A ARGENTINA E O EFEITO ORLOFF INVERTIDO II
As últimas notícias nos mostram que nos últimos 25 anos a riqueza dos argentinos mais ricos aumentou 21%, que a pobreza dos mais pobres aumentou 32% e que a classe média subdividida em 3 partes ficou mais pobre entre 10% e 20%.
É importante dizer que na Argentina são considerados pobres aqueles cuja renda seja inferior a US$ 300,00, que é o salário médio do povo brasileiro. No Brasil é considerada miserável a família com renda inferior a R$ 390,00 = US$ 150,00. Nos Estados UNidos é miserável a família com renda inferior a US$ 800,00, situação em que seriam enquadrados como miseráveis 95% da população brasileira.
Enquanto o Brasil produz 80 milhões de toneladas de grãos, a Argentina produz 60 com um terço da população brasileira. Ou seja, nessa proporção o Brasil teria de produzir 180 milhões de toneladas e não as 80 que produz.
Outro dado interessante: na Argentina só agora a miséria alcançou um terço da população. Aqui no Brasil faz mais de uma década, talvez duas, que alcançamos esse estágio. Do exposto se conclui que a situação aqui é pior. A única diferença é que o povo brasileiro não reclama, apenas passa a ingressar o banditismo, cujo índice lá é bem mais baixo do que aqui.
No Brasil as gangues possuem armas importadas por contrabando. E em seus redutos ninguém entra, nem o exército. As armas sofisticadas são de uso exclusivo das forças armadas de outros países de poderio bélico bem mais avançado do que o nosso. Os bandidos, tal como acontece com grupos étnicos africanos, guerreiam entre si, tendo as autoridades governamentais como meras expectadoras, tal como se estivessem a esperar que primeiro eles se alto eliminem para depois assumir o poder de polícia.
Os longos anos de miséria no Brasil obrigou os pobres a se organizarem, já que o Estado nada fez par minorar o problema. Na falta de opções de trabalho na economia formal, eles guindaram para os mercados marginais, para economia informal, para o narcotráfico (sustentado pelas classes média e alta) e depois para a briga por seus territórios de atuação, o que gerou o banditismo organizado em gangues e a formação de quadrilhas dirigidas com alta tecnologia.
E a coisa ficou preta para as autoridades porque, quando abriram os olhos, 50% da população dos grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro já estavam residindo em áreas de influência e de domínio do crime organizado. Não é mais uma questão de polícia. Na surdina, existe uma guerra pelo poder político e econômico dividido entre dois grandes grupos, de um lado está a metade mais rica e do outro lado a metade mais pobre.
E por que existem policiais envolvidos nisso? Simplesmente porque seus baixos salários obrigam que morem em favelas. Ou seja, eles são obrigados a residir no reduto do crime organizado e a fazer vista grossa para preservar sua integridade física e a de seus familiares. Policiais militares entram e saem de suas residências com roupas civis para evitar problemas com as quadrilhas (somente nos quartéis trocam de roupa). E assim, alguns ambiciosos de frágil idoneidade moral (ou forçados pelas circunstâncias) aproveitam para ganhar um dinheirinho extra.
E nada disso é tido como surpresa depois que foi comprovada a presença de bandidos no Congresso Nacional e em alguns outros setores da administração pública brasileira. Os bandidos estão conseguindo eleger seus representantes ou verdadeiros chefes.