Ano XXV - 29 de março de 2024

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NEOCOLONIALISMO: PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO E RACISMO


NEOCOLONIALISMO: PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO E RACISMO

OS PAÍSES E SUAS RESERVAS MINERAIS ESTRATÉGICAS

São Paulo, 30 de setembro de 2004 (Revisado em 14-03-2024)

Referências: Lei dos dois terços - Decreto 19.770/1931 sindicalismo em defessa do trabalhador. Neocolonialismo. Folha de São Paulo - 22/09/2004 - Lula afirma que colonialismo adotou nova lógica no mundo. Complexo de Vira-Latas: A Elite Brasileira Vive na Praia, de Costas para o Brasil. Keynes.

Veja também:

OS PAÍSES E SUAS RESERVAS MINERAIS ESTRATÉGICAS

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

O Início da Era Colonialista

O colonialismo foi implantado no mundo a partir do século XVI justamente porque os países europeus necessitavam de produtos que efetivamente não tinham e, assim, não podiam produzir. Com os problemas surgidos nas antigas rotas de comércio que passavam pela Turquia (Constantinopla), houve a necessidade do descobrimento de novas rotas para obtenção dos produtos vindos da Ásia.

Foi assim que surgiram as famosas rotas quinhentistas descritas pelo professor português Luis Aires-Barros em monografia data de dezembro de 1989. Nela mostrou que os principais países atuais fornecedores de matérias-primas para o mundo desenvolvido estão nos caminhos marítimos descobertos por Portugal. O interessante é que atualmente esses países fornecedores de matérias-primas, sem os quais o mundo desenvolvido sucumbiria, são todos subdesenvolvidos e vítimas do neocolonialismo.

Em complementação, veja o texto OS PAÍSES E SUAS RESERVAS ESTRATÉGICAS, escrito com base no do professor Luis Aires-Barros.

O Início da Revolução Industrial

Com o descobrimento do continente americano, e ao se aperfeiçoarem os conhecimentos sobre o continente africano, novas riquezas foram descobertas, o que incentivou a construção naval e o seu desenvolvimento durante séculos. Além de Portugal e Espanha, outros países europeus também se aventuraram pelos mares. E o país que melhor se aproveitou dessa nova visão do mundo foi a Inglaterra, em razão de sua indiscutível melhor administração e visão de futuro.

Populações inglesas, escocesas e irlandesas, sem oportunidades em suas respectivas pátrias, transferiram-se para os Estados Unidos da América e lá construíram sua nova nação, o que efetivamente não aconteceu nas demais colônias, que continuaram sendo exploradas pelos imigrantes que ali chegavam apenas para extrair as riquezas em nome de estrangeiros para os quais trabalhavam. Infelizmente a nossa elite econômica e intelectual continua desempenhando essa decepcionante papel.

A Revolução Industrial

Em consequência dos descobrimentos marítimos, surgiu em 1765 o motor a vapor, que passou a movimentar os navios e as indústrias, antes movidos pelo vento e por sistemas hidráulicos.

A Inglaterra, que havia se tornado a “rainha dos mares”, construiu ferrovias com locomotivas a vapor em várias partes do mundo. Essas ferrovias geralmente ligavam as jazidas de minérios e as regiões de produção agrícola aos portos, de onde partiam os navios com os implementos necessários às suas indústrias.

Assim foi incrementada a Revolução Industrial inglesa que depois possibilitou a revolução industrial francesa.

No século XVIII (em 1776) foi proclamada a independência dos Estados Unidos da América, exemplo que depois foi seguido pelas demais colônias americanas de língua espanhola e portuguesa.

A Discriminação do Trabalhador Brasileiro

No Brasil independente, as empresas inglesas só davam emprego a portugueses.

Sentindo o já secular preconceito e a discriminação ao trabalhador brasileiro, principalmente aos mestiços, Getúlio Vargas regulamentou a atuação dos sindicatos ao decretar a “lei dos dois terços” (Decreto 19.770/1931), obrigando que estes órgãos, tanto de trabalhadores como de patrões, tivessem essa proporção de associados nascidos no Brasil ou naturalizados (dois brasileiros para cada estrangeiro). Mesmo assim, muitas empresas continuaram a dar preferência para estrangeiros ou a seus descendentes. Os negros, os índios e seus descendentes mestiços eram considerados vagabundos.

