AUDITORIA ANALÍTICA EM FACE DA AUDITORIA INDEPENDENTE
TÉCNICAS DE AUDITORIA ANALÍTICA UTILIZADAS NO BRASIL - UM ESTUDO DE CASOS
CAPÍTULO 2 - REVISÃO DA LITERATURA E FUNDAMENTOS TEÓRICOS
2.6 - O IMPACTO DA SAS 55 NO PLANEJAMENTO DE AUDITORIA CONTÁBIL
Atualmente no Brasil o Planejamento e a Execução da Auditoria Contábil (Interna e Independente) é regida pela NBC-TA - Normas Técnicas de Auditoria Independente.
Veja também o texto Compliance Officer que versa sobre o Gerenciamento de Controles Internos, incluindo o Gerenciamento de Riscos.
Veja ainda:
2.6.1 - Ampliação da responsabilidade do auditor
Em virtude da importância do controle interno e de sua significativa influência sobre o planejamento da auditoria, já se fazia necessário ampliar a responsabilidade do auditor no que concerne à obtenção de conhecimento sobre o funcionamento da estrutura de controle interno da empresa sob exame.
A SAS nº 55 amplia esta responsabilidade, pelo menos de duas formas:
2.6.2 - Componentes da estrutura de controle interno
A estrutura de controle interno consiste em três elementos básicos:
Estes componentes são definidos da seguinte forma, pela SAS nº 55: (69)
(69) Ternkin, Robert H. & Winters, Alan J. op.cit. p. 92
NOTA DO COSIFE: Embora a bibliografia apresentada seja muito antiga, como são citações de conceitos teóricos e práticos relativos à um época, ainda podem ser utilizadas como modelo histórico.
2.6.2.1 - Ambiente de controle
Compreende a atitude, consciência e ações globais do Conselho de Diretores, administração, proprietários e outros relativos à importância de controles
Dessa forma, pode-se deduzir que o ambiente de controle compreende: - Filosofia administrativa e estilo operacional
Consiste no conjunto de métodos e registros estabelecidos para identificar, acumular, analisar, classificar, registrar e relatar as transações de uma empresa, bem como manter a contabilização para os ativos e passivos relacionados
Observa-se que o sistema contábil, para ser considerado efetivo, precisa incluir métodos e registros que devem:
2.6.2.3 - Procedimentos de controles
São aquelas políticas e procedimentos (adicionalmente ao ambiente de controle e sistema contábil) que foram estabelecidos pela administração para fornecer segurança razoável de que os objetivos específicos serão atingidos
Os procedimentos de controle, conforme definidos, compreendem:
A amplitude dessa nova diretriz está concentrada justamente na ênfase sobre o ambiente de controle e o sistema contábil. Embora .a Seção AU-320 falasse nesses dois componentes de controles, traçava diretrizes relacionadas apenas com o conceito de procedimentos de controle. Além disso, nota-se a preocupação quanto ao modo como as políticas e procedimentos de controles estão operando, e quanto à determinação de riscos de controle, inclusive calculando os níveis desses riscos e a eficácia da estrutura no processo de prevenção e detecção de erros e irregularidades. Por outro lado, a nova diretriz exige que os auditores documentem seu conhecimento da estrutura de controle interno, porém é flexível quanto à forma e extensão dessa documentação.
2.6.3 - Distinção entre a SAS 55 e a Seção AU-320
A seguir, apresenta-se uma comparação entre a SAS nº 55 e a Seção AU-320, substituída para que haja um melhor entendimento da amplitude das mudanças.
SAS nº 55 Atualizada | Seção AU-320 Substituída |
1. Estrutura de controle interno | 1. Sistema de controle interno |
2. Cálculo de Risco de controle | 2. Estudo e avaliação de controle interno |
3. Testes de controles | 3. Revisão de sistemas e testes de concordância |
4. Determinação do Nível de risco de controle | 4. Confiança sobre o controle interno |
5. Políticas e procedimentos relevantes para uma auditoria da estrutura de controle interno | 5. Controles contábeis e controles administrativos. |
Em função das diferenças observadas acima, torna-se imperiosa a consideração de alguns conceitos que julgamos importantes
Risco de controle - como já se mencionou anteriormente, decorre do fato de que erros e irregularidades materiais que podem ocorrer num saldo de conta, ou classe de transação, não sejam evitados ou detectados pela estrutura de controle interno, por intermédio das políticas e procedimentos pertinentes.
Teste de controle - compreendem procedimentos, como observação, investigação, inspeção de documentos e verificação de desempenho das políticas e procedimentos, relevantes para o exame da estrutura de controle interno.
Nível de risco de controle - pode ser determinado em termos quantitativos - percentagem, por exemplo - ou em termos qualitativos - como, por exemplo, máximo, normal, moderado e mínimo. É determinado com base no conhecimento obtido sobre as políticas e os procedimentos da estrutura de controle interno e na eficácia de sua operacionalidade, principalmente no que diz respeito à prevenção e à detecção de erros e irregularidades relacionados com os dados contidos nas demonstrações contábeis.
Observa-se que, numa auditoria contábil, o auditor não é obrigado a determinar o nível de risco de controle abaixo do nível máximo. No entanto, quando o auditor calcular o risco de controle abaixo do nível máximo, a SAS nº 55 exige que sejam identificados as políticas e os procedimentos da estrutura de controle interno importantes para o relatório do auditor, e que este aplique testes tanto sobre a estrutura quanto sobre a sua eficácia operacional.
Segundo Temkin e Winters: (70)
"( .. .) alguns procedimentos aplicados para a obtenção do entendimento podem evidenciar a eficácia do projeto ou da operacionalidade em relação a algumas políticas e procedimentos mesmo em caso de não serem planejados especificamente para aqueles fins. Esta evidência pode ser suficiente para fundamentar a determinação do risco de controle abaixo do nível máximo."
(70) Ternkin, Robert H. & Winters, Alan J. op.cit. p. 96
Desses fatos pode-se deduzir que os elementos básicos da estrutura de controle interno constituem as maiores fontes de informações sobre os tipos e riscos de erros e irregularidades materiais que podem ser inseridos nas demonstrações contábeis. Isto porque essas políticas e procedimentos mostram os processos específicos, métodos, registros e relatórios utilizados na elaboração dessas demonstrações. Sendo assim, esses elementos exercem um papel significativo no planejamento de qualquer processo de auditoria.
Além disso, vale ressaltar que o processo de planejamento de uma auditoria diferirá de empresa para empresa, o que exige o julgamento imparcial do auditor. Neste processo de julgamento, o auditor deverá levar em consideração, além dos aspectos citados anteriormente, o cálculo dos riscos inerentes, a materialidade (71) , a complexidade e a sofisticação dos sistemas e operações da entidade sob exame.
(71) O conceito de materialidade deve ser entendido como sendo a magnitude com que uma inclusão ou exclusão de uma informação contábil, à luz das circunstâncias atuais, fizer diferença quanto à decisão do usuário dessa informação.