AS ELEIÇÕES E AS PESQUISAS
Na última eleição do século XX ficou mais do que provado que os institutos de pesquisa mentem deslavadamente e principalmente o IBOPE. Ou seja, os institutos fabricam pesquisas e com base nessas falsas pesquisas conseguem mudar a intenção de voto dos eleitores. Afinal, como ensinaram os coronéis nordestinos, ninguém deve perder o voto. Deve-se votar em quem vai ganhar. E os institutos de pesquisas são pagos para dizer quem vai ganhar. Evidentemente que vai ganhar quem pagar mais.
Na reeleição de FHC, alguns candidatos do PT não figuravam nas pesquisas como pretendentes ao segundo turno e ganharam no primeiro turno com larga margem de votos. Os dirigentes do PT disseram que iriam processar os institutos de pesquisa, mas não se ouve mais falar no assunto. E fatalmente nas próximas eleições os tais institutos vão fazer tudo novamente, impunemente.
Quando Moreira Franco disputava o governo do Rio de Janeiro com Darcy Ribeiro aconteceu um fato inusitado. Um dos empresários financiadores da campanha do primeiro resolveu fazer sua própria pesquisa. Pediu a seus perto de 30 empregados que nas ruas ou próximo a suas residências, junto a seus amigos e parentes procurassem saber em quem votariam.
O resultado da pesquisa, que abrangia perto de mil pessoas, quando faltava de duas a três semanas para a eleição mostrava que Darcy Ribeiro tinha cerca de 70% das intenções de voto. Porém, os institutos de pesquisa mostravam que Moreira Franco iria ganhar o pleito e foi o que decidiu no final. De fato Moreira Franco ganhou.
Parente de um amigo era professor numa cidade do litoral paulista. Devido ao seu interesse no aprendizado dos alunos e nas ações sociais que fazia, os dirigentes da Associação de Pais e Alunos o aconselharam a candidatar-se ao cargo de vereador. Apurados os votos, ganhou o “Zé do Boteco” que nas vésperas ofereceu aos pais dos alunos uma noitada regada a muita cachaça e prometeu outras se ganhasse as eleições.
Certa vez num táxi o motorista falava-me das pesquisas eleitorais. Perguntei se ele acreditava nas pesquisas e ele respondeu que sim. Foi então que lhe perguntei:
- Alguma vez você participou de uma pesquisa eleitoral? Ele disse que não.
- Alguma vez um passageiro de seu táxi disse ter participado de uma pesquisa eleitoral? Ele disse que não.
- Alguma das pessoas que moram com você já participou de uma pesquisa? Não.
- Algum taxista ou amigo de seu trabalho já participou de uma pesquisa? Acho que não
- Algum vizinho seu já participou de uma pesquisa? Não sei, mas acho que não.
- Algum parente seu já participou de uma pesquisa? Também não sei, mas acho que não.
- Agora procure perguntar para todas as pessoas que tiver contato se alguma vez elas participaram de uma pesquisa eleitoral.
A resposta a essa última pergunta eu talvez possa dar antecipadamente: Provavelmente, de cada 100.000 pessoas, uma talvez já tenha participado de uma pesquisa, o que é muito pouco se considerarmos o universo de eleitores e suas respectivas classes sociais e níveis culturais.
Se a resposta for uma em cada cinqüenta mil pessoas, isto significa que pouco mais de mil pessoas foram entrevistadas em todo o Brasil, o que é muito pouco, sem nenhuma representatividade por falta de fundamentação científica baseada numa matéria chamada Estatística.