O interessante é que os opositores de Getúlio, naturalmente estrangeiros ou descendentes destes, atualmente ainda acham que o citado decreto era fascista e inibidor das liberdades sindicais. Ainda na década de 1950, no Rio de Janeiro, uma rede de armazéns denominada “Mercearias Nacionais S/A” só contratava portugueses para o seu quadro de empregados, justamente porque não podiam ser sindicalizados. Os brasileiros, geralmente negros, eram contratados apenas para o trabalho pesado e insalubre, numa espécie de semiescravidão.

Esse procedimento legal de proteção ao trabalhador nacional também é adotado em muitos países da Europa, onde os imigrantes não têm direito à sindicalização, “são verdadeiros párias indispensáveis”, conforme descreveu a Revista Visão no final da década de 1960 ou no início da de 1970.

Esses mencionados párias (indivíduos excluídos da sociedade) geralmente só conseguiam trabalhar em segmentos profissionais de alta periculosidade e insalubridade, setores estes efetivamente desprezados pelos nativos, ao contrário do que acontecia no Brasil. Em nosso País os estrangeiros sempre tiveram os melhores empregos, razão pela qual muitos enriqueceram, ajudados por seus compatriotas estrangeiros, enquanto que os nativos, na maioria dos casos mestiços, continuaram pobres.

Para perpetuação da segregação social, as empresas usam táticas especiais para selecionar os candidatos ao emprego. Simplesmente exigem o conhecimento de um idioma estrangeiro, entre outros predicados comuns somente às pessoas de determinadas classes sociais que estão próximas ao vértice da pirâmide cultural e econômica. Ao Povão brasileiro resta aquele tipo de trabalhado desprezado pelos europeus e pelos demais povos com o muito elevado IDH - Índice de Desenvolvimento Humano.

São essas as novas formas de discriminação, preconceito e racismo empregadas pelas grandes empresas. Até alguns governantes brasileiros nas esferas federal, estadual e municipal são partidários e praticantes dessa discriminação contra os menos favorecidos ao exigirem idioma inglês em concursos públicos.

O COMPLEXO DE VIRA-LATAS SEGUNDO NELSON RODRIGUES

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

Em muitos casos, as escolas de idiomas, principalmente o inglês, nada mais são do que meros instrumentos de doutrinação, incutindo no estudante da língua estrangeira uma mentalidade antinacional, fazendo o indivíduo crer que o nacionalismo e o patriotismo estão diretamente ligados ao nazismo, fascismo ou comunismo, o que também fazem muitos dos formadores de opinião dos meios de comunicação, principalmente através da música e das demais expressões artísticas.

Até o antigo programa "Metrópole" da TV Cultura de São Paulo, dava preferência a apresentação de cultura estrangeira. Outros programas dos meios de comunicação apresentam "jazz" e outros ritmos estrangeiros e nunca apresentam música brasileira que os americanos gostam e chamam de "brazilian jazz". Entre os brasileiros mais conhecidos no exterior e que pouco eram ouvidos no Brasil estão: Tamba Trio, Zimbo Trio, Walter Wanderley, Luiz Carlos Vinhas, Manfredo Fest, César Camargo Mariano, Hermeto Pascoal, Eumir Deodato, Milton Banana Trio e muitos outros conjuntos instrumentais, que são da mesma época dos estrangeiros que aqui se apresentam.

Sobre o "complexo de vira-latas" da elite brasileira, veja o texto intitulado A Elite Brasileira Vive na Praia, de Costas para o Brasil.

Entre as técnicas para fomentar o colonialismo sempre esteve o racismo, propagando a raça branca de origem europeia como superior às demais.

Para perpetuar o colonialismo (e agora o neocolonialismo) era preciso doutrinar as populações no sentido de que se convencessem de sua inferioridade, sentimento este que até hoje se verifica no povo brasileiro, persuadido da pretensa superioridade dos produtos e dos povos estrangeiros, mesmo que sejam respectivamente inferiores de forma tecnológica e econômica.

Observe que no final de 2002 o Brasil era a 15ª potência mundial e já fora a oitava antes do governo FHC. E justamente por essa mentalidade antinacional e preconceituosa, principalmente de nossos dirigentes públicos das últimas décadas do Século XX, o Brasil veio regredindo.

Veja outras informações no texto intitulado “Brasil, Décimo Quinto”.

