últimas técnicas referidas, o computador é usado para se obter informações sobre a operacionalização do programa e controles embutidos na própria máquina.
Todavia, para avaliar a estrutura de controle interno do cliente, o auditor pode dispor atualmente de três tipos de programas padronizados:
Concluída a análise e a avaliação da estrutura de controle interno da entidade, ou área, sob exame, tem-se, em geral, determinado as deficiências aparentes nessa estrutura, capazes de gerar erros, ou distorções significativos nas demonstrações contábeis elaboradas pela entidade. Essas deficiências devem estar devidamente registradas em formulários próprios, comumente conhecidos como "folhas de análise de controles". Entretanto, a reunião desses pontos negativos ou deficiências em um mesmo papel de trabalho, geralmente denominado "folha de acompanhamento das deficiências", é muito útil para o auditor.
A avaliação de .sistema e a auditoria de acompanhamento devem fornecer ao auditor evidências para que sejam programados os testes, dirigidos diretamente aos pontos com fraquezas potenciais de controles, onde, provavelmente, serão detectadas irregularidades ou erros, evitando-se extensos programas de auditoria que, na maioria das vezes, não resultam em dados objetivos, consumindo tempo e recursos.
Estas variáveis serão operacionalizadas da seguinte forma:
O objetivo da operacionalização dessas variáveis é similar aos anteriormente descritos
O auditor deve revisar e avaliar as conclusões tiradas da prova de auditoria obtida como base para expressar sua opinião sobre as informações contábeis. Esta revisão e avaliação envolve a formação de uma conclusão global sobre se:
Acredita-se que, em decorrência desses fatos, o auditor poderá obter uma série de informações relevantes, como feedback da aplicação das técnicas de auditoria analítica o que, indubitavelmente, redundará no encaminhamento de sugestões valiosas aos clientes, aumentando com isso a satisfação destes com a equipe de auditores.
O emprego das técnicas de auditoria analítica redundará em benefício não só para o auditor, mas também para seus clientes. A estes, tais benefícios podem ser resumidos nos seguintes:
As vantagens decorrentes da aplicação da auditoria analítica aos próprios auditores podem ser assim sintetizadas: (Chippindale, 1964)