Ano XXV - 18 de abril de 2024

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REPRESENTANTES DO “CANSEI” QUEREM O APOIO DE LULA


REPRESENTANTES DO “CANSEI” QUEREM O APOIO DE LULA

OS EMPRESÁRIOS MAIS RICOS ESTÃO TENTANDO OUTRO GOLPE CONTRA O POVO

São Paulo, 07/10/2007 (Revisada em 21-03-2024)

Eleições 2010, CANSEI - Movimentos dos Cansados de Derrotas e da Sociedade Civil, Henrique Meirelles - Candidato à Presidência da República. Deficiências ou Mazelas no Ensino Fundamental.

  1. REPRESENTANTES DO “CANSEI” QUEREM O APOIO DE LULA
  2. SENHOR CANDIDATO - HENRIQUE MEIRELLES X CANSEI - Folha de S. Paulo - 05/10/2007
  3. É DANDO QUE SE RECEBE - JOSÉ MÁRCIO DE ALMEIDA - Estadão - 21/09/2007
  4. GOLPISMO TUCANO - ÉLIO GASPARI - Folha de São Paulo - 14/08/2005
  5. O SORRISO DA AEROMOÇA - MINO CARTA - Comunique-se -15/08/2005
  6. AS MAZELAS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO ESTADO DE SÃO PAULO - Rodrigo Ciríaco

Em 2015 foi iniciada nova tentativa de Golpe de Estado, desta vez contra Dilma Russeff. Foi vitorioso Michel Temer.

Coletânea por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

1. REPRESENTANTES DO “CANSEI” QUEREM O APOIO DE LULA

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

É interessante tomar conhecimento do que os partidos políticos da extrema direita brasileira são capazes de fazer para defender os interesses mesquinhos dos empresários mais endinheirados que financiam suas campanhas políticas, deixando de lado os verdadeiros interesses da Nação.

Isto significa que os partidos políticos que autodenominam como oposicionistas ao governo federal desde 2003 têm deixando de lado as necessidades da nossa sofrida e explorada população desde os tempos em que vigorava o Regime Escravocrata.

Depois de terem iniciado um movimento fracassado contra o governo Lula, os representantes do CANSEI em 2007 queriam o apoio do Presidente Lula para eleger Henrique Meirelles para o governo federal em 2010. É importante observar que Henrique Meirelles foi eleito deputado federal pelo PSDB em 2002, mas renunciou ao mandato para assumir o cargo de Presidente do Banco Central do Brasil no Governo Lula.

A trama dos partidos de extrema direita começou com a forçada colocação de Meirelles no BACEN em 2003, visando o pleito eleitoral presidencial de 2006 e, cansados das derrotados desde 2002, em 2007 já estavam pensando na nova etapa de 2010.

Pelo que se depreende, esses partidos políticos da oligarquia política brasileira serão capazes de deixar LULA governar plenamente até o final de seu mandato, desde que apóie a candidatura à presidência de um de seus correligionários infiltrados no Governo Lula.

Aliás, com base nesses fatos, Paulo Henrique Amorim disse que o CANSEI é um movimento de políticos dos partidos CANSADOS DE DERROTAS.

2. SENHOR CANDIDATO

Sobre esta nova linha de atuação do CANSEI, veja a seguir o texto de Mónica Bérgamo, intitulado HENRIQUE MEIRELLES - SENHOR CANDIDATO, publicado pelo Jornal Folha de S. Paulo em 05/10/2007. O referido texto foi extraído do APITO BRASIL - Edição 110 - 05/10/2007 - Deu na Imprensa - publicado no site do SINAL - Sindicato dos Funcionários do Banco Central do Brasil.

Banqueiros e empresários se reuniram anteontem num jantar em SP para, entre flûtes de Dom Pérignon, "homenagear o trabalho" de Henrique Meirelles, 62 [anos de idade], na presidência do Banco Central. "O Brasil precisa de alguém como você", dizia o ex-senador Pedro Piva, da Klabin, ao homenageado. "Precisa de gente séria", repetia Paulo Skaf, [presidente] da Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo]. Que, em voz baixa, esclarecia: "Ele é candidato, mas ao governo de Goiás".

Depois do total desgoverno Temer (depois da deposição de Dilma Russeff), tendo Henrique Meirelles como seu principal assessor, ficou provado que NÃO ERA Meirelles quem de fato dirigia o Banco Central durante o Governo Lula.

