PROTEGENDO OS MAIS RICOS
A REVOLUÇÃO PELO VOTO
São Paulo, 3º trimestre de 2002 (revisado em 06/02/2009)
É indiscutível que no Brasil está sendo travada uma guerra civil contra o neoliberalismo: de um lado está a metade mais rica da população (favorável) e do outro a metade mais pobre (contra).
Para proteger os mais ricos, os neoliberais criaram vários tipos de polícias especializadas. Para os pobres, o governo federal e os governos estaduais pouco oferecem. Além da falta de segurança, faltam ainda saúde, educação, moradia, urbanização e emprego. Ou seja, os pobres estão à mercê de um monstruoso caos econômico e social alimentado pela oligarquia que nos domina e governa desde os tempos em que era legalmente explorados os negros através da escravidão. Hoje em dia a escravidão ilegal também atinge os brancos e mestiços.
As duas principais polícias criadas para os ricos são as de proteção aos banqueiros (“assalto a bancos”) e a polícia “anti-seqüestros” que atende quase que exclusivamente aos ricos e famosos. E por ironia do destino, os indivíduos que protegem os mais ricos são das classes mais pobres da população e, devido aos baixos salários, vivem mal. Os que apresentam alguns sinais exteriores de riqueza, fatalmente serão corruptos e estarão aliados ao banditismo.
O pior é que entre os mais ricos existem os megalomaníacos e os emergentes que se acham superiores só porque conseguem comprar um carro do ano (nacional ou estrangeiro) e compram um novo todos os anos, mesmo não tendo moradia própria e nem dinheiro para comer dignamente e colocar combustível no veículo.
Para desespero do lado pobre e principalmente da classe média, a polícia “anti-seqüestros” não dá muita atenção ao chamado “seqüestro relâmpago”. Alega a autoridade policial que esse tipo de delito não está previsto na legislação penal, razão pela qual não são considerados como seqüestros e sim como “simples assaltos” (sic). E ninguém faz nada para alterar a legislação penal. Aliás, nem seria necessário alterar porque o artigo 159 do Código Penal apenas menciona que caso do seqüestro durar mais de 24 horas a pena aumenta.
Mas, quando se fala em alterar a legislação penal alguns políticos esquivam-se. Afinal, podem acabar legislando contra si próprios. Isso, se considerarmos a grande quantidade de fatos irregulares e delitos apurados, praticados por políticos com mandato no Congresso Nacional, nas Assembléias Legislativas dos Estados e nas Câmaras Municipais. E pela prática desses delitos também existem processos contra prefeitos e outros governantes. Só na cidade de Embu das Artes - SP um único vereador conseguiu derrubar todos os "corruptos" da Câmara Municipal e ainda o prefeito. Como não existia ou representante do povo na Câmara Municipal assumiu a função de prefeito até a realização de nova eleição.
Em contraposição, dizem os observadores políticos e econômicos que no Brasil são cobrados mais impostos dos pobres do que dos ricos. É uma tremenda inversão de valores. O que ganha mais paga proporcionalmente menos e é melhor assistido. Aos mais ricos são dados incentivos fiscais, subsídios e anistias. Eles conseguem também juros favorecidos (altos juros quando são credores e juros baixos quando são devedores).
Os políticos da chamada esquerda defendem os direitos humanos dos bandidos pobres sob a alegação de que eles são vítimas da conjuntura econômica e social implantada pelos neoliberais, o que é verdade. De outro lado, os políticos da chamada direita querem a pena de morte, o que seria razoável para os bandidos reincidentes. Mas, os extremistas de direita não querem que a pena de morte seja estendida aos criminosos do “colarinho branco”, nem aos crimes praticados por pessoas com inegável influência política e econômica. Aliás, foi quase essa a alegação do juiz que libertou da prisão os acusados dos crimes cometidos no Banco Nacional, que teve a participação de parente do nosso primeiro presidente reeleito.
Enquanto isso, o povo brasileiro, atônito e na frente da televisão, via o que acontecia na Argentina e na Colômbia, mas, já esqueceu de outros acontecimentos como os ocorridos no Peru, no Paraguai, na Bolívia, no Equador e no Chile. E o que está acontecendo na Venezuela quase não se fala, apenas dizem que Hugo Chavez é ditador e comunista.
Será que aqui no Brasil também haverá uma revolta popular contra os extremistas de direita tal como sempre acontece nos países sulamericanos? Acho que não. O brasileiro é ordeiro. Ou será cordeiro?
As eleições de 2002 para presidência da república vêm aí . Será que o povo vai querer mudar essa situação pelo voto? Dizem os especialistas que não. O povo vai votar na Roseana Sarney. Afinal, como dizia a propaganda da governadora maranhense, mostrando o subdesenvolvimento daquele Estado: “Esse é o Brasil que a gente quer”. Graças a esse slogan inconseqüente, entre outros fatos incriminadores, o PFL retirou a candidatura.
Essa é a grande verdade, se levarmos em conta que em São Paulo o ex-prefeito da capital Paulo Maluf é o mais cotado para o governo estadual, apesar de todas as acusações que vem respondendo civil e criminalmente, podemos concluir, então, que o povo brasileiro, devidamente doutrinado pela enganosa propaganda oficial, está satisfeito com os detentores do poder político e econômico. Pelo menos é o que sempre mostram as pesquisas de opinião pública. O problema é saber se elas são verdadeiras ou se são, mais uma vez, a forma de manipulação da opinião pública.
Na eleição do ano 2000, todos viram que as pesquisas não foram verdadeiras e dignas de fé pública. Erraram feio e propositalmente, tentando enganar os eleitores e tentando manipular seu voto.
Mas, quem ainda lembra disso?
Em complementação, veja o texto Queremos os Ricos no Governo.