NEOCOLONIALISMO: PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO E RACISMO

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

O Início do Neocolonialismo

O neocolonialismo começou historicamente na segunda metade do século XIX e foi incrementado no século XX. Mas, os holandeses de forma precursora já o praticavam por ocasião de sua estada em Pernambuco, na era de Maurício de Nassau, no século XVII.

Segundo consta, ao invadirem o nordeste, bem armados os holandeses, depois de destituírem as autoridades constituídas, derrotaram a resistência dos fazendeiros pernambucanos, destruindo suas propriedades e plantações. Os fazendeiros derrotados fugiram para o interior e depois foram procurados pelo governo holandês, que lhes ofereceu por empréstimo os recursos materiais e financeiros necessários à retomada da produção agrícola da cana e sua transformação em açúcar.

Os juros cobrados sobre os empréstimos eram tão altos e o valor da produção tão baixo que os fazendeiros não conseguiam pagar suas dívidas, ficando cada vez mais endividados.

Em razão dessa nova forma de colonialismo ou de semiescravidão, os fazendeiros se revoltaram e, unidos, expulsaram os holandeses. Porém, ficaram sem os compradores para sua produção, tendo em vista que a abertura dos portos brasileiros só foi decretada por D. João VI no século XIX e ninguém conseguia vender na Europa sem a intermediação dos próprios europeus.

Até a chegada da família real ao Brasil, expulsa do solo lusitano pelo francês Napoleão Bonaparte, os produtos brasileiros eram exclusivamente exportados através de Portugal. Ou seja, os nobres portugueses ficavam com a maior parte do lucro e assim podiam comprar dos ingleses tudo que produziam.

No acordo sobre a independência do Brasil, firmado com Portugal, nosso país teve que arcar com uma dívida de nosso colonizador junto à Inglaterra e, dada as melhores condições econômicas brasileiras já naquela época, os ingleses, sem intermediários, passaram a importar matérias-primas do Brasil por preços mais baixos e a fornecer produtos industrializados por preços altos, perpetuando, assim, a nossa quase irreversível condição de devedores e colonizados, não mais, de forma política e econômica, mas, somente econômica. Ou seja, o colonizador, ao deixar de ser governante, também deixou de ser responsável pelas mazelas pelas quais passavam e ainda passam os antigos povos colonizados.

A Era do Colonialismo Bélico Norte-Americano

Com a constituição do FMI - Fundo Monetário Internacional, no final da segunda guerra mundial, ocasião em que também foi fundada a ONU - Organização das Nações Unidas, que substituiu a Liga das Nações criada na primeira guerra mundial, os governantes de diversos países foram persuadidos a ingressar no atual sistema monetarista que foi implantado pelas grandes potências econômicas, em especial os Estados Unidos.

Note que os norte-americanos, através do FMI, pregam o monetarismo e têm aplicado em seu território uma teoria opositora, a do keynesianismo. Essa teoria de rígido controle estatal da economia foi usada por Franklin Roosevelt que assim conseguiu reerguer aquele País depois dos malefícios causados pela especulação financeira no Mercado de Capitais (especialmente em Wall Street - extremamente liberais) que causaram a Crise Financeira de 1929 assim como a Crise Mundial de 2008, entre outras nesse intervalo de tempo.

O programa de governo de Franklin Roosevelt (chamado de socialista, tal qual Barak Obama), que foi combatido pela extrema-direita norte-americana (capitalistas ou neoliberais), levou seu País ao auge às vésperas da Segunda Guerra Mundial, quando foi possível mostrar ao mundo a sua força econômica e bélica. Depois da Guerra começou a privatização da economia norte-americana que gerou as demais crises financeiras, inclusive a extinção do Padrão Ouro para o Dólar na década de 1970, a partir de quanto o Dólar passou a ser uma moeda sem lastro.

Em complementação veja o texto A Fragilidade do Dólar Como Padrão Monetário.

A TEORIA ECONÔMICA E SUAS DEFINIÇÕES

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

O  dicionário Aurélio nos explica que o monetarismo é a teoria econômica que enfatiza o efeito da quantidade de moeda sobre a demanda agregada, a pouca influência da demanda agregada na determinação do nível de renda, e a necessidade de controle monetário para evitar excesso de consumo e inflação.

Na prática observa-se que o excesso de consumo é artificialmente provocado pela falta de produção nas épocas em que a taxa de juros sobre os títulos públicos e privados é alta.

Dessa forma o empresariado deixa de produzir o necessário porque direciona seu capital de giro para aplicação na chamada "ciranda financeira" provocada pela teoria econômica de que a taxa de juros deve ser aumentada para que seja combatida a inflação.