Quem de fato mandava e desmandava era o Guido Mantega na qualidade de Ministro do Planejamento e depois como Ministro da Fazenda. Tais ministros são membros do CMN - Conselho Monetário Nacional.

Portanto, no CMN o Meirelles estava no terceiro degrau inferior da escala hierárquica.

Um dos maiores amigos de Meirelles, pedindo "sigilo da fonte", dizia: "Ele é candidato em Goiás, mas seu sonho mesmo é ser presidente da República. O problema é que o povo odeia banqueiro". Nada, porém, que a popularidade do presidente Lula não resolva. "Se o Lula quiser, elege até poste em 2010. Então por que não o Meirelles, o homem que domou a inflação no Brasil?". Provocado sobre a candidatura, Meirelles sorria: "É generosidade sua".

Aproveitando a deixa, os empresários faziam campanha com Meirelles para pagar menos impostos, com o fim da CPMF. E advogados faziam campanha para que a sonegação de impostos não seja mais punida com prisão. "O Estado [Governo] tem outros meios de recuperar os recursos", dizia Luiz Flávio D'Urso, da OAB-SP e líder do movimento "Cansei".

Essa é a sina dos governantes brasileiros nas esferas federal, estadual e municipal pertencentes a partidos políticos que não conseguem eleger a maioria dos “representantes do povo” no Poder Legislativo.

Para que consiga governar realmente em nome do povo e não em nome dos empresários mais endinheirados, o presidente da república, os governadores e prefeitos têm que subornar os corruptos de sempre, que estão entre aqueles 300 pilantras que o presidente disse existir no Congresso Nacional.

Fato interessante sobre os pilantras do Congresso aconteceu na apresentação de um dos programas “Opinião” da TV Mar da cidade de Santos - SP. Até alguns dos tradicionais adversários de Lula concordaram que de fato existem os tais pilantras. Um dos que concordou com tal afirmativa foi o ex-prefeito de Santos pelo PP de Paulo Maluf, que governou aquela cidade durante dois mandatos consecutivos e depois foi eleito deputado federal.

3. É DANDO QUE SE RECEBE

Então, José Márcio de Almeida em seu Blog no site do Jornal Estado de São Paulo, em 21/09/2007 esclarece:

É desse barro que está sendo feita a política brasileira desde os tempos imemoriais do ex-deputado Roberto Cardoso Alves, o Robertão, e seu "é dando que se recebe"

A prioridade do Palácio do Planalto é apaziguar os descontentes, recompor forças oficiais e, principalmente, cumprir o que foi prometido aos aliados nos últimos tempos. Muitos companheiros, escaldados com juras anteriores não realizadas, estão querendo ver primeiro a fatura liquidada antes de darem mais alguns votos para a CPMF.

NOTA DO COSIFE: Veja o texto As Alianças Políticas e a Governabilidade.

4. GOLPISMO TUCANO

Sobre fatos correlatos, em 16/08/2005, no site Observatório da Imprensa, Élio Gaspari transcreveu sob o título GOLPISMO TUCANO [o texto continua publicado, mas foi retirado título referindo-se ao pássaro] o seu texto publicado no Jornal Folha de São Paulo em 14/08/2005 com outro título. Vejamos:

"O TUCANATO QUER O GOLPE DO ANDAR DE CIMA" ( copyright Folha de S. Paulo - 14/08/05)

"Basta que Lula tire a gravata e o andar de cima o acusa de imitar o presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Fica combinado assim: Lula não pode brincar de Chávez, mas o tucanato também não pode brincar de Carmona.

Pedro Carmona é aquele empresário cheiroso que, em 2002, liderou o golpe que prendeu Chávez, dissolveu o Congresso e fechou o Supremo Tribunal. Teve dois dias de fama. Abandonado pelos militares, acabou preso e escafedeu-se para Miami.

Na última terça-feira [antes de 16/08/2005], o grão-tucano Luiz Carlos Bresser-Pereira, ministro da Ciência e da Administração de FFHH, escreveu o seguinte:

Parece-me cada vez mais claro que Lula não tem mais condições de permanecer no Planalto e que o impeachment é inevitável’.

Direito dele achar isso. Bresser acredita que a ‘variável fundamental’ para que se deflagre o impedimento será ‘a posição da sociedade civil’.

