Ano XXV - 19 de abril de 2024

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COMO O SISTEMA FINANCEIRO LEVA NOSSA ECONOMIA PARA O BURACO

O SISTEMA FINANCEIRO LEVA NOSSA ECONOMIA PARA O BURACO

APESAR DA INTERNET, AINDA EXISTE MUITA GENTE DESINFORMADA

São Paulo, 30/06/2015 (Revisada em 20-02-2024)

COMO O SISTEMA FINANCEIRO LEVA NOSSA ECONOMIA PARA O BURACO?

SUMÁRIO:

Os agentes do sistema financeiro levam nossa economia para o buraco por meio:

  1. de Desfalques no Bolso do Consumidores provocados pelas altas taxas de juros cobradas nos Empréstimos Pessoais e nas dívidas não pagas por meio dos Cartões de Crédito
  2. do Financiamento da Demanda dos Trabalhadores e de outros Descapitalizados
  3. das Taxas e Juros Fixadas pelo COPOM para os Títulos Públicos - Incentivo à Inércia Empresarial que Provoca o Desemprego
  4. da Artificial Geração de Inflação que corrói o Salário dos Trabalhadores
  5. da Lavagem do Dinheiro oriundo das Fraudes Cambiais e da Evasão de Divisas internacionalizadas em Paraísos Fiscais

Texto publicado em 26/06/2015 por Carta Maior. Aqui com edição do texto original para colocação de anotações e comentários com explicações adicionais por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.

Vejamos com ficou o texto original, já com aditamento dos esclarecimentos complementares efetuados pelo Coordenador deste COSIFE:

1. ALTAS TAXAS DE Juros:

Os números aqui no Brasil são estarrecedores. No plano aparentemente mais prosaico dos crediários, encontramos por exemplo juros médios para “artigos do Lar” da ordem de 100%, quando o equivalente em redes comerciais europeias é de 13%.

Aqui temos a opção do crédito consignado, buscado no banco para comprar à vista no comércio com juros da ordem de 25%, enquanto o equivalente na França é de 3,5% ao ano.

Juntando as diversas modalidades de crédito ao consumidor, incluindo aqui o uso do cartão de crédito, foi constatado um imenso dreno sobre a capacidade de compra do consumidor, por parte de intermediários. Segundo o Banco Central, em março de 2005 a família brasileira destinava 19,3% da sua renda ao pagamento de dívidas, enquanto em abril de 2015 destinava 46,5%.

Sobre esse aumento da dívida das famílias, poderíamos dizer que o desfalque no bolso do consumidor foi indiscutivelmente provocado pelo COPOM - Comitê de Política Monetária, que tem aumentado a taxa de juros a revelia do que o Governo Federal gostaria de fazer.

Observa-se que a taxa de juros veio diminuindo desde 2003 até 2010. Porém, a partir de 2011 os dirigentes do Banco Central, com o auxílio dos abalizados membros do COPOM, resolveram inverter todos os procedimentos que transformaram o Brasil em 6ª potência mundial em PIB - Produto Interno Bruto. Em 2002 o Brasil estava na 13ª colocação.

2. FINANCIAMENTO DA DEMANDA DOS TRABALHADORES:

Impacto econômico?

Considerando-se que a massa populacional, que se constitui nos que mais compram a prazo, gasta quase a metade da sua renda para pagar dívida, obviamente esse povo não irá estimular a economia com mais demanda. Diante dessa trava ou redução da demanda, a economia também trava. E quando a demanda trava, mais ainda trava o investimento empresarial, pois suspende toda ideia de expansão, até o horizonte clarear.

Assim sendo, a demanda ficará estagnada até a total liquidação das dívidas assumidas pelos consumidores.

E como os juros para pessoa jurídica são quatro vezes maiores do que nos países concorrentes do Brasil, o investimento empresarial no nosso País também fica travado.

O aumento da taxa de juros redunda em aumento do Custo Operacional das empresas que buscam capital de giro no sistema financeiro. Por sua vez, o aumento do Custo Operacional das empresas gera inflação porque todos os custos empresarias devem ser repassados para o consumidor para que as empresas não cheguem à falência.

A demanda e o investimento são os dois principais motores da economia. Ambos são hoje em boa parte asfixiados, em que pesem os esforços do governo de fornecer alternativas.

Isto significa que os gestores das nossas políticas econômica e monetária estão fazendo o possível e até o impossível para prejudicar a governabilidade do nosso País.

3. Taxas de juros sobre a dívida pública:

O terceiro motor da economia é a atividade do setor público. A perda da imensa fonte de enriquecimento dos intermediários financeiros (que era a hiperinflação) foi compensada, a partir de 1996, com o sistema atualmente vigente de privilegiar os rentistas que nada ou quase nada produzem em razão das elevadas taxas de juros sobre a dívida pública. É melhor financiar o Déficit Público do que Financiar a Produção e os consumidores.

