COMO ERA O BRASIL COM OS RICOS NO GOVERNO
São Paulo, 03/04/2008 (Revisada em 20-02-2024)
Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE
1. COMO ERA O BRASIL COM OS RICOS NO GOVERNO
A partir do final de 1894 a Velha República ficou mais conhecida como República Oligárquica ou como República do Café com Leite porque eram os empresários (fazendeiros) do café e do leite, que governavam o país inicialmente por intermédio dos militares e depois diretamente.
De 1894 a 1930, os fazendeiros que tinham constituído o PRP e o PRM (Partidos Republicanos dos Paulistas e dos Mineiros, respectivamente) alternaram-se no poder. Foram presidentes: Prudente Moraes (1894 a 1898), Campos Salles (1898 a 1902), Rodrigues Alves (1902 a 1906), Affonso Penna (1906 a 1909), Nilo Peçanha (1909 a 1910), Marechal Hermes da Fonseca (1910 a 1914), Wenceslau Braz (1914 a 1918), Delfim Moreira da Costa Ribeiro (1918 a 1919), Epitácio Pessoa (1919 a 1922), Artur Bernardes (1922 a 1926), Washington Luiz (1926 a 1930). Eram os ricos no governo.
2. NA VELHA REPÚBLICA VOTAR ERA PRIVILÉGIO DOS ENDINHEIRADOS
De conformidade com a Constituição de 1891 as mulheres, os analfabetos e os militares de baixa patente não votavam. Ou seja, as pessoas de menor poder aquisitivo não tinham direito ao escrutínio. Na qualidade de analfabeto estava a quase totalidade da população como os ex-escravos e seus descendentes e os demais pobres como os militares de baixa patente (sargentos, cabos e soldados). Por isso, somente as pessoas de absoluta confiança e submissas à oligarquia (os senhores feudais) conseguiam chegar aos cargos eletivos.
3. OS EMPRESÁRIOS ERAM OS DONOS DO PODER POLÍTICO
O sistema de “coronelado” implantado no Brasil ainda nos tempos do império consistia na concessão do título de “coronel” aos ricos fazendeiros do interior brasileiro, que se transformavam numa espécie de senhor feudal. Essa foi a forma encontrada à época para manutenção da integração nacional e assim evitar os movimentos separatistas ainda alimentados por alguns atualmente.
Tal como define a Teoria sobre o Anarquismo, o Brasil era governado por uma espécie de associação ou confraria de detentores do poderio econômico.
Segundo Dicionário Aurélio, CONFRARIA é o conjunto das pessoas da mesma categoria, dos mesmos interesses ou da mesma profissão; sociedade, associação. No teatro francês da Idade Média, sociedade teatral dedicada às representações de milagres e mistérios, bem como de farsas e pantomimas.
4. OS CORONÉIS E O VOTO DE CABRESTO
Durante a República Oligárquica os "coronéis" utilizavam o seu poder econômico e político para garantir a eleição dos candidatos que apoiavam. Foi a época em que utilizavam o conhecido “voto de cabresto”, quando o fazendeiro usava até mesmo a violência para que os eleitores de seu "curral eleitoral" votassem nos candidatos por ele apoiados.
5. AS FRAUDES ELEITORAIS PATROCINADAS POR EMPRESÁRIOS
Atualmente ainda são utilizados os antigos métodos de “compras de votos”, “votos fantasmas”, “trocas de favores” e “fraudes eleitorais” e ainda o emprego da violência, conforme têm noticiado alguns dos meios de comunicação, vulgarmente chamados de mídia principalmente pelos membros da tal “sociedade civil”, onde se concentram os clãs endinheirados e seus súditos ou vassalos (consultores, lobistas e altos executivos). E também estão inseridos nesses clãs os falsos representantes do povo, entre outros corruptos como alguns eloquentes mercenários da Mídia.
6. O VOTO FANTASMA E A COMPRA DE VOTOS
O “Voto Fantasma”, menos conhecido, é aquele em que não é o verdadeiro eleitor quem está exercendo o seu direito ao voto. Os praticantes do “Voto Fantasma” usam os títulos eleitorais de pessoas falecidas e de retirantes para os quais foram pagas passagens de ida (sem volta) para algum outro lugar, geralmente a região sudeste brasileira e até mesmo para o exterior.
7. A IMPLANTAÇÃO DO VOTO BIOMÉTRICO
Para coibir o “Voto Fantasma”, empresa especializada em tecnologia da informática está testando um sistema de urna eletrônica em que os eleitores serão identificados eletronicamente por sua impressão digital. O sistema já é utilizado nas escolas para formação de motoristas no controle da presença daqueles que vão fazer o curso para obtenção ou renovação da carteira de habilitação. Esse sistema de identificação já é usado para outras finalidades, em substituição aos antigos crachás nas empresas, em caixa eletrônicos nos bancos e inclusive em consultórios médicos e clínicas psiquiátricas.
VOTO BIOMÉTRICO
TSE - Campanha de Recadastramento Biométrico
O "Coronel Fazendeiro" e o "Voto Fantasma"
http://www.tse.gov.br
Mas, há uma falha na piada do TSE porque na época da República Oligárquica o voto era aberto. Ou seja, o voto NÃO ERA SECRETO, por isso era chamado de Voto de Cabresto; os Coronéis controlavam a votação.
8. OS MIGRANTES NORDESTINOS E O VOTO FANTASMA
A “compra de votos” também funciona à semelhança do “voto fantasma”. O título do eleitor é entregue aos cabos eleitorais (os vassalos) dos políticos, que o utilizarão como forma de garantir a votação de seu endinheirado candidato (suserano).
Por isso, algumas cidades brasileiras chegam a ter mais eleitores que moradores, conforme foi computado em censo do IBGE. Isto também acontece nas cidades de veraneio, em que os proprietários dos imóveis votam naquela cidade, porém, residem em outra. Esta é a forma de garantir que os representantes dos clãs endinheirados sejam eleitos e não o eventual candidato que seria de fato o representante da maioria menos favorecida, que são os principais moradores fixos das cidades balneárias.
9. A LEI SARAIVA DE 1881 PROIBIU O VOTO DOS ANALFABETOS
Os analfabetos deixaram de votar em 1881, ainda nos tempos do Império em razão da Lei Saraiva, porque aqueles eleitores eram vítimas da violência e do poder econômico dos Coronéis (fazendeiros). Por isso o voto dos analfabetos também era chamado de “voto de cabresto”. Como os analfabetos não votavam, os governantes e os demais “representantes do povo” nada faziam para tirá-los dessa situação extremamente inferiorizada.
10. O RETORNO DO VOTO DOS ANALFABETOS
Mediante o esforço principalmente de Ulisses Guimarães, a partir de 1985 os analfabetos passaram a ter novamente o direito ao voto, naturalmente como forma de não ser incentivada a manutenção do analfabetismo.
Porém, os governantes, principalmente das regiões mais carentes do interior brasileiro, preferiram não erradicar o analfabetismo, porque é mais fácil comprar o voto dos analfabetos.