Ele explica: ‘Nas democracias, embora o poder seja formalmente do povo, na prática, está com a sociedade civil, que dele se diferencia porque, no povo, cada cidadão tem um voto, na sociedade civil o peso de cada cidadão depende de seu conhecimento, de seu dinheiro e de sua capacidade de comunicação e organização’.’

Traduzindo:

Embora o andar de baixo vote, quem manda na prática é o de cima, porque a patuléia é ignorante, não tem dinheiro, nem conhece jornalistas. Caberá ao andar de cima decidir o impedimento de Lula.

Por isso em 2007 foi fundado o tal “Movimento da Sociedade Civil" chamado de “CANSEI”.

Foi fundado pelos que se auto-intitulam como Democratas, mas que defendem uma democracia em que somente os endinheirados tenham direito a votar, tal como acontecia durante a “República Oligárquica” ou “República do Café com Leite”, de 1989 a 1930.

Proclamaram a República especialmente porque um ano e meio antes a Princesa Isabel tinha decretado o fim da escravidão.

Poucas vezes o golpismo nacional expressou-se com tamanha clareza social. Bresser dá à tal de sociedade civil a condição de árbitro do alcance do sufrágio universal.

Segundo o doutor Bresser, o defenestramento de Lula justifica-se porque ‘estamos ante a maior crise moral da história brasileira’. Estamos ‘ante’ ou estamos ‘na’? Tudo depende de onde o doutor se coloca.

Registre-se que ele está na praça desde os anos 70, sempre militando na causa democrática. Como os golpistas dos anos 50 e 60 estiveram na frente democrática dos 40, não há nada de novo debaixo do céu de anil deste grande Brasil.

Bresser fala de bruxas que existem. Há as malfeitorias do governo e do aparelho de Lula, com cuecas, contas do Duda, mensalões e mesadinhas. Há a corrupção da base parlamentar e os caixas dois de campanhas eleitorais passadas, presentes e futuras. Mas há mais.

O tucanato faz de conta que nunca ouviu falar no caixa da campanha mineira de seu presidente, doutor Eduardo Azeredo, em 1998. Segundo o seu tesoureiro, ela custou R$ 20 milhões, com R$ 11,5 milhões rolando pelo caixa dois, no qual Marcos Valério pingou R$ 9 milhões.

Em 2007 a Polícia Federal apontou 36 envolvidos no Mensalão Mineiro e o PSDB apressou-se em retirar da presidência do partido o ex-governador e senador mineiro acusado, deixando claro que reconhecia o fato como incontestável.

Há algo de escárnio na construção de Bresser. Aos fatos:

Em 1998, a agência SPMB de Marcos Valério deu R$ 50 mil para a campanha de FFHH à reeleição. Cadê? O mimo não consta da prestação de contas encaminhada ao Tribunal Superior Eleitoral pela tesouraria tucana.

O caixa dois da campanha presidencial do PSDB em 1998 foi de pelo menos R$ 10 milhões. Sabe-se disso há cinco anos, desde que os repórteres Andrea Michael e Wladimir Gramacho estouraram a contabilidade do PSDB. À época, o tesoureiro de FFHH informou que tivera em seu computador algumas planilhas com listas de doações, mas jogara-as fora. Não se lembrava do conteúdo.

A tesouraria tucana disse à Viúva que arrecadou R$ 77 milhões nas campanhas de 1994 e 1998, mas as planilhas indicavam a entrada de pelo menos R$ 94 milhões. Uma diferença de R$ 17 milhões. O tesoureiro tucano, dono do laptop, era Luiz Carlos Bresser-Pereira.

O comissariado petista usa as contas tucanas de 1998 como queijo na sua própria pizza. Coisa assim: você pára de falar no Eduardo Azeredo e eu desisto de chamar o filho do Lula para contar na CPI como conseguiu que a Telemar se associasse à sua empresa de informática. Os privatas pagaram R$ 2,5 milhões por 35% do negócio de Fábio Lula. Esse é o jogo do andar de cima.

Para a patuléia, o melhor é que se fale de Eduardo Azeredo e que se conheça a história do filho de Lula. Ele pode ensinar a garotada a fazer novos empreendimentos.

Não é o estilo de Hugo Chávez que ameaça a República. Faz mais de um século que ela só é infelicitada pelas contas e pompas dos Pedro Carmona da vida."