Os bancos, mas também muitos empresários produtivos, quando foi escrito este texto tinham a alternativa de ganhar 13,75% sobre os títulos, com liquidez e garantia total, sem precisar se envolver no processo trabalhoso de identificar, financiar e administrar investimentos produtivos. Mesmo em 2020, quando vigorava a demagógica taxa de juros fixada pelo COPOM, nos leilões dos Títulos Públicos eram fornecidas taxas de juros muito mais altas. Mediante Operações Compromissadas por Recompra em data pré-estabelecidas era possível oferecer aos mais ricos investidores taxas de juros estratosféricas.

Desse modo as altas taxas de juros funcionam como um verdadeiro incentivo ou estímulo à inércia empresarial, com encerramento da produção (fechamento de fábricas), com geração de desemprego e com o consequente aumento da miséria e da criminalidade.

Isto trava tanto a iniciativa dos bancos buscarem o fomento da economia, como trava a capacidade do governo de expandir os investimentos em infraestrutura e políticas sociais, tão necessárias ao pleno desenvolvimento do nosso País.

Com tais atos, os gestores de nossas políticas econômica e monetária (em 2017, 2018, 2019 e 2020) estavam transferindo mais de um trilhão de reais (por ano) dos nossos impostos armazenados pelo Tesouro Nacional para os bolsos de intermediários financeiros.

Trata-se de verdadeiro Desfalque nos Cofres do Tesouro Nacional. Desse jeito, só restou à Presidência da República em 2015 o Ajuste Fiscal, que tirava dos trabalhadores para entregar aos mais ricos empresários (especuladores) quase a metade de toda a Arrecadação Tributária.

4. artificial geração de Inflação:

O grande argumento dos nossos gestores para os fartos rendimentos concedidos ao grande capital é o de que os juros devem ser aumentados para proteger a população da inflação.

Nessa esdrúxula tese há algo de curioso pois na maioria das economias a taxa de juros, equivalente a nossa taxa Selic, é da ordem de 1% ou menos, e no entanto a inflação naqueles países é baixíssima.

E se queremos reduzir a demanda para reduzir a pressão sobre os preços, isto já foi conseguido pelos mecanismos que vimos acima, tanto assim que as empresas estão concedendo férias coletivas aos seus empregados porque não há mais espaço para estocagem do produzido.

Paul Singer diz com bom senso que são os juros que estão inflando os preços ao consumidor.

Mas, inversamente ao que dizem os nossos gestores econômicos e monetários as altas taxas de juros funcionam perfeitamente para encher os bolsos dos capitalistas (rentistas) sob o pretexto de proteger o povo da inflação.

Frente ao desconhecimento geral dos mecanismos, o Povo é sempre enganado e por isso paga a conta, ao contrário do que fizeram os islandeses em 2009.

O resultado geral é esta situação curiosa de uma economia travada pelo lado da demanda, do investimento empresarial e do investimento público, com o PIB praticamente parado, mas os lucros declarados pelos bancos aumentaram entre 20% e 30% em um ano. E estão pedindo mais.

5. lavagem de dinheiro em paraísos Fiscais:

Para onde vai tanto dinheiro que lucram, sem financiar a economia, sem fomentar atividades econômicas que seria o papel maior dos intermediários financeiros?

Aqui vem a dimensão internacional do processo, o nosso link com a financeirização mundial.

Órgão internacional (Tax Justice Network) estima em 519 bilhões de dólares, equivalentes a cerca de 28% do nosso PIB, o estoque de recursos que os sonegadores de tributos do Brasil têm em paraísos fiscais.

Portanto, tais recursos financeiros não são reinvestidos em termos produtivos. São alocados de forma a não pagar impostos.

Só em fraudes em notas fiscais no comércio internacional (mediante o subfaturamento das exportações e o superfaturamento das importações), as empresas situadas no Brasil drenam, segundo dados internacionais da Global Financial Integrity, cerca de 2% do PIB ao ano.

Em razão de tantas irregularidades cometidas por inescrupulosos empresários, a Revista Carta Maior abriu sumariamente este leque de mecanismos, para dar uma ideia da dimensão dos desafios a serem enfrentados pelos países e por suas populações, principalmente pela parcela menos favorecidas. A iniciativa consiste em retomar os numerosos artigos que já foram apresentados em diversas etapas de discussão, organizando para o leitor um tipo de “dossiê” destinado a facilitar a compreensão de como a financeirização funciona no Brasil, obviamente com a inestimável ajuda dos membros do COPOM - Comitê de Política Monetária que se mostram especialistas nesse tema.

Praticamente todos os principais esquemas operacionais utilizados por sonegadores de tributos com a intermediação ou ajuda das instituições do sistema financeiro autorizadas a funcionar pelo Banco Central foram apresentados aos auditores da Receita Federal, também com a anuência e participação de auditores do Banco Central e da CVM - Comissão de Valores Mobiliários desde 1984 até 1998.

Portanto, não existe desculpa para a falta de afinco na fiscalização e no combate à Blindagem Fiscal e Patrimonial em Paraísos Fiscais, que obviamente é efetuada por intermédio das instituições do sistema financeiro mundial.



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