NBC - NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE
NBC-T - NORMAS TÉCNICAS
NBC-TA - NORMAS TÉCNICAS DE AUDITORIA INDEPENDENTE
NBC-TA-315 - IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RISCOS DE DISTORÇÃO RELEVANTE POR MEIO DO ENTENDIMENTO DA ENTIDADE E DO SEU AMBIENTE
APÊNDICE 3 (ver item 12(m), itens de 21 a 26 e itens de A90 a A181)
Coletânea por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE
Entendimento do SISTEMA DE CONTROLES INTERNOS da entidade
1. O sistema de controles internos da entidade pode estar refletido nos manuais de políticas e procedimentos, sistemas e formulários, e nas informações embutidas nos mesmos, e é aplicado por pessoas.
O sistema de controles internos da entidade é implementado pela administração, pelos responsáveis pela governança e por outros com base na estrutura da entidade.
O sistema de controles internos da entidade pode ser aplicado, baseado em decisões da administração, dos responsáveis pela governança, de outros e, no contexto dos requisitos legais ou regulatórios, do modelo operacional da entidade, da estrutura legal da entidade ou da combinação dos dois.
2. Este Apêndice explica mais detalhadamente os componentes, bem como as limitações do sistema de controles internos da entidade, conforme definidos nos itens 12(m), de 21 a 26 e de A90 a A181, à medida que estejam relacionados com a auditoria de demonstrações contábeis.
3. O sistema de controles internos da entidade inclui aspectos que estão relacionados com os objetivos de apresentação de relatórios da entidade, incluindo objetivos de apresentação de seus relatórios financeiros, mas pode incluir também aspectos relacionados com seus objetivos das operações ou de conformidade, quando esses aspectos são relevantes para a apresentação de relatórios financeiros.
Exemplo:
Controles de conformidade com leis e regulamentos podem ser relevantes para a apresentação de relatórios financeiros quando esses controles são relevantes para a elaboração pela entidade de divulgações sobre contingências nas demonstrações contábeis.
Componentes do sistema de controles internos da entidade
Ambiente de controle
4. O ambiente de controle inclui as funções de governança e administração e as atitudes, conscientização e ações dos responsáveis pela governança e da administração referentes ao sistema de controles internos da entidade e sua importância na entidade.
O ambiente de controle determina o tom da organização, influenciando a conscientização de seu pessoal em relação aos controles e fornece o fundamento geral para a operação dos outros componentes do sistema de controles internos da entidade.
5. A conscientização sobre controle da entidade é influenciada pelos responsáveis pela governança, porque um dos seus papéis é contrabalançar as pressões sobre a administração em relação a relatórios financeiros que possam surgir de demandas do mercado ou modelos de remuneração. A eficácia do desenho do ambiente de controle em relação à participação dos responsáveis pela governança, portanto, é influenciada por assuntos como:
6. O ambiente de controle abrange os seguintes elementos:
A adequação dos assuntos acima será diferente para cada entidade, dependendo do seu porte, da complexidade da sua estrutura e da natureza de suas atividades.
Processo de avaliação de riscos da entidade
7. O processo de avaliação de riscos da entidade é um processo iterativo para identificar e analisar riscos na realização dos objetivos da entidade, e forma a base de como a administração e os responsáveis pela governança determinam os riscos a serem gerenciados.
8. Para fins de demonstrações contábeis, o processo de avaliação de riscos da entidade inclui a maneira como a administração identifica riscos do negócio relevantes para a elaboração de demonstrações contábeis em conformidade com a estrutura de relatório financeiro aplicável à entidade, estima a sua significância, avalia a probabilidade de sua ocorrência e decide por ações para administrar tais riscos e os resultados dessas ações.
Por exemplo, o processo de avaliação de riscos da entidade pode tratar como a entidade considera a possibilidade de existência de transações não registradas ou identifica e analisa estimativas significativas registradas nas demonstrações contábeis.
