AUDITORIA ANALÍTICA EM FACE DA AUDITORIA INDEPENDENTE
TÉCNICAS DE AUDITORIA ANALÍTICA UTILIZADAS NO BRASIL - UM ESTUDO DE CASOS
CAPÍTULO 2 - REVISÃO DA LITERATURA E FUNDAMENTOS TEÓRICOS
2.5 - METODOLOGIA DA AUDITORIA ANALÍTICA
2.5.3 - IMPORTÂNCIA DA DIVISÃO DA EMPRESA EM CICLOS DE TRANSAÇÕES LÓGICOS NUMA ABORDAGEM DE SISTEMAS
O exame dos sistemas do cliente e a preparação de fluxogramas que representam graficamente seu funcionamento sugere a divisão do fluxo global da empresa em ciclos de transações lógicos. Este procedimento visa melhor alcance dos objetivos básicos de controle e melhor identificação dos procedimentos específicos de controles, para cada conta ou classe de transação
Segundo Taylor e Glezen, a classificação dos FLUXOS GLOBAIS em ciclos de transações, frequentemente enfatizada pelas firmas de auditoria, é a seguinte: (51)
1. Ciclo de Tesouraria, que inclui os seguintes tipos de eventos econômicos:
A - fundos recebidos de sócios e créditos de acionistas;
B - fundos investidos temporariamente até o necessário para produzir2. Ciclo de Consumo, que inclui os seguintes tipos de evento econômicos:
A - mercadorias e serviços adquiridos de fornecedores e empregados em troca de obrigações a pagar;
B - Obrigações pagas a fornecedores e empregados3. Ciclo de Conversão, que inclui os seguintes tipos de eventos econômicos:
A - inversão de recursos;
B - utilização de recursos;
C - transformação de recursos4. Ciclo de Receita, que inclui os seguintes tipos de eventos econômicos:
A - distribuição de recursos por venda em troca de promessas de futuros pagamentos;
B - recebimento por venda de recursos a clientes.
(51) Taylor, Donald A. & Glez~n, G. William. op.cit. p. 279
NOTAS DO COSIFE:
Embora a bibliografia apresentada seja muito antiga, como são citações de conceitos teóricos e práticos relativos à uma época, ainda podem ser utilizadas como modelo histórico.
Em síntese, o mencionado FLUXO GLOBAL atualmente, menos teórico, é chamado de FLUXO DE CAIXA (Contabilidade Financeira). Por ter objetivo mais prático, envolve diretamente a movimentação de numerário de modo geral, representada pelas Disponibilidades em Moeda Nacional ou Estrangeira (incluindo as Aplicações em Ouro), pelas demais Aplicações Financeiras (Equivalentes de Caixa), pelas Contas a Receber (de Clientes, entre outras), pelas Contas a Pagar (Fornecedores, incluindo as Obrigações Financeiras, Societárias (Juros sobre o Capital e Debêntures, Dividendos, entre outras), Tributárias, Previdenciárias e Trabalhistas, entre outras) e pelas diversas formas de Captação de Recursos Financeiros.
Veja explicações complementares na NBC-TG-03 - Demonstração dos Fluxos de Caixa.
Entretanto, Defliese e outros entendem que a maior parte das atividades de uma empresa pode ser agrupada em três grandes ciclos de transações: (52)
Ciclo de receita - compreende os fluxos de transações relacionadas à geração de receita, funções de recebimento e respectivos controles sobre atividades como ordens de vendas, embarque de mercadorias e recebimento de dinheiro.
Ciclo de compras - corresponde aos fluxos de transações relacionados a compras, pagamentos e respectivos controles sobre (entre outras atividades) pedido e recebimento de compras, contas a pagar, funções de folhas de pagamentos e desembolsos de caixa
Ciclo de produção - refere-se aos fluxos de transações relacionados à produção de mercadorias ou serviços e respectivos controles sobre atividades como manutenção de estoques, transferência de estoques e gastos com mão de obra e despesas gerais para produção.
(52) Defliese, Philip L. et alii. op.cit. p. 282
Observa-se, todavia, que as duas maneiras de divisão das atividades da empresa em ciclos de transações, não são únicas, porém ambas concentram o agrupamento de atividades predominantes ou classes de transações, de forma a facilitar a identificação dás funções associadas a cada classe de transação específica
Segundo Defliese e outros: (53)
A concentração sobre as transações, em vez de sobre os departamentos através dos quais as transações passam, propicia meios convenientes e diretos de avaliar se os controles cumprem os objetivos específicos para os quais foram criados.
(53) Defliese, Philip L. et alii. op.cit. p. 282
Assim, pode-se inferir que o conceito de ciclo de transação pressupõe a existência de um inter-relacionamento entre os objetivos básicos de um sistema de controles contábeis, os ciclos de transações e os procedimentos específicos de controle
Por outro lado, a abordagem conduz à transformação dos "objetivos básicos de controles" em "procedimentos específicos de controle", aplicáveis a cada classe de transações.
As figuras 5 e 6 mostram os objetivos básicos e específicos de controles para transações de vendas a prazo e o relacionamento destes com o ciclo de transações de uma entidade, respectivamente.
A importância da divisão dos fluxos globais em ciclos menores, para a auditoria analítica, deve-se aos seguintes benefícios dela decorrentes:
Figura 5 - Objetivo de controle para transações de vendas a prazo
Objetivos básicos de controles | Objetivos específicos de controles |
Perfeição | Todas as transações de vendas a prazo válidas são processadas e registradas |
Validade | Todas as transações de venda registradas representam embarques reais de mercadorias ou prestação de serviços a clientes não fictícios, portanto, são autorizadas pelo indivíduo responsável |
Precisão | As vendas são registradas corretamente quanto ao montante, quantidade, data e cliente no próprio período em livros de entrada original e registro analítico subsidiário, assim como são corretamente sintetizadas no diário geral |
Manutenção | O registro subsidiário das contas a receber e os controles sobre elas no diário geral refletem todas as transações autorizadas e somente estas |
Segurança física | Este objetivo não é aplicável diretamente a este tipo de transação, exceto quando controles forem necessários sobre embarques finais de mercadorias para atingir o objetivo de perfeição) |
Fonte: Traduzida de Defliese, Philip L. et alii. op.cit. p. 283
Figura 6 - O conceito de ciclo
Fonte: Traduzida de Defliese, Philip L. et alii. op.cit. p. 284
Veja em Contabilidade Financeira a Planilha do FLUXO DE CAIXA com correspondente fluxograma.