5. O SORRISO DA AEROMOÇA

Por sua vez, ainda na mesma página do site Observatório da Imprensa foi transcrito texto de Mino Carta (Revista Carta Capital) publicado pelo site Comunique-se em 15/08/2005. Vejamos parte do texto intitulado:

Apesar do sorriso, Bresser-Pereira sabe praticar o tom da invectiva [Ato ou efeito de investir. Tentativa, ensaio. Insinuação indireta; remoque: insinuação indireta e maliciosa]. E na terça, 9 de agosto [de 2005], assina na página 3 da Folha de S.Paulo texto veemente a invocar, sem mais delongas, o impeachment de Lula. O ex-ministro não é Joana D’Arc, ou Zinedine Zidane, para citar dois que ouvem a voz de Deus e executam Suas ordens. Bresser-Pereira ouve é a voz da sociedade civil. A qual, segundo entende, clama por justiça pronta e imediata.

Didático, o articulista ensina que a sociedade civil habita as redações ‘de uma mídia livre e atuante’, empenhada em divulgar a ‘corrupção generalizada em que se envolveu a cúpula do governo e do PT’. É uma visão bastante peculiar.

A mídia livre e atuante, além de estar financeiramente quebrada, é exatamente a mesma que apoiou o golpe de 1964 e o golpe dentro do golpe de 1968. E se entregou, sem maiores resistências e com raras exceções, à autocensura durante a ditadura. E lutou contra a campanha das Diretas Já. E promoveu Collor para impedir a vitória do Sapo Barbudo. E fez de Fernando Henrique Cardoso o demiurgo dos conservadores do Brasil com o mesmo intuito. E celebrou o engodo eleitoral de 1999 e a quebradeira que se seguiu.

Não foi capaz, porém, de evitar a ascensão de Lula em 2002. Na ocasião, a sociedade civil não se deixou manipular e pela primeira vez na história do País ganhou, de fato, o candidato da oposição. Bresser-Pereira sabe disso, ou pelo menos sabia. Não recusou, contudo, papéis importantes nos governos de José Sarney e FHC.

Mandava naquele o ministro das Comunicações, Antonio Carlos Magalhães, recordista em distribuição de benesses sob a forma de concessões de tevês e rádios a parlamentares de todos os calibres. Liderava o ‘centrão’ Robertão Cardoso Alves, franciscano [partidário de FHC] convicto na certeza de que é ‘dando que se recebe’.

Quanto ao governo fernandista, o segundo mandato foi comprado por um ‘propinão’ mais lauto que o ‘mensalão’ e o caixa 2 funcionou em pleitos diversos, conforme se apura nestes dias [de 2005 e somente em 2007 a Polícia Federal tornou público]. Não é que Bresser-Pereira esteja isolado, a invocação do impeachment já partiu de outros cantos, até de jornalistas da mídia livre e atuante.

De todo modo, neste momento [em 2005] comparar Lula com Collor é impossível. A CPI da corrupção collorida, é bom lembrar, acabaria em pizza não fossem os documentos trazidos pelo motorista Eriberto. Faltavam provas, e ele as apresentou. Provas contra Lula, até agora, não há, de sorte que reclamar impedimento não somente significa desconhecimento de um fundamento do Direito, mas também configura a hipocrisia do adversário político açodado."

6. AS MAZELAS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO ESTADO DE SÃO PAULO

Eis o texto intitulado NO MEIO DO CAMINHO? escrito por Rodrigo Ciríaco - professor da rede pública estadual de ensino - publicado pela Revista Caros Amigos - Edição 309 - 04/10/2007, onde se lê:

Você matricularia o seu filho numa escola pública do Estado de São Paulo?

É uma pergunta que gostaria de fazer diretamente ao governador José Serra, à atual secretária estadual da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, e a todos os políticos de nosso Estado.

Você, caro leitor, tendo outra opção, matricularia?

A realidade de nossas escolas públicas vem piorando, apesar de todos os planos miraculosos que aparecem de tempos em tempos. Em 2006, a rede pública de ensino no Brasil teve 311.000 alunos a menos do que no ano anterior, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Enquanto isso, as escolas particulares ganharam, no mesmo período, 270.000 alunos. Dados do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) divulgados em abril [de 2007] mostram que a maioria das cidades brasileiras teve “nota” inferior a 5 na avaliação nacional, quando o satisfatório seria 6. O Estado de São Paulo não foi exceção, e ficou com uma média de 4,5.

