Ano XXVI - 22 de novembro de 2024

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INVERSÃO DE VALORES



INVERSÃO DE VALORES

“Governo gasta em média R$ 660,00 por mês por presidiário”, disse a entrevistada de Márcia Peltier no programa “Domingo”, dia 06/01/2002, na TV Bandeirantes.

De outro lado, esse mesmo Governo paga de aposentadoria R$ 200,00 (um salário mínimo) para um cidadão de bem que passou a vida toda trabalhando pela coletividade, pelo desenvolvimento do País e enriquecendo seu patrão. E as empresas cometem o mesmo erro, em média pagam menos aos seus empregados do que é gasto com um presidiário.

O que diria um radical defensor dos direitos humanos dos presos (digo, dos bandidos), se perguntado sobre os direitos humanos dos aposentados, das vítimas e dos trabalhadores? Talvez respondesse essa pergunta fazendo outra:

O que nos interessa os direitos humanos dos aposentados e dos demais? Não são eles que contribuem para a nossa ONG - Organização Não Governamental. Nós defendemos quem nos paga para isso.

Seria verdadeira essa hipótese? Ninguém sabe ou finge que não sabe.

A verdade é que não existe ONG para defender os direitos humanos dos aposentados, nem para defender os direitos humanos das vítimas dos bandidos. Não existem pessoas que queiram fornecer recursos financeiros para o funcionamento das últimas.

Por sua vez, considerando o modelo econômico brasileiro, os bandidos, na maior parte dos casos desempregados e miseráveis em potencial, são as principais vítimas de uma conjuntura que privilegia a miséria, o subemprego e a ignorância cultural e profissional.

Por esse “complexo de culpa” dos governantes, os bandidos talvez sejam mais privilegiados do que os aposentados e do que suas vítimas. Pelo menos privilegiados os aposentados também são. Isso já foi dito pelo presidente: privilegiados e vagabundos.

Por que o governo não gasta pelo menos R$ 1.000,00 por mês com cada um dos aposentados e com as vítimas dos bandidos?  Dizem que não existem verbas (dinheiro suficiente).

Então, pergunta-se: Onde conseguem as verbas para gastar mais com os bandidos? A resposta é fácil: o dinheiro para os bandidos vem do mesmo lugar em que conseguem as mesmas verbas para cuidar dos aposentados. O problema é que o número de aposentados é bem maior do que o de bandidos presos. Mas, logo a situação se inverterá: o número potencial de bandidos já é muito maior do que o de aposentados. E as vítimas? Um ex-delegado de polícia que dirigia uma entidade de direitos humanos me disse: “A vítima geralmente não fica viva para exigir direitos”.

Daí vem outra pergunta: Se o número de bandidos presos passar a ser superior ao de aposentados, onde vão arranjar o dinheiro para cuidar dos bandidos? Talvez dêem a incumbência de cuidar dos bandidos para Organizações Não Governamentais. Obviamente estas ONG serão financiadas por eles mesmos (os bandidos, com a participação ou não do Governo).

Não queira colocar palavras no meu texto. Só tentei levar o leitor por um caminho de raciocínio lógico. Não sou contra os direitos humanos, muito pelo contrário. Apenas acho que o Governo deveria gastar mais dinheiro com as vítimas dos bandidos e com os aposentados do que gasta para dar casa e comida aos criminosos (NÃO quero que o governo gaste menos com os bandidos).

No âmbito dessa inversão de valores estão outros segmentos. Vejamos alguns exemplos: Por que vale mais um surfista profissional do que um cientista do projeto genoma? Por que um esportista sempre ganha mais do que um trabalhador da indústria, do comércio ou de serviços? Por que um artista ou profissional dos meios de comunicação (rádio, televisão, cinema e teatro) ganha mais do que a maior parte dos médicos ou quaisquer outros profissionais de nível superior?

O pior é que esses aventureiros privilegiados, justamente por sua falta de cultura gastam mal os rios de dinheiro que ganham e, depois que a explosão de sucesso e o dinheiro acabam, ficam reclamando da falta de apoio governamental, querendo verbas para os meios artísticos, para os meios de comunicação e para os esportes, dizendo que aquilo é cultura.







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