9. Os riscos relevantes quanto à fidedignidade das demonstrações contábeis incluem eventos externos e internos, transações ou circunstâncias que possam ocorrer e afetar adversamente a capacidade da entidade de iniciar, registrar, processar e reportar dados financeiros compatíveis com as afirmações da administração nas demonstrações contábeis.
A administração pode iniciar planos, programas ou ações para enfrentar riscos específicos ou pode decidir aceitar um risco por causa do custo ou de outras considerações.
Os riscos podem surgir ou se modificar em decorrência de circunstâncias, tais como:
Processo de monitoramento do sistema de controles internos da entidade
10. O monitoramento do sistema de controles internos da entidade é um processo contínuo para avaliar a sua efetividade e tomar as medidas corretivas necessárias em tempo hábil.
O processo de monitoramento do sistema de controles internos da entidade pode envolver atividades contínuas, avaliações separadas (conduzidas periodicamente), ou a combinação das duas.
As atividades de monitoramento contínuo, muitas vezes estão embutidas nas atividades recorrentes normais da entidade e incluem atividades de administração e supervisão regulares.
O processo da entidade, provavelmente, varia em escopo e frequência dependendo da avaliação dos riscos pela entidade.
11. Os objetivos e o alcance da função de auditoria interna, normalmente, incluem atividades planejadas para avaliar ou monitorar a efetividade do sistema de controles internos da entidade (Apêndice 4 desta Norma e NBC-TA-610).
O processo de monitoramento do sistema de controles internos da entidade pode incluir atividades como revisão pela administração para determinar se as conciliações bancárias estão sendo elaboradas tempestivamente, avaliação pelos auditores internos do cumprimento pelo pessoal de vendas das políticas da entidade nos termos de contratos de venda e supervisão pelo departamento jurídico do cumprimento das políticas de ética ou prática de negócios da entidade.
O monitoramento também é feito para assegurar que os controles continuem a operar efetivamente ao longo do tempo.
Por exemplo, se a tempestividade e a exatidão das conciliações bancárias não forem monitoradas, é provável que os empregados parem de elaborá-las.
12. Os controles relacionados com o processo de monitoramento do sistema de controles internos da entidade, incluindo aqueles que monitoram os controles automatizados subjacentes, podem ser automatizados, manuais ou a combinação dos dois.
Por exemplo, a entidade pode usar controles de monitoramento automatizados sobre acesso à determinada tecnologia com relatórios automatizados sobre atividade não usual para a administração, que investiga manualmente as anormalidades identificadas.
13. Ao distinguir entre atividade de monitoramento e controle relacionado com o sistema de informações, são considerados os detalhes subjacentes da atividade, especialmente quando a atividade envolve algum nível de revisão de supervisão.
Revisões de supervisão não são automaticamente classificadas como atividades de monitoramento e pode ser uma questão de julgamento se a revisão é classificada como controle relacionado com o sistema de informações ou como atividade de monitoramento.
Por exemplo, a intenção de um controle mensal de integridade pode ser detectar e corrigir erros, enquanto uma atividade de monitoramento indagaria o motivo de os erros estarem ocorrendo e atribuiria à administração a responsabilidade de corrigir o processo para evitar futuros erros.
Em temos simples, o controle relacionado com o sistema de informações responde a um risco específico, enquanto a atividade de monitoramento avalia se os controles em cada um dos cinco componentes do sistema de controles internos da entidade estão operando conforme pretendido.
14. As atividades de monitoramento podem incluir o uso de informações de comunicações de partes externas que possam indicar problemas ou destacar áreas com necessidade de aprimoramento.
Os clientes confirmam implicitamente dados de faturamento ao pagarem suas faturas ou reclamarem de seus valores ou encargos.
Além disso, os reguladores podem comunicar-se com a entidade a respeito de assuntos que afetam o funcionamento do seu sistema de controles internos, por exemplo, comunicações a respeito de análises de agências reguladoras bancárias.
A administração também pode considerar comunicações referentes ao sistema de controles internos da entidade vindas de auditores externos ao realizar atividades de monitoramento.