A lógica e prática observada no Brasil nos tem mostrado que o aumento da taxa de juros provoca a inflação porque a demanda popular continua elevada, enquanto que a produção diminui em razão do direcionamento do capital de giro empresarial para o mercado de capitais, especialmente para ser repassado pelos bancos ao governo. Por sua vez, o governo investe o dinheiro arrecadado em empresas estatais, diminuindo a influência do setor privado na produção nacional.

Para que a demanda popular de fato seja diminuída é preciso provocar artificialmente o desemprego, como aconteceu durante o Governo FHC, o que gerou a miséria e criminalidade enfrentada no Século XXI. O mesmo vem acontecendo no Mundo inteiro a partir da Globalização implantada pelos Neoliberais que visavam a exploração do trabalho em regime de semiescravidão, assim evitando o aumento da demanda popular.

O Aurélio explica ainda que no pensamento econômico latino-americano, o monetarismo é a corrente que interpreta a inflação dos países dessa região como decorrente de descontrole monetário que provoca excesso de consumo.

Então, seria preciso estimular o Povo a investir na Caderneta de Poupança ou nas Bolsas de Valores, desse modo deixando de consumir. Por sua vez, essa diminuição do consumo aumenta os custos fixos da produção empresarial. Assim, com o aumento custo fixo por unidade produzida (a produção deixa de ser em larga escala) o lucro empresarial por unidade vendida diminui, forçando a elevação dos preços ao consumidor, obviamente gerando inflação.

O Aurélio define como demanda agregada o conjunto das mercadorias e serviços comprados pelos consumidores num país no período de geralmente um ano, abrangendo os gastos de consumo e de investimento e o excesso das exportações sobre as importações.

Em razão dessa definição pouco clara, resta-nos comentar que esse excesso de exportações em relação às importações geram o saldo positivo da balança comercial (um dos itens do Balanço de Pagamentos).

Esse saldo positivo na balança comercial, somado algebricamente ao resultado da balança de serviços e à balança de investimentos, vem acontecendo no Brasil a partir de 2005. Disso resultou o total pagamento de nossa Dívida Externa junto ao FMI e ainda a acumulação de Reservas Monetárias que o Brasil nunca teve em abundância desde o Grito de Independência proferido em 07/09/1822 por Dom Pedro I.

Entretanto, a partir de 2005 a demanda popular aumentou assim como o aumentou o salário médio da população e ainda aumentou a arrecadação tributária especialmente devido ao combate à sonegação fiscal empresarial. O índice de desemprego foi reduzido a níveis mínimos numa antes vistos, as exportações aumentaram (triplicaram) e diminuiu o pagamento de juros aos credores em razão da diminuição da taxa de juros e também em razão da redução da dívida pública. Disso resultou sobras monetárias que estão sendo investidas no desenvolvimento nacional.

Diante desses fatos, o Brasil que era a 15ª potência mundial em PIB - Produto Interno Bruto em 2002, subiu para a 6ª posição em 2011.

AS DISCUSSÕES SOBRE AS CAUSAS DA INFLAÇÃO

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

Pergunta-se: Se a maior parcela do povo sul-americano não ganha o suficiente para consumir, como pode haver excesso de consumo na América Latina?

Na realidade, o empresariado terceiro-mundistas preconceituosamente só quer produzir para consumo das classes superiores ou para exportar para os países ricos. Quando as classes inferiores conseguem melhorar sua renda, há a necessidade de criar miséria para que o eventual excesso de demanda não cause inflação, nem prejudique o consumo dos mais ricos.

Se não for criada a mencionada miséria, os empresários aumentam os preços, gerando inflação, como forma de transferir renda, tirando-a dos mais pobres e, assim, impossibilitando-os de comprar.

Somente nos últimos dez anos os empresários estão fabricando produtos de consumo popular para competir com as bugigangas importadas dos famosos tigres asiáticos e contrabandeados principalmente através do Paraguai.

Também o Aurélio nos explica que o keynesianismo é a teoria que enfatiza a importância da demanda agregada na determinação do nível de produto e de emprego da economia, e a consequente necessidade de políticas governamentais de estímulo ao consumo, em situações de recessão.

