OS ESTADOS UNIDOS E A CONVERSÃO DA SUA DÍVIDA
A EXTINÇÃO DO SISTEMA MONETÁRIO INTERNACIONAL
São Paulo, 28/03/2009 (Revisado em 20-02-2024)
Referências: Derrocada Financeira Norte-Americana, Crise Mundial, Estados Unidos como Emissor Mundial de Papel Moeda Sem Lastro, Cesta de Moedas, Moeda Padrão, Padrão-Ouro e Padrão Commodities, Planejamento Tributário, Contabilidade Criativa (Fraudulenta), Sonegação Fiscal, Fraudes Contábeis e Financeiras das Multinacionais, Internacionalização do Capital em Paraísos Fiscais, Lavagem de Dinheiro e Ocultações de Bens, Valores e Direitos, Renegociação e Conversão da Dívida, Evasão Cambial ou de Divisas, Balanço de Pagamentos,
4. O FIM DO PADRÃO-OURO PARA O DÓLAR
Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE
O padrão-ouro se baseava na teoria de que o ouro seria a única moeda vigente (em circulação). Então, para evitar o desgaste do ouro ao passar de mão em mão, o papel moeda e a moeda metálica seriam emitidos em montante equivalente ao ouro armazenado. Por exemplo, cada dólar emitido equivaleria a 1 (um) grama de ouro.
Mas, aconteceu o imprevisto. Os Estados Unidos começaram a ter déficits em seus Balanços de Pagamentos anuais tal como aconteceu com a Inglaterra a partir de 1914, razão pela qual perdeu sua hegemonia de país credor do mundo. É o que está acontecendo com os Estados Unidos desde a década de 1960.
Então, a partir de 1971 foi definitivamente abandonado o padrão-ouro para o dólar, tendo como motivo desse abandono o enorme crescimento de papel moeda em circulação. Não mais existia e ainda não existe nos Estados Unidos ouro em quantidade suficiente para lastrear toda a quantidade de dólares em circulação, salvo se o ouro assumisse preço astronômico, o que significaria enorme desvalorização do dólar.
Acentuando o problema, as minas de ouro foram paulatinamente exaurindo e não mais era possível aumentar os estoques de ouro na mesma proporção em que era aumentada a quantidade dos dólares emitidos para cobrir os déficits norte-americanos interno e externo.
Diante desse descompasso econômico-financeiro dos STATES, o papel moeda que circula no mundo (o dólar) deixou de ter lastro em ouro ou em outras reservas monetárias. Ou seja, o dólar é um papel moeda sem lastro, ao contrário, por exemplo, da moeda brasileira, o real, que está lastreada em ouro e reservas monetárias, sem contarmos que o Brasil ainda tem enormes reservas minerais exportáveis, o que os Estados Unidos não tem.
Outro problema ocorrido naquela época foi a crise do petróleo, que deixou clara a fraqueza econômica norte-americana motivada pela sua incontrolável necessidade de obtenção de minérios e recursos energéticos vindos do exterior. Tendo como motivo principal a crescente dependência de fornecimento externo, não somente de minérios como também de produtos fabricados com mão-de-obra barata, naquela década de 1970 o dólar sofreu forte desvalorização. Ou melhor, foi o ouro quem valorizou. Vejamos.
O preço da onça-ouro (equivalente a 28,35 gramas de ouro) durante muito tempo ficou em torno de US$ 32. Mas, quando os governantes norte-americanos resolveram abandonar o padrão-ouro, a onça do metal já custava mais US$ 200 e com a crise do petróleo da década de 1970 chegou a custar mais de US$ 800. Diante dessa valorização do ouro, em média a moeda norte-americana passou a valer aproximadamente 10% do seu valor original em ouro.
Para voltarmos ao padrão-ouro, teríamos que dividir a quantidade de dólares em circulação pela quantidade de ouro estocado nos Estados Unidos. Como resultado, provavelmente cada onça-ouro valeria o equivalente a uns US$ 10 mil ou talvez muito mais, dependendo do cálculo feito pelos positivistas ou pelos negativistas.
Isto significa que, em relação ao padrão-ouro, aquele “metal nobre” atualmente está desvalorizado no mercado internacional. Então, para aproveitar a baixa cotação do ouro, os países detentores de reservas monetárias em dólares poderiam comprar o metal como forma de aproveitar o seu atual preço baixo. Se isto acontecer, o preço do ouro voltará a subir vertiginosamente porque sobrariam dólares e faltaria ouro para ser comprado.
O preço do ouro é tão baixo que, a partir da década de 1970 e principalmente agora, no novo milênio, as tradicionais joalherias espalhadas por aí fecharam suas portas e os pequenos joalheiros passaram a vender jóias para o povo. Compram o grama de ouro a aproximadamente US$ 25 (vinte e cinco dólares) e o vendem ao povo na forma de jóias de baixo requinte a US$ 250 (duzentos e cinquenta dólares) o grama. Assim sendo, podemos dizer que comprar ouro na forma de jóias não é um bom investimento. Mas, se ouro tiver astronômica valorização, quem comprou as jóias poderá ter lucro.
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