Ano XXVI - 21 de novembro de 2024

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A IDIOTICE DOS NOSSOS COLECIONADORES DE DINHEIRO SUJO



A IDIOTICE DOS NOSSOS COLECIONADORES DE DINHEIRO SUJO

SÃO DEMASIADO POBRES OS NOSSOS RICOS

São Paulo, 19/02/2018 (Revisada em 13-03-2024)

Referências: Pobres-Ricos, Endinheirados - Colecionadores de Dinheiro. Complexo Vira-Lata: Elite, Trabalho Escravo, Preconceito e Discriminação Racial - Segregação Social dos Menos Favorecidos - Suburbanos. Reformas Trabalhista e Previdenciária - Indireta Extinção dos Direitos Sociais dos Trabalhadores, Lei da Terceirização do Trabalho e do Emprego - Trabalhador Empresário - MEI - Microempreendedor Individual, Firma ou Empresa Individual, Falência do INSS e do FGTS. Extinção da Carteira de Trabalho.

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

A IDIOTICE DOS NOSSOS COLECIONADORES DE DINHEIRO SUJO

É extremamente interessante a crônica do escritor moçambicano Mia Couto, intitulada "São Demasiado Pobres os Nossos Ricos", publicado pela Revista Pazes em 13/02/2018 na temática Educação e Direitos Humanos, quando escreve com incomum erudição e habilidade ao referir-se a fatos marcantes.

Na atualidade, os endinheirados geralmente são inescrupulosos colecionadores de dinheiro (e de bens e direitos) quase sempre supérfluos porque se destinam à mera ostentação de megalomaníacos sinais exteriores de riqueza. Muitas vezes esses recursos financeiros utilizados foram obtidos na ilegalidade (mediante sonegação fiscal, entre outros crimes inconsequentemente praticados). Grande parte desse "dinheiro sujo" que não foi esbanjado com a esnobação é "lavado" e blindado em paraísos fiscais para ser investido no Brasil como capital estrangeiro. E os membros do COPOM , assim como os do Tesouro Nacional reservam para eles quase 50% de todo o arrecadado com tributos que são pagos pelos consumidores. Assim acontece porque no Brasil os estrangeiros têm regalias tributárias (inclusive isenções) que os brasileiros não têm, embora todos sejam iguais perante a Lei ou todos os direitos sejam iguais, conforme reza a Constituição Federal de 1988.

A culpa dessa incongruência é dos nossos legisladores que, embora eleitos pelo Povo, no seu dia a dia só defendem os reles interesses dos inimigos dos trabalhadores. E, depois da deposição de Dilma Russeff, os golpistas perderam qualquer resquício de pudor e vem envidando grandes esforços para a implantação de um sistema legalizado de exploração do trabalho humano em regime de semiescravidão. Mesmo sem a revogação da Lei Áurea, porque a Constituição Federal assim não permite, estão deixando brechas na legislação para que patrões e empregados, por meio de seus sindicatos, celebrem acordos em que somente o capitalista têm direitos e os empregados têm as mais perversas obrigações.

Os nossos falsos ricos querem a liberação do trabalho escravo para que não sejam obrigados a pagar direitos trabalhistas e previdenciários. Por isso, colocaram no Governo um indivíduo que briga por Reformas (Trabalhista e Previdenciária) que nos levam a regredir aos tempos do Coronelismo no Brasil e do Regime Feudal na Europa.

A Segregação Social dos trabalhadores terceirizados cada vez mais os afasta do chamado IDH - Índice de Desenvolvimento Humano de Primeiro Mundo, condenando-os a viver em favelas nas periferias ou subúrbios das grandes cidades. Aliás, os trabalhadores do Primeiro Mundo por seus governantes também estão sendo empurrados para uma situação de pobreza somente vista nos países colonizados ou neocolonizados do Terceiro Mundo.