A teoria keynesiana foi especialmente aplicada nos Estados Unidos desde os tempos da grande recessão iniciada em 1929 até a 2ª Guerra Mundial, o que transformou seu povo em essencialmente consumista. Com isso, houve a natural elevação dos salários, que atualmente são altos, superior a US$ 3.000 (três mil dólares) mensais em média, enquanto no Brasil em 2002 ficava perto dos US$ 300 (trezentos dólares).

Note que mesmo com salários tão altos e com tão alto consumo por lá não há inflação porque a demanda popular é plenamente atendida mediante a larga produção do que é comprado pelo consumidor.

Desse exemplo norte-americano, podemos concluir que estamos sendo enganados, porque inflação nada tem a ver com excesso de consumo e com salários altos. Inflação tem a ver com a sem-vergonhice do empresariado que quer minar a poupança popular, aumentando os preços para lhes tirar o dinheiro e para induzi-los ao consumo rápido e inconsequente. Então, o Povo passa a consumir como forma de evitar que seu dinheiro seja perdido rapidamente em razão da desvalorização da moeda (perda do poder aquisitivo).

O FMI E O COLONIALISMO HOLANDÊS NO NORDESTE BRASILEIRO

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

A partir da implantação do sistema monetarista pelo FMI, as nações fornecedoras de matérias primas para o mundo conhecido como desenvolvido passaram a vítimas do mesmo problema sofrido pelos canavieiros pernambucanos da época de Maurício de Nassau. Ou seja, a mesma tática de colonialismo dos holandeses é agora utilizada pelos norte-americanos por intermédio do FMI.

Os norte-americanos convenceram a Inglaterra a dar independência a suas colônias para em seguida explorá-las. Passaram a fomentar guerras, inclusive contrariando determinações da ONU, e depois oferecerem empréstimos para reconstrução do país atacado, que ficará eternamente colonizado economicamente.

E assim também aconteceu com outros países em que não houve a necessidade de destruição material e sim política e econômica. Isto aconteceu com o Brasil e com outros países da América Latina e também da África.

Como exemplo podemos cita a Nigéria, na África, que é grande produtor de Petróleo, tal como a Venezuela, na América Latina. Os citados países vinham enfrentam o mesmo problema de dívida externa em razão de juros altos e preço baixo do barril do petróleo, apesar de serem grandes produtores do chamado "ouro negro". Somente depois que Hugo Chavez assumiu a Presidência da OPEP - Organização dos Países Produtores de Petróleo a antiga história foi revertida. O preço do petróleo aumentou. Semelhante aumento de preços aconteceu com as matérias-primas fornecidas pelas antigas colônias aos países desenvolvidos.

Essa nova ordem mundial (aumento de preço das commodities = matérias-primas), aliada à sonegação fiscal praticada pelas multinacional (que transferiram suas sedes para paraísos fiscais) e à inconsequente especulação nas Bolsas de Valores (que se transformaram em Cassinos Globais), resultou na quebra dos países desenvolvidos.

É certo que a partir da segunda guerra mundial esse neocolonialismo se agravou. Em muitos países as reservas minerais foram exauridas e mesmo assim as suas respectivas dívidas externas aumentaram, porque os recursos emprestados às empresas constituídas para implementar o falso desenvolvimento eram sempre aplicados no interesse exclusivo dos investidores estrangeiros.

Com raras exceções os investimentos foram efetuados com base em planos de desenvolvimento integrado elaborado pelos governantes dos países colonizados. Quando os estrangeiros não mais precisavam do patrimônio implantado, por se darem por satisfeitos com a exploração, os investimentos sucatados nada mais valiam, pois não mais existiam compradores ou usuários para os mesmos.

Porém, as dívidas assumidas ficavam, porque no território colonizado as empresas estrangeiras não geravam lucros para saldá-las. Na maioria dos casos os produtos dos países colonizados são exportados sem lucro e muitas vezes abaixo do custo, tal como, por muito tempo, aconteceu com o minério de ferro e o manganês brasileiro e agora está acontecendo com os minérios retirados da Serra dos Carajás.

Por isso sempre se ouve dizer que as matérias-primas fornecidas pelos subdesenvolvidos sempre foram cotadas por preços baixos e que os produtos fornecidos pelas potências mundiais (exceto os da Rússia e da China) sempre têm altas cotações. Além disso, não há transferência de tecnologia de ponta para os terceiro-mundistas e assim há a perpetuação da dependência econômica e tecnológica do país colonizado. Por tais motivos, os empréstimos fornecidos pelo FMI, por outros organismos e pelos banqueiros internacionais são praticamente impagáveis quando os governantes não se utilizam de políticas econômica que visem a proteção ao trabalhador e ao seu consumo pessoal.

