Ano XXV - 29 de março de 2024

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METODOLOGIAS PARA O CUSTO HOSPITALAR

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CONTABILIDADE DE CUSTO HOSPITALAR

UMA REFLEXÃO SOBRE IMPLANTAÇÃO E NECESSIDADES

METODOLOGIAS PARA O CUSTO HOSPITALAR (Revisado em 21-02-2024)

Não há duvidas que as metodologias mais utilizadas em sistema de custos, por parte das empresas de uma maneira geral, são os custeio por absorção e o direto. A diferença principal é que um distingue entre custo direto e indireto e o outro entre custos variáveis (custo direto) e os custos fixos (custo indireto, composto de custo fixos e variáveis). Ambos apresentam vantagens e desvantagens na sua utilização conforme demonstrado na figura 1, que foram explicitados por Gersdorff (1979) há vinte e um anos e que permanecem válidos até o ano de 2001.

Figura 1 - Quadro Comparativo de Metodologias de Rateio de Custos

Método
Vantagens
Desvantagens
Custeio por Absorção Todos os custos podem ser tomados em conta e os custos unitários calculados, mostrando a estrutura dos custos;

O rateio pelos centros de custo permite usar a ‘Gerência por Centros de Responsabilidade’ onde os gerentes destes centros são responsáveis pelo comportamento dos custos nos seus centros e pela contribuição dos seus centros ao lucro.

Variações no volume de produção não podem ser medidas na sua influência nos custos;

Ênfase na distinção entre custo de produção e outros custos, sem levar em conta a distinção entre custos fixos e variáveis;

Demora na absorção unitária: só podem ser calculados no fim do período contábil;

Os métodos de absorção são arbitrários em muitos casos. Por exemplo, o custo unitário de 1Kg ou de 1 peça de roupa lavada: esta medição só seria possível se a roupa é realmente pesada ou controlada, o que dificilmente acontece na prática.

Custeio Direto A distinção entre custos variáveis e fixos permite levar em conta variações no volume de produção e de usar as técnicas do ponto de equilíbrio e orçamento flexível;

O cálculo do lucro líquido pode ser mais rápido

Decisão rápida nos casos seguintes: parar atividades que não dão lucro; fixar preços de venda para encomendas especiais (volume maior com preço menor por unidade); modo mais lucrativo no uso de recursos de produção escassos; fazer, comprar ou alugar um produto.

É difícil e arbitrária a distinção entre custos variáveis e fixos e a divisão dos custos semivariáveis ou semifixos entre seus componentes fixos e variáveis;

A categoria ‘mão-de-obra Variável’ ficara cada vez mais fictícia à medida que a mão-de-obra de qualquer tipo não pode ser despedida a curto prazo, sendo protegida pela Legislação Trabalhista, por Contratos Coletivos com vigência de pelo menos um ano,;

À medida que a produção fica cada vez mais intensiva em capital (automatização) a parte fixa dos custos cresce. No entanto, o custeio direto e também o custeio por absorção só tem sentido se a parte variável for maior ou significante em relação à parte fixa (ou indireta)

Existem outros sistemas de custeio?

Existem os sistemas de custo por redução escalar, por ordem de produção, por processo, padrão e o baseado em atividades, os quais veremos através de uma breve descrição.

Sistema de Custo por Redução Escalar

Este método, também chamado de método das seções homogêneas ou método RKW, é caracterizado pelo fato do volume de atividades produtivas de cada centro de custo poder ser medido por uma unidade que defina toda a produção que passa pelo centro de custo, por mais diversificado que possa ser. A esta unidade, denominamos ‘Unidade de Mensuração’, podendo ser também denominada, ‘Unidade de Mensuração Ponderada’, quando a diversificação não permitir uma classificação homogênea, sendo necessário atribuir um fator de ponderação para cada produto ou serviço hospitalar produzido.

Este método permite que cada centro de custo transfira, por meio de rateio, seu custo total a todos os centros de custos que tenham prestado serviços, que lhe sucedam no plano hierarquizado de centros de custo ( o que chamamos de "efeito cascata"). Permite assim, a transferência de custo também entre centros de custo do mesmo grupo.