Com o desemprego e com os trabalhadores autônomos sendo contratados como microempreendedores individuais, ou como outros tipos de empresas individuais, não mais existirão as Carteiras de Trabalho nem as contribuições para o INSS e ao FGTS. Dessa forma, a tendência é que falte dinheiro para pagamento das aposentarias e pensões já conseguidas pelos mais velhos em anos anteriores. O absoluto caos econômico e social aos poucos vai-se tornando realidade.

Tudo isto tem sido exaustivamente repetido neste COSIFE desde os primeiros dias deste Século XXI. Felizmente hoje em dia outros autores têm chamado a atenção dos internautas para esses nossos antigos problemas, que se espalham (que contagiam) como um surto epidêmico pelo mundo inteiro mediante planos de austeridade que empobrecem os trabalhadores demitidos, para deleite daqueles que pretendem explorar um regime de trabalho análogo à escravidão.

Em textos, cursos e palestras o coordenador deste site, sob severas críticas, também usava a palavra endinheirado para definir os agora denominados como "pobres-ricos" porque eram meros colecionadores de dinheiro, tal como o velho Tio Patinhas. Os descendentes da oligarquia escravocrata e seus atuais protegidos não desistem do antigo modo de agir dos nossos colonizadores.

A seguir está um editorial que o coordenador deste COSIFE gostaria de ter escrito.

SÃO DEMASIADO POBRES OS NOSSOS RICOS

Por Mia Couto - Revista Pazes - 13/02/2018 - Educação e Direitos Humanos

A maior desgraça de uma nação pobre é que, em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza. Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados. Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.

A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos «ricos». Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros [é dinheiro sujo lavado em empresas fantasmas sediadas em paraísos fiscais]. É produto de roubo e de negociatas. Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados. Necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia. Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem.

O maior sonho dos nossos novos ricos é, afinal, muito pequenino: um carro de luxo, umas efêmeras cintilâncias. Mas a luxuosa viatura não pode sonhar muito, sacudida pelos buracos das avenidas. O Mercedes e o BMW não podem fazer inteiro uso dos seus brilhos, ocupados que estão em se esquivar entre chapas [de sinalização, alertando dos perigos], muito convexos [muitas curvas] e estradas muito côncavas [não planas, com altos e baixos, muitas subidas e descidas]. A existência de estradas boas dependeria de outro tipo de riqueza. Uma riqueza que servisse a cidade. E a riqueza dos nossos novos-ricos nasceu de um movimento contrário: do empobrecimento da cidade e da sociedade.

As casas de luxo dos nossos falsos ricos são menos para serem habitadas do que para serem vistas. Fizeram-se para os olhos de quem passa. Mas ao exibirem-se, assim, cheias de folhos [ostentosos] e chibantices, acabam atraindo alheias cobiças [de outros infelizes adeptos da vulgar ostentação]. Por mais guardas que tenham à porta, os nossos pobres-ricos não afastam o receio das invejas e dos feitiços que essas invejas convocam. O fausto das residências não os torna imunes. Pobres dos nossos riquinhos!

São como a cerveja tirada à pressão. São feitos num instante mas a maior parte é só espuma. O que resta de verdadeiro é mais o copo que o conteúdo. Podiam criar gado ou vegetais. Mas não. Em vez disso, os nossos endinheirados feitos sob pressão criam amantes. Mas as amantes (e/ou os amantes) têm um grave inconveniente: necessitam de ser sustentadas com dispendiosos mimos. O maior inconveniente é ainda a ausência de garantia do produto. A amante de um pode ser, amanhã, amante de outro. O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu sabe que pode ser traído.

Tudo isto é típico de uma sociedade (ELITE VIRA-LATA) totalmente desajustada. Aliás, o pobre-rico brasileiro sempre foi "playboy".

Desde 1950 o termo "palyboy" é usado para definir o indivíduo rico ou que ostenta riqueza, geralmente ocioso, frequentemente jovem e solteiro e de vida social intensa. Trabalho, que é bom, nada! Vive a custa do papai ou da mamãe. Então, quando envelhece (e não amadurece), transforma-se num idiota membro da nossa ELITE VIRA-LATA.







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