A LAVAGEM DE DINHEIRO, A DÍVIDA EXTERNA E AS PRIVATIZAÇÕES

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

Observe que esse novo sistema de colonização geralmente contou com a anuência de governantes estrategicamente colocados no poder como ditadores ou mesmo como políticos eleitos, amparados por campanhas publicitárias patrocinadas pelas elites aliadas a interesses estrangeiros.

Estes políticos taxados como extremistas de direita, depois de encerrados seus mandatos deixam implantados sistemas econômicos de difícil reversão e deixam dívidas tão altas que são impossíveis de serem saldadas. Foi o que aconteceu no Brasil principalmente depois da implantação do Plano Real, a partir de quando a dívida brasileira (externa e interna) aumentou assustadoramente sem que nada de visível tenha sido construído no país. E ainda, o Brasil “vendeu”, a preço de banana, o seu principal patrimônio, responsável por grande surto desenvolvimentista no período da ditadura militar, o qual se baseou nas empresas estatais, que agora são conhecidas como “privatizadas”.

Conclusão

É preciso mudar essa parcela negativa da ordem mundial que tem condenado à fome e ao subdesenvolvimento as populações dos países fornecedores de matérias primas e de produtos agrícolas básicos às tradicionais potências econômicas e bélicas.

Veja a seguir o que o presidente Lula está tentando fazer a esse respeito.

PRESIDENTE DEFENDE NA ONU REFORMULAÇÃO DO CONSELHO DE SEGURANÇA

Por FERNANDO CANZIAN - Folha de São Paulo - 22/09/2004 - Lula afirma que colonialismo adotou nova lógica no mundo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem em discurso nas Nações Unidas que os países ricos exercem uma nova forma de colonialismo sobre os mais pobres. Para ele, existe hoje uma "lógica que drena o mundo da escassez para irrigar o do privilégio".

"Os antigos súditos converteram-se em devedores perpétuos do sistema econômico internacional", disse o presidente.

"Poderosa e onipresente, uma engrenagem invisível comanda o novo sistema. Não raro, ela revoga decisões democráticas, desidrata a soberania dos Estados, sobrepõe-se a governos eleitos. Exige a renúncia a legítimos projetos de desenvolvimento nacional".

Na mesma linha, Lula condenou a "globalização assimétrica e excludente" e pediu uma nova atitude dos organismos financeiros internacionais. "Criados para encontrar soluções, às vezes, por excessiva rigidez, [eles] tornam-se parte do problema".

Após a abertura da 59ª Assembleia Geral da ONU pelo seu secretário-geral, Kofi Annan, Lula fez o primeiro discurso da sessão e foi seguido pelo presidente norte-americano, George W. Bush.

Os dois líderes trocaram cumprimentos e conversaram duas vezes entre os discursos. Ao discursar, Bush não fez menção às propostas lideradas pelo Brasil para redução da miséria e da fome discutidas no dia anterior.

Em seu pronunciamento, de 18 minutos, três a mais do que o tempo estabelecido, Lula condenou indiretamente o unilateralismo dos EUA, pediu uma "nova lógica para o desenvolvimento" e criticou o FMI (Fundo Monetário Internacional).

"O FMI deve credenciar-se para fornecer o aval e a liquidez necessários a investimentos produtivos, especialmente em infraestrutura, saneamento e habitação, que permitirão, inclusive, recuperar a capacidade de pagamento das nações", disse Lula.

Na semana que vem, em Washington, o Brasil voltará a negociar com o FMI a retirada dos investimentos em infraestrutura da conta de cálculo do superávit primário (a economia que o país faz para pagar juros).

Lula misturou vários outros temas em seu discurso, procurando amarrá-los à orientação geral para um "novo modelo econômico e de desenvolvimento". O presidente discorreu sobre o combate à fome, à Aids, o terrorismo, a luta pela paz, o Haiti, o meio ambiente, o Mercosul e a necessidade de reformulação do Conselho de Segurança da ONU -onde o Brasil aspira a uma vaga permanente.

"Uma ordem internacional fundada no multilateralismo é a única capaz de promover a paz e o desenvolvimento sustentável", disse. "Só o Conselho de Segurança pode conferir legitimidade às ações no campo da paz e da segurança internacionais".







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