Para reverter parte desse quadro foram anunciadas no dia 20 de agosto de 2007 as “Dez Metas para a Educação do Estado de São Paulo”. As metas - disponíveis no sítio www.educacao.sp.gov.br - deveriam ter sido amplamente divulgadas pela chamada de “grande mídia”, afinal trata-se de uma “grande” transformação no panorama da educação pública do Estado. Não foram. Deveriam ser comemoradas por toda a população paulista, principalmente a comunidade escolar. Não foram.

Alguns pontos do plano: “todos os alunos de oito anos plenamente alfabetizados, redução de 50% das taxas de reprovação da 8ª série e do Ensino Médio, laboratórios e computadores em 100% das escolas, aumento de 10% nos índices de desempenho do Ensino Fundamental e Médio nas avaliações nacionais e estaduais”. Perfeito. Entretanto, não fica claro como o Estado pretende fazer isso.

Por exemplo, será que um professor auxiliar nas primeiras séries iniciais - uma das novas propostas - é a solução para o problema de alunos não alfabetizados completarem o ensino fundamental, o ensino médio? Qual a base desse projeto? Responsabilidades foram assumidas para compensar aqueles que tiveram seus direitos violados?

Outro ponto “inovador” da proposta: “100% das escolas com laboratórios e salas de informática”. Ótimo. Mas muitas escolas públicas do Estado já tiveram laboratórios e salas de informática. Os equipamentos foram deteriorados ou roubados. Culpa da comunidade escolar? Em parte, mas principalmente do governo. Porque, quando há invasões, arrombamentos, depredações, furtos ou roubos dentro da escola, raramente esses problemas são investigados. Além disso, esse desprezo pela “coisa pública” acontece, entre outros aspectos, porque as pessoas estão à margem do Estado. O Estado é confundido com governo e o governo só aparece, em muitos casos, na forma da política de repressão, através de uma polícia violenta e despreparada.

Uma das principais dificuldades que encontro para o melhor desenvolvimento de um projeto pedagógico - além da falta de infra-estrutura, suporte técnico, material, baixos salários - é a superlotação das salas. Entretanto, isso não foi considerado nas “Dez Metas”. O Estado não considera um problema ter 35, 40, 42 alunos em sala. Realmente, não é ilegal. Mas inadequado. Antipedagógico. Não é possível manter a qualidade na educação independente da quantidade de alunos em sala. Não considerando as dificuldades e capacidades de aprendizado de cada educando.

Fica difícil manter - ou melhorar - qualquer índice de qualidade de ensino se tenho em minhas salas de 5ª, 6ª e 7ª série alunos que não sabem ler - e se na minha formação não fui preparado para, também, alfabetizar. Se há outros com extrema dificuldade na leitura e associação das palavras, e por isso necessitam de atenção especial. Fica muito difícil ter que trabalhar - e provocar - as necessidades ou habilidades de cada aluno, em salas superlotadas, em apenas três horas/aula semanais. Frustrante e difícil.

Outra falha do projeto é pensar a escola isoladamente, como se sozinha fosse a solução para todos os males da nossa educação capenga. Somente a escola não é. Não será. Além de investir com planejamento e competência na escola, é necessário ter os projetos voltados para a comunidade, como um todo. É imprescindível pensar no desenvolvimento de equipamentos de cultura e lazer - teatros, bibliotecas, clubes - nas regiões periféricas, no desenvolvimento de instituições de educação não formal. Melhorar as condições de moradia, saúde, muitas vezes precárias. Ou será que isso não influencia na formação do aluno como cidadão, ser humano?

Quem dera que o cotidiano opressor de muitas de nossas escolas fosse apenas uma peça e “As Dez Metas para a Educação do Estado de São Paulo” um enredo bem escrito, não para uma farsa - nem para uma eleição, afinal, a sua limitada visão estende-o apenas até 2010. Mas a única coisa comprovável é que desde 1994, quando Mário Covas foi eleito, o PSDB é governo no Estado de São Paulo. Já passou Geraldo Alckmin, já se passaram quase treze anos.

O partido, que se auto-afirma muitas vezes como “modelo” em gestão e administração pública, não conseguiu construir uma educação pública eficiente no principal Estado econômico do país. Há doze anos como governo, o PSDB poderia ter transformado a educação em São Paulo. Não o fez. Um dos motivos aparece através das “Dez Metas”. Esse é mais um partido em que o governo se faz pensando nos governantes. E só. Não para o povo, não em conjunto com o povo, como a democracia realmente precisa. E merece.







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