Em contrapartida, exige um grande rigor na hierarquização dos centros alocados em cada um dos grupos de forma que, no processo de interação de troca de serviços, tenha prioridade, no rateio de seus custos para demais, aqueles cujos serviços prestados tenha maior relevância econômica do que os recebidos. Por esse método, os centros de custo que já foram rateados, não receberão rateios dos demais centros, evitando-se assim, a formação de resíduos de custo não apropriáveis aos produtos.

Sistema de Custo por Ordem de Produção

Este sistema, é característico de empresas que produzem sob encomenda, sejam estas unitárias ou em lotes. Podemos citar como exemplo as empresas de construção civil, tipografias, setor mobiliário, estaleiros e produtoras de filmes.

Os custos acumulados de matérias-primas, mão-de-obra e custos indiretos de fabricação, são computados a partir da emissão de uma ordem para produção de lotes de um bem ou serviço.

Os resultados (lucro ou prejuízo) são rapidamente diagnosticados. Para isso, basta subtrair do preço de venda os custos acumulados naquela ordem, não havendo necessidade de ser feita uma apuração periódica dos resultados.

Os custos primários que incidem diretamente ao produto poderão ser obtidos logo que a ordem esteja completamente concluída. Já os custos indiretos, só poderão ser incorporados ao produto quando terminar o período contábil.

Todo esse processo de determinação e apropriação que caracteriza o sistema requer freqüentemente um grande números de pessoas dedicadas a este fim, fazendo com que os fluxos de informações sejam inúmeros, principalmente na determinação de custo da mão-de-obra, aumentando consideravelmente o seu custo operacional.

Neste sistema o formulário de ordem de produção é o centro nevrálgico, tendo como objetivo principal apresentar e registrar os gastos com material direto, mão de obra direta e uma estimativa dos custos indiretos relativos a unidade produzida. Devem estar no formulário de ordem de produção:

  • Modelo e características do produto a ser fabricado;
  • Data de emissão e término esperado, bem como estimativa dos custos indiretos de fabricação;
  • Locais distintos para registrar material direto e mão de obra direta;
  • Resumo dos custos

Sistema de Custo por Processo

O sistema de custeio por processo, adapta-se a empresa que possuam um sistema de produção contínua, com processos consecutivos para produção de produtos padronizados. Pode-se citar como exemplos, as empresas do ramo de eletrodomésticos, produtos químicos, hospitais, etc.

Este processo difere muito do anterior no que tange a acumulação de custos. No primeiro sistema, os custos são acumulados previamente em ordens de produção, para posteriormente serem aglutinados em seus departamentos produtivos. No sistema de custeio por processo, a metodologia é inversa, pois primeiramente chega-se aos custos por processo ou departamento, para posteriormente distribuí-los aos produtos que passam por estes processos. Com isto, o cerne deste sistema passa a ser os centros de custos e não mais o produto elaborado através de uma ordem de produção.

A seguir, apresenta-se as características mais relevantes deste sistema de custeio.

  • Aplicação: são aplicados em empresas que possuem produção continua e seriada, com lote de produtos padronizados.
  • Acumulação: os custos com material de consumo, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação são acumulados durante o processo produtivo nos departamentos ou centros de custo.
  • Custo de produção: originam-se na acumulação dos custos dos diversos processos produtivos, através de cinco etapas seqüenciais: fluxo físico (produtivo), unidade equivalente, fluxo monetário, custo total dos procedimentos e custo médio unitário. O custo total de cada centro de custo ou departamento, divido pela sua respectiva produção, dará o custo médio unitário.
  • Transferência das apurações: esta podem ser mensais, bimestrais ou trimestrais, porém recomenda-se serem o mais freqüente possível, pois proporcionam um perfil atualizado da estrutura de custo, e permite uma tomada de decisão a nível gerencial mais rápida e segura.
  • Custo operacional do sistema: é um sistema de custeio menos burocrático do o que apresentado anteriormente, devido ao menor número de detalhamentos e registros. Com isto, ganha-se em tempo e economia de custos.