Sistema de informações e comunicação
15. O sistema de informações relevante para a elaboração das demonstrações contábeis consiste em atividades e políticas, bem como em registros contábeis e de suporte, planejados e estabelecidos para:
16. Processos de negócio da entidade são as atividades destinadas a:
17. A qualidade das informações afeta a capacidade da administração de tomar decisões apropriadas na gestão e controle das atividades da entidade e de elaborar demonstrações contábeis confiáveis.
18. A comunicação, que envolve fornecer entendimento de funções e responsabilidades individuais próprias do sistema de controles internos da entidade, pode assumir as formas de manuais de políticas, manuais de relatórios contábeis e financeiros e memorandos.
A comunicação também pode ser feita eletronicamente, verbalmente e por meio de ações da administração.
19. A comunicação pela entidade das funções e responsabilidades e de assuntos significativos relacionados com as informações contábeis envolve fornecer entendimento das funções e responsabilidades individuais próprias do sistema de controles internos da entidade relevantes para a apresentação de relatórios financeiros.
Ela pode incluir assuntos como a extensão em que o pessoal entende o modo como suas atividades associadas ao sistema de informações relacionam-se com o trabalho de outros e a forma de comunicar as exceções ao nível mais alto apropriado na entidade.
Atividades de controle
20. Os controles no componente de atividades de controle são identificados, de acordo com o item 26. Esses controles incluem controles de processamento de informações e controles gerais de TI, que podem ser manuais ou automatizados.
Quanto maior a extensão de controles automatizados ou controles envolvendo recursos automatizados que a administração usa e nos quais confia para a apresentação de seus relatórios financeiros, mais importante pode se tornar para a entidade implementar controles gerais de TI que tratem do funcionamento contínuo dos recursos automatizados dos controles de processamento de informações.
Os controles no componente de atividades de controle podem estar relacionados com o seguinte:
21. Certos controles podem depender da existência de controles de supervisão apropriados estabelecidos pela administração ou pelos responsáveis pela governança.
Por exemplo, os controles de autorização podem ser delegados sob diretrizes estabelecidas, tais como critérios de investimento estabelecidos pelos responsáveis pela governança.
Alternativamente, transações não rotineiras, tais como aquisições ou alienações importantes, podem requerer aprovação de alto escalão, inclusive, em alguns casos, a dos acionistas.
Limitações do controle interno
22. O sistema de controles internos da entidade, não importa o quão efetivo, pode fornecer à entidade apenas asseguração razoável quanto ao cumprimento dos objetivos das demonstrações contábeis da entidade.
A probabilidade de seu cumprimento é afetada por limitações inerentes ao controle interno. Estas incluem os pressupostos de que o julgamento humano em tomadas de decisões é falho e de que rupturas no sistema de controles internos da entidade podem ocorrer por erro humano. Por exemplo, pode haver erro na concepção ou na modificação do controle.
Igualmente, a operação de controle pode não ser efetiva, por exemplo, quando as informações apresentadas para os fins do sistema de controles internos da entidade (por exemplo, relatório de exceção) não são usadas, efetivamente, porque o indivíduo responsável pela revisão das informações não compreende o seu propósito ou deixa de tomar a ação apropriada.
23. Adicionalmente, os controles podem ser contornados pelo conluio de duas ou mais pessoas ou podem ser indevidamente transgredidos pela administração. Por exemplo, a administração pode firmar com os clientes contratos paralelos que alterem os termos e as condições dos contratos de venda que são padrão da entidade, o que pode resultar no reconhecimento inadequado de receita.
Também podem ser anulados ou desativados os testes de verificação em aplicativo de TI destinados a identificar e a relatar transações que excedam limites de créditos especificados.
24. Além disso, ao planejar e implementar controles, a administração pode fazer julgamentos sobre a natureza e a extensão dos controles selecionados para serem implementados, bem como a natureza e a extensão dos riscos que ela decide assumir.