Sistema de Custo Padrão

O termo padrão possui inúmeros significados e várias implicações. Todos os custos padrões são oriundos de uma pré determinação, porém nem todos os custos pré orçados podem ser classificados como tal. Os custos padrões são estabelecidos segundo estudos de engenharia e são cuidadosamente apurados, levando-se em conta o presente e o passado. Para determinação dos custos padrões, há necessidade de seguir alguns critérios:

  • Seleção minuciosa do material utilizado na produção;
  • Estudos de tempo e desempenho das operações produtivas;
  • Estudos de engenharia sobre equipamentos e operações fabris.

Custos históricos através de gastos médios ou que levem em conta uma base científica do método de produção, não podem ser classificados como custos estimados. O custo padrão sintetiza em seu valor o custo para se produzir um bem ou serviço.

A seguir são colocadas algumas definições que servirão para um melhor entendimento do assunto.

  • Padrão: medida de quantidade, peso, valor e qualidade, estabelecida por uma autoridade.
  • Custo padrão: valor material, mão de obra ou gastos gerais de fabricação cuidadosamente apurados, necessários a elaboração de um produto ou serviço.
  • Método de custo padrão: no ramo contábil, compara os custos atuais com os custo padrão, testando as justificativas possíveis para as variações ocorridas.

Dentre as vantagens deste sistema, considerou-se apenas as mais importantes:

  • Controle e redução de custos;
  • Promover e medir a eficiência dos sistema produtivo;
  • Simplificação dos inventários.

Esta área científica é muito polêmica, por não se tratar, em geral de discussões e controvérsias sobre critérios empíricos e não científicos, tendo assim uma elevada margem de contestação. Os problemas econômicos se assemelham mais a medicina, onde paralelamente ao empirismo consciente e experiente, são utilizadas técnicas científicas.

Sistema de Custo Baseado em Atividades

O Custeio Baseando em Atividades ( Activy based costing - ABC) é um sistema de custo que visa quantificar as atividade realizadas por uma empresa, utilizando vetores (direcionadores), para alocar as despesas de uma forma mais realista aos produtos e serviços. O princípio básico do ABC é que as atividades são as causas dos custos, e os produtos incorrem neste mesmo custos através das atividades que eles exigem.

O ABC, na prática, leva a um rastreamento de dados que habitualmente não são considerados nos sistemas de custeio tradicionais, por extensão, ele ajuda a redimensionar a mentalidade gerencial das empresas onde é aplicado. Este método de custeio visa basicamente detectar os custos ‘ocultos’ existentes para produzir bens e serviços e auxilia no descobrimento de custos reais dos produtos e processos, na análise mais precisa dos custos de administração e na aferição de propostas mais competitivas em relação aos correntes.

Os sistemas convencionais de gerenciamento de custeio não permite análises mais consistentes quanto a problemas graves das empresas como retrabalhos de produtos defeituosos ou gargalos de produção. Medir passo a passo o processo produtivo permite a gerentes e supervisores a quantificação econômica de atrasos e ineficiência do processo produtivo.

Na visão de Lima (1997) a aplicação do ABC pode beneficiar serviços de saúde de muitas maneiras. Além de fornecer informações de custos realísticos, o ABC pode ser usado para estudar tendências e comparar custos por diagnósticos, por atendimento médico, ou por pacientes de diferentes planos de saúde. Para se beneficiar do ABC, os hospitais devem remodelar seus sistemas de contabilidade de custos para fornecer informações de custos relevantes. As pessoas envolvidas com o sistema de custos gerencial devem ser capazes de ir além dos custos médios para estudar fatores básicos que afetam os custos hospitalares e as forças que controlam esses fatores.

NOTA DO COSIFE:

Desde que surgiu o primeiro computador eletrônico até os dias de hoje, conforme foi descrito no texto denominado Contabilidade Integrada, os grandes mestres da computação sempre estiveram a serviço da contabilidade por tratar de uma ciência exata, provavelmente a mais exatas do que todas as ciências dessa mesma categoria. E a Contabilidade de Custos, obviamente, é a ciência mais bem servida pelos sistemas de processamento de dados. Torna-se praticamente impossível ter uma perfeita Contabilidade de Custos sem uma Contabilidade Integrada.

Sobre a integração contábil, veja ainda:

Sobre a Contabilidade de Custos, propriamente dita, veja também:

Na qualidade de texto elucidativo (genérico), veja:

Na descrição a seguir foi levado em conta que a Contabilidade de Custos surgiu em razão da Revolução Industrial iniciada na Inglaterra. Mas, atualmente o raciocínio lógico para sua implantação vale para quaisquer outros tipos de atividades empresariais, inclusive da prestação de serviços.

A Contabilidade de Custos deve ser adotada também no setor público (federal, estadual e municipal), o que está sendo tentado pela Secretaria do Tesouro Nacional a partir de 2015. A implantação da Contabilidade de Custos no Setor governamental, obviamente deve abraçar toda a pirâmide hierárquica nas três citadas esferas de governo, devendo abranger todos os segmentos operacionais, especialmente os setores de obras públicas e de educação e saúde pública.

Todo o sistema de custeamento começa com a compra dos equipamentos fabris (máquinas ou linhas de montagem e o que ainda for necessário à produção), sua instalação em local adequado e início da produção. No setor público, por exemplo, começa com a construção de uma escola ou de um hospital.

Assim sendo, todos os Bens de Produção e os Imóveis Alugados, Reformados ou Construídos, devem ser contabilizados no Imobilizado de Uso, mesmo que estejam parados, por exemplo, em razão de uma recessão econômica criada por políticos idiotas ou mal intencionados. Parados os não, todos os bens gerarão custos fixos porque, mesmo sem produção (sem que estejam funcionando as escolas e hospitais), são necessários os gastos com a manutenção não somente dos Bens de Produção como também dos locais em que estão instalados. E ainda existem os gastos acessórios como energia, água, esgoto, produtos de limpeza, de manutenção e de conservação, operários especializados, entre outros serviços essenciais.

Entrando na fase produtiva ou de efetivo funcionamento, torna-se necessário o perfeito controle dos ESTOQUES de matérias-primas, de produtos em elaboração, produtos acabados da venda, produtos para conservação e manutenção, estoque peças de reposição, entre outros tipos de estoques, tal como o controle e manutenção (conservação) do Imobilizado de Uso. Tem-se ainda o custo com os operários, técnicos, engenheiros e os respectivos encargos sociais (trabalhistas e previdenciários).  De toda essa rotina resultará resultará o custo do produto no estoque ou o custo de funcionamento de todo o aparato necessário ao pleno funcionamento da unidade produtiva que tanto pode ser um hospital como uma escola.

Iniciadas as vendas empresariais ou das atividades de prestação de serviços, torna-se necessário estabelecer que parcelas desses custos serão atribuídas a cada um dos tipos de produtos vendidos ou serviços prestados, com o estabelecimento dos custos com a respectiva mão de obra e os já referidos encargos sociais. Nas empresas restariam ainda os custos com publicidade ou propaganda, com os eventos (feiras) em requintados espaços destinados a empresários e seus executivos.

Depois do produto vendido ou do serviço prestado, vêm os custos incorridos com o armazenamento de produtos diversos (levando-se em conta o tempo médio de armazenamento), o custo do transporte desde a porta da fábrica até a chegada do produto ao consumidor (custo médio para distribuição em todo o território nacional), o custo dos respectivos funcionários e dos já mencionados encargos sociais. E provavelmente ainda existirão outros custos por ora esquecidos.

Feito o detalhamento de todos esses custos, será possível estabelecer o custo por linha de produção ou o custos dos serviços prestados e ainda o custo por tipos de produtos negociados. Será possível também o estabelecimento de custos por unidades produtivas (quando existir mais de uma) por filiais, por representantes comerciais, por departamentos, por divisões e por seções.

E a coisa não acaba por aí porque ainda existem os custos administrativos, a margem de lucro esperada pelo empresariado(lucratividade), levando-se em conta também a remuneração do capital investido (rentabilidade), e ainda os tributos incidentes, descritos em Contabilidade Fiscal e Tributária.

Veja também:

O descrito baseou-se apenas na máxima experiência profissional do coordenador do COSIFE, atuando como contador desde 1970 em diversas atividades empresariais